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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Breve comentário sobre o uso de leitores instituídos ou clérigos na Liturgia da Palavra

O uso de leitores leigos é perfeitamente lícito na forma ordinária do rito romano. Aliás, na forma extraordinária, já era comum, que leigos procedessem à leitura das lições bíblicas traduzidas, após os leitores instituídos (na época, chamados "ordenados") ou outros clérigos fazerem-nas em latim.

Todavia, pelo espírito da tradição litúrgica, e para dar maior dignidade à Liturgia da Palavra, é aconselhável que, em igualdade de condições, seja não um leigo, mas um clérigo ou um leitor instituído a fazer as leituras. Aliás, não é por outra razão que o Pontifical Romano, mesmo o atual, pós-conciliar, insiste na importância do leitor e prescreve um belo rito de instituição. Também a IGMR fala das leituras feitas por leitores instituídos, verdadeiros ministros a atuarem na Missa.


Essa popularização de leigos na liturgia pode ajudar às igrejas pequenas que não contam com leitores instituídos em um ministério oficial pelo Bispo, segundo o rito do Pontifical. Todavia, será que não estamos, na prática, deixando a norma que fala do ministério do leitor virar uma letra morta?
Não se invoque o Vaticano II para advogar que os leigos façam as leituras ordinariamente.

Foi o rito romano renovado por Paulo VI, a partir do Vaticano II, que deu mais ênfase ao leitor instituído. Está, pois, na verdadeira esteira do Concílio o uso de leitores instituídos em um ministério, e não de leigos "comuns".
O uso tão largo de leigos e leigas, deixando de lado o leitor instituído, não está de acordo com o ensino conciliar e com as características do rito romano moderno. Tanto o Pontifical quanto o Missal atualmente em uso falam de leitores instituídos. Claro que não estamos advogando a retirada sumária de leigos das leituras da Missa. Em igrejas pequenas, em dioceses onde os leitores instituídos não existem, é muito salutar esse ofício. É mais ou menos a mesma coisa que o latim. Não defendemos o latim contra o vernáculo, e sim contra o exagero do vernáculo que impede, na prática, o latim. Não defendemos, então, os leitores instituídos contra os leigos, porém contra a prática exagerada de quase não haver leitores instituídos na maioria das dioceses! E quando existem, são apenas conferidas essas instituições aos seminaristas, como um degrau ao sacerdócio, e não como um ministério estável! Por que não instituir leitores a tantos jovens e homens de família que já fazem regularmente as leituras?

Seria tão mais salutar que assim o fosse. Iríamos respeitar mais nossa tradição litúrgica de leituras feitas por clérigos e leitores. Iríamos obedecer mais as diretrizes do Concílio e do pós-concílio. Iríamos pôr em prática a IGMR e o Pontifical. E, enfim, iríamos contribuir para dignificar ainda mais a Liturgia da Palavra.
Ora, não foi um dos pontos positivos da reforma litúrgica pós-conciliar justamente a maior valorização da Liturgia da Palavra, acrescentando leituras, inclusive? Não é um fator de maior embelezamento e sacralidade o lugar que a Liturgia da Palavra ocupa na forma ordinária do rito romano, comparando-se com a forma extraordinária?

Então, se na forma ordinária, no rito moderno, no uso pós-conciliar, a Liturgia da Palavra ocupa um lugar mais vivo, por que não damos plena efetividade a esse princípio fazendo com que leitores instituídos proclamem as lições?
Se a Liturgia da Palavra renovada, na forma ordinária, tem um lugar de mais destaque do que na forma extraordinária (a ponto de ser chamada por tradicionalistas de "culto protestante"), não seria um contrassenso que usássemos leigos nas leituras de modo tão habitual? Se a Liturgia da Palavra moderna deve ser mais dignificada, conforme o desejo do Vaticano II e expresso nos livros litúrgicos reformados por Paulo VI e João Paulo II, nada mais "dignificador" do que o uso mais largo de leitores instituídos! Que isso comece em breve! Principalmente nas Missas mais solenes, nas Missas pontificais... O Papa tem dado o exemplo. Nas Missas feriais, leigos fazem leituras. Até em algumas dominicais. Todavia, nas solenidades e nas Missas pontificais, são leitores institúidos, vestidos com alva, amito e cíngulo.

11 comentários:

  1. Acaso, quem são esses leitores instituídos? Semináristas? Ou existem leigos? Apesar da base teológica do seu artigo, eu discordo em alguns pontos com vossa senhoria. Concordo que a liturgia deve ser bem celebrada, mas discordo com uma liturgia totalmente rigida a ponto de um leigo bem instruido não poder fazer uma leitura.

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  2. 1. Eu NÃO disse para leigos bem instruídos não fazerem leituras. O que eu disse foi que, em igualdade de condições, deve-se PREFERIR usar um leitor instituído. Afinal, ele existe para isso, não?

    2. Leitor instituído é LEIGO. Pela atual disposição jurídica, só se entra no estado clerical pela ordenação diaconal.

    3. Os candidatos às ordens sacras sempre são instituídos leitores, mas nem todos os leitores são futuros diáconos e padres. Um varão solteiro ou casado pode ser leitor instituído e permanecer assim.

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  3. Muito boa lembrança, caro Rafael! É necessário que se valorize o leitor como ministro. Isso poderia ser pensado também para cantores e artistas sacros?

    Pense, por exemplo, que, no Oriente cristão, seja entre os Ortodoxos, seja entre os uniatas, os iconógrafos têm papel ministerial. Seu trabalho inicia com uma prece própria, litúrgica, e continua com a oração do coração, a invocação do Nome de Jesus.

    Abraços!

    Emerson

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  4. Rafael,

    gostaria de saber mais sobre o assunto.

    Sobre as vestes, se se utiliza um leitor para cada leitura.

    Poderias, também, redigir uma carta-modelo para enviarmos aos nossos pastores.

    Em Cristo!

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  5. Prezado Ricardo,

    Acho que em vez de carta, poderiam conversar. É até melhor.

    Não há veste prevista, mas, pela tradição, os ministros instituídos usam batina com sobrepeliz, ou alva com cíngulo. Lembremos que, antes, pela tonsura, se entrava no estado clerical (hoje, se entra pelo diaconato). E só os tonsurados recebiam a ordem menor do leitorado e do acolitado. Ora, os tonsurados usavam batina com a sobrepeliz por cima. Portanto, a veste tradicional do varão instituído, ainda hoje, no ministério do leitorado, é a sobrepeliz por cima da batina.

    Conforme a IGMR, os acólitos vestem alva com cíngulo OU OUTRA VESTE TRADICIONAL/APROPRIADA, que pode ser a batina com sobrepeliz. Ora, o acolitado é tão ministério instituído quanto o leitorado e, pois, as regras para aquele são utilizadas de modo análogo para estes.

    Pode-se utilizar um leitor para cada leitura, ou mesmo um leitor para as duas. Lembremos que tradicionalmente havia uma só leitura, lida pelo subdiácono na Missa solene e pelo leitor na Missa simples.

    Em Cristo,

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  6. "Pense, por exemplo, que, no Oriente cristão, seja entre os Ortodoxos, seja entre os uniatas, os iconógrafos têm papel ministerial."

    Ministerial não. São uma vocação, um carisma, etc, mas não são uma ordem menor/ministério, que são, regra geral, semelhantes aos nossos anteriores à reforma de Paulo VI.

    Em Cristo,

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  7. Marcosantoniof Almeida11 de julho de 2010 às 03:05

    quando instituido acolito e leitor, se depois nao quiser mais o leitor ou acolto instituido podem deixar o ministerio ou ele e indelevel?

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  8. Um leigo homem que não seja leitor instituído poderia usar alva e cíngulo para fazer as leituras?

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  9. Não pode, até pelo fato de que leitores não instituidos sentam-se na assembleia com os demais leigos.

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    Respostas
    1. Ixi... Na minha paróquia, infelizmente, os leitores (todos não-instituídos) ficam no presbitério e vestem uma pequena túnica da cor litúrgica do dia, parecida com a dos leitores do Santuário Nacional de Aparecida.

      Isso sem falar que, às vezes, o nosso administrador paroquial delega para um seminarista (que talvez nem tenha recebido ainda o ministério de leitor) a proclamação do Evangelho.

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