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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Recesso e último texto: reflexões sobre a Festa do Batismo do Senhor

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Enquanto gozamos nossas nem tão merecidas férias, apresentamos o último artigo antes do recesso de nossa equipe, que voltará em fevereiro com mais artigos em defesa de nossa santa liturgia.

O artigo em questão é de um amigo da Arquidiocese de São Paulo:

Estava indo dormir mas algo me perturbava…qual a razão da Liturgia encerrar o Ciclo do Natal com a Festa do Batismo de NSJC. Algo me moveu e sentei-me aqui para escrever o que me ocorreu.

Tentando lembrar da Santa Missa somente conseguia visualizar uma única palavra: REVELAÇÂO. Talvez dita na homilia pelo sacerdote, talvez preciosamente escondida em alguma das orações do dia…não sei, mas ela brilhava diante de mim tal qual a cena do Jordão, somente ela: REVELAÇÂO.

E como em um quadro foram ficando claras as idéias que me deixaram perturbado e ao mesmo tempo imensamente feliz. O ciclo litúrgico do Natal é precedido pelo frutuoso e piedosamente adornado Tempo do Advento, nele vemos surgir os integrantes de um colorido jogral que ecoará sinfonicamente no “Gloria in excelsis” executado pelos músicos celestes. Este cântico de alegria só é inteiramente executado após o aparecimento dos cantores divinos que seguindo a pauta já apresentada pela Virgem, explodem no jubiloso cantar rompendo céus e terras. O Advento é a espera tranquila da mãe gestante, acariciando a barriga enquanto canta algo tradicional de seu povo para que a criança não ache tudo muito estranho, para que vá se acostumando com sua voz. O Advento é o acender gradual das luzes, como o pai querendo acordar o filho vai iluminando o quarto aos poucos – a porta se abre, uma janela, outra janela… - e por fim é o luminoso sorriso paternal que tudo ilumina. No Natal todos sorriem para o Divino Menino, mas o sorriso que ilumina é o dele. Quem foi trazendo a luz aos poucos para que não ficássemos cegos – e tivéssemos medo da luz – foi o Menino. Quando pensamos que Ele acorda do sono profundo que tinha no ventre materno é Ele quem nos acorda do sono profundo do pecado. O acender de velas do Advento contrasta fortemente com o apagar das luzes na Quaresma, as trevas vão vencendo e não tão vagarosamente como se pensava, as trevas possuem fome de vida e de esperança. A Quaresma não é a espera tranquila, não é o Menino que traz a luz para o quarto dos pais no dia de aniversário de casamento…é a angustiante incerteza dos familiares que acompanham o declinar de um membro doente e sem muita esperança – as trevas o desejam. O Advento que na alegria juvenil da Virgem faz os anjos pasmarem diante do Ó da donzela é diferente da Quaresma que diante do Ó doloroso do Salvador faz os céus tremerem de pavor e compaixão. Uma sinfonia barroca é o Advento, com suas matizes coloridas e movimentos alternados. Um noturno canto gregoriano se parece a Quaresma, com seu modular constante de vozes graves. Tudo isso para dizer que Deus gosta de surpresas.

Explico. Chesterton em suas obras afirma que Deus é mais novo que nós, ouso acrescentar que além de novo Ele gosta de surpresas; sendo novo e gostando de surpresas Ele é uma criança. Gostamos da sensação de “amadurecer”, dos direitos que se adquirem com o avançar da idade, mas deixamos de gostar de surpresas. Com o passar do tempo vamos aprendendo os caminhos pelos quais as coisas seguem e as surpresas deixam de existir, viram rotina. Crianças não suportam rotinas. Deus “odeia” rotina.

O Natal em todos os sentidos é a expressão do reino da surpresa e do combate da rotina instaurado por Deus na terra. Deus se faz uma criança, Ele literalmente o é. A cena do presépio parece pintada pelo mais ingênuo garoto de interior, sua mãe e seu pai; vários animais engraçados ao seu redor e que com seus barulhos fazem-no sorrir; alguns estranhos homens e meninos também que parecem assustados por verem alguém tão feliz com tão pouco. MAS não é somente Deus que gosta de surpresas e não são todas que são boas ou divinas. Herodes prepara uma grande surpresa, uma surpresa forjada pelo ódio e expressão máxima do egoísmo. A surpresa de Herodes não foi planejada por um Deus alegre cercado de anjos cantores em nuvens de algodão, ela foi desenhada por um homem qualquer cheio de si, um homem da rotina.Um deus fazendo festa para alguns bois que estão ao seu redor e algumas ovelhas que gemendo fazem ele rir é algo extraordinário. Um homem que manda matar crianças, é algo perfeitamente imaginável.

Chesterton – eu gosto dele – diz que Cristo nascendo em uma gruta abala as estruturas da sociedade naquele tempo, vindo por baixo Ele é como uma bomba relógio pronta para explodir o duro palácio de Herodes. Deus vindo por baixo nos surpreende, quebra a rotina. E Ele vem por baixo para nos lembrar onde estamos e o que somos. Somos míseros, somos mesquinhos, somos egoístas, sujos e menos limpos que os bois que fazem o Menino Deus sorrir. Desde o início Cristo mostra que suas companhias não são as mais requisitadas. MAS Ele vem por baixo não para nos esmagar em nossa mísera condição, é engraçado ver que ao contrário do que se esperava os anjos aparecem sozinhos a cantar, justamente para dizer que Deus não está acima, mas abaixo dos pastores. Deus surge por baixo para ali, simplesmente ali, mostrar o quanto nos ama.

As surpresas de Deus não param por aí, convida para sua “festa de aniversário” alguns bons homens do Oriente que trazem presentes que com certeza causariam inveja aos outros convidados. Destoava daquele pobre cenário os ricos presentes, penso que nem devem ter ficado ali por muito tempo, com certeza o maior presente era a atitude humilde e reverente de tão doutos homens. A Liturgia em sua grandeza chama tal momento de Epifania, mas quem brilha naquele momento são os reis que trazem itens valiosos! Pelo contrário, somente alguém grande – divino – poderia fazer cabeças tão cheias de conhecimento se curvarem diante de um menino envolto em faixas e no colo da sua envergonhada mãe.

O ciclo do Natal é o ciclo da REVELAÇÃO de Deus, revelação fora da rotina e cheia de surpresas. Entre o Natal (Deus que surpreende os humildes) e a Epifania (Deus que surpreende os sábios e poderosos) algumas pessoas aparecem para serem lembradas. Santo Estevão, São João e os Santos Inocentes. Todos possuem em comum o fato de serem puros. Estevão o primeiro mártir vê o céu aberto e contempla o prêmio que muitos outros milhares iriam e vão ainda alcançar. João reclinado no peito do Divino Mestre ouve aqueles batimentos que seriam brutalmente interrompidos na cruz, o coração divino batia por todos, mas principalmente pela Mãe. Só quem conhecia tais sons poderia acolher mulher tão nobre em sua casa. Os santos inocentes – todos sem nome – prefiguração sombria dos milhões que não teriam a oportunidade de ouvir o nome suave de Jesus, mas que por bondade divina podem descansar em seus braços.

A última grande pessoa é a Mãe desse Deus amante das surpresas. Criando- a em tal perfeição Ele fez uma surpresa sobre a qual somente Ele venceria em originalidade. Uma reflexão particular – muito do que disse acima penso não ser novidade – quando todos fazem a contagem regressiva gosto de lembrar que dia primeiro de janeiro é a Solenidade da Mãe de Deus. Ok até aí tudo bem…Mas imagino que toda essa festa e todos esses preparativos foram feitos do mesmo modo quando a Virgem disse o SIM. Toda a natureza se vestiu de branco – Virgem era aquela que eles esperavam – os homens fizeram seus melhores desejos para o FUTURO DIVINO que viria. Os anjos afinavam instrumentos, passavam as últimas notas (como no show da “virada) e eis que a Trindade Santa começa uma contagem regressiva…10,9,8 o suspense aumenta 7.6.5 os corações já vibram de alegria 4,3,2 e 1. Um grande grito de alegria jorra pelo Universo, a Trindade Santa em um abraço de comemoração não se contenta e imediatamente o Verbo Eterno desce em infantil alegria para o encontro de sua mãe. Os fogos de artifício no céu são como as luzes dos olhos de Maria rasgando a noite sombria da dúvida humana.

No Batismo a REVELAÇÃO iniciada no Natal atinge um nível de surpresa jamais visto. Deus feito Homem não se contenta em tal condição, mas desce até as águas imundas onde boiavam os pecados daqueles que eram batizados por João e levantando-se REVELA que o assumir de nossa natureza não o faz menos Deus, não o faz menos Homem. O Pai e o Espírito que tudo assistiam rejubilam ao ver o Verbo coberto pelas sujeiras humanas, aquela água não o tinha purificado, e em um momento de incontida alegria (algo comum) se faz ouvir a voz criadora de tudo e o Espírito que pairava sobre as águas informes e mortas, paira novamente sobre o Cordeiro de Deus. O quadro se completa, aquele Deus vindo por baixo surge das águas – como o barro – a voz suave afirma sua predileção como uma vez havia dito sobre Adão e soprando envia seu Espírito sobre o Novo Homem. A nova criação somente tem uma ordem: “Ouvi-o!”

domingo, 9 de janeiro de 2011

Papa Bento XVI batiza 21 filhos de funcionários da Santa Sé e celebra a Missa, novamente, versus Deum

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Neste Domingo em que se comemora a Festa do Batismo do Senhor, o Santo Padre batizou 21 filhos de funcionários da Santa Sé.

Na ocasião, o Papa celebrou Missa na Capela Sistina, e, contra os que advogam ser a Missa “voltada para Deus” um retrocesso, com o padre “de costas aos fiéis”, a escolha de Bento XVI de assim proceder bem demonstra o equívoco daqueles que, em nome de um falso espírito do Vaticano II – que não corresponde, de fato, aos seus textos –, pretendem negar a sadia tradição na liturgia e o profundo significado teológico e espiritual de estar ad Orientem.

Abaixo, algumas fotos:

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sábado, 8 de janeiro de 2011

Nota de Falecimento: Dom Manoel Pestana Filho

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Bispo Emérito de Anápolis-GO. Filho de Manoel Pestana e Maria Isaura Ornellas. Nascido em 27 de abril de 1928, em Santos-SP. Recebeu a ordenação sacerdotal em 05 de outubro de 1952, em Roma-Itália. Sagrado Bispo em 18 de fevereiro de 1979, em Santos-SP. Bispo de Anápolis-GO, até 09 de junho de 2004, quando renunciou à Diocese. Descansou no Senhor hoje, 08 de janeiro, na sua cidade natal (Santos-SP).

A pedido da família, o corpo de dom Manoel será velado em Santos, até a tarde deste domingo, 9. Em seguida será trasladado a Anápolis, onde deve chegar por volta das 9h de segunda-feira, 10.

O velório em Anápolis ocorrerá durante todo o dia e, às 19h, será celebrada na Catedral do Bom Jesus a Santa Missa das Exéquias. O sepultamento acontece logo depois, na Capela do Santíssimo Sacramento, na Cripta da Catedral do Bom Jesus.







~ Incansável defensor da Catolicidade, zeloso Apóstolo e filho fiel da Santa Igreja Romana! Descanse em paz! ~ 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Três ex-bispos anglicanos são crismados e recebidos oficialmente na Igreja Católica

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Os ex-bispos anglicanos ingleses Andrew Burnham, John Broadhurst e Keith Newton foram recebidos oficialmente na Igreja Católica no último dia 1º de janeiro. A cerimônia constou de uma Missa solene na Catedral de Westminster, durante a qual os três e suas esposas foram crismados e fizeram profissão de fé.



Os três ex-clérigos da Igreja Anglicana se preparam agora para receber o sacramento da Ordem, segundo as disposições da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, e formar o primeiro Ordinariato para antigos anglicanos que se convertem ao catolicismo.

As ordenações diaconais estão marcadas para o dia 13 de janeiro, e as sacerdotais para 15 de janeiro, às 10h30, na mesma Catedral de Westminster.

Após a formação do Ordinariato, os sacerdotes poderão celebrar em uma liturgia de inspiração anglicana, a exemplo do que fazem seus pares norte-americanos.

O Ordinariato inglês será erigido na Páscoa de 2011, e os demais - americano, canadense, australiano e neozelandês - seguirão o mesmo caminho.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ajuda dos leitores: em busca de fotos das Missas Rorate no Brasil

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Caríssimos leitores,

Vários de vocês, inclusive padres, nos avisaram de Missas Rorate celebradas no último Advento, aqui mesmo no Brasil.

Queremos agora as fotos para publicar no blog. Se puderem nos ajudar...

Os reis magos na iconografia cristã

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Há duas formas possíveis de representação dos reis magos na iconografia: a histórica e a alegórica. A forma histórica foca o episódio comemorado: o relato dos Santos Evangelhos da adoração de Nosso Senhor Jesus Cristo pelos magos do Oriente. A representação alegórica, por outro lado, foca no significado da festa e do episódio comemorado: a manifestação de Cristo ao mundo e seu reconhecimento pelos povos pagãos, representados na figura dos magos.[1]
A representação mais utilizada nos primeiros séculos da Igreja e durante a antiguidade tardia foi a histórica. Os magos eram representados vestidos em trajes persas[2] reverenciando o Menino Jesus, etronizado ou sentado no colo da Virgem. É assim que o vemos representados nos túmulos dos primeiros cristãos e nos mosaicos das basílicas.






A representação alegórica surge a partir da Alta Idade Média[3]. Nesse período, os três magos passam a representar os diversos povos, decendentes dos três filhos de Noé. Também passam a ser representados em vestes régias (algumas vezes eram representados como reis contemporâneos ao artista, vide a Imagem 07 em que o rei Carlos VII da França é representado como um dos magos), simbolizando a homenagem de todos os reis da terra ao Rei dos Reis. No Renascimento essa representação alegórica fica mais significativa, pois cada um dos magos é representado como uma raça ou etnia (e algumas vezes, reprsentam também as três idades do homem): um representando os europeus, outro os africanos e outro os povos do Oriente Médio. Há inclusive uma curiosa pintura de cerca de 1500 (cuja autoria é geralmente atribuída ao português Vasco Fernandes ou Grão Vasco, vide Imagem 09) em que um dos magos é representado como um índio Tupi, o que mostra o desejo dos cristãos daquele tempo de incluir os povos do Novo Mundo no rebanho dos fiéis de Cristo.











É importante que conheçamos esses pormenores das representações iconográficas das cenas do Evangelho e das festas litúrgicas para podermos penetrar melhor em seus significados. Mais do que uma ocasional visita de importantes pessoas do Oriente, a adoração dos Magos é um sinal de que Cristo veio para salvar a todas as nações. Por isso que enviou o sinal aos pagãos do Oriente para que pudessem vir a conhecê-Lo e prestar-Lhe homenagem.


Notas:
[1] Para histórico e significado da festa da Epifania, consulte: MARTYNDALE, Cyril. Verbete "Epifanía". In: Enciclopédia Católica. Disponível em: http://es.aciprensa.com/e/epifania.htm

[2] Os magos eram provavelmente sacerdotes e astrólogos Medos (os medos eram um povo da pérsia). De fato, era isso que a palavra grega magoi geralmente designava. A favor desta tese estão os testemunhos da primitiva iconografia cristã que sempre os representou trajados aos moldes sacerdotais persas. Tertuliano no século III disse que os magos seriam de estirpe régia, o que é possível dado que os magos integraram algumas dinastias persas e durante a dinastia dos Partos exerceram funções de conselheiros reais. Não se sabe ao certo quantos eram, mas a tradição posterior acabou fixando o número três, baseando-se no fato de terem sido três os presentes oferecidos a Cristo. É provável que tenham vigiado com grande comitiva, haja vista serem pessoas de prestígio e estarem fazendo uma viagem de longo percurso. Para mais informações sobre os Magos, vide: DRUM, Walter. Verbete "Reyes Magos". In: Enciclopedia Católica. Disponível em:
http://ec.aciprensa.com/m/magos.htm

[3] Provavelmente essa nova forma de representação tenha sido fortemente influenciada pelo alegorismo litúrgico, surgido a partir da Alta Idade Média. De fato, a Liturgia da Igreja aplica para a solenidade da Epifania as palavras do Profeta Isaías Omnes de Saba venient aurum et thus deferentes et laudem Domino annuntiantes (Is 60, 6) para o Gradual e o verso do Salmista Reges Tharsis et insulae munera offerent reges Arabum et Saba dona adducent et adorabunt eum omnes reges terrae omnes gentes servient ei (Sl 71, 10-11) para o Ofertório da Missa. Para maiores informações sobre o alegorismo litúrgico vide: JUNGMANN, Josef Andreas, SJ. Missarum Solemnia - Origens, liturgia, história e teologia da Missa Romana. São Paulo: Paulus, 2009. pp. 102-108; RIGHETTI, Mario, OSB. Historia de la Liturgia. Vol. I. Madrid: Biblioteca de Auctores Cristianos, 1955. pp. 55-58.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Não à manipulação da Santa Missa!

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Lendo alguns textos de Frei Ângelo Bernardo tive a feliz constatação de que não estou sozinho na busca pela preservação do sagrado, das coisas do Senhor. Em uma forma de desabafo, com a autorização expressa do dito Frei, publico parte dos seus textos, em que ele revela a sua indignação pela banalização do Culto Divino, ou como ele mesmo diz, pela “missa que não foi ‘católica’”, isto é, infinitos acréscimos, invenções, cantos, modas, contos e etc.

Frei Ângelo Bernardo revelou-se no último ano qual outro Santo Antônio, como um “martelo dos hereges”. Seu artigo mais famoso e publicado em diversos sites, é o “Não, não és franciscano”: uma refutação à entrevista que Leonardo Boff deu à revista IstoÉ em Maio de 2010. No momento, ele está preparando a segunda parte – e última – em que abordará temas como “missas-show”, Padres famosos, pedofilia, dentre outros temas polêmicos.

Exímio conhecedor dos documentos do Magistério da Igreja, como um franciscano que é, não deixa de, a exemplo de São Francisco de Assis, querer o melhor para O Senhor e nada para si. Por este motivo, tem preparado muitos artigos que visam alertar o povo de Deus quanto aos “lobos” que o assombra. É Irmão religioso, portanto, não é sacerdote e, por isso mesmo, obviamente, não celebra o Santo Sacrifício da Missa.


Segundo ele, prefere ficar no anonimato, para que seja preservada a sua “liberdade de expressão”, assim como o seu colega que anda em sua mesma linha, Frei Clemente Rojão. O texto que segue está sem as suas costumeiras citações documentais; até porque, para saber mais profundamente das coisas que ele fala, aqui mesmo no Salvem existem postagens que tratam dos termos aos quais ele se refere.

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“Estou cansado de ter que procurar uma Santa Missa, com dignidade e sem modas, como uma agulha no palheiro. Parece até uma sina: onde chego, logo na porta principal da Igreja já está o cartaz com o convite para a “Missa de Cura e Libertação”, com Padre Fulano de Tal... ou pior ainda, quando olho para o outro lado do mural, está agendada a “Missa Sertaneja”; no grupo de oração da semana que vem, “Missa Carismática”... (ah, se Padre Pio ainda vivesse para ouvir o que fizeram com os ‘grupos de oração’...). Por outro lado, quando encontro algumas pessoas que costumam assistir a Santa Missa em sua forma extraordinária ou, vulgarmente chamada de “Tridentina”, chamam-na de “Missa de Sempre”. É que não tenho a pele branca para ver quão vermelho de irritação eu fico quando ouço certos “jargões”.

“Missa de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa Carismática”, “Missa de Sempre”... a que ponto chegamos! Manipular o único e eterno memorial do Sacrifício do Calvário... quanto desgosto sinto! Acredito que seja o mesmo que muitos, quando têm que aturar padres (e alguns até ‘muito bem preparados’, academicamente), falando abobrinhas sentimentais...

Foi-se o tempo em que o início da Santa Missa era feito pelo Padre e não pelos cantores; foi-se o tempo em que o ato penitencial levava a uma contrição autêntica; foi-se o tempo em que o glória era um louvor ao Pai e ao Cordeiro e não um “hino trinitário”; foi-se o tempo em que o salmo era responsorial e não de “meditação”; foi-se o tempo em que a homilia era o momento de catequese; foi-se o tempo em que o canto do Sanctus proclamava, já antecipadamente, a vinda escatológica Do que vem em nome do Senhor; foi-se o tempo em que, após a consagração, era o momento de olhar o Senhor e adorá-lo e não cantar ou bater palmas, e que apenas ‘quem falava eram os sinos’; foi-se o tempo em que a comunhão era de joelhos e na boca; foi-se o tempo em que se guardava silêncio, mesmo que breve, após a comunhão... enfim, foi-se o tempo de tantas coisas... e estas “tantas coisas” geraram Santos, verdadeiros homens de fé e uma fé madura, não infantilizada, à estatura de NSJC.

É certo que a Palavra de Deus é viva e eficaz e que nos toca ao coração. Mas não se trata de banalizar ou denigrir o seu valor. Ela é cortante e penetra o íntimo das nossas almas. A grande questão é o desvio de foco. Se hoje temos concepções de “Missas” como essas, é devido ao subjetivismo de tantos padres, ou seja, eles desviam o foco de NSJC e levam-no para si. Também é certo que o sacerdote age in persona Christi, mas ele deve se re-cordar (= trazer ao coração) sempre o exemplo do Senhor Jesus Cristo que, “embora sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens... Por isso, Deus o exaltou soberanamente...” (Fl 2,6-7.9).

Mas, o que realmente me deixa consternado é a manipulação da Santa Missa para os gostos pessoais e intimistas de cada padre... E nem adianta dizer que é o povo quem quer assim. Errado! Todo sacerdote (ou presbítero, como queiram chamar), recebeu uma formação específica da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana. Ora, se assim o é, então, deve obedecer, como prometeram no dia da sua ordenação a tudo o que está escrito e não transgredir ou inventar ou, pior ainda, modificar, sem poder algum para tal coisa. O povo recebe o que o padre dá.

Penso que o dever primeiro de cada sacerdote é a salvação e cura das almas, a começar da sua própria. E rezo para que cada qual tenha consciência do que faz e que temam o juízo. De fato, constato que muitos já não têm mesmo medo da condenação eterna e se afugentam na historinha: ah, o céu ou inferno é aqui e agora... Que Deus lhos perdoe por tanta insanidade e falta de fé. Esta sim é a grande “crise” pela qual muitos deveriam passar. Mas apenas o fazem no sentido mais fraco do termo, que seja, modificação e não no sentido real da palavra, de ‘purificação’. Sim, é necessária uma grande purificação dos pensamentos, palavras, atos e até de omissões!

Acredito que muitos dos que lêem o que escrevo fazem apenas com o intuito de criticar ao final das leituras; mas se pararem para “pensar”, isto é, avaliar onde está o ‘peso’ real das coisas, hão de concordar que os erros não estão em quem lhos constatam; antes, estão nos que são os sujeitos das situações, no caso, dos Padres em relação às concepções da Santa Missa.

Concluindo esta breve conversa, dirijo-me aos “Ministros do Divino Altar”. Se tiverem consciência de que cada um é realmente “um outro Cristo nesta terra”, começarão a executar os seus ofícios com um gostinho de céu, como uma antecipação já aqui e agora do Reino que pregamos e anunciamos. Espero que ao ensinarem as ovelhas confiadas a cada um, quando falarem em “Missa de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa Carismática”, “Missa de Sempre”, façam com a consciência de que em cada denominação errônea dessas, ainda assim, não desviem o foco: NSJC!"
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