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domingo, 5 de março de 2017

Mais de duzentos signatários publicam declaração internacional sobre a música sacra


Coro da Capela Sistina

Foi publicada hoje a declaração sobre a música sacra "Cantate Domino Canticum Novum", assinada por diversos músicos, sacerdotes e acadêmicos, de entre outros, totalizando mais de 200 assinaturas.

A declaração está sendo lançada no quinqüagésimo aniversário da Instrução Musicam Sacram e disponível em seis idiomas (inglês, italiano, espanho, português, francês e alemão) no site da revista sobre liturgia e música sacra Altarei Dei (aqui).

Após relembrar brevemente a importância dedicada desde o século XIV pelos Papas à música sacra, a declaração resume a crítica situação atual que vive a música sacra em seis pontos, que podem ser resumidos da seguinte maneira:

  1. A perda do entendimento da "forma musical da liturgia";
  2. O secularismo que adentrou os templos sagrados por meio de estilos inapropriados de música popular;
  3. Uma falsa renovação da música sacra, sustentada por alguns grupos, que contradiz o ensinamento da Igreja sobre o assunto e acarreta no descarte da música litúrgica por primazia, o canto gregoriano;
  4. O desdém pela Tradição e, por consequência, do gregoriano e de nossa herança litúrgica;
  5. O abuso da parte de determinados clérigos (clericalismo), dificultando a redescoberta desta herança litúrgica;
  6. A falta de remuneração adequada àqueles que desempenham atividades musicais (e eu acrescento: por que não contratar profissionais, se necessário?).
Trago com destaque a citação de um parágrafo relacionado ao ponto 3, o gregoriano:
Hoje, esse “modelo supremo” [o gregoriano] é freqüentemente descartado, se não mesmo desprezado. Todo o Magistério da Igreja recorda-nos a importância de aderir a esse modelo, não como forma de limitar a criatividade, mas como fundamento sobre o qual pode florescer a inspiração. Se desejamos que as pessoas busquem a Jesus, precisamos preparar a casa com o melhor que a Igreja pode oferecer. Não convidaremos pessoas à nossa casa, a Igreja, para oferecer-lhes um subproduto de música e arte, se podem encontrar um estilo de música popular muito melhor fora da Igreja. A liturgia é um limen, um limiar que nos permite passar de nossa existência diária ao culto dos anjos: Et ídeo cum Angelis et Archángelis, cum Thronis et Dominatiónibus, cumque omni milítia cæléstis exércitus, hymnum glóriæ tuæ cánimus, sine fine dicéntes... 
Para contornar estes problemas, algumas propostas positivas são colocadas:
  1. Promoção da herança musical católica (gregoriano e polifonia sacra) e de composições sacras modernas (em latim ou vernáculo) que bebam dessa tradição, bem como do órgão de tubos;
  2. Educação das crianças na liturgia e na música pela via da beleza;
  3. Abertura de espaço aos leigos fiéis ao Magistério e, no caso da música e das artes, , com capacidade técnica nas áreas da arte e da música;
  4. Uma melhor qualidade de música litúrgica nas catedrais e basílicas, com incentivo direto do bispo diocesano;
  5. A celebração de uma Missa semanal em latim em toda basílica e catedral, para a manutenção do vínculo com nossa herança litúrgica, cultural, artística e teológica;
  6. Treinamento litúrgico e musical do clero como prioridade dos bispos;
  7. Uma maior adesão das editoras católicas ao ensinamento litúrgico-musical da Igreja, para o lançamento de obras conformes à nossa tradição musical;
  8.  A formação de liturgistas no canto gregoriano, polifonia e nossa tradição musical.

Por fim, recomendo a todos os nossos leitores que acessem o documento da declaração, que, embora breve (5 páginas), traça de modo objetivo o panorama atual da música sacra no orbe católico.
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