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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Igreja Católica e a Comunicação

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Por Alex Periscinoto*


Nós, profissionais da comunicação, descobrimos que há muito o que agradecer a vocês, pois todas as ferramentas de trabalho que a gente usa hoje na comunicação foram inventadas pelos religiosos. Se não, vamos lá:



O primeiro veículo de comunicação de massa inventado até hoje, o mais forte de todos, foi o sino. O sino que tinha mensagem nas suas batidas atingia, na ocasião das aldeias, 80, 90% das pequenas cidades. Ele não só atingia, como modificava o comportamento físico e mental de 80, 90% das aldeias cada vez que ele batia e espalhava suas mensagens de maneira singular. Antes do sino, o arauto, não passava de uma mala-direta muito mixuruca.

Depois desse grande veículo de comunicação de massa, continuando nessa nossa analogia, vocês religiosos inventaram uma ferramenta que a comunicação usa muito hoje, o display. Nós usamos o display para destacar uma informação. Quando todos os telhados das aldeias eram baixinhos, vocês construíram um telhado altíssimo, 4, 5 vezes maior e em forma de ponta e isso não era para facilitar o caimento da neve porque em países onde não existia neve vocês continuavam obedecendo esse desenho arquitetônico. Isso era para se avistar ao longe a torre da igreja, logo que se entrasse na aldeia. Por esse display, a gente com facilidade localizava a igreja. Mais do que isso, vocês inventaram o primeiro logotipo, o mais feliz deles, a cruz. A cruz que nunca foi esquecida de ser colocada no alto do display e que permitia que, além de se identificar que ali era uma igreja, também se identificava que ela pertencia àquela marca, àquela religião e não à marca concorrente.

Inventado um logotipo rico como esse - logotipo tão bom que Hitler pegou para ele, pôs quatro rabos e quase ganha a guerra com esse logotipo. Vocês inventaram mais coisas do mundo da comunicação.

Hoje, uma das ferramentas mais preciosas para se usar nas campanhas, útil no momento de se planejar, para se dizer o texto certo, para o público certo, na hora certa, é a pesquisa, sem pesquisa é loucura se aventurar a dizer qualquer coisa. O primeiro departamento de pesquisa de que se sabe foi inventado por vocês, é o confessionário. O confessionário, a minha mãe pensa ainda que o confessionário foi feito para perdoar e vocês religiosos sabem que o confessionário foi inventado para recorrer subsídios, recolher informações. Era então um santo departamento de pesquisa. Digo santo porque hoje quando a gente faz um ibope qualquer é possível que a pessoa minta, mas no santo departamento de pesquisa a coisa não só era espontânea, necessária e verdadeira. Daí o padre, no tempo das aldeias, ser o conselheiro maior, maior que o conselheiro político. Aí, na nave da igreja, na hora do sermão, vocês podiam moldar a mensagem para as principais queixas daquela semana, dar uma palavra de conforto, um sossego. Só porque recolhia os subsídios.

Ai, a minha mãe, que não sabia nada disso, recebe do seu departamento de pesquisa algo muito gratificante. Por exemplo se eu quero me reconstruir de dentro para fora eu vou a um analista pago mil dinheiros e ele me ajuda um pouco, mas a minha mãe vai a um confessionário, sai reconstruída de dentro para fora, sai de lá aliviada e perdoada, coisa que nenhum analista faz nem que você pague o dobro. Esse subproduto que o confessionário dá a minha mãe é muito conveniente à sua clientela.



Essa máquina de comunicação toda que os religiosos inventaram tem mais. A gente poderia dizer que a promoção também foi uma invenção religiosa, se não o que é uma procissão, que chega a fechar uma cidade do interior, se não uma promoção do dia de Nossa Senhora, uma promoção do dia de São Jorge e etc. Uma promoção religiosa. Nós fazemos promoções que têm muito do que vocês nos ensinaram, tem estandarte, tem bandeirola, tem roupa especial, tem uma mística comercial.

Vocês mudaram o sistema da missa, a missa não é mais em latim e o padre não fica mais de costas para o público. Tenho uma péssima notícia para vocês, a minha mãe nunca achou que vocês estavam de costas para ela, achou que vocês estavam de frente para Deus e ela gostava do latim, embora não entendesse bem as palavras, porque era uma linguagem mística que fazia se entender por Deus. Na minha opinião, esse foi um tremendo de um erro. Mas o que quero dizer é que toda essa máquina de comunicação que vocês inventaram não foi à toa. Vocês não inventaram sinos e aquela indumentária toda, que eu chamo de embalagem religiosa simplesmente por nada. Não! Vocês tinham o mesmo problema que nós temos agora: vocês tinham uma coisa a ser propagada, o produto de vocês chamava-se fé.

Eu tenho uma boa notícia para vocês, esse produto, a fé, está em falta no mercado, mas hoje vocês não propagam mais fé, hoje o que se vê é muito mais brigas entre bispos, entre vocês e o governo, do que sobre o produto que vocês fabricam. Fé era o que minha mãe ia buscar na igreja. Hoje a encrenca toda equivale a Kibon parar de anunciar sorvete e passar a anunciar a briga da diretoria. Isso não leva a nada.

Isso me faz lembrar de uma historinha que eu ouvi há algum tempo nos Estados Unidos. Havia um sujeito que tinha uma loja de frente à outra loja. Ele punha meia de nylon a US$ 1,50 e, em seguida, o outro punha a mesma meia a US 1,35, mas nenhum vendia mais meia do que o outro e não iam vender mais mesmo enquanto queriam dirigir as duas lojas ao mesmo tempo.

Cabe ao governo a função do governo. Acho que o produto que vocês fabricam independe da classe econômico do cliente. Quero propor a vocês outro raciocínio, a sociedade de consumo não é muito bem vista por vocês, mas talvez vocês devessem ver a televisão como o sino de hoje, porque o sino de vocês já não funcionam mais nas cidades hoje. Um mero observador pode saber que a torre de vocês, o display, está escondida entre tantas outras torres, com luz vermelha em cima, a pesquisa está desativada porque a clientela não foi renovada, vocês não têm público fresh.

Se por um acaso o jovem descobrir que pode viver sem a igreja então a coisa baderna de vez.

O público de vocês está dividido em três: quem precisa de fé em primeiro lugar, antes da comida, são os doentes, mas isso, felizmente, é uma minoria. O segundo segmento de mercado são os idosos, acima de 70 ou sei lá, eles mudam de comportamento, e começam a acreditar em ter fé, mas o enorme contingente que talvez vocês estejam com dificuldade de atingir são crianças, jovens e adultos que talvez representem 80, 90% - esse público é que está mais ou menos difícil porque quando falar com eles, onde, quando e como falar com eles. Daí a voltar a repetir que talvez a televisão seja o veículo próprio. Nesse País onde tudo é de distribuição heterogênea, a única coisa em comum que espalha-se de maneira maior no país é a comunicação porque o Silvio Santos meu é o mesmo do homem da periferia.



Se isso é verdade, alguma coisa está sendo feita. Através da comunicação a gente recebe coisas que preenchem um vazio. A Playboy fez muito sucesso nos EUA porque mostrava para o americano exatamente o que ele não tinha. Nos EUA, também são sucesso de audiência séries médicas porque lá é muito raro ter médico particular.Isso se chama preencher vazios por meio da comunicação. E é um grande truque de comunicação.

Outro truque de comunicação é usado na luta livre. Entra um sujeito feio e um bonito e o feio já instaura clima de terror. A gente se identifica com quem sofre, o bonito que está sempre perdendo, até o momento que ele vira o jogo. A maioria das novelas é mais ou menos assim.

Isso é um paralelo para ilustrar um pouco os truques da comunicação.

O que fazer?

Nenhuma chapa de Raio X diz o que vai fazer, só como está. Propagar fé não é rezar a missa às 8h da manhã na Globo

É vender um conteúdo chamado fé. Algo que faça o cliente acreditar no que a igreja pode fazer por ele.


• Alex Periscinoto é publicitário e foi um dos pioneiros da propaganda moderna no Brasil. Ele é o entrevistado da edição de outubro da Revista Seu Sucesso. Este texto é a transcrição de uma palestra que Alex proferiu à CNBB, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, em 1977.

Texto original: http://criativamarketing.com.br/index.php/artigos/item/270-a-igreja-e-a-propaganda 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Início da Novena do Santo Natal

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No dia 16 de dezembro tem início a Novena do Santo Natal, considerada a mais tradicional das novenas. De acordo com o Diretório sobre piedade popular e Liturgia, n. 103, ela originou-se do desejo de permitir que os fiéis vivenciassem às riquezas da Liturgia desta reta final de Advento, numa época em que o acesso à Liturgia era mais restrito aos fiéis, e ainda hoje guarda seu valor.

A recomendação do diretório, para uma "excelente novena de Natal plenamente litúrgica e atenta às exigências da piedade popular", é que sejam oferecidas aos fiéis, como parte da novena, as Vésperas dos dias 17 à 23, celebradas com maior solenidade: com o canto das Antífonas Maiores (ou Antífonas do Ó, das quais já falamos aqui), e com a presença de elementos facultativos já previstos na Liturgia das Horas, como uso de incenso, homilia, e adaptação das preces.

É com o início da novena que, em muitas igrejas e famílias, se dá o costume de montar o Presépio. Outros costumes são que a montagem aconteça com as Vésperas do I Domingo do Advento, ou então após a Solenidade da Imaculada Conceição. (Por falar nisso, já enviou a foto do presépio de tua paróquia para o nosso concurso?)

Para aqueles que desejarem complementar a novena acompanhando a Liturgia das Horas, ou mesmo realizá-la de outra forma, ofereço algumas outras novenas aos nossos leitores.





A versão livreto desta novena está disponível aqui

domingo, 15 de dezembro de 2013

Missa Rorate celebrada pelo Superior Padre Fr. José Ricardo

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Já mencionamos em outro artigo em nosso blog que uma tradição católica para o Advento é fazer celebrar, aos sábados desse tempo litúrgico, uma Missa votiva de Nossa Senhora que começa com a antífona Rorate Caeli. Uma particularidade dessa Missa é ser toda celebrada no escuro, sem luz: apenas a que emana de dezenas de candelabros sobre o altar, espalhados no presbitério e em outros locais da igreja.


Seguem algumas fotos da Missa Rorate celebrada, pelo Superior Padre Fr. José Ricardo, no Mosteiro (Pequenos Carmelitas do Santíssimo Sacramento), com orientação versus Deum e em vernáculo. 













Agradecemos ao 
Frei Jonatan Rocha Do Nascimento pelo envio das fotos.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

É Advento: preparemos o nosso Natal, por Jorge Ferraz

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Madonna before Christmas with St. Joseph
the Betrothed, anônimo, séc. XV
Como meditação para este advento, trago um trecho de um breve artigo do Jorge Ferraz em seu sempre excelente Deus lo Vult:
Os rituais são a nossa maneira de colocar o tempo a nosso serviço, dizia. Na impossibilidade de transportar o futuro para o presente, confeccionamos o nosso presente à imagem do futuro: transformamo-lo numa estrada pavimentada rumo ao que há de vir, onde tudo em um certo aspecto “já é” embora, em realidade, ainda não seja. Onde tudo aponta para o que há de ser – que, nesta nossa antecipação, já goza de um pouco de realidade. Não é possível decretar o Natal para agora. Mas é possível – e saudável – viver a expectativa do Natal.
Os cânticos do Advento já tomaram o lugar do Hino de Louvor nas nossas igrejas, e o Gloria in Excelsis da noite de Natal não seria tão belo se não fosse precedido e preparado pelo silêncio entre o Kyrie e a Colecta ao longo desses quatro domingos. A Luz não resplandeceria com tanto fulgor se as Trevas da noite não fossem tão densas e escuras. O Branco dos paramentos festivos não seria tão brilhante se não contrastasse com o roxo pesado dos dias precedentes. Em uma palavra, a beleza do Natal depende em grande medida das características dos dias que o precedem; e se é assim, o que fazemos já hoje é determinante de como será o nosso Natal. Se é assim, nós já começamos a vivê-lo. E, se queremos vivê-lo bem, é importante que bem o vivamos desde já.
Leia o restante aqui.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Primeiro Concurso de Presépios Paroquiais do Salvem a Liturgia (Editado - 29/11)

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Primeira fase

Vocês deverão enviar uma foto do presépio
de sua paróquia. A foto pode ser enviada por e-mail para: alex@salvemaliturgia.com ou via inbox da página do apostolado no Facebook. Algumas informações são indispensáveis:


  • Paróquia
  • Diocese
  • Cidade/estado
  • Nome do pároco
  • Nome de quem está enviando a foto

Fica entendido que ao enviar a foto com tais informações citadas acima, o paróco estará de acordo em participar do concurso. As fotos serão publicadas em nossa página em um álbum que será criado com o nome de: Concurso de presépios 2013. As fotos deverão ser enviadas até às 11h59 do dia 25 de dezembro. Não serão aceitas fotos depois da hora e data marcada.

Os membros do Salvem a Liturgia escolherão entre as fotos enviadas, os três presépios mais bonitos. Isso acontecerá no dia
26 de dezembro. As três melhores fotos serão publicadas em um álbum que será criado no dia 27 de dezembro cujo nome será: Finalistas do concurso de presépios.


Segunda Fase


Vocës escolherão os vencedores.  Colocaremos o álbum em destaque em nossa página e divulgaremos o concurso, ambas as fases, em nosso blog. Vocês podem usar seus murais para pedir que as pessoas curtam a foto, podem utilizar a página da paróquia, podem enviar e-mails para seus contatos pedindo que curtam, podem fazer vídeos pedindo curtidas em redes sociais, outras, inclusive, que não seja o facebook. Usem a criatividade para angariar curtidas. Só serão aceitas curtidas até às 11h59 do dia 6 de janeiro. O resultado será divulgado à meia noite do dia 6 de janeiro. Os membros do Apostolado não poderão curtir as fotos. E os participantes não podem pedir que os membros do Salvem a Liturgia as curtam! 


O Primeiro colocado ganhará: 1 pala e um manustérgio
O segundo colocado: 1 manustérgio
O terceiro colocado: 1 manustérgio

Os prêmios são uma cortesia da loja Ars Sacra. Após a divulgação dos vencedores, estes entrarão em contato via e-mail para: daniel@salvemaliturgia.com com o endereço para o qual o(s) prêmio(s) devem ser enviados.


Cronograma:

Início do concurso: 29 de novembro
Fim da primeira fase: 25 de dezembro
Divulgação dos finalistas: 26 de dezembro
Resultado final: 6 de janeiro. Edição:

Visando dar mais transparência e sermos mais justos no concurso, estamos ampliando a data para o envio das fotos. Agora vocês poderão enviar as suas fotos até às 11h59 do dia 25 de dezembro, assim todos terão a oportunidade de enviar as fotos com os presépios completos, ou seja, com o menino Jesus que deve ser colcado na noite do dia 24 de dezembro. Se por um acaso, vocês conseguirem enviar a sua foto com o presépio completo, antes do dia 25 de dezembro, nós as aceitaremos. O resto continua da mesma forma, exceto mais alguns pequenos ajustes abaixo:

            
  • As curtidas das fotos dos finalistas serão zeradas na segunda fase, as curtidas não são cumulativas;
  • Só aceitaremos fotos com presépios completos;
  • Os presépios são paroquiais, não vale enviar fotos de seus presépios particulares;
  • Só valem fotos de presépios do ano de 2013.

Estes ajustes se fazem necessário para que tenhamos uma melhor experiência e não subsistam dúvidas.

Segue abaixo as datas do novo cronograma.
  • Início do concurso: 29 de novembro
  • Fim da primeira fase: 11h59 do dia 25 de dezembro
  • Divulgação dos finalistas: 26 de dezembro, até as 11h59.
  • Resultado Final: 06 de janeiro





quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Papa Francisco: o Templo, onde se celebra o sacrifício, é local de adoração

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Na sua homilia da sexta-feira da XXXIII Semana do Tempo Comum, o Papa Francisco fez algumas colocações que considero interessantes e que, por isso, ressalto aqui. Refiro-me a este trecho transcrito pela seção brasileira da Rádio Vaticana:

Fonte: Rádio Vaticana
Para a sua homilia, o Papa se inspirou no trecho litúrgico do Antigo Testamento, em que Judas Macabeu reconsagra o Templo destruído pelas guerras. “O Templo – observou o Pontífice – é o ponto de referência da comunidade, do povo de Deus”, para onde nos dirigimos por vários motivos, mas um deles em particular:

O Templo é o local onde a comunidade vai rezar, louvar o Senhor, dar graças, mas sobretudo adorar: no Templo se adora o Senhor. E este é o ponto mais importante. Isso é válido também para as cerimônias litúrgicas: o que é mais importante? Os cantos, os ritos? O mais importante é a adoração: toda a comunidade reunida olha para o altar, onde se celebra o sacrifício, e adora. Mas, eu creio – humildemente o digo – que nós cristãos talvez tenhamos perdido um pouco o sentido da adoração.

O Papa então se pergunta: “Os nossos templos são locais de adoração, a favorecem? E as nossas celebrações?”. Citando o Evangelho de hoje, Francisco recordou que Jesus expulsa os vendedores que usavam o Templo como um local de negócios, mais do que para a adoração.
Numa época em que se prefere, em muitos lugares, ressaltar o aspecto comunitário da Liturgia, o Papa recorda-nos aquele que considera o aspecto mais importante e que acabamos perdendo: a adoração. Vamos ao Templo para adorar ao Senhor.

Sim, ali estamos todos reunidos e também manifesta-se o espírito de fraternidade que une a assembléia dos fiéis, mas se não estivermos ali fraternalmente reunidos para adorar o Senhor, algo de primordial estará faltando.

Adoração da Trindade (1511) - Albrecht Dürer
Mas e os ritos e cânticos, estará o Papa dizendo que não importam? Muito pelo contrário. Se uma das finalidades principais da Liturgia é adorar a Deus, estes importam na medida em que conduzem à adoração. É neste espírito que devem ser sentidos. E aí os ritos deixam de ser entendidos como algo que tolhe a liberdade do Povo de Deus. Através dos ritos litúrgicos, todos os católicos do mundo, todo o Corpo Místico de Cristo, unimo-nos para adorar a Deus.

Outro ponto a ser destacado, e que talvez passe sem ser notado por muitos, é que o Papa ressalta o caráter sacrifical da Liturgia e sua ligação com o altar. "O altar da nova aliança é a cruz do Senhor, da qual brotam os sacramentos do mistério pascal. Sobre o altar, que é o centro da igreja, se faz presente o Sacrifício da Cruz sob os sinais sacramentais" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1182).

Agnus Dei (1635-1640) - Francisco de Zurbar
E por que importa-nos participarmos deste sacrifício e adorá-lo? É o que recorda este outro ponto do Catecismo:
"Tendo Cristo passado deste mundo ao Pai, dá-nos na Eucaristia o penhor da glória junto dele: a participação no Santo Sacrifício nos identifica com o seu coração, sustenta as nossa forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e nos une já à Igreja do céu, à santa Virgem Maria e a todos os santos." (n. 1419)
Se perdemos a adoração, a finalidade do Templo, e o sentido de sacrifício - na Liturgia e fora dela, em nossas vidas -, convém recuperá-los. Fazemos todos juntos este exame de consciência juntamente com o Santo Padre: “Os nossos templos são locais de adoração, a favorecem? E as nossas celebrações?”
"A Igreja e o mundo precisam muito do culto eucarístico. Jesus nos espera neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para ir encontrá-lo na adoração, na contemplação cheia de fé e aberta a reparar as faltas graves e os delitos do mundo. Que a nossa adoração nunca cesse!" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1380)

domingo, 24 de novembro de 2013

A minha casa é casa de oração, mas fizestes dela...

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O Evangelho desta sexta-feira da XXXIII Semana do Tempo Comum nos recordou a necessidade do cuidado e zelo para com o Templo, a Casa de Deus. Com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e a perpetuação de seu sacrifício no lenho da cruz - através do sacrifício do altar oferecido por meio da Ordem sacerdotal, meio pelo qual temos acesso à Santíssima Eucaristia -, Deus passou a habitar em nossas igrejas e erigiu aí Sua nova Casa. Se no Templo de Jerusalém Sua presença era significada pela Arca da Aliança no Santo dos Santos, muito maior é cada uma de nossas igrejas e capelas. Nelas, Deus habita verdadeiramente, com Presença Real.

Enquanto no Evangelho vemos a venda de bens materiais dentro do Templo, vemos hoje - tristemente - em muitos lugares a venda da fé. O relativismo e o laxismo dos tempos de hoje podem até tornar a crença mais palatável - mais acessível, é a desculpa que se costuma utilizar -, mas acabam, assim como naquele tempo, por deturpar a verdadeira finalidade do Templo, o culto propício a Deus.

Diz assim o Pe. Francisco Fernández Carvajal, na meditação diária que oferece em seu Falar com Deus:
Movido pelo zelo da casa de seu Pai, por uma piedade que brotava do mais fundo do seu Coração, Jesus não pôde suportar aquele deplorável espetáculo e expulsou dali todos os vendilhões, com as suas mesas e animais, sublinhando a finalidade do templo com um texto de Isaías bem conhecido de todos: A minha casa é casa de oração, mas vós fizestes dela um covil de ladrões.”
Inspirado nesta mesma piedade e zelo é que devemos lutar contra a venda da fé. Como fazer isto? Como não temos a santidade e a conformação com a vontade do Pai que Cristo tinha, é certamente muito mais prudente e eficaz evitarmos o confronto direto com nossos pastores e superiores e doarmo-nos no serviço ao próximo, atuando como catequista, auxiliando na formação de um amigo ou de um grupo deles.

O que isto tem a ver com Liturgia? Bom, sabemos que a fé e a Liturgia estão intimamente ligadas e influenciam-se mutuamente, pois lex orandi, lex credendi. E um pressuposto para o novo movimento litúrgico é uma formação doutrinal mais sólida aos fiéis e aos novos seminaristas, futuros padres.

O cuidado que devemos para com a Casa de Deus não termina aí. Se aí Deus habita, faz-se necessário uma postura apropriada. Por mais que sejamos amigos de Nosso Senhor - não mais servos, como Ele mesmo disse -, ainda assim reconhecemos que somos muito pouco perto de Deus. Nesta saudável tensão entre a intimidade e o temor que devemos ter para com Deus, a Igreja incentiva nos fiéis algumas atitudes e gestos concretos de piedade: o decoro ao entrar e enquanto estiver na igreja; a postura adequada; um andar em ritmo natural, sem correria; roupas modestas; as diversas reverências dentro da missa e fora dela, as genuflexões ao se passar diante do Sacrário, adorando a Deus; etc.

Continua o Pe. Carvajal:
“O incenso, as inclinações e genuflexões, o tom de voz adequado nas cerimônias, a dignidade da música sacra, dos paramentos e objetos sagrados, o decoro desses elementos do culto, a limpeza e cuidado com que se conservam, foram sempre manifestações de um povo que crê. O próprio esplendor dos materiais litúrgicos facilita a compreensão de que se trata sobretudo de uma homenagem a Deus.”

São símbolos, claro. Embora hoje não se admita sua força e importância, nem por isso elas não existem. E estes sinais relembram aos outros, e principalmente a nós mesmos, que, como diz o adágio filosófico, nihil est in intelectu quod prius non fuerit in sensu (nada pode ser conhecido pela inteligência se antes não for captado pelos sentidos).

Uma lex orandi mais firme, uma lex credendi mais concreta, praticada com piedade. Antes disso nem se pode desejar uma reforma da reforma. Seria "colocar a carroça na frente dos bois", como diz o dito popular. Sem isto torna-se difícil aos fiéis sequer serem capazes de sentir a necessidade de se recuperar a sacralidade na Liturgia, pois continuarão numa fé movida pelo sentimentalismo. Como querer, por exemplo, que vejam a beleza do canto gregoriano se sua fé é desconexa da tradição litúrgica, se para a experiência musical que adquiriram ao longo de sua vida o gregoriano soa à velharia e se tampouco entendem as qualidades que dão a este canto a primazia no Rito Romano, como lembra o Concílio Vaticano II?


Chama a atenção a proximidade deste Evangelho com a Solenidade de Cristo Rei. Tal como um Rei começa reinando sobre sua própria nação para então expandir seu reino, o Reinado de Cristo deve ser pleno na Igreja para que reine fora dela, no mundo. Se Nosso Senhor não é reconhecido e devidamente honrado como rei pelos seus, por Sua Igreja, como esperar que os demais venham a adorá-lo?



E você, caro leitor, como tem se portado na Casa de Deus? Tem refletido sobre os gestos que realiza durante a Liturgia, realizando-os com piedade e devoção? Tem cuidado com a vestimenta e com o portar-se? Tem evitado distrações para adorar melhor a Deus por meio da Sagrada Liturgia? E como tem colaborado para dar uma fé mais sólida aqueles ao teu redor?
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