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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O barrete episcopal em Espanha

Tradução da amiga e leitora Juliana F. Ribeiro Lima do original em Inter Vestibulum et Altare:

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Outra antiga e interessante particularidade do traje coral prelatício espanhol é a que moldou a forma do seu barrete. Esse típico chapéu eclesiástico que integra o traje coral dos nossos bispos e arcebispos (que hoje nunca sabem se o vestem, se o levam na mão, deixam no palácio ou até se o compram), foi até pouco mais de um século claramente mais distinto na Espanha do que no restante do mundo católico, onde o rígido e quadrado barrete romano tinha chegado, passando por cima das diferenças nacionais, que ficaram limitadas ao numero de pontas do barrete: três ou quatro, e que supunha ser o último estágio evolutivo do mórbido barrete medieval.

Mais semelhante a este último é o que usam os padres espanhóis, que hoje nos faculta imaginar como foi até pouco mais de um século, onde bispos e arcebispos se mostravam orgulhosos de seus tradicionais barretes redondos e de pontas, quase fossilizados na sua forma que remonta ao século XVI. Eram em tudo semelhantes aos de qualquer padre, com exceção da cor das bordas. Pois com exceção dos cardeais que sempre o receberam de Roma – e com a forma romana – de um lindo vermelho púrpura, que evoca o sangue dos mártires, o restante do clero sempre usou o barrete preto. Evidente que houveram usos e abusos, por isso se encontram quadros de bispos com cor roxa, cinza ou azul. A norma geral era que a borda fosse roxa, no caso dos bispos, mas os bispos espanhóis usavam, majoritariamente, a borda verde – típica cor episcopal. Uma reminiscência desse costume é a sobrevivência de idênticos chapéus como parte do traje coral dos cabidos espanhóis, que sempre procuraram imitar, em forma e cor, o traje dos bispos.

Certamente, diante daquelas particularidades do traje coral episcopal (linkar o artigo anterior), que já vimos que sobreviveram até metade do século passado, o barrete espanhol com o século XIX. A presença de um grande grupo de bispos espanhóis no Concílio Vaticano I propiciou a introdução gradual do modelo romano na Espanha, provavelmente muitos dos quais já usavam o barrete com a borda roxa, o que deixaria pronto o terreno para que com a Praeclaro Divinae Gratiae, de 3 de feveireiro de 1898, de Leão XIII, todos os bispos tivessem que trocar, prazerosamente, o barrete negro pelo roxo, terminando assim de extinguir a variante espanhola do barrete episcopal.

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Ilustram esse texto de cima a baixo:

- Retrato de Dom José Florez Osorio, bispo de Cuenca entre 1738 e 1759;

- Dom Pedro Souto Casas, bispo de Plasencia entre 1875 e 1906;

- Dom Federico León Aneiros, que governou a Arquidiocese de Buenos Aires, Argentina, de 1870 a 1894, primeiro como administrador, sendo bispo de Aulón e em seguida como seu segundo arcebispo. Dele também é a imagem, rezando, em cima de seu próprio túmulo.

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