Nossos Parceiros

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Semana Santa no Brasil com dignidade, sacralidade e respeito às rubricas - III (Missa e procissão de Terça-feira Santa, em Campanha - MG)

View Comments
Em Campanha, MG, há uma tradicional série de procissões do Senhor dos Passos durante a Semana Santa. Na Sexta-feira Santa, há a procissão com paramentos pretos, em memória do luto por Nosso Senhor. Na terça-feira, há o tradicional encontro entre as imagens do Senhor e da Virgem das Dores, com paramentos roxos quaresmais. Antes, celebra-se uma Missa.

Ontem, publicamos fotos da procissão de sexta em 2009. Agora, as fotos da procissão de terça deste ano de 2010.

Ao contrário de tantos tristes exemplos Brasil afora, em que a dignidade e a solenidade da Missa, sua sacralidade, obediência às rubricas e amor às coisas mais tradicionais, são jogadas fora, em Campanha, há em curso uma verdadeira mobilização, capitaneada pelo pároco, Pe. Marcos Iabrudi, para salvar a liturgia! E, com a valorização até mesmo dos elementos optativos do Missal, mas próprios de nossa tradição litúrgica romana, pode-se falar de autêntica reforma da reforma.

Pe. Marcos e Pe. Douglas, de Caxambú, MG

Santa Missa na centenária igreja das Dores




Início da procissão saindo da igreja das Dores, onde Nosso Senhor dos Passos irá se encontrar com a procissão que saiu da Catedral com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Em ambas as igrejas houve Missa.




Este passo representa Jesus carregando a cruz. Enquanto os fiéis contemplam o quadro na capelinha, o coral canta o Segundo Moteto de Passos, Bajulans. Seu texto diz o seguinte:

Bajulans sibi crucem Jesus exivit in eum, qui dicitur Calvariae locum.
(Carregando a sua cruz, Jesus foi para o lugar chamado Calvário.)










Povo meu, que te fiz eu?

View Comments
A Liturgia da Sexta-feira Santa faz uso de certos momentos de silêncio, e, sem dúvida, este é um dia de silêncio. Mesmo assim, a própria Liturgia utiliza música; e acredito que tanto a audição como a execução de música neste dia, também fora da Liturgia, possa contribuir com a meditação a respeito da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Na função litúrgica em si existe um elemento específico da Sexta-feira Santa, os
Improperia. Seu texto se baseia no terceiro versículo do sexto capítulo do livro de Miqueias:
Povo meu, que te fiz, ou em que te contristei? Responde-me.

Sucessivamente os versos se alternam com o canto do
Trisagion, em sua única aparição na Liturgia do Rito Romano. Abundantemente utilizado em outros ritos, o Trisagion deve seu nome à tripla invocação do Senhor:
Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós.

Atualmente numerosos católicos de Rito Romano conhecem esta prece devido à devoção do Terço da Misericórdia. Esta bela oração termina com a tríplice recitação do
Trisagion adicionado da expressão ...e do mundo inteiro.

Os
Improperia, como disse, começam com as palavras Povo meu (...). Em virtude das suas duas primeiras palavras, em latim é conhecido também como Popule meus:
Popule meus, quid feci tibi? Responde mihi.

Este comovente texto, além de existir em gregoriano, foi também musicado por vários compositores. Pensando novamente no padre Tomás Luís de Victoria (1548-1611), ouviremos sua composição para o
Popule meus adicionado do Trisagion. Escrito para quatro vozes, é tocado e cantado no vídeo (abaixo da partitura que segue) pelo Grupo Elegía e pelo Coral Santa Teresa.


Victoria: Popule meus – Grupo Elegía e Coral Santa Teresa



Quando a música da Missa, ao menos, está em latim, o
Trisagion utiliza, além do próprio latim, o grego. Grego e latim se alternam, nesta ordem.
Hagios o Theós - Sanctus Deus. Hagios Ischyrós - Sanctus Fortis. Hagios Athánatos, eléison hymas - Sanctus Immortalis, miserere nobis.

Na partitura gregoriana:

O leitor pode ouvir o
Popule meus, com o Trisagion, e também as outras peças gregorianas da Sexta-feira Santa, todos cantados pelos monges do Mosteiro de São Bento de São Paulo, neste site:
http://www.christusrex.org/www2/cantgreg/feria_sexta_in_passione_domini.html

Convido os amigos leitores a clicarem no link e usufruírem destas gravações como auxílio em sua meditação da morte do Senhor. O silêncio da data não será quebrado pela música; antes, sua audição ajudará na oração e na meditação deste dia central da Fé Verdadeira.

Acompanhe, ao vivo, a Missa In Coena Domini, com o Papa, direto de Roma (com atualizações de fotos!)

View Comments
Clique neste link para assistir, via EWTN, a Missa In Coena Domini, celebrada pelo Papa Bento XVI, na Basílica de São João de Latrão, a Catedral de Roma.

Algumas fotos, a que estamos dando updates, conforme se passa a Missa:




A incensação do altar.






O Papa em sua Cátedra.


O Glória, interrompido na Quaresma, volta a soar...






A segunda leitura em grego, cantada por um subdiácono de rito bizantino. Nos ritos orientais, como também no rito romano tradicional, hoje forma extraordinária, a leitura anterior ao Evangelho era, nas Missas Solenes, cantada por um subdiácono, não por um leigo.


Os diáconos de rito romano e rito bizantino proclamarão o Evangelho duas vezes. Uma em latim, outra em grego. Isso é próprio da Missa Pontifical celebrada pelo Papa, e foi mantido na reforma litúrgica de Paulo VI.


O diácono romano canta o Evangelho em latim.


O diácono bizantino canta o Evangelho em grego.







A homilia.

O lava-pés.













Hoc est enim Corpus meum.

Comunhão dada sobre a língua e com o fiel de joelhos.

Procissão ao altar da reposição, também chamado "monumento".






















O sacerdote na celebração do tríduo pascal

View Comments
Coluna de teologia litúrgica dirigida por Mauro Gagliardi
Por Nicola Bux
ROMA, terça-feira, 30 de março de 2010 (ZENIT.org).- Neste Semana Santa, Nicola Box, professor de Liturgia Oriental e consultor de diversos dicastérios da Santa Sé, propõe uma substanciosa meditação litúrgica sobre os principais momentos e símbolos das celebrações próprias do tríduo pascal. As reflexões de Bux representam uma ajuda válida - oferecida tanto a sacerdotes como aos demais fiéis, em particular aos cooperadores da pastoral litúrgica - para nos aproximar dos mistérios divinos que estão sendo celebrados nesta semana, com espírito de fé contemplativa e de oração de adoração, e não de mero pragmatismo organizativo. Aproveitamos a ocasião para desejar aos nossos leitores uma Santa Páscoa, repleta de frutos de alegria interior e de conversão (Mauro Gagliardi).
* * *
A Carta aos Hebreus é o único texto do Novo Testamento que atribui ao nosso Senhor Jesus Cristo os títulos de "Sacerdote", "Sumo Sacerdote" e "Mediador da Nova Aliança", graças à oferenda do sacrifício do seu corpo, antecipado na Ceia mística da Quinta-Feira Santa, consumado sobre a cruz e apresentado ao Pai com a ressurreição e a ascensão ao céu (cf. Hb 9,11-15). Este texto é meditado na Liturgia das Horas da quinta semana da Quaresma - ou da Paixão, como no calendário litúrgico da forma extraordinária do Rito Romano - e na Semana Santa.
Nós, sacerdotes católicos, devemos sempre contemplar Cristo e ter os mesmos sentimentos d'Ele; esta ascese acontece com a conversão permanente. Como se realiza a conversão em nós, sacerdotes? No rito da ordenação nos é pedido o ensino da fé católica, não das nossas ideias; "celebrar com devoção dos mistérios de Cristo - isto é, a liturgia e os sacramentos - segundo a tradição da Igreja", e não segundo o nosso gosto; sobretudo, "estar cada vez mais unidos a Cristo Sumo Sacerdote, que, como vítima pura, ofereceu-se ao Pai por nós", isto é, conformar nossa vida segundo o mistério da Cruz.
A Santa Igreja honra o sacerdote e o sacerdote deve honrar a Igreja com a santidade da sua vida - este foi o propósito de Santo Afonso Maria de Ligório no dia da sua ordenação -, com o zelo, com o trabalho e com o decoro. Ele oferece Jesus Cristo ao Pai Eterno e por isso deve estar revestido das virtudes de Jesus Cristo, para preparar-se para o encontro com o Santo dos Santos. Que importante é a preparação interior e exterior para a sagrada liturgia, para a Santa Missa! Trata-se de glorificar o Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo.
Pois bem, tudo isso se realiza em grau máximo na Semana Santa, a Grande e Santa Semana, como dizem os orientais. Vejamos alguns dos seus principais atos, com base no cerimonial dos bispos.
1. Com a Missa in Cena Domini, da Quinta-Feira Santa, o sacerdote entra nos principais mistérios - a instituição da Santíssima Eucaristia e do sacerdócio ministerial -, assim como do mandamento do amor fraterno, representado pelo lavatório dos pés, gesto que a liturgia copta realiza ordinariamente cada domingo. Nada melhor para expressá-lo que o canto do Ubi caritas. Após a comunhão, o sacerdote, usando o véu umeral, sobre ao altar, faz a genuflexão e, ajudado pelo diácono, segura a píxide com as mãos cobertas pelo véu umeral. É o símbolo da necessidade de mãos e corações puros para aproximar-se dos mistérios divinos e tocar o Senhor!
2. Na Sexta-Feira Santa in Passione Domini, o sacerdote é convidado a subir ao Calvário. Às três da tarde, às vezes um pouco mais tarde, acontece a celebração da Paixão do Senhor, em três momentos: a Palavra, a Cruz e a Comunhão. Dirige-se em procissão e em silêncio ao altar. Depois de ter reverenciado o altar, que representa Cristo na austera nudez do Calvário, ele se prostra em terra: é a proskýnesis, como no dia da ordenação. Assim, expressa a convicção do seu nada diante da Majestade divina, e o arrependimento por ter se atrevido a medir-se, por meio do pecado, com o Onipotente. Como o Filho que se anulou, o sacerdote reconhece seu nada e assim tem início sua mediação sacerdotal entre Deus e o povo, que culmina na oração universal solene.
Depois se faz a ostensão e a adoração da Santa Cruz: o sacerdote se dirige ao altar com os diáconos e lá, em pé, ele a recebe e a descobre em três momentos sucessivos - ou a mostra já descoberta - e convida os fiéis à adoração, em cada momento, com as palavras: Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Em sua descarnada solenidade, aqui, no coração do ano litúrgico, a tradição resistiu tenazmente mais que em outros momentos do ano.
O sacerdote, após ter depositado a casula, se possível descalço, aproxima-se primeiramente da Cruz, ajoelha-se diante dela e a beija. A teologia católica não teme em dar aqui à palavra "adoração" seu verdadeiro significado. A verdadeira Cruz, banhada com o sangue do Redentor, torna-se, por assim dizer, uma só coisa com Cristo e recebe a adoração. Por isso, prostrando-nos diante do lenho sagrado, nós nos dirigimos ao Senhor: "Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz redimistes o mundo".
3. A Páscoa do Reino de Deus se realizou em Jesus: oferecida e consumida a Ceia, "na noite em que ia ser entregue"; imolada sobre o Calvário na Sexta-Feira Santa, quando "houve escuridão sobre toda a terra", mais uma vez à noite recebe a consagração da aprovação divina, na ressurreição de Cristo Senhor: por João, sabemos que Maria Madalena se aproximou do sepulcro "bem de madrugada"; portanto, aconteceu nas últimas horas da noite após o sábado pascal.
No Novus Ordo, o sacerdote, desde o início da Vigília, está vestido de branco, como para a Missa. Ele abençoa a fogo e acende o círio pascal com o novo fogo, se procede, após ter aplicado, como na liturgia antiga, uma cruz. Depois grava sobre o lado vertical da cruz a letra grega alfa e, abaixo, a letra omega; entre os braços da cruz, faz a incisão de quatro algarismos para indicar o ano em curso, dizendo: Cristo ontem e hoje. Depois, feita a incisão da cruz e dos demais sinais, pode aplicar no círio cinco grãos de incenso, dizendo: Por suas santas chagas. Depois, cantando o Lumen Christi, guia a procissão rumo à igreja. O sacerdote está à cabeça do povo dos fiéis aqui na terra, para poder guiá-lo ao céu.
É o sacerdote que entoa solenemente Eis a luz de Cristo!. Ele o canta três vezes, elevando gradualmente o tom da voz: o povo, depois de cada vez, repete-o no mesmo tom. Na liturgia batismal, o sacerdote, estando de pé diante da fonte, abençoa a água, cantando a oração: Ó Deus, por meio dos sinais sacramentais; enquanto invoca: Desça, Pai, sobre esta água, pode introduzir nela o círio pascal, uma ou três vezes.
O significado é profundo: o sacerdote é o órgão fecundador do seio eclesial, simbolizado pela fonte batismal. Verdadeiramente, na pessoa de Cristo Cabeça, ele gera filhos que, como pai, fortifica com o crisma e nutre com a Eucaristia. Também em razão destas funções maritais com relação à Igreja esposa, o sacerdote não pode senão ser homem. Todo o sentido místico da Páscoa se manifesta na identidade sacerdotal, chegando à plenitude, o plếroma, como diz o Oriente. Com ele, a iniciação sacramental chega ao cume e a vida cristã se torna o centro.
Portanto, o sacerdote, que subiu com Jesus à cruz na Sexta-Feira Santa e desceu ao sepulcro no Sábado Santo, no Domingo de Páscoa pode afirmar realmente com a sequência: "Sabemos que Cristo verdadeiramente ressuscitou dentre os mortos".
Fonte:Zenit
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Parceiros