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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"Miados inafáveis", pelo professor Carlos Ramalhete

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Recebemos do professor Carlos Ramalhete um artigo de sua autoria para publicação no Salvem a Liturgia, o que nos honra e alegra. Como de hábito, seu texto é muito instrutivo e interessante. Temos certeza da grande importância destas palavras para todos os católicos.

*   *   *

Miados inafáveis 

Há algumas décadas eu digo que a minha impressão é que o estado da liturgia de hoje na imensa maior parte das paróquias é semelhante ao que teria acontecido se os adultos houvessem morrido e deixado às crianças tomar conta de tudo. Quem tem filhos sabe como é quando eles resolvem preparar um lanche para os pais, de surpresa: a mesa está posta, mas com tudo no lugar errado, faltando coisas essenciais e com quantidades enormes de coisas desnecessárias. Isto decorre de as crianças não dominarem os códigos desenvolvidos ao longo de séculos, que determinam como a mesa deve ser posta. O que eles fazem é reproduzir a impressão deles, desordenada e incompleta por falta de compreensão, do que é uma mesa de lanche. Tudo, evidentemente, com muito amor. 
O mesmo ocorre na liturgia: coisas que chegam a ser farsescas (como a colher de arroz que as crianças acham que deve ser boa para servir mingau), misturadas com mensagens fora de lugar (como os cartazes pendurados no presbitério), mas tudo com muito amor. E é neste sentido que eu vejo um site como o Salvem a Liturgia: é uma tentativa de educar estas amorosas crianças para que aprendam a botar a mesa do lanche. Faz parte da nossa civilização, e, no caso da liturgia, da nossa religião. 
No caso, escrevo devido a um acontecimento engraçado – como são engraçados os esforços amorosos das crianças – que testemunhei há alguns dias. Um padre da Administração Apostólica, que só celebra a Missa na Forma Extraordinária, fez 39 anos de ordenação. Um rapaz amigo dele, que costuma tocar teclado e cantar, divinamente, canto gregoriano nas suas Missas, compareceu à festa acompanhado de duas mocinhas da paróquia de origem dele. Mais ainda: duas mocinhas do coral da paróquia dele. Na hora da festa, as mocinhas resolveram cantar uma música em homenagem ao padre, acompanhadas no teclado pelo rapaz. Abriram as boquinhas e soltaram um daqueles miados melismáticos pseudo-gospel que estão na moda, em que não é incomum que se glisse dois ou três tons, indo e voltando, com um tremolo soando a compungido no final. 
Ora, para elas, pobrezinhas, aquilo era música religiosa. A cara do padre, que daria um bom jogador de pôquer, conseguiu esconder parte do seu espanto: ele não conhece a horrenda mania que acomete muitas paróquias de, especialmente no Salmo Responsorial, botar lá na frente uma moça para miar como um gato sendo estrangulado, numa demonstração de talento vocal absoluta e completamente alheia ao espírito da liturgia. 
Notem que o problema não é o melisma (termo técnico para a ocorrência de várias notas numa só sílaba – pense na canção americana “I’ll Always love you”, em que o “I” se estende por vários compassos), mas o próprio estilo destes salmos pseudo-gospel, que é contrário aos princípios da música litúrgica católica. Alguns podem ser boa música, mas não música litúrgica. Na igreja, infelizmente, em geral nem isso ocorre. O que se tem é um miado oscilante e sincopado, com glissandi passando por microtons completamente fora de qualquer escala ocidental. 
O uso de melismas na música litúrgica – de que o canto gregoriano é a forma mais perfeita – é uma longa tradição. Na verdade, é uma tradição não apenas no nosso Rito mas, mais ainda, nos ritos orientais. Os melismas do gregoriano, contudo, caracterizam-se pela perfeita pertença à escala própria àquele canto. Esta pertença é tão perfeita que, quando um instrumento temperado é usado para acompanhar os cantores, é comum que diminua a qualidade e a afinação, pois não se trata de uma escala temperada, sim de uma escala natural.
Em outras palavras: no canto gregoriano – a fortiori, no canto litúrgico católico – o canto salta limpa e claramente de uma nota a outra da escala, sem glissar e, principalmente, sem oscilar. Isto permite que o coro cante em uníssono perfeito, preservando – mesmo através de longos melismas – a compreensão do texto litúrgico. Afinal, o que se tem na liturgia é o texto litúrgico cantado, não uma “letra de música” que pode perfeitamente não ser compreendida para que a melodia seja apreciada.
Já no pseudo-gospel que assola nossas paróquias (e no seu irmão mais velho e mais agradável aos ouvidos, o gospel verdadeiro, tipo de música que não condiz com a liturgia mas pode e deve ser apreciada fora da igreja, bem como seus descendentes – soul, blues, etc.), o que seria o texto litúrgico praticamente desaparece, em uma demonstração de virtuosismo que consiste principalmente na capacidade de cantar fora da escala. Na música negra americana tradicional, bemolizam-se (abaixa-se meio tom) algumas notas, para dar à melodia um jeitão inesperadamente “triste”, forçando um tom menor onde normalmente se esperaria um maior. Nas demonstrações de virtuosismo que se tornaram parte das formas mais novas deste tipo de música, contudo, em que um solista massacra a melodia ao ponto de torna-la mera referência, o que se faz é muito mais do que isso: a voz do cantor oscila, glissa de uma nota a outra, criando uma outra melodia em microtons que faz de cada melisma não uma sequência de notas distintas, mas um longo glissando oscilante digno de um trombone de vara tocado por um trombonista com mal de Parkinson. Dizem que é o que ocorre no programa de TV “The Voice”, que nunca assisti. Mas é possível; é uma moda que, se não estivesse presente, não teria invadido e depreciado a música sacra.
O resultado disto é que o texto do salmo é, na prática, substituído por uma mera desculpa para uma demonstração de virtuosismo que nada tem de litúrgica. Mais ainda: os habituados a este tipo de coisa frequentemente propõem, como melodia para o responsório do salmo, algo no mesmo estilo, o que o torna simplesmente incantável pela multidão.
Outro problema sério deste tipo de invasão é o ritmo sincopado que têm, tradicionalmente, as melodias gospel em que se inspiram os invasores. Ora, uma seita protestante nada mais tem que a oralidade: é a oração (frequentemente cantada) entremeada com oratória, e nada mais. Um culto protestante é basicamente um falatório, sem que nada de sobrenatural possa ali acontecer.
Isto faz com que seja necessário, para que os frequentadores continuem voltando semana após semana para cantar e ouvir alguém explicando o que a teologia deles afirma não ser necessário explicar (a Escritura), que haja algo mais. No caso das seitas compostas por negros no Sul americano, onde se originou o gospel, este “algo mais” é a dança, além de fenômenos histéricos pseudo-pneumatológicos. O ritmo sincopado das músicas gospel (em geral em 16/8) foi desenvolvido justamente para levar as pessoas à movimentação física, ao requebro que as torna mais propensas a aceitar sem racionalizar o que lhes é dito do púlpito (é a mesma função da tradição protestante de responder ao que o “pastor” diz com brados teoricamente espontâneos de “amém”, etc.).
Ora, na liturgia católica, tudo o que não se quer é que as pessoas tenham vontade de requebrar. A Santa Missa é o Sacrifício do Calvário, tornado novamente presente de forma incruenta. Estar na Missa é como estar aos pés da Cruz, na companhia excelsa de Maria Santíssima e São João. Quem estaria requebrando, ali? Creio que nem mesmo os judeus e romanos teriam tamanha desfaçatez!
Há quem se dedique a transpor para o vernáculo as melodias gregorianas; é possível, hoje em dia, baixar o próprio de cada Missa em melodias gregorianas e em português (ainda que o Concílio Vaticano II tenha determinado que os fiéis devam aprender a cantar suas partes no canto gregoriano original, em latim). É uma opção para quando, por alguma razão, não se considera adequado usar a língua da Santa Madre Igreja. 
Outra opção é simplesmente ler os salmos, em voz pausada, para que, como deve ser, o texto litúrgico – não o talento, ou ausência de talento, do cantor – sobressaia.
Em todo caso, urge eliminar, o quanto antes, os miados pseudo-gospel que assolam nossas igrejas.
Na Quinta São Tomás, em Carmo de Minas, na festa de São Rugero,


Carlos Ramalhete

sábado, 18 de janeiro de 2014

Papa Francisco celebra versus deum o Batismo do Senhor

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Muitos de vocês já devem ter visto esta notícia nas redes sociais (divulgamos também em nossa fan page no Facebook), mas creio ser importante trazê-la aqui, com mais fotos, e comentá-la melhor.

Sim, o Papa celebrou novamente a missa ad orientem. Desta vez na Capela Sistina, onde celebrou também sua primeira missa como Papa, aos cardeais do Conclave. Naquela ocasião, por motivos que desconhecemos, ele optou por usar um altar móvel e celebrar versus populum. Desta vez não, usou o altar fixo à parede, como vinha fazendo seu predecessor, Bento XVI.

Como eu já havia dito na outra ocasião em que o Santo Padre celebrou a missa "voltada para Deus", "o Papa não é ideologicamente contrário a esta orientação litúrgica".

Como foi possível interpretar de seus discursos e atitudes, o Santo Padre manteve, no essencial, a hermenêutica de interpretação do Concílio Vaticano II de Bento XVI, da "reforma na continuidade", e definitivamente não pertence àquela linha danosa que atribui ao Concílio Vaticano II certas coisas que ele não disse, como o "fim da celebração de costas para o povo", algo que é não só mentiroso como teologicamente incorreto.













segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Reforma da Reforma: Santa Missa na Capela do Memorial Beato João Paulo II na Arquidiocese de Cuiabá

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Santa Missa Dominical rezada na Capela do Memorial Beato João Paulo II na Arquidiocese de Cuiabá. A Santa Missa foi rezada pelo Padre Marcos R. Ferrucci, que nos enviou as fotos, na forma Ordinário do Rito Romano (versus Deum e partes fixas em Latim) na Solenidade da Sagrada Familia de Jesus, Maria e José, por ocasião dos seus 5 anos de Ordenação Sacerdotal.













domingo, 12 de janeiro de 2014

Ordinário da Missa (rito gregoriano/tridentino)

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Fonte: http://apologeticacatolicablog.blogspot.com.br/2014/01/ordinario-da-missa-rito.html

No nosso país o movimento em prol da restauração da liturgia gregoriana enfrenta muitas dificuldades, algumas derivadas da falta de organização e espírito comunitário de nossos companheiros de luta, outras da falta de foco, que levam os esforços a se perderem em torno de questões bizantinas (como a famosa "querela das calças femininas"). Não podemos deixar de lembrar, também, que muitas vezes a falta de recursos financeiros se faz sentir, seja por pura falta de meios, seja pela irresponsabilidade das pessoas em contribuírem monetariamente com seus grupos de pertença. Todos esses fatores somados acabam impedindo certas coisas básicas, como a publicação de um Missal dos fiéis em latim/português. O católico tradicionalista brasileiro tem de lidar com velhos missais comprados em sebos ou repassados por parentes mais velhos, ou, às vezes, contar com a sorte para adquirir um que ficou no estoque de alguma loja.

Para suprir essa falta, várias pessoas ou grupos publicaram pequenos ordinários que, se juntados aos próprios que o grupo aqui de Recife produz (para ser mais específico, o confrade Karlos - e que serão futuramente disponibilizados em seu blog), dão conta do recado. Assim sendo, os membros da Comunidade Apologética Católica também se engajaram na tarefa de produzir um novo ordinário, com a melhor coleção de rubricas possível (derivadas de uma seleção feita nos missais já consagrados e em livros como o Missa Tridentina - Explicações das orações e cerimônias da Santa Missa, de D. Guerranger) e com uma tradução que também reúne algo das já existentes, mas sem arcaísmos ou lusitanismos (mas sempre com a poesia).

O trabalho durou uns sete meses e, por experiência própria com seu uso numa celebração, atesto que ficou com uma excelente qualidade. Vou postar em anexo o resultado. É bom lembrar que ele está no formato para ser impresso em forma de livreto, ou seja, uma página dessa é para metade de um A4 em paisagem. Espero que com essa modesta contribuição possamos ajudar na universalização das celebrações no rito romano tradicional na nossa pátria (é bom lembrar que nosso país nasceu com ele).

Ordinário da Missa 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Reforma (não "deforma"!) arquitetônica: o caso da igreja de São João Batista em Nitéroi

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Por este Brasil afora vemos exemplos de reformas em igrejas que acabam suprimindo àqueles elementos da arquitetura sacra que mais contribuem para criar um espaço celebrativo adequado ao culto litúrgico. Tais reformas pautam-se geralmente por optar pelo minimalismo além de apropriar-se de conceitos próprios da arquitetura moderna, como a arte abstrata. Na raiz da questão, segundo a proposta do arquiteto suíço Le Corbusier, está o entendimento do templo como uma máquina. Não a "máquina para morar", como ele pretendia suas casas, mas a máquina para o culto litúrgico. Esta máquina, portanto, seria desprovida de alma, tornando-se um espaço frio, seco, sem vida: assim são muitas das igrejas construídas nas últimas décadas.

Na contramão desta indevida apropriação da arquitetura moderna para o templo católico, num movimento que já tem muita força me outros países, começam a surgir, também aqui, alguns exemplos de boa combinação dos elementos arquitetônicos modernos com nossa tradição litúrgica.

Trago aqui o exemplo da Paróquia São João Batista, em Tenente Jardim, Niterói, onde é pároco nosso já conhecido Pe. Demétrio Gomes. Vejam a reforma do presbitério e dos objetos litúrgicos que esta pequena comunidade conseguiu realizar em apenas dois meses:


Por que este presbitério é mais apropriado que o anterior?, poderia perguntar-se o caro leitor. Tento tratar de alguns pontos:
  • Como já mencionei, conseguiu-se pegar elementos arquitetônicos modernos, do nosso tempo, e usá-lo em consonância com a tradição litúrgica católica. Percebe-se, por exemplo, que o estilo é mais limpo, sem muitos detalhes nas paredes, contudo sem cair no minimalismo. Temos colunas, arcos, alguns relevos e outros detalhes que destacam certos elementos, como a cruz ao fundo do presbitério e as imagens nas laterais. Em seu modo, é uma aplicação arquitetônica da nobre simplicidade a que o Concílio Vaticano II se refere.
  • O presbitério antigo, por seu formato cúbico e pelas paredes vazadas, acabava colocando ambão e altar visualmente em uma mesma linha, por mais que fisicamente não estivessem assim. Isto causa uma certa perda de profundidade e de movimento, o que traz grande perda psicológica e espiritual (cf. JOHNSON, Cuthbert; JOHNSON, Stephen. O espaço litúrgico da celebração: Guia litúrgico prático para a reforma das igrejas no espírito do Concílio Vaticano II. 2006. Editora Loyola).
  • Agora são três os degraus da nave para o presbitério, segundo o costume do rito latino.
  • Também um degrau para o altar, que ganha mais destaque pela elevação.
  • Não é iconoclasta. Muitas reformas atuais substituem as imagens por ícones ou simplesmente removem-nas. Nada contra os belíssimos ícones, mas na Igreja Latina, ocidental, não sabemos ler e rezar com os ícones como os orientais, ao passo que as imagens nos transmitem uma sensação de familiaridade e proximidade. Além de seu uso ser incentivado pela Sacrosanctum Concilium.
  • E, finalmente, a reforma ficou harmoniosa com o restante da igreja, a transição da nave para o presbitério é gradual e não há um choque de estilos. É bem comum encontrarmos reformas que ficaram belas quando olhadas isoladamente, porém não combinam com o restante da igreja.
Há certamente outros pequenos detalhes que não percebi, mas estes me parecem suficientes para responder à pergunta.

Na Missa de Natal, quando se inaugurou o novo presbitério

Finalizo com as palavras do pároco, Pe. Demétrio Gomes, a respeito do novo presbitério:
Há três meses assumi o pastoreio de minha primeira paróquia. Naquela ocasião dissemos que o centro de nosso ministério seria a Santíssima Eucaristia. Não poderia ser distinto, pois dEla vive a Igreja.
No primeiro mês já tínhamos conseguido restaurar e adquirir todos os objetos litúrgicos, e lançamos uma proposta de um novo presbitério para acolher o Senhor em Seu Natal. Coisas de padre jovem e louco...
Nossa paróquia é pobre e não conta com muitos recursos, mas a fé dos fiéis superou as limitações materiais.
Compartilho com vocês o presente que, em apenas dois meses, conseguimos dar ao Senhor. Que esta obra seja apenas um reflexo da obra interior que queremos que o Divino Paráclito realize em cada um de nós!
Num dos comentários, o padre deu mais detalhes do acontecido, mostrando também o efeito pastoral de um presbitério mais apropriado:
"Todas as pessoas que frequentam a paróquia estão mais do que felizes com o novo presbitério. O número de fiéis multiplicou. Posso garantir-lhe que os fiéis sentem-se muito melhor acolhidos que antes! São pobres, mas têm fé e com muito bom grado dão o seu melhor para Deus. Precisava ver a alegria e as lágrimas de emoção nos rostos dos fiéis na noite de Natal!

O padre não impôs nada, apenas propôs e todos deram do seu pouco com muita alegria, e estão santamente orgulhosos, sentindo-se valorizado depois de anos…

O presbitério não tem nada de caro, não tem ouro nem nada precioso a não ser o Santíssimo Sacramento. Simplicidade não significa desleixo e mal trato com as coisas sagradas, muito menos com o Corpo do Senhor!

Além do mais, não há verdadeiro amor aos pobres sem a primazia do amor a Deus. Quando se inverte a ordem, deixa-se de amar a Deus, e o suposto amor aos pobres se converte em uma perversa ideologia que além de não comunicar-lhes o Evangelho, engana-lhes prometendo um paraíso terrestre.

Nunca vi uma paróquia que trate sem zelo as coisas de Deus cuidar dos seus pobres. O contrário? Tenho muitíssimos exemplos..."
É... salvar a liturgia é salvar o mundo, é salvar a fé!!!


E você, conhece outros exemplos de belas reformas arquitetônicas? Não deixe de comentar ou nos enviar as fotos para divulgação.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

E chamam a isso “liturgia”!

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Trazemos hoje um excelente texto postado por Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracaju, em sua página pessoal no Facebook, sobre as palavras do Cardeal Arcebispo Emérito de Bruxelas, Cardeal Godfried Danneels logo após o Sínodo sobre a Eucaristia:

O cardeal, afirma: “A indicação mais útil surgida no Sínodo foi a recomendação de celebrar bem a Missa. A primeira obra de evangelização é a própria liturgia. Se ela é bem celebrada, exerce uma força de atração e é já uma evangelização em si mesma. Não é necessário acrescentar coisas... O que é belo, atrai e desarma. Muitos bispos africanos e asiáticos falaram-me dos ‘prosélitos de porta’... aqueles pagãos que chegam à porta das igrejas atraídos pela beleza da liturgia. Sentem que algo importante acontece ali...”



O Cardeal recordou que a Eucaristia não é um simples banquete festivo, mas é primeiramente o Sacrifício de Cristo: “Depois do Concílio, colocou-se a ênfase na Eucaristia como banquete. Mas, a última ceia não foi simples banquete. Foi um banquete ritual e ao mesmo tempo sacrifical. Os apóstolos e Jesus não se encontraram no cenáculo somente para comer juntos... Reuniram-se para fazer memorial da ceia pascal dos judeus e comemorar a obra da salvação realizada por Deus no Egito”.

Daneels está certíssimo! Nunca esqueçamos que a Celebração eucarística não é uma folia, um teatro, uma invenção da cabeça de padre espertinho e de uma comunidade “criativa” em inventar modas! A Missa não é um festa – pelo menos não uma festa no sentido corrente do termo! Não é isso e nunca será isso!

A Missa é um sacrifício sagrado, santíssimo na forma ritual de banquete. Um rito não deve ser mudado, inventado, adulterado! O rito é algo sagrado e santo: deve ser simplesmente recebido e celebrado! Participar do rito não é inventar coisas, fazer coisinhas, pequenas atividades, mas sim deixar-se tomar por ele, invadir por ele: pelo silêncio, pelas palavras, pelos gestos sagrados, pela gravidade, pela piedade, pelo senso do mistério santo... Participa bem e frutuosamente do rito quem, invadido por ele e nele mergulhado, encontra o Santo, o Eterno, o Senhor tão íntimo, tão próximo e tão santo e aí, por Ele colhido e tocado, é transformado! Por isso mesmo, Jesus seguiu à risca o rito judaico e estabeleceu um novo rito, o rito eucarístico, que devemos celebrar com reverência, unção e respeito amoroso.

O Cardeal também ficou muito contente com a ênfase na adoração eucarística: “Vejo que tantos jovens a descobrem como uma coisa nova. Viu-se isso em Colônia e na adoração silenciosa dos meninos de primeira comunhão (com Bento XVI), na Praça de São Pedro. Os jovens apreciam uma fé anunciada sem enfeites, sem intermináveis preâmbulos e truques de pré-evangelização (ou seja, aquelas coisas que querem tornar a fé mansinha, fácil e agradável ao mundo). Eles são abertos a quem testemunha a sua fé cristã na liberdade, sem procurar convencer-lhes fazendo pressão sobre eles...”

O Cardeal está coberto de razão! Basta pensar em João Paulo II e Bento XVI... O Santo Padre Francisco, quando celebra, não faz gracinha para ninguém: celebra os santos mistérios e pronto: com gravidade e reverência.



Veja ainda o que ele diz: “Os sacramentos são gestos concretos, que utilizam sinais materiais. O sinal é sempre visível, mas é sempre apenas um sinal de “algo” invisível, a realidade mesma do sacramento, que nos é dada através do sinal. É aqui que está a força da liturgia! Este “algo” não é perceptível quando a liturgia se torna um teatro, uma autocelebração inventada por nós mesmos. Quando acontece isso, a liturgia torna-se algo pesado. Não tem sentido sair de casa para assistir todo Domingo à mesma peça teatral!”

Veja que a afirmação do Cardeal é perfeita. Se a liturgia for inventada pelo padre ou pela comunidade, não passa de um teatro chato e de mau gosto! Liturgia inventada é coreografia, é autocelebração que cedo ou tarda, cansa, mata de monotonia! O rito repetido sempre é mistério santificante; a coreografia é gesto humano que sempre tem que ser renovado pela criatividade e, ainda, assim, acaba enfadando! A liturgia somente encanta se for maior que o padre e que a comunidade, se for sagrada, se nos der a presença santíssima e misteriosa do Senhor Jesus, o Enviado do Pai!




E pensar que no nosso Brasil a gente tem que suportar cada celebração, cada invenção, cada criatividade! É dança “litúrgica”, é um palavreado vazio, é uma inflação de comentários, é um repertório de cânticos que não tem nada de litúrgico nem ligação alguma com o tempo litúrgico e o mistério celebrado, é aviso que não acaba mais, é palma pra lá e pra cá, é o mau gosto na ornamentação, é a bagunça nos paramentos inventados, é a falta de respeito ao texto do missal... E chamam a isso “liturgia”!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Santa Missa na Solenidade da Imaculada Conceição na Catedral Basílica de Nossa Sra. da Luz dos Pinhais

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Santa Missa na Solenidade da Imaculada Conceição, na tarde do dia 7 de dezembro, na Catedral Basílica de Nossa Sra. da Luz dos Pinhais, em Curitiba. Foi presidida pelo Bispo Auxiliar de Curitiba, D. Rafael Biernaski, concelebrada por diversos sacerdotes e assistida por dois diáconos. Foi oferecida em ação de graças pela formatura da turma de Bacharelado em Filosofia da Faculdade Vicentina.










Agradecemos ao Felipe Koller pelo envio das fotos.
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