Nossos Parceiros

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Hoje: ordenação diaconal de mais um ex-bispo anglicano

View Comments
O ex-bispo da "Igreja da Inglaterra" (a igreja anglicana oficial, ligada a Cantuária), Edwin Barnes, será ordenado hoje diácono da Santa Igreja Católica. A ordenação se dará pelas mãos do Bispo de Portsmouth, D. Crispian Hollis, em sua capela privada. Sua ordenação sacerdotal está prevista para 5 de março, na Catedral de Portsmouth.

O clero do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, para ex-anglicanos, aumenta com essa ordenação.

Barnes e sua esposa, Jane, foram recebidos recentemente na Igreja Católica como membros do Ordinariato.

Assim que tivermos fotos, colocaremos no Salvem.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Rito bizantino: Procissão de São Josafá na paróquia ucraniana de Prudentópolis, PR, em novembro de 2010

View Comments

O leitor e amigo Ivan Chudzik nos mandou a seguinte mensagem:

Salve Maria!

No dia 12 de novembro é festa de São Josafat, Bispo e mártir, o qual é padroeiro da paróquia ucraniana de Prudentópolis. Mandei noutra ocasião as fotos da Divina Liturgia da Exaltação da Santa Cruz; hoje envio as fotos da procissão festiva de São Josafat após a celebração da Divina Liturgia, com presença do Superior da Ordem dos Basilianos e de vários Padres do clero basiliano.

A procissão consiste em três voltas em torno da igreja, ao som dos majestosos sinos do campanário da paróquia, com o Santíssimo Sacramento exposto. À frente do Padre Teodoro Haliski--o Superior da Ordem--, que carrega o Ostensório, estão meninas com rosas às mãos, que bradam sem parar em ucraniano: "Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos!". Também se vê jovens com os estandartes processionais.

Na terceira e última volta, o Padre faz uma estação (parada) para dar a bênção do Santíssimo Sacramento. Os sinos param, os cantos silenciam e o povo se ajoelha. A procissão recomeça até a próxima bênção, totalizando três vezes. Findada a procissão, Clero e povo retornam à igreja, onde, já no presbitério, o Padre Superior dá uma última bênção, terminando solenemente a cerimônia.

1. Primeira volta 2. Segunda volta I 3. Segunda volta II 4. Segunda volta III 5. Terceira volta I 6. Terceira volta II 7. Terceira volta III - Estandartes 8. Terceira volta IV - Primeira bênção 9. Terceira volta V 10. Terceira volta VI 11. Terceira volta VII - Segunda bênção 12. Terceira volta VIII 13. Terceira volta IX 14. Terceira volta X - Terceira bênção I 15. Terceira volta XI - Terceira bênção II 16. Terceira volta XII - Povo ajoelhado para a bênção 17. Terceira volta  XIII 18. Terceira volta XIV - Fim da procissão 19. Terceira volta XV - Reentrada na igreja 20. Terceira volta XVI - Reentrada do Clero 21. Reentrada na igreja I

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Andrea Tornielli, o novo "motu proprio" sobre a Congregação para o Culto Divino, e um passo adiante na "reforma da reforma"

View Comments
O Pe. Clécio nos brinda com uma tradução de uma excelente notícia:
Será publicado nas próximas semanas um documento de Bento XVI que reorganiza as competências da Congregação para o Culto Divino, confiando-lhe a função de promover uma liturgia mais fiel às intenções originárias do Concílio Vaticano II, com menos espaços para mudanças arbitrárias e a fim de recuperar uma dimensão de maior sacralidade.

O documento, que terá a forma de um motu proprio, é fruto de uma longa gestação - foi revisto pelo Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos e pelos ofícios da Secretaria de Estado - e é motivado principalmente pela transferência de competência sobre causas matrimoniais para a Rota Romana. Trata-se das chamadas causas do "rato mas não consumado", isto é, que dizem respeito ao matrimônio realizado na igreja mas não consumado pela falta de união carnal dos dois esposos. São cerca de quinhentos casos por ano e dizem respeito sobretudo a alguns países asiáticos onde ainda existem os matrimônios combinados com mocinhas em idade muito tenra, mas também a países ocidentais para aqueles casos de impotência psicológica para cumprir o ato conjugal.

Perdendo esta seção, que passará à Rota, a Congregação para o Culto Divino, de fato, não se ocupará mais dos sacramentos e manterá apenas a competência em matéria litúrgica. Segundo algumas autorizadas indiscrições, uma passagem do motu proprio de Bento XVI poderia citar explicitamente aquele "novo movimento litúrgico" do qual falou recentemente o Cardeal Antonio Cañizares Llovera, intervindo durante o consistório de novembro passado.

Ao Giornale, em uma entrevista publicada nas véspera do Natal passado, Cañizares havia dito: "A reforma litúrgica foi realizada com muita pressa. Havia ótimas intenções e o desejo de aplicar o Vaticano II. Mas houve precipitação... A renovação litúrgica foi vista como uma pesquisa de laboratório, fruto da imaginação e da criatividade, a palavra mágica de então". O cardeal, que não era parcial ao falar de "reforma da reforma", havia acrescentado: "O que vejo absolutamente necessário e urgente, segundo o que deseja o Papa, é dar vida a um novo, claro e vigoroso movimento litúrgico em toda a Igreja", para pôr fim a "deformações arbitrárias" e ao processo de "secularização que desafortunadamente atinge até o íntimo da Igreja".

É sabido que Ratzinger tenha desejado introduzir nas liturgias papais gestos significativos e exemplares: a cruz no centro do altar, a comunhão de joelhos, o canto gregoriano, o espaço para o silêncio. Sabe-se quanto considera a beleza na arte sacra e quanto considera importante promover a adoração eucarística. A Congregação para o Culto Divino - que alguns gostariam de rebatizar como da sagrada liturgia ou da divina liturgia - deverá pois ocupar deste novo movimento litúrgico, inclusive com a inauguração de uma nova seção do dicastério dedicada à arte e à música sacra.

Música litúrgica - o Credo

View Comments

Palestrina: início do Credo da Missa Papae Marcelli


Continuando nossa série de textos sobre o Ordinário da Missa (série esta que conheceu tão longa interrupção), passamos neste momento ao Credo, palavra latina que abre este texto que os cristãos desde cedo aprendem a recitar. É o terceiro item do Ordinário, lembrando que o primeiro é o Kyrie e o segundo é o Gloria.

À semelhança do Gloria, o Credo não está presente em todas as Missas. Mais que isto, o Credo consta da Liturgia em ocasiões ainda menos numerosas. O Gloria se canta ou recita nos Domingos que não sejam da Quaresma nem do Advento (no Rito Tridentino ausenta-se já na Septuagesima), bem como nas Festas e nas Solenidades (e, segundo a IGMR, quando houver razão pastoral, mesmo em memórias, férias, votivas).

O Credo, por sua vez, faz parte da Missa nas Solenidades (mas não nas Festas) e em todos os Domingos (incluindo os da Quaresma e os do Advento). Em algumas ocasiões especiais, em que a Liturgia inclui a renovação das promessas do Batismo, o Credo é omitido; ou, melhor dizendo, apenas parece omitido, porque o próprio rito da renovação das promessas inclui o texto do Credo adaptado à forma de perguntas do celebrante, às quais respondem afirmativamente os fiéis.

No Rito Tridentino, chamado também a Forma Extraordinária do Rito Romano, o texto é o do Credo Niceno-constantinopolitano. Esta designação se explica pelo fato de que ele se formulou no Concílio de Nicéia (donde é niceno) e no Concílio de Constantinopla (donde é constantinopolitano), no século IV. Aqui o copio em português:

Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra
De todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
Gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa salvação
desceu dos céus

E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria.
e Se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo.
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos Profetas.

Creio na Igreja una, santa,
católica e apostólica.
Professo um só baptismo
Para remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos,
e vida do mundo que há de vir. Amém

Na Forma Ordinária do Rito Romano, a Missa Nova, o Rito de Paulo VI introduzido em 1969-1970, o texto é o mesmo. Para alguns países existiu a permissão para se usar o Símbolo dos Apóstolos. Agora, já há alguns anos, ambos os textos estão aprovados para todos os países. O referido Símbolo dos Apóstolos, de modo geral, é mais conhecido dos brasileiros que assistem ao Rito Novo; além disso, é com ele que começa o Rosário da Virgem Maria. Em português:

Creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Ao copiar aqui ambos os textos, lembro-me de que os dois mencionam a onipotência divina. Deus é Todo Poderoso, se me permitem as letras maiúsculas de que alguns não gostam muito. Imploro a todos os sacerdotes que, todas as vezes em que o texto litúrgico diga “Todo Poderoso”, leiam de fato “Todo Poderoso”. Vejo alguns substituindo esta expressão por “Todo Amoroso” ou “Todo Misericordioso”, como se fosse necessário diminuir o poder de Deus para torná-lo aceitável aos fiéis. O poder e a misericórdia não são incompatíveis, e ninguém se deverá sentir oprimido por um Deus “Todo Poderoso”, achando que Ele não tem misericórdia. Caso algum fiel sinta isso, será bem instruído pela boa catequese.

Embora eu não veja esse abuso cometido no Credo, vejo-o cometido nas bênçãos: “Abençoe-vos Deus Todo Amoroso [sic] ... Pai, Filho e Espírito Santo”.

Toda adulteração de texto litúrgico é grave, e adulterar o Credo constitui-se em um tipo especial de crime, já que nele são enumerados os artigos da Fé. Um “roteiro de celebração” para o infame "Grito dos Excluídos" de 2007 inclui entre seus numerosos absurdos uma “Proclamação de Fé e Esperança”, no lugar do Credo:


Cremos em Deus, coração materno, criador do Céu e da Terra, cremos na força do mutirão e na força profética do povo organizado (...) cremos (...) nas alternativas de economia popular solidária (...).
Caso o leitor tenha interesse em examinar por si esse tipo de coisa, eis o link: http://www.gritodosexcluidos.org/pdf/roteiro_celebracao_2007.pdf
Por outro lado, o Credo escapou a um outro problema, nomeadamente o da música inadequada. Creio podermos dizer que nuns 90% das Missas dominicais, ao menos no Brasil, o Credo é recitado, e não cantado. O Gloria, infelizmente, não teve esta sorte. O Credo também apresenta estrutura incompatível com melodias métricas e muito regulares, o que deve ter desencorajado tentativas de musicá-lo.

Refiro-me, naturalmente, à utilização do Credo (quaisquer dos textos) no Rito Novo, em vernáculo (português, no nosso caso). Existem melodias gregorianas para o Credo Niceno-constantinopolitano em latim, além das composições polifônicas de compositores diversos, até nossos dias.

Uma consulta ao Graduale Romanum mostra que as melodias para o Credo se encontram em parte separada do livro. Além disto, são menos numerosas (seis), o que se explica pelo fato de que o Credo se tornou parte fixa da Missa relativamente tarde, no século XI.

Possivelmente o Credo mais conhecido seja o de número III. Sua pouca idade é informada pela partitura: ficamos sabendo que esta melodia é do século XVII, recentíssima em termos de canto gregoriano. Mesmo assim, temos, por exemplo, o Credo I proveniente do século XI. Abaixo, o início da partitura do Credo III.




No vídeo abaixo o leitor poderá ver e ouvir o Credo III utilizado na Basílica de São Pedro na celebração do Natal do Senhor em 2010. A frase inicial Credo in unum Deum é cantada pelo Santo Padre, após o que o coro toma sua parte, alternando com os fiéis.

Por se tratar da Missa de Natal, todos se ajoelham no trecho et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine et homo factus est [e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se fez homem]. Neste vídeo, especificamente, este trecho contém harmonizações vocais da melodia gregoriana. Terminada esta parte, o Credo III prossegue normalmente.


Abaixo o leitor encontra também o mesmo Credo III cantado pelo professor Giovanni Vianini.


Nos outros textos desta série sobre o Próprio da Missa referi-me à Missa Papae Marcelli, de Palestrina (1525-1594), considerado por inúmeras pessoas o maior compositor de música litúrgica do Rito Romano. Certamente “inúmeras pessoas” deixa a autoria desse julgamento demasiado obscura, mas o leitor poderá constatar, quando ler sobre a música da Igreja Católica, que esta opinião tem muito mais adeptos do que opositores.

Um dos defensores dessa primazia de Palestrina é o regente do próximo vídeo: um padre italiano chamado Domenico Bartolucci, nascido em 1917 e feito cardeal pelo Santo Padre Bento XVI no consistório de 2010. Aqui ele rege o coro da Capela Sistina no Credo da Missa Papae Marcelli. O cardeal Bartolucci (então monsenhor Bartolucci) ocupou este cargo por muitos anos.


Mesmo que não seja a situação mais corriqueira, desejo tanto que tenhamos a sabedoria e a oportunidade de presenciar a Liturgia aptos a contemplar um Credo cantado de onze minutos!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Repensar a concelebração eucarística

View Comments
Monsenhor Guillaume Derville leciona Teologia dogmática em Roma. Colaborou na criação, em 2009, do Instituto de Liturgia na Pontifícia Universidade da Santa Cruz. Acaba de publicar um interessante trabalho que aponta questões sobre a concelebração eucarística e ajuda a refletir sobre a renovação litúrgica querida pela Constituição Sacrosanctum Concilium, promulgada há quase meio século atrás. Ao que tudo indica, seu livro (A Concelebração Eucarística - do símbolo à realidade) será publicado em breve no Brasil pela editora Santuário.

1) No prefácio de seu livro, o cardeal Antonio Cañizares, prefeito da Congregação para o Culto Divino, elogia seu trabalho, dizendo que coloca no lugar exato, tanto a realidade da concelebração, como o que essa manifesta. Pode explicar a que ele se refere?

Sacrosanctum Concilium considerou oportuno restabelecer a prática da celebração, não tanto por razões históricas ou tradicionais, mas sim teológicas e pastorais; principalmente, para manifestar a unidade do sacerdócio. Ela encomendou a elaboração de um rito e estendeu a faculdade de concelebrar, até então muito limitada na Igreja Latina. Além da manifestação da fraternidade sacerdotal ou da solução a problemas práticos, se restaurava uma riqueza litúrgica que reflete a unidade do presbitério entre si, e deste com o seu Bispo. No livro tento mostrar como e por que isso foi feito.

2) O senhor diz que não há dados definitivos sobre a concelebração da Eucaristia nos primeiros tempos da Igreja. Será que a concelebração atual significa uma completa novidade?

O Concílio indica que se celebre a concelebração segundo “a primitiva norma dos Padres”. A dificuldade reside na falta de informação sobre a sua forma nos primeiros séculos. Como mostra a história, era um rito celebrado pelo Bispo, que associava ao seu presbitério os domingos; muito cedo, essa concelebração foi reduzida a determinadas solenidades. Os concelebrantes, geralmente poucos, se revestiam da casula e se colocavam ao redor do altar. Não se têm conhecimento da concelebração sem a presença do povo. A boa notícia é que o Concílio restabelece a concelebração para certas ocasiões, quando já se tinha limitado praticamente ao rito das Ordenações. Mas a posterior extensão do rito, em frequência e em número de concelebrantes, nunca a teriam imaginado os Padres conciliares.

3) A partir de leitura de sua obra pode-se deduzir que a raiz teológica da concelebração está na unidade do sacerdócio e do sacrifício eucarístico, mas que, para o discernimento sobre a celebração deve-se levar em conta outros fatores: litúrgicos, pastorais, incluindo a liberdade do sacerdote para celebrar individualmente.

Eu não desligaria nada do “princípio da unidade.” Como sugere o título do livro, "Do Símbolo à realidade", eu me pergunto: o que é a concelebração e como manifesta melhor a unidade do sacerdócio? A Teologia litúrgica nos ajuda a pensar o que significa o “culto racional” no caso da concelebração. No “concelebrar” o essencial é o que se celebra: o mistério pascal e o sacerdote se configura com Cristo. Isso pode ser desfocado pela cotidianidade na concelebração ou quando, dissolvido numa massa e longe do altar, o sacerdote apenas repete as palavras e gestos de Cristo, nem porta as vestes próprias dos sacerdotes quando celebra a Eucaristia: a casula.

4) O prefeito de Culto Divino também afirma no prefácio que sua obra se encontra na esteira do movimento litúrgico. O Senhor pensa que, como tem sido dito ultimamente, é preciso fazer uma certa “reforma da reforma”?

Como Bento XVI assinalou recentemente, na obediência da fé, ninguém é dono do rito, mas guardião do tesouro instituído pelo Senhor e que nos foi confiado. É por isso que eu falaria, mais bem, de entender toda alteração dentro da unidade que caracteriza o desenvolvimento histórico do próprio rito, sem rupturas artificiais. Por exemplo, pode-se perguntar, em cada caso, se concelebrar ou não (se já celebrei hoje, é necessário concelebrar?); porque somente quando o símbolo expressa a realidade fica o rito reforçado na sua beleza e na sua verdade. É então quando se torna possível a adoração, a união com Deus, que é o verdadeiro autor da liturgia.
Fonte: Presbíteros

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sugestões para uma programação paroquial de Semana Santa

View Comments

Voltamos de nossas férias, hoje. Elas foram interrompidas apenas para postagens urgentes, mas hoje nossa equipe volta com ânimo e fôlego!

---

Aproveitando que temos bastante tempo até a próxima Semana Santa, apresentamos a nossa sugestão para os padres que são nossos leitores implementarem uma programação rica de significado litúrgico e espiritual, plenamente coerente com a tradição de nosso rito romano. A programação sugerida é intensa e, ao lado das cerimônias litúrgicas, há outras atividades para melhor entender e meditar esses dias tão profundos para a nossa fé católica.

clip_image002

Evidentemente, trata-se de uma sugestão apenas, que pode ser modificada, complementada etc.

Sábado anterior ao Domingo de Ramos

18h – I Vésperas do Domingo de Ramos

21h30 – Completas

Domingo de Ramos

clip_image004

7h – Ofício de Leituras

8h – Laudes

8h30 – Missa com procissão e bênção dos ramos (com pluvial vermelho)

18h – II Vésperas

19h30 – Terço

20h – Missa sem procissão

21h30 – Completas

Segunda-feira Santa

17h30 – Terço

18h – Missa em latim (mas na forma ordinária)

19h – Celebração da Penitência com confissões e absolvições individuais

Terça-feira Santa

17h30 – Terço

18h – Missa com procissão do Senhor dos Passos e Sermão do Encontro com Nossa Senhora das Dores (com pluvial roxo)

Quarta-feira Santa

17h30 – Terço

18h – Missa em latim (na forma extraordinária), e, após, na praça, Sermão das Sete Palavras (com pluvial roxo)

24h – Ofício de Trevas da Quinta-feira Santa

Quinta-feira Santa

clip_image006

19h30 – Terço

20h – Missa, seguida de transladação do Santíssimo e desnudação do altar

21h – Adoração do Santíssimo pela madrugada

Sexta-feira Santa

clip_image008

06h – Ofício de Trevas

09h – Retiro na igreja, transmitido pela rádio

15h – Solene Ação Litúrgica

17h30 – Via Sacra encenada, na praça

19h – Procissão do Senhor Morto (com pluvial preto)

21h – Projeção do filme “A Paixão de Cristo”, no salão da igreja

Sábado Santo

06h – Ofício de Trevas

18h – Vésperas

22h – Solene Vigília Pascal (canto do Exultet em latim, como de todo o Kyriale e Pater)

Domingo de Páscoa

clip_image010

01h30 – Laudes

09h – Procissão com o Santíssimo Sacramento, Exposição e Bênção (com pluvial dourado)

10h30 – Missa Solene (com diácono, acólitos, Kyriale e Pater em latim)

12h – Grande almoço de Páscoa na paróquia

18h – II Vésperas

19h30 – Terço

20h – Missa

A programação sugerida é intensa e tomará muito tempo. Mas aí mesmo está sua razão de ser. É preciso marcar bem na mente e no coração dos fiéis que a Semana Santa não é como as outras. As atividades espirituais devem preponderar, para que, ao menos nesses dias tão especiais, os paroquianos vivam mais na igreja, diminuindo, ademais, o tempo de TV, no que pode muito bem contribuir para um maior espírito de penitência e renovação paroquial.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Liturgia e o “protestantismo” tradicionalista

View Comments

Andrea Tornielli
Vaticanista do Il Giornale,
Trad. e Adapt.  Cleiton Robson.

Caros amigos, ao renovar meus votos de um Feliz Natal, digo que no Giornale de ontem (24/12/10), publiquei uma extensa entrevista com o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, o Cardeal Antonio Cañizares Llovera . Aqui está o texto completo. O Cardeal - depois de ter denunciado a pressa com que foi feita a reforma pós-conciliar - explica o que a Congregação está fazendo para dar vida a um novo movimento litúrgico que faça recuperar a sacralidade ao rito de acordo com as instruções da Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II. Cañizares antecipou algumas das iniciativas do dicastério que resguardam a formação, a catequese, a pregação, a arte e a música sacra.

Li com interesse alguns comentários em outros blogs que já tomaram a entrevista de ontem (refiro-me a paparatzinger blogs e ao blog messainlatino) e gostaria de fazer aqui algumas observações sobre a liturgia, mas também, em geral, à atitude contra o Concílio Vaticano II, também no debate suscitado pelo livro O Concílio Vaticano II: Uma história jamais escrita (Lindau), publicada recentemente pelo historiador Roberto de Mattei.

Para começar eu digo que não gosto de usar o adjetivo “tradicionalista”, assim como não gosto daqueles que seguem o rito antigo (na minha opinião, equivocadamente, chamado de “a missa de sempre”, como se eu, que sigo o rito pós-conciliar, fosse a uma “missa de nunca”) seja definido como “modernista”.

Espanta-me, antes de tudo que, frente aos gestos de Bento XVI, voltados a recuperar a sacralidade do rito católico, houve grandes concessões importantes, dentre elas o Motu Proprio Summorum Pontificum que, ao invés de favorecer a reconciliação defendida pelo Papa, segundo aquela hermenêutica “da reforma, da renovação na continuidade” (não vamos esquecer: não só “na continuidade”, mas também “da reforma”), vê-se, às vezes, que são atitudes consolidadas pela rigidez. Caros amigos, eu não posso suportar a banalização da liturgia, a criatividade que reduz o rito à obra de nossas mãos; a ausência do silêncio; a música que não tem nada a ver com a Missa, etc. etc.

Mas devo acrescentar: temos honestamente que admitir que esta, na verdade, não é a regra em todos os lugares. É certo que, em relação há alguns anos ou décadas, os abusos diminuíram drasticamente; e existem diferenças consideráveis de país para país. É por isso que estou surpreso, pois, no fundo, as palavras do Cardeal Cañizares, intérprete sincero e verdadeiro de Bento XVI, são consideradas como expressões de fraqueza, pelo fato de que ele - a pedido do Papa - está trabalhando para suscitar um movimento litúrgico novo e forte.

Esclareçamos tudo: muitos (ou alguns, ou poucos, julguem vocês mesmos) tradicionalistas não gostam da hermenêutica da continuidade de Bento XVI, porque, no fundo, acreditam que o Concílio deveria ter sido abolido. Eles acreditam que a reforma litúrgica deveria ser abolida, como um todo. Eles chegam a dizer que Roma deve reconciliar-se com a Tradição. Mas qual Tradição? Aquela fixada por eles. A Tradição está sempre vivendo, e assim como o cristianismo, é um evento que constitutivamente entra na história - que Deus se fez carne, morreu na cruz por nossos pecados e ressuscita, abrindo as portas do Paraíso e prometendo um cêntuplo já aqui. A Igreja se atualiza, vive os desafios do tempo. Procura apresentar, de modo adequado, as verdades de sempre.

Temo que certo tradicionalismo possa deslizar para o seu exato oposto, o protestantismo. Ou melhor, o galicanismo. Quem dá o direito a este ou aquele tradicionalista de dizer: esta é a Tradição, Roma está errando? Quem dá a autoridade para decidir? O tradicionalismo não é o Magistério. Quem dá o direito de, às vezes, lançar ao mar, com escárnio e desprezo, o Concílio Vaticano II? Talvez o apelo à autoridade do arcebispo Marcel Lefebvre (que a sua alma descanse em paz), agora apresentado em uma hagiografia, como um santo da Igreja?!

Quem permite a muitos tradicionalistas – baseando-se no fato de que o Vaticano II não proclamou dogmas novos – de declarar o Concílio como “pastoral” e, portanto, irrelevante e não segui-lo? Os 95% do Magistério não é dogmático, mas ordinário. Porém, o católico é obrigado a segui-lo. E então - digo isto sem intenção polêmica - como se pode realmente acreditar que o Papa legitimamente eleito, a quem Jesus assegurou o poder das Chaves e da assistência especial do Espírito Santo, com todos os bispos que votaram quase por unanimidade os documentos do Vaticano II (Lefebvre incluído), juntos em Concílio, possam ter errado?

Estar com Pedro e pelos bispos em comunhão com ele significa ser católico. Caso contrário, eu poderia dizer que considero Pio X um modernista (quantas reformas ele fez, e se eu não gosto nem as considero inadequadas aos tempos e que não estão em consonância com a doutrina litúrgica de Gregório XVI e Leão Magno?), e que quero me firmar no Vaticano I e em Pio IX ... Outro pode dizer que não aceita o Vaticano I e o dogma da infalibilidade papal (que é um inegável desenvolvimento da Tradição, e que não é aceito pelos ortodoxos). Outro pode dizer que o único ponto firme é o Concílio de Trento, enquanto outro ainda pode tentar provar que o rito moçárabe celebrado em Toledo não é católico...

Este é o “protestantismo” tradicionalista, porque se as posições de Dom Lefebvre, deste ou daquele teólogo, algumas teorias do leigo brasileiro Plínio Corrêa de Oliveira (que são objetos, dentre os muitos que se voltam para o seu pensamento, com diversas interpretações), ou as opiniões de qualquer respeitabilíssimo bispo ultra-conservador sejam enfatizadas e terminem por se tornarem o único critério para julgar a Sé Apostólica e por afirmar, em substância, as suas próprias opiniões sobre a Tradição e a “Missa de sempre”, na minha humilde opinião, há algo errado. É, na verdade, uma oposição, mas perfeitamente semelhante à de um certo progressismo, que apresenta o Concílio como um elemento de ruptura total com o passado. Isto é uma leitura antitética à de Bento XVI.

E então, permitam-me dizer que não é possível lançar apelos contínuos ao Papa para explicar, para esclarecer o Concílio; e depois fingir que não se leu e que não foi possível ver quando ele ou a Congregação para a Doutrina da Fé, ou outros departamentos da Cúria Romana o fizeram, dando a hermenêutica adequada com relação a certas distorções devidas não ao Concílio e seus textos, mas às opiniões do pós-Concílio. Isso aconteceu até com o discurso de Bento XVI à Cúria Romana em 2005 (onde o Papa admiravelmente abordou a questão da liberdade de religião, também se reflete na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, em Janeiro de 2011), com a Dominus Iesus sobre a singularidade da salvação de Cristo, com o esclarecimento sobre o “subsiste in”.

A Igreja é maior do que as nossas opiniões, o Magistério do Papa deve ser seguido mesmo quando o Pontífice não fala “ex cathedra”, o que acontece na grande maioria das vezes. O católico sabe que a Igreja Católica não é obra de nossas mãos, sabemos que fomos chamados por Alguém. Ele sabe que Jesus, a verdadeira rocha sobre a qual a Igreja estabeleceu a autoridade do seu Vigário – um pobre vigário de Cristo, como dito em palavras inesquecível João Paulo I – é tão frágil como todos, mas especialmente assistido pelo Espírito Santo.

Se olhássemos assim para o Papa, talvez poderíamos usar outras palavras para descrever o que ele faz e o que nos pede. Talvez estaríamos prontos para debatermos, porque o que nos poupa não é a nossa ideia de Tradição, mas o estarmos unidos a Cristo na sua Igreja, sob a guia do Seu Vigário e dos bispos em comunhão com ele. Para isso, dizia o Cardeal Giuseppe Siri, “os documentos do Concílio devem ser lidos de joelhos”.

Permitam-me uma palavra final sobre Dom Marcel Lefebvre, hoje apresentado por alguns como um santo, um herói, um combatente do bom combate pela verdade contra o modernismo dos Pontífices... Não o julgo e espero realmente que esteja no Céu, apesar da excomunhão. Mas um católico não pode apresentá-lo como um exemplo de santidade. Se Lefebvre era um santo, em 1988, tinha dito ao Senhor: “Meu Deus, eu fiz tudo que podia para salvar a autêntica Tradição que eu considero em perigo, e lutar por aquilo que acredito ser uma separação assustadora da verdadeira liturgia Católica. Agora estou diante de um dilema. Desobedecendo ao Papa para garantir a continuidade da Sociedade de São Pio X, consagrar novos bispos, ou aceitar o convite e deixar perder-se....” Aqui é um santo (como o Padre Pio, o santo de Pietrelcina) nunca teria desobedecido o Papa nunca teria quebrado a unidade da Igreja. Ele disse a Deus: “Eu confio em Ti. Se Tu quiseres continuar com este trabalho, agora tu tens que ir em frente, porque eu tenho feito tudo que era humanamente possível, mas agora eu não posso desobedecer o Seu Vigário”.

Ao dizer Feliz Natal novamente, gostaria de acrescentar que não restam dúvidas (que não necessariamente serão), e que partilho da opinião de Cañizares sobre a reforma pós-conciliar, que, creio, deve ser escrita a palavra final para os abusos litúrgicos, bem como para o problema da ausência de autoridade do episcopado, uma das principais causas do fracasso para corrigir os abusos. Não estou, em suma, pintando uma realidade rósea, porque não o é.

Mas devo expressar aqui mais uma vez, a falta de caridade e, às vezes, até mesmo desprezo que eu li em algumas reações. Há um debate que revela a existência de uma guerra entre cristãos que se devoram uns aos outros. E vou dizer o porquê de ter apenas me prendido aos chamados “tradicionalistas” e não aos chamados “modernistas”, que são muito mais. Bem, vejam, diante do exemplo de Bento XVI, os gestos de reconciliação, que pôs em prática frente ao mundo tradicionalista, seria de se esperar que, a partir deste próprio mundo, viesse o primeiro e principal apoio para aquele movimento litúrgico que o Papa (e não singularmente Ratzinger ou o “Papa” entre aspas, como às vezes eu vejo isso definido nos delírios sedevacantistas) acredita ser essencial para a Igreja hoje.

O Magistério da Igreja - disse o então arcebispo de Munique da Baviera, Joseph Ratzinger - defendeu a fé do povo simples, daqueles que não escrevem editoriais nos jornais, que não têm cátedras universitárias, que não publicam obras teológicas ou livros de sucesso, que não vão à TV. E na fé dos católicos simples sempre se soube que Ubi Petrus ibi Ecclesia.


Clique AQUI para ler o texto original, em italiano.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Parceiros