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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Iniciativas de uma liturgia mais seriamente celebrada na Diocese de São José dos Campos

Relato de Emerson Sarmento Gonçalves

Na Diocese de São José dos Campos, há pelo menos quatro iniciativas de uma liturgia mais seriamente celebrada, três delas surgidas dentre os leigos:

1) há alguns anos o Pe. Fernando Cardoso, da Arquidiocese de São Paulo, implantou uma liturgia sempre solene na Igreja Nossa Senhora de Fátima, o que não é costume em na diocese. Formou a comunidade desde o coral até a sacristia, passando inclusive pelo ministério dos acólitos. Trata-se da igreja que celebra a Missa com maior solenidade. Hoje, mesmo tendo o Rev. Padre se afastado pelos seus inúmeros compromissos em São Paulo, o Rev. Cura da Catedral, Pe. Rinaldo, continua procurando preservar o caráter solene e digno dessas missas;

2) na mesma paróquia, no início de 2008, um grupo de leigos, onde me incluo, iniciou o estudo e a oração com o Canto Gregoriano. Era a Schola Cantorum São Gregório Magno. Foi necessário conquistar a confiança da paróquia e do Rev. Cura e até mesmo nos submeter às agendas da Pastoral Litúrgica, de orientação um tanto diferente. Em seguida, vendo o Rev. Padre que o coral e a Pastoral Litúrgica não conseguiam avançar de tal modo a aumentar a freqüência das Missas com Canto Gregoriano (em Novus Ordo, sempre), o Rev. Pe. decidiu implantar um novo horário, independente da Pastoral Litúrgica, na Igreja citada no item 1, pertencente à paróquia Catedral, dessa vez com Missas Cantadas, por enquanto mensalmente, com previsão para avançar em 2010 para a escala quinzenal ou semanal;

3) na cidade vizinha, de Jacareí, outro grupo, um ano antes, fundou a Schola Bento XVI, que inicialmente contou com muitos óbices por parte do pároco. Uma paróquia vizinha teve a iniciativa de implantar em uma de suas capelas (também dedicada NSFátima) a Missa no Rito de São Pio V. Isso aconteceu no último mês de abril, por inciativa do Rev. Pe. Wendell. Esse coral ficou responsável por cantar essas missas, mas alterna com o côro da Igreja de Santa Luzia de São Paulo e com a Schola São Gregório Magno, de São José dos Campos, citada no item 2.

4) também surgiu ano passado a Schola Tagaste, na paróquia S. Agostinho, que canta mensalmente.

Somente com humildade, oração e com a confiança do pároco é possível implantar algo assim, a menos que a iniciativa já surja dele próprio. Nossa cultura não está acostumada com uma liturgia sóbria e solene. Sempre correremos o risco de sermos confundidos com certos grupos sectários.

No que tange ao canto gregoriano, procuramos seguir a Escola de Solèsmes, fazer uso rigoroso do Graduale Romanum e fundamentar-nos nas idéias de D. Prosper Gueranguér, OSB, e D. Eugène Cardine, OSB. Além disso, cantamos sempre as I Vésperas de Domingo em latim na Capela do Ossuário, que fica no subsolo da Catedral São Dimas, iniciando nossos ensaios. Nunca esquecemos da Lectio Divina e dos escritos dos Santos Padres, para que "respiremos" o clima que a Tradição nos transmite. Nossa formação procura se integrar a uma cultura que outrora foi completamente cristã. Nosso propósito é recuperar, na medida do possível, essa cultura, vivendo, é claro, encarnados nos problemas da atualidade, inclusive das próprias comunidades.

Em nosso caso, primeiro tivemos de pedir ao pároco, que recebeu bem a idéia, mas teríamos de nos condicionar às agendas da Pastoral Litúrgica, que tem autonomia para marcar as missas. No início, foi um pouco difícil, alguns membros entraram por diversos motivos, mas só perseveraram os que viram no canto gregoriano a seriedade do Mistério Pascal celebrado na Liturgia, além da dignidade, beleza e ascese que nele são envolvidas, tomando, além de toda uma comunhão com aquilo que nossos Pais cantavam (penso em São Bernardo, Santo Anselmo, Santo Tomás, São Bruno, São Domingos, etc.), mas aceitamos os desafios das provações, perseverando na oração, na disciplina e no estudo do canto nas peças. Esse grupo de 6 pessoas que hoje se empenha nessa missão abraçou todo esse processo com espírito de serviço e sacrifício. E mais, começaram dizendo que não sabiam cantar; hoje já conseguimos até mesmo segurança e uníssono. A divulgação foi (e continua sendo) feita nos folhetos de Missa da Paróquia. Cantamos à Capella.

Depois de praticamente um ano cantando esporadicamente, nosso pároco resolveu dar um pouco mais de autonomia à Schola, responsabilizando-nos por marcar horários diferenciados de Missa para ser cantada solenemente por um celebrante que o faça, de nossa diocese ou não, desde que seja pelo Novus Ordo. Nesse caso, mesmo ainda cantando as Missas marcadas pela Pastoral Litúrgica na Catedral, as Missas Cantadas têm um horário próprio, numa das capelas da paróquia, com arquitetura e acústica muito próprias, independente da Pastoral Litúrgica, sob responsabilidade da Schola (é claro que contamos com o apoio da secretaria, da Pastoral de Comunicação para divulgar, das sacristãs e do grupo de acólitos).

OU SEJA, RESUMINDO, a idéia é amadurecer com humildade, estudando bastante, conquistando a confiança da Paróquia (infelizmente o gregoriano é associado erroneamente à imagem de sectários que bem conhecemos), e submetendo todo o trabalho diretamente ao pároco, ficando um pouco mais livre de certas "preferências" de alguns setores pastorais. Em paralelo, mantemos contato com padres que também inspirem confiança ao pároco e ao mesmo tempo tenham prezem pela beleza do culto divino e pelo zelo litúrgico, bem como nos articulamos, de vez em quando, com a Schola Cantorum Bento XVI, da vizinha cidade de Jacareí, na mesma Diocese.

Permaneçamos na paz, do Xto Senhor!

3 comentários:

  1. Sobre Schola Cantorum
    Não sei latim, mas significaria um coral de cada igreja ou paróquia?!
    Pelo que entendi do texto, Schola Cantorum é algo absolutamente necessário para cada igreja ou paróquia!
    Vejo que em minha cidade há perfeitas condições de existir uma escola cantorum, por exemplo, em minha paróquia ( na paróquia à qual pertenço); porque há na cidade um conservatório municipal. Mas, um desabafo, infelizmente, em certas cidades existe um certo apoderamento por parte de uma ou mais pessoas de orgãos que deveriam ser abertos a todos sem discriminação injusta; como o conservatório municipal. Sei que tenho dificuldades para cantar, mas não são dificuldades insuperavéis e, no entanto, fui reprovado duas vezes no teste para cantar no coral do conservatório. Ou seja há condições para responder a certas necessidades, mas quem pode ajudar faz apenas o que lhe interessa!...
    Alex A.B.

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  2. Dando seguimento ao meu desabafo, acho que eu sou a única pessoa em minha cidade que gostaria que houvesse missas em latim aqui.
    Hoje encontrei um senhor que é engajado na equipe litúrgica da paróquia, salvo engano. Perguntei a ele, o que ele achava de missas em latim. Ele me respondeu citando a Exortação Apostólica SACRAMENTUM CARITATIS. Segundo o que eu entendi das palavras dele, a missa deve ser celebrada apenas em encontros internacionais. Ele quis fazer uma referência ao n. 62 da mencionada Exortação Apostólica. No entanto, lendo-a na íntegra, não me parece que ela restringe as missas em latim. Vejam:
    "62. O que acabo de afirmar não deve, porém, ofuscar o valor destas grandes liturgias; penso neste momento, em particular, às celebrações que têm lugar durante encontros internacionais, cada vez mais frequentes hoje, e que devem justamente ser valorizadas. A fim de exprimir melhor a unidade e a universalidade da Igreja, quero recomendar o que foi sugerido pelo Sínodo dos Bispos, em sintonia com as directrizes do Concílio Vaticano II: (182) exceptuando as leituras, a homilia e a oração dos fiéis, é bom que tais celebrações sejam em língua latina; sejam igualmente recitadas em latim as orações mais conhecidas (183) da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano. A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se transcure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia.(184)"
    Alex A.B.

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  3. SACRAMENTUM CARITATIS:
    http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20070222_sacramentum-caritatis_po.html

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