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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Introito do Primeiro Domingo da Quaresma

A Liturgia da Missa do Primeiro Domingo da Quaresma começa com um Introito cujo texto faz uso de dois versículos do Salmo 90. E mais que isso: todo o Próprio do Primeiro Domingo da Quaresma utiliza o Salmo 90, se levarmos em conta o texto das melodias gregorianas do Gradual Romano (no Missal há pequenas diferenças).

São os versículos 15 e 16 que ouvimos no Introito. Em português:

Quando me invocar, eu o atenderei; eu o livrarei e o cobrirei de glória; eu o favorecerei com longos dias.
No latim original:

Invocabit, et ego exaudiam eum: eripiam eum, et glorificabo eum: longitudine dierum adimplebo eum.

Existe um antigo hábito, tanto no canto do Introito como de certas outras partes da Missa, de acrescentar alguns versículos do mesmo salmo ao texto principal. Os livros de canto gregoriano costumam indicar quais versículos podem ser utilizados. Se o texto do Introito (ou de outra parte) é tirado de livro que não o dos Salmos, os livros indicam um salmo, com seus versículos, que pode ser utilizado. No Post sobre o Introito o leitor pôde ver o Introito cantado em Westminster na Missa de Natal de 2009. Lá se cantam esses versículos adicionais.

Assim, ao Introito do Primeiro Domingo da Quaresma, podemos acrescentar o primeiro versículo do salmo: Quem habita no refúgio do Altíssimo permanecerá sob a proteção do Deus do Céu. É o que faz o professor Giovanni Vianini no vídeo que mostro aqui abaixo, no fim deste post. Até 1:07 o professor canta o Introito propriamente dito, a antífona. A partir de 1:09, utilizando uma fórmula melódica baseada em notas repetidas, ele canta o primeiro versículo (“quem habita...”). Em 1:31 o professor canta novamente a antífona.

Essa “fórmula melódica baseada em notas repetidas” é escolhida de acordo com o “modo” em que se encontra composta a melodia da antífona. O “modo” é a organização das notas musicais em que se baseia um canto específico, as hierarquias entre elas, quais podem iniciar ou terminar um canto, quais delas podem ter mais ou menos destaque numa composição. No canto gregoriano existem oito modos.

Abaixo do vídeo se pode ver a partitura. O leitor verá que ela também indica o versículo adicional, marcado com Ps (“qui hábitat...”). Um pouco mais adiante verá também o Gloria Patri – é costume também adicionar o Glória ao Pai, que na partitura aparece abreviado porque se supõe que os cantores já saibam como cantá-lo inteiro. As vogais E U O U A E se referem a et in saecula saeculorum. Amen. (e pelos séculos dos séculos, amen).

Mesmo que o leitor não conheça este tipo de partitura, ouça o canto e acompanhe o subir e descer das notas... sem dúvida começará a perceber a lógica da notação musical.

Desejo que este vídeo possa contribuir com o início das meditações quaresmais dos leitores!



Um comentário:

  1. Olá Alfredo

    Eu tenho algumas dúvidas:

    Sei da importância do canto gregoriano na liturgia, mas sei que em virtude da dita inculturação ele em desuso na maioria das paróquias pela falta de pessoas, até mesmo padres, que cante o canto chão. Sendo assim, qual seria a solução para esse problema?
    Outra pergunta, já que a IGMR permite que se cante cantos religiosos de cunho popular (de bom gosto e não os que ouvimos geralmente) qual seria o critério para usa-los de forma correta licita?
    Abraços a todos da equipe!

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