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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rubricas da forma extraordinária na forma ordinária?

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Certas cerimônias que fazem parte de nossa tradição litúrgica podem ser mantidas sem previsão nas rubricas atuais, mas aí não seria uma mistura, e sim a preservação de gestos de devoção: abençoar a água que se misturará ao vinho, o modo de incensar o altar e as oblatas, os polegares unidos aos indicadores desde a consagração da hóstia até a purificação, a voz mais baixa (mas não "vox submissa", por causa da norma explícita da IGMR) e mais pausada na consagração, os modos de soar a campainha etc.

Dizer as orações ao pé do altar de modo privado (mas não em vox secreta, pois isso requeriria mexer os lábios, ao menos) soa-me artificial, pois isso demoraria uns 2 minutos, no mínimo, além de duplicar o Confiteor, que será dito depois. Se ele quiser fazer as tais orações por devoção, o lugar correto, no rito moderno, é na sacristia. Até porque, na Idade Média, era na sacristia que se as rezava, sendo incorporada ao rito da Missa só depois, com São Gregório Magno. Ora, se a reforma de Paulo VI pretende ser um resgate do uso primitivo do rito romano, as orações ao pé do altar devem ser recitadas é no seu lugar igualmente primitivo: na sacristia.

Quanto ao ofertório, não se trata de gestos cerimoniais diferentes apenas, mas de textos distintos, o que implica em tumulto do rito.

Uma coisa é conservar certos detalhes não mais previstos, outra é trazer verdadeiras cerimônias do rito antigo para dentro do rito novo.

Na verdade, não se trata nem de solenizar mais. O fato é que as rubricas de 1969/2002 deixam algumas cerimônias sem descrição precisa de modo proposital: pensa-se que o sacerdote, ao executá-las, irá fazê-lo com base na tradição litúrgica anterior. Não descreve com precisão porque na mente do legislador os padres iriam, por si só, manter os gestos.

Na prática sabemos que não é bem assim, e também, pela falta de norma preceptiva escrita, nem mesmo estão constrangidos a isso. Mas o sentido de certas omissões é esse.

Tanto é assim que o Cerimonial dos Bispos no rito moderno, cuja edição é de 1985, se não me engano, traz, em suas notas de rodapé, citações do Cerimonial dos Bispos do rito tradicional, como referência para certos gestos. Está claro, assim, a continuidade litúrgica.

Agora, transplantar cerimônias inteiras de uma forma para dentro de outra me parece artificial e ilícito.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A estrutura da Missa no rito romano

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Teologicamente, a essência da Missa é a Consagração, o sacrifício de Cristo oferecido na Cruz e tornado real e novamente presente sobre o altar mediante a conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor. À Consagração se unem sua preparação – o Ofertório – e sua consumação – a Comunhão. Desse modo, podemos dizer que essas três cerimônias são o centro e ápice da Missa, e isso em qualquer rito litúrgico.


Cada um desses ritos tem a sua particularidade na combinação dos elementos que antecedem à Consagração e que a seguem, e mesmo sua diferença quanto ao que se deve dizer, como se deve dizer, o que vestir, o que fazer, quem deve fazer e assim por diante.


No rito romano – e aqui falamos da sua estrutura básica que, vindo desde os tempos de São Gregório, foi sistematizada por São Pio V e permanece, sim, na reforma de Paulo VI e João Paulo II (com certa perda de alguns elementos, o que lamentamos, é preciso dizer) –, a Missa consta de vários textos e cerimônias: orações, antífonas, hinos, momentos de silêncio, cânticos, procissões, gestos, monições, responsórios, leituras bíblicas. Alguns dos textos se dizem em voz alta, outros em voz submissa. Uns constituem o rito ou cerimônia por si mesmo (como o Agnus Dei, o Kyrie etc), enquanto outros se destinam a acompanhar o rito (como os cantos de Entrada e de Comunhão).


§ 1. Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística


O centro da Missa, em qualquer rito, é o conjunto de ações de oferecer os dons, consagrá-los (ou seja, torná-los o Corpo e o Sangue de Cristo, realizando o sacrifício da Cruz), e consumi-los. O Ofertório é a preparação para um ato e a Comunhão é a consumação desse ato: a Consagração. Dos três elementos, um é aquele em torno do qual gravitam os demais. À Consagração chegamos pelo Ofertório, e da Consagração chegamos à Comunhão. Esses três momentos e uma série de outras cerimônias e ações litúrgicas previstas nas rubricas formam, no rito romano, a parte da Missa que chamamos Liturgia Eucarística. É a Missa propriamente dita, o sacrifício e seus adjetivos principais. Também é chamada Missa dos Fiéis e, como tal, era designada oficialmente na antiga forma litúrgica romana.


Preparando a Liturgia Eucarística, encontramos a Ante-Missa, a Missa dos Catecúmenos, ou, conforme a denominação atual, a Liturgia da Palavra. É ela que nos prepara para o sacrifício.


Anexos à Liturgia da Palavra, como uma sua introdução, estão os Ritos Iniciais. E anexos à Liturgia Eucarística, como uma sua conclusão, estão os Ritos Finais.


Desse modo, podemos dizer que cada Missa está dividida em duas grandes partes. A primeira é aquela que abrange os Ritos Iniciais e a Liturgia da Palavra. E a segunda a Liturgia Eucarística e os Ritos Finais. Em um sentido amplo, podemos até dizer que a Liturgia da Palavra engloba os Ritos Iniciais, e a Liturgia Eucarística os Ritos Finais, de modo a termos as duas partes bem definidas.


§ 2. Ordinário e Próprio


Os elementos presentes tanto na Liturgia da Palavra quanto na Liturgia Eucarística são de variados tipos. Uns são fixos, presentes em todas as Missas, e outros variam conforme a Missa que se celebra.


A Missa em rito romano, portanto, tem uma estrutura de fácil entendimento, e os seus textos e cerimônias, sejam os da Liturgia da Palavra ou da Liturgia Eucarística, estão agrupados em duas grandes categorias. À parte fixa da Missa, invariável (ou, melhor dizendo, pouco variável, pois existem algumas coisas que mudam nos diversos tipos de Missa), chamamos Ordinário. Nele estão as orações, monições e outros textos que se devem dizer em todas ou em quase todas as Missas, de um modo geral. Já a outra categoria é o Próprio, do qual constam os textos, orações, antífonas específicos de cada Missa.


Quem vai à Missa, ao menos todos os Domingos, conhece o Ordinário quase de cor. E o normal é que aconteça isso mesmo. Aliás, o normal seria que o fiel católico conhecesse o Ordinário da Missa de cor tanto em vernáculo quanto em latim, respondendo a todas as partes da Missa dialogada.


O Ordinário reúne, por exemplo, a Saudação, o Ato Penitencial, o Kyrie, o Gloria, o Credo, a Oração Universal (é verdade que as preces variam não só conforme o dia, mas segundo a igreja e o celebrante, pois são livres para que cada comunidade componha a sua, mas a estrutura da oração e os exemplos de responsórios estão previstos no Missal de modo fixo), o Ofertório, o Sanctus, as Orações Eucarísticas (algumas das quais possuem prefácio fixo, outras variável), o Pai Nosso, a Oração da Paz, o Agnus Dei, e as diversas cerimônias como bênção, distribuição da Comunhão, procissões etc.


São definidas pelo Próprio, ou seja, são variáveis, as antífonas (de Entrada e de Comunhão e, se for usado o canto gregoriano, a prevista no Gradual para o Ofertório), as três orações coletas (Oração do Dia ou Coleta propriamente dita, Oração sobre as Oferendas, e Oração depois da Comunhão), o Prefácio (mesmo quando ele é fixo a uma Oração Eucarística específica, faz parte do Próprio, eis que definido conforme a escolha da Missa do dia), e as leituras. Nesse sentido, quando falamos “Próprio de Nossa Senhora de Guadalupe” ou “Próprio de Matrimônio” ou “Próprio do II Domingo do Advento”, estamos nos referindo às partes do Missal que estão previstas especificamente para essas três Missas. A Oração do Dia do IV Domingo de Páscoa, por exemplo, é distinta daquela prevista para a XXXII Semana do Tempo Comum, que, por sua vez, difere da específica da Terça-feira da II Semana de Quaresma, e das que se devem rezar em Missas de Matrimônio, de Crisma, pela Eleição de um Papa, pelos Defuntos etc. O Próprio, enfim, é o conjunto das especificidades de uma Missa. Justamente por isso o nome: “próprio”.


Alguns Próprios são propositalmente incompletos. Falta-lhes algum elemento (uma antífona, uma oração, uma leitura etc). Nesse caso, o elemento faltante é tirado do chamado Comum. Assim como há um Próprio para as diversas festividades de Nossa Senhora, há um Comum de Nossa Senhora, com os elementos que servem para encaixar naqueles Próprios que não os têm em sua integralidade. Há, por sua vez, Comum dos Mártires, Comum dos Pastores, Comum dos Doutores da Igreja, Comum das Virgens etc.


O conjunto dos Próprios, i.e., daqueles elementos que caracterizam uma determinada Missa e a individualizam, acaba por formar os dois grandes ciclos do calendário, segundo veremos no Cap. 21: o Próprio do Tempo ou Temporal (com as celebrações ao longo do Ano Litúrgico e seus diferentes Tempos litúrgicos) e o Próprio dos Santos ou Santoral.


§ 2. Visão geral da estrutura da Missa


A Missa, no rito romano moderno, começa com os Ritos Iniciais, vai pela Liturgia da Palavra, culmina na Liturgia Eucarística e se encerra pelos Ritos Finais.


Os Ritos Iniciais compreendem a ida do sacerdote, com seus ministros, ao altar em procissão (partindo da sacristia ou do fundo da igreja), durante a qual se canta o Intróito – do Próprio, i.e., variável – ou outro canto adequado (ou se reza o Intróito), bem como o sinal-da-cruz, a Saudação, o Ato Penitencial, o Kyrie, o Gloria (nos Domingos fora do Advento e da Quaresma, nas Solenidades e festas, e, facultativamente, em outras ocasiões mais solenes a critério do celebrante), a Coleta (ou Oração do Dia, do Próprio). Nos Domingos, pode-se realizar antes da Missa, somente nas igrejas e oratórios, a Aspersão da Água Benta, que substitui o Ato Penitencial.


A Liturgia da Palavra, por sua vez, compreende as leituras, que variam conforme a Missa que é celebrada (há um elenco das leituras para cada dia do ano, para cada Domingo, Solenidade, festa e Missa votiva ou para diversas necessidades), o Aleluia e o Salmo (também variáveis), o Evangelho (idem), e, quando indicados, a Homilia, o Credo e a Profissão de Fé.


De outra sorte, a Liturgia Eucarística compreende o Ofertório (com ou sem procissão, com ou sem Antífona – do Próprio –, e, caso não haja antífona, com ou sem outro canto apropriado), a Oração sobre as Oferendas – do Próprio –, a Oração Eucarística ou Cânon (com o Diálogo antes do Prefácio, o Prefácio mesmo – Próprio –, o Sanctus, a Consagração, as intercessões, a doxologia), o Pai Nosso, a Oração da Paz, o Agnus Dei, a Apresentação do Corpo do Senhor, a Comunhão (com uma Antífona, rezada ou cantada – do Próprio –, ou outro canto apropriado), o silêncio que a ela se segue (com ou sem cantos, com ou sem orações devocionais), e a Oração depois da Comunhão – que consta do Próprio.


Os Ritos Finais, enfim, englobam eventuais avisos, a Bênção e o Ite Missa Est – Despedida. Algumas Missas possuem a opção de uma Bênção Solene ou de uma Oração sobre o Povo antes da Bênção. Outras não pedem Despedida, conjugando-se outro rito após.


Dito isto, passemos a outro ponto.


Aprofundemos um pouco mais, não em relação às regras para o canto, que foram estudadas em outro post, porém em seu desenvolvimento desde o Missal de 1962 até a promulgação do Novus Ordo Missae.


Pelas rubricas anteriores, de São Pio V ao Beato João XXIII, que cessaram com a reforma litúrgica de Paulo VI, havia três tipos básicos de Missa: a Missa dita (Missa dicta, ou rezada, ou lida, ou baixa – Low Mass, em inglês), a Missa cantada (Missa cantata, ou alta – High Mass ou Sung Mass), e a Missa solene (Missa solemnisSolemn High Mass ou Solemn Sung Mass).


A Missa dita era celebrada por um sacerdote sem o auxílio de diácono e subdiácono. Apenas um acólito o ajudava. Não podia ser cantada em nenhum trecho. Música e canto poderiam acompanhar a Missa, mas o Ordinário e o Próprio nunca eram cantados. Por exemplo, não se cantava o Gloria ou o Kyrie, nem a Antífona da Comunhão. Mas, durante a Comunhão, poderia ser cantado um canto qualquer piedoso que servisse no lugar da antífona – que era, então, lida pelo celebrante. Para resumir, poderia existia um canto que acompanhasse um rito, mas não um canto que fosse o próprio rito.


Já a Missa cantada era aquela celebrada igualmente sem diácono e subdiácono, mas, por outro lado, tinha o Próprio e o Ordinário cantados, como o nome diz. Todas as partes da Missa (ou, ao menos, como veremos mais adiante, a grande maioria) eram cantadas. Se a Missa rezada não admitia que os trechos da Missa fossem cantados – embora admitisse cantos durante a Missa –, a Missa cantada não admitia, salvo raríssimas exceções, que houvesse trechos lidos.


Enfim, a Missa solene era aquela celebrada com a ajuda de um diácono e um subdiácono. Sempre era cantada.


Resumindo, há dois grandes tipos de Missa, sendo que um deles se divide em dois outros. O número 271 das Rubricas Gerais do Missal Romano promulgadas pelo Beato João XXIII, equivalentes à atual Instrução Geral sobre o Missal Romano, bem especificava: há a Missa lida e a cantada, e esta última, quando tem a assistência de diácono e subdiácono, chama-se solene.


Tratava-se, como visto, de uma hierarquia de solenização. Em ordem crescente: Missa rezada, Missa cantada, Missa solene.


Não se deve olvidar, outrossim, da chamada Missa pontifical, que nada mais era do que a Missa solene – cantada e com a assistência de diácono e subdiácono – celebrada pelo Bispo ou por algum Prelado com as mesmas faculdades episcopais, e com observância de uma série de cerimônias previstas nos livros litúrgicos.


Contudo, via-se, nisso, uma série de problemas. Um deles era a rigidez demasiada das rubricas, que impediam, por exemplo, que houvesse uma Missa solene, i.e., com diácono e subdiácono, rezada – e isso, por vezes, é necessário quando o clero não sabe bem cantar certas partes da Missa, mas o povo não pode se ver privado da beleza de um ofício tão bonito quanto aquele em que o diácono e o subdiácono atuam junto do sacerdote. A Missa rezada, outrossim, não admitia, como vimos, nenhum rito cantado – outra vez, poderia dar-se o caso de, em uma situação, na haver tempo ou circunstâncias que dessem causa a uma Missa toda cantada, mas certos ritos cantados talvez fossem convenientes, o que não era possível. Se houvesse diácono, então, sempre teria a Missa que ser cantada; e, se fosse rezada, nenhum rito poderia ser cantado.


A reforma de Paulo VI, ao mesmo tempo em que procurou resgatar o uso medieval do rito romano, em que a Missa mais comum era a cantada, autorizou que a Missa com diácono (não mais com subdiácono, dado que esta “ordem menor” ou “ministério” foi suprimida na mesma reforma) pudesse também ser lida, não somente cantada. De outra sorte, com vistas ao incentivo do canto gregoriano e da polifonia, para que, mesmo nas Missas mais simples algo dessa rica tradição musical ocidental pudesse ser mantida, fez constar que as celebrações lidas, meramente rezadas, pudessem não só ter cantos acompanhando os ritos, porém fossem alguns de seus trechos cantados. Bem o sabemos quanto essa intenção do Papa, na esteira do Concílio, foi solenemente ignorada pelos dessacralizadores “de plantão” – entre os quais padres e Bispos, e mesmo Cardeais: de uma simplificação de rubricas para permitir o gregoriano em todas as formas de Missa, passou-se a deixar o canto oficial da Igreja completamente esquecido, relegado aos mosteiros. A liberdade, que serviria para a maior sacralidade, foi invocada pelos progressistas para implantar sua baderna, sua babel litúrgica, totalmente na contramão do verdadeiro movimento litúrgico, que previa a popularização dos ritos – dando ao povo a chance de penetrar mais em seu espírito –, na medida em que se os solenizava. De qualquer modo, a ratio dessa simplificação era clara: flexibilizar as regras, de modo que mesmo nas Missas lidas algo de gregoriano pudesse ser cantado.


Nesse sentido, de três tipos básicos de Missa no uso tridentino, o rito romano moderno dispôs de quatro, combinando-se a Missa rezada/cantada e a Missa simples/solene. Se antes a Missa simples, sem diácono, podia ser rezada ou cantada, e a Missa solene só cantada, hoje pode haver: Missa simples rezada, Missa simples cantada, Missa solene rezada e Missa solene cantada. Cada uma delas com suas particularidades, conforme o quadro a seguir especifica:



Música

Ministros

Velas

Incenso

Missa simples rezada

Com ou sem cantos; com ou sem trechos cantos do Próprio e do Ordinário.

Sem diácono; pode haver todos os acólitos, menos o tocheiro.

No mínimo, duas. Possível de quatro a seis. Recomendado, seis, se for Domingo ou dia de preceito.

Possível.

Missa simples cantada

Toda cantada, ou quase toda cantada, exceto o trecho mais importante da Oração Eucarística, e/ou o Confiteor, e/ou trechos da Oração Universal, e/ou as leituras.

Sem diácono; pode haver todos os acólitos, menos o tocheiro.

No mínimo, duas. Recomendado de quatro a seis, em dias normais. Recomendado, seis, se for Domingo ou dia de preceito.

Recomendado.

Missa solene rezada

Com ou sem cantos; com ou sem trechos cantos do Próprio e do Ordinário.

Com diácono; pode haver todos os acólitos, inclusive o tocheiro. Presença de acólitos recomendada.

No mínimo, duas. Recomendado de quatro a seis, em dias normais. Recomendado, seis, se for Domingo ou dia de preceito.

Extremamente recomendado.

Missa solene cantada

Toda cantada, ou quase toda cantada, exceto o trecho mais importante da Oração Eucarística, e/ou o Confiteor, e/ou trechos da Oração Universal, e/ou as leituras.

Com diácono; pode haver todos os acólitos, inclusive o tocheiro. Presença de acólitos recomendada.

No mínimo, duas. Possível quatro. Recomendado seis.

Extremamente recomendado.

Missa pontifical

Toda cantada, ou quase toda cantada, exceto o trecho mais importante da Oração Eucarística, e/ou o Confiteor, e/ou trechos da Oração Universal, e/ou as leituras.

Com diácono (ou sacerdote concelebrante que lhe faça as vezes); com dois diáconos auxiliares (ou sacerdotes capelães que lhes façam as vezes). Presença de acólitos, inclusive o tocheiro, obrigatória.

Sete.

Obrigatório.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Alguns motivos para a Missa em latim

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Não se quer acabar com o vernáculo. Apenas o Papa quer incentivar a que se façam mais Missas na língua oficial da Igreja. No que está coberto de razão.

Alguns vêem isso com maus olhos, como se fosse algo terrível o cultivo das mais caras tradições da Igreja. É justamente a falta de tradição que dificulta a formação dos católicos.

Durante centenas de anos, celebrou-se a Missa em latim, e o povo não deixou a Igreja por isso. Há fortes razões teológicas, pastorais e litúrgicas para que se celebre em latim (sem deixar de celebrar em português; não é uma oposição, podendo-se celebrar em ambos os idiomas).

Conheço pessoas bem simples, de pouca instrução, que assistem a Missa em latim (seja no rito tridentino, seja no rito novo). E com muito proveito espiritual!

Participar da Missa é unir-se a Cristo, ao seu sacrifício, não necessariamente entender cada palavra proferida ou responder a cada oração.

Mas a Missa em latim não catequizará o povo – é o que dizem alguns...

Ocorre que Missa não é catequese. Missa em latim. Catequese em português. Nunca se deu catequese em latim (salvo para os que o entendem). Somos catequizados pelos meios de catequese: livros, aulas, a homilia na Missa, tudo isso em português.

O único modo pelo qual podemos entender a Missa como catequese é considerando-a em suas cerimônias como algo que nos ensina, passo a passo, os mistérios da fé. Se é assim, há mais um argumento a favor do latim: o uso de uma outra língua, distinta da comum, demonstra que estamos diante de algo sagrado. E isso é catequese. A melhor de todas: a que mostra que a Missa não é show, é sacrifício, e diante do sacrifício não importa que entendamos as palavras, mas o que elas, em seu conjunto, significam.

O latim, por ser língua morta, está protegido das constantes mudanças de significado dos idiomas vivos e, por isso, preserva de modo muito mais eficaz o correto entendimento da doutrina. As línguas modernas assumem significados cada vez mais diversos para seus vocábulos. Hoje, uma palavra tem um sentido, amanhã a mesma terá outro. Como o latim é uma língua morta, isso não ocorre. As palavras terão sempre o mesmo sentido, e assim a doutrina é corretamente transmitida, diminuindo a possibilidade de maus entendidos.

“O uso da Língua Latina é um claro e nobre indício de unidade e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei)

Além disso, o uso de um idioma diferente do que estamos acostumados mostra que a liturgia é algo sacro. O latim demonstraria que estamos em outro clima, em outra atmosfera. Mostraria a solenidade do momento. E isso é importante para bem compreendermos a liturgia. Imagina, estás falando em português o todo tempo. De repente, chegas na igreja, e começa o culto: "In nomine Patris et Filio et Spiritus Sanctus". Já estás em outro local. É o céu na terra. Até a língua muda!

O latim, portanto, fala muito à alma. Na Missa não precisamos entender as palavras, precisamos entender é o que está acontecendo.

De outra sorte, pergunto: é preciso que o povo entenda as PALAVRAS da Missa? Não! O que é preciso é entender a PRÓPRIA Missa! Todos entendemos todas as palavras da Missa? Claro que não. Há muitas passagens de altíssima teologia, que quase ninguém entende.

Mas isso não nos impede de colher frutos da Missa. Se o entendimento das palavras da Missa fosse necessário para cresceres espiritualmente e para apreenderes os frutos da liturgia, então só doutores em teologia iriam à Missa, só eles se beneficiariam.

Muitos analfabetos, que nem sequer sabiam seu idioma direito, iam à Missa em latim e se santificavam na Idade Média, e até poucos anos. Por acaso, eles se afastaram da Igreja por não entenderem latim? Pelo contrário, se santificaram!

Importa entender que a Missa é o Sacrifício da Cruz e nos unirmos a esse ato sublime. Não importa entender o que as palavras da Missa dizem. Ajuda? Sim, pode ajudar, mas importar não importa. E quem quiser acompanhar as palavras pode decorar a Missa em latim, como decora o português, e ainda acompanhar pelos missais e folhetinhos.

O latim, ademais, nos mostra a pertença a uma Igreja maior, universal, que fala a mesma língua. Se tivermos Missa em latim em todas as igrejas (ao lado da Missa em vernáculo), então sempre que estivermos em qualquer lugar do mundo, poderemos ir numa Missa que entenderemos, pois estaremos acostumados.

O motivo de muitos não gostarem do latim é por não terem entendido o que é a Missa, ainda. A Missa é PARA DEUS, não para os homens. Não somos nós que temos de entender as palavras, mas Deus.

Não valorizar a tradição representada pelo latim, por outro lado, é não entender nada da fé católica. Uma Missa em latim evoca a universalidade da Igreja, e mostra que a Igreja tem dois mil anos. Nossa fé não nasceu ontem. Estar em uma Missa em latim mostra-nos que estamos juntos naquilo que os santos viveram.

“O Latim exprime de maneira palmar e sensível a unidade e a universalidade da Igreja.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo I, Discurso ao Clero Romano)

E quem não gostar do latim ou não entender sua importância, não compreender seu significado no rito?

Ora, os menos esclarecidos estão saindo da Igreja por falta de formação. Por não entenderem o simbolismo litúrgico. E por causa disso, então, vamos acabar com o simbolismo, só porque eles não entendem?

Então, se muitos não entendem as letras, vamos fazer o que? Acabar com o alfabeto? Pelo contrário, vamos alfabetizá-los!

Aos que não entendem a doutrina, vamos explicá-la. Aos que não entendem os símbolos, vamos ensinar a lê-los. Em vez de acabar com o latim, vamos mostrar a importância!

Enfim, o maior uso do latim desperta nas pessoas mais reverência, mais entendimento do que realmente seja a Santa Missa, mais respeito e amor pela Eucaristia.

Cabe lembrar que quando falamos “Missa em latim” não estamos nos referindo necessariamente à chamada “Missa tridentina”, o rito tradicional, forma extraordinária do rito romano, que utiliza o Missal de São Pio V. Não. Também a “Missa nova”, o rito moderno, forma ordinária do rito romano, segundo o Missal de Paulo VI, a mesma que utilizamos na maioria de nossas igrejas, pode ser feita em latim. Na verdade, o normal é que tivéssemos uma Missa em latim no rito moderno ao menos semanalmente em todas as paróquias.

Vejam mais sobre o latim na “Missa nova” em:

http://www.veritatis.com.br/article/4213/

http://www.veritatis.com.br/article/4048/

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A crise da beleza, uma crise de fé

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Por Sem. Diego Ferracini e Pedro Ravazzano

A Santa Missa é o coração da cristandade, afinal é nesta celebração que meditamos sobre todo o amor de Deus aos homens. No altar os fiéis contemplam a mística da Verdade e conhecem os mais belos dogmas da Igreja. A sua realidade sacrificial nos obrigar a refletir e mergulhar na grandeza imensurável de Cristo, um Deus que se fez homens e com os homens viveu e pelos homens morreu para salvá-los. Entretanto, infelizmente, a Santa Missa é muitas vezes corrompida e deformada. Claro que, obviamente, os pecados do Sacerdote e a diminuição do caráter sagrado da celebração não tornam inválido o Mistério. Não obstante, e isto é inegável, os efeitos de uma Missa bem celebrada e embebida na sobrenaturalidade são bem diferentes dos efeitos de uma Missa que não honra o Sacrifício ali exaltado.

O grande problema litúrgico é oriundo de uma crise de fé. A desobediência e a falta de reverência à Santa Missa se originam da descompreensão da realidade mística que se faz presente. Não tenho dúvida de que se os fiéis, assim como os Sacerdotes, entendessem que a Liturgia não é um banquete, um símbolo, uma recordação, mas sim a renovação do Sacrifício incruento de Jesus Cristo na Cruz, ninguém ousaria banalizar e profanizar a exaltação celeste celebrada. Devemos ir à Igreja como se fossemos ao Calvário, e nos comportar diante do altar como se estivéssemos contemplando o Trono de Deus. Provavelmente, muitos fiéis achariam esta definição exagerada, mas, de fato, a Missa é o Sacrifício, o “memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar”, como disse S.S Pio XII na Mediator Dei. Na Ecclesia de Eucharistia S.S João Paulo II diz:
A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica.(16) O que se repete é a celebração memorial, a « exposição memorial » (memorialis demonstratio),(17) de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se actualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indirecta ao sacrifício do Calvário.
O desleixo de muitos fiéis só perde para o descaso dos Sacerdotes! Como é penoso perceber que muitos celebrantes sobem ao altar sem reverência e humildade. A solenidade necessária é preterida e substituída por uma falsa piedade. Sacerdotes sem casula, cânticos milenares deformados, comunhão profanada, altares pessimamente cuidados, tudo isso é sintoma de uma crise de fé. Entretanto, um dos mais representativos atestados de decadência é a aversão que certos Sacerdotes tem à beleza. Os Padres contaminados pela heresia da Teologia da Libertação e pelo modernismo em geral perderam a noção mais básica sobre a importância da dignidade dos paramentos, das imagens e da ornamentação. Claro que em si a beleza é vazia, mas como um dos atributos de Deus ela resplandece a grandeza do Mistério. A beleza se coloca com uma função pedagógica que favorece o melhor entendimento da Eucaristia.

Os teólogos da libertação fazem uma confusão em questões básicas, acreditam que a beleza e a ostentação servem apenas para exaltar o homem. Engano tão primitivo só poderia ser reflexo da perda de espiritualidade. A suntuosidade dignifica, apenas, a grandeza do Senhor. A beleza não é relativa como muitos pensam, daí que os religiosos fiéis ao espírito católico entendessem que através dela Deus poderia ser adorado de maneira mais sublime e perfeita; o homem dando ao Pai os frutos mais magnânimos de suas mãos.

Entretanto, o foco desse artigo não é a discussão sobre o sentido místico da Santa Missa. Essa breve introdução é necessária porque é justamente a falta de compreensão da realidade sobrenatural e sacrificial da celebração que impede o triunfo de um correto espírito de contrição e piedade. São Leonardo de Porto-Maurício foi um grande apóstolo da Liturgia, não porque tenha se destacado pelas suas arrebatadoras celebrações, mas porque conhecia a plenitude e a profundidade do Mistério do Altar. Os sermões que o frade proferia arrebatavam corações, convertia infiéis, santificava pecadores. Vejamos este pequeno trecho do livro As Excelências da Santa Missa:
"O Santo [São Vicente Ferrer] queria que o altar fosse ornamentado com magnificência; exigia extremo asseio nos paramentos e vasos sagrados. Confesso que a pobreza de muitas igrejas escusa-as de possuir paramentos ricos, bordados a ouro e seda; quem pode, porém, dispensar o asseio e a decência convenientes? Zelo tão ardente pelos Santos Mistérios animava o seráfico São Francisco, que, apesar de seu amor à santa pobreza, queria os altares mantidos em perfeita limpeza, e mais ainda os sagrados paramentos que diretamente servem ao Divino Sacramento. Ele mesmo punha-se muitas vezes a varrer as Igrejas.

São Carlos, em suas ordenações, mostra-se tão exigente em coisas que podem parece mesquinhas minucias, que, na verdade, é de admirar.

Para terminar, a augusta Mãe de Jesus, nosso Deus quis pessoalmente fazer-nos compreender esta necessidade, quando em uma aparição a Santa Brigida, disse: “Missa dicinon debet nisi in ornamentis mundis. “Não se deve celebrar a Santa Missa senão com paramentos convenientes, que inspirem devoção por seu asseio e decência”
Fato digno de admiração são os novos movimentos, que impulsionados por um sincero amor ao que há de belo na Santa Tradição e na Pia Liturgia pelos meios mais diferentes oferecem aos fiéis o que lhes é poupado por “preocupados pastores”. Fiéis possuem retirada a escolha, são sujeitados ao populismo reinante que arrombou as portas das Igrejas e transformou o local, o rito, em mais uma ocasião de festa ou de promoção social.

O “rito do povo”, o pão “eucaristizado”, “a assembléia celebrante”, “a palavra como pão”, mediante o uso de tais termos, como seria possível demonstrar a sacralidade presente naquele momento ou a “janela aberta sobre o Calvário” (Pe. Gianpietro- Missão Belém)?

Os movimentos, principalmente os juvenis, que estimulam a devoção para com o Santíssimo Sacramento, são estigmatizados como retrógrados ou anacrônicos e representados como fruto de uma geração saudosista de pais burgueses. Seria necessário aqui responder qual o motivo de um zelo, cuidado e até carinho para com os santos paramentos ou alfaias ser diretamente associado a uma classe social, por acaso seria fator determinante de um “amor a pobreza” o amor ao feio e ao odioso?

Gostaria aqui de lembrar os anais cistercienses, que na pessoa dos fundadores São Roberto de Molesme, Santo Estevão Harding e Santo Alberico, pedem a mais singela nudez nas igrejas (pois diferente da outras abadias que para os fundadores dificultam a contemplação com as portentosas pinturas) as capelas cistercienses devem refletir os conselhos evangélicos. Sabemos, por outro lado, que na primeira fundação um grande crucifixo dominava todo o templo em sua profunda beleza, causando admiração aos visitantes.

Os atuais “artistas” sacros entendem essa singeleza como esconder ao sagrado, o altar parece mais uma mesa jogada ao acaso em um salão de festas e a reserva eucarística na melhor das hipóteses será símbolo de alguma coisa libertadora. (uma foice-sacrário?) Os exemplos dos santos são referenciais certos de como deve ser a atitude para com o Sagrado, Madre Clélia Merloni possui uma preocupação constante com a lamparina que ardia frequentemente diante do Sacrário, a qual jamais poderia ficar apagada, nos últimos momentos de sua vida ela entenderá o significado profundo da tremula chama.

Voltando ao exemplo dos movimentos juvenis que lutam pela defesa da Liturgia (com L maiúsculo), estes são desmotivados a procurar uma intensa vida de piedade e aderir a uma causa política que é sem sombra de dúvida, muito mais emocionante.

Os modernos liturgistas fazem questão de condenar como algo nojento as antigas celebrações e procissões papais, que exaltavam um homem e causavam o sofrimento daqueles que não podiam atingir tal estado. Acusação infame que Chesterton em sua divina obra “Ortodoxia” demonstra ser no mínimo fundada em uma falta de conhecimento e acima de tudo em um problema do próprio critico esta acusação. O pensador nos lembra que aqueles suntuosos papas e bispos que apareciam em público com fausto celeste, carregavam por baixos das planetas e capas, metálicos instrumentos de penitência, ou então, quando sozinhos se entregavam a chorar os próprios pecados e os pecados do mundo e não poucas vezes dormiam sobre duras tábuas usando um burel grosseiro.

Os modernistas nos acusarão de tentar negar algo visível, não nega-se a visível suntuosidade de Santa Maria Maior, o esplendor de São Paulo Extra-Muros, as procissões respeitosas; esquecem os mundanos liturgistas que as grandes ocasiões e os faustosos momentos não aconteciam em público. Apareciam as carmelitas em público trajando cilícios e instrumentos de mortificação? Surgiriam em público papas com rostos inchados por chorar as ofensas ao Sagrado Coração? As passionistas apareciam pelas ruas rasgando os hábitos em memória da Paixão do Redentor?

Ademais, é importante frisar que a suntuosidade das celebrações romanas só são menores que o espírito de contrição, piedade e reverência ali presente. As Santas Missas papais e cardinalícias são exemplos para todos os Sacerdotes, não por conta do esplendor dos paramentos, vasos sagrados e construções, mas, principalmente, pela dignidade e respeito que se tem ao Mistério, fruto da compreensão do caráter sacrificial da celebração. Claro que a beleza também deve ser imitada, já que quando usada para resplandecer a grandeza da Eucaristia só torna mais sublime a adoração. Em tempos não muito distantes tanto as pequenas comunidades como as grandes catedrais tinham belas casulas, delicados cálices e patenas etc, simplesmente porque era ponto pacífico entre os fiéis a importância da respeitabilidade à Liturgia, reverência representada no cuidado com a beleza.

Tolos homens negam o remédio que lhes é dado, se lhes fossem tirados os faustosos cortejos que lembram a sublimidade dos Mistérios, chorariam ao ver a miséria que recobre os mais pequenos esconderijos humanos e gritariam de dor ao ver que não podem imitar os exemplos daqueles que acusam de orgulho e soberba.

Missa na forma extraordinária no Rio de Janeiro, dia 11 de julho de 2009

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No próximo dia 11 de julho, ao meio dia e meia hora, com a benção de seu Arcebispo, será celebrada no Rio de Janeiro a Santa Missa na forma extraordinária do Rito Romano. A Missa será uma primeira reunião dos católicos daquela cidade interessados no Rito Tridentino.

Compareça para dar seu apoio a essa importante iniciativa.

Na Missa, a rotina é NECESSÁRIA!

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Por Edem de Almeirda

Certa vez li um texto redigido por um protestante onde criticava o quanto enfadonho deveria ser, para Maria, ouvir, de cada católico, cinqüenta Ave-Marias por dia. Errou duas vezes: Maria aconselha a recitação do terço e, infelizmente, não são todos os católicos que o fazem diariamente.

Ele também não entendeu que o tédio não está na oração do terço, mas na pessoa que não compreende que o amor humano se constrói justamente na rotina, no ordinário, como pregou São José Maria Escrivá. Quem não ama o dia-a-dia, não ama.

Tentar eliminar a santa rotina da Missa é desencarná-la. Rechear o rito sagrado, intencionando com isso torná-lo menos aborrecido, desfigura o melhor sinal da unidade da Igreja de Cristo; e, paradoxalmente, a introdução de adornos de gosto questionável vão tornando cansativo o encontro eucarístico.

Seguindo aquele protestante que não via qualquer possibilidade de viver o amor na rotina, esses “sacerdotes-gugus” e “sacerdotes-silvio-santos” transbordam seu aborrecimento interior tentando criar uma missa surpresa a cada domingo. Aparentando uma felicidade incontida, diante de uma platéia que não tem quem lhe ensine como rezar, na realidade, desnudam sua profunda tristeza e frustração com a própria vocação.

O sacerdote que transfere para a assembléia as orações que lhe cabe apresenta um sintoma de distúrbio de identidade. Esses padres estão convencidos, por uma ideologia insidiosa, que nada valem, pois o que vale é o povo. Estão persuadidos de que nada têm a transmitir ao povo - nem a Graça, é o povo que sabe tudo. É do povo que viria o verdadeiro sacerdócio, e que seu sacerdócio nada mais é que uma forma de opressão dos leigos. A conseqüência mais perniciosa dessa forma de viver (?) o ministério é o entorpecimento da consciência, levando o padre a abandonar o Povo de Deus à sua sorte. Com a desculpa de democratizar sua liderança religiosa, se acovarda, se acomoda, deixando as ovelhas presas fáceis.
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