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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A Coroa do Advento: no presbitério ou fora dele?

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Um costume de Advento que ganhou destaque nos últimos anos é o da Coroa do Advento. Por conta de sua rápida disseminação, já foi inclusive introduzida na liturgia da Santa Missa da maioria das paróquias.

Tais introduções, contudo, geralmente revelam-se inapropriadas por ferir o espírito da sagrada Liturgia. É salutar nestes casos que certas reflexões e questionamentos sejam feitos, a fim de que o desenvolvimento orgânico da Liturgia se mantenha de modo salutar, diferentemente do que ocorreu nas últimas décadas.

É por este motivo que trago este pertinente artigo do especialista no rito romano Louis Tofari, cuja tradução ao português pode ser lida abaixo.

* * *

A Coroa do Advento deveria situar-se no presbitério?

Por Louis Tofari
Publicado em Romanitas Press
Traduzido por Daniel Pereira Volpato
Com a devida permissão do autor

Durante os tempos litúrgicos da Igreja, testemunhamos uma variedade de costumes que nos ajudam a animar nossa Fé, tanto através da sagrada liturgia como dos costumes observados em casa — ou tradições domésticas.

Um tal costume doméstico é a Coroa do Advento, uma ornamentação de folhagem sempre-verde [*] circular enfeitada com quatro velas que contam as semanas do Tempo do Advento para a Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A presença desta coroa em casa também serve de lembrete à necessidade de nos prepararmos espiritualmente durante o Advento, para o Nascimento do Salvador.

Entretanto, é importante que percebamos que a Coroa do Advento é meramente um costume doméstico, não uma prática litúrgica. Isto é evidenciado pelo fato de que as velas da coroa não são consideradas "velas de cultus" — isto é, velas usadas com um propósito ritualístico no contexto da sagrada liturgia[1]. Também nenhum rubricista ou manual de referência litúrgica sobre velas ou decoração de igrejas (como o Candles in the Roman Rite) mencionam a Coroa do Advento como uma prática possível dentro do presbitério (muito menos da igreja).

A prática da Coroa do Advento não é mencionada como litúrgica porque, estritamente falando, é tão somente um costume doméstico. Assim como pendurar as meias para a visita de São Nicolau de Bari. Ou o andar das imagens dos Três Magos pela casa desde o Primeiro Domingo de Advento até a Festa da Epifania, quando finalmente chegam ao Cristo Menino na manjedoura. Todas essas práticas domésticas são muito boas, mas, de novo, elas não têm nenhum lugar dentro de uma igreja [2].

Agora, dentro do presbitério, são os ornamentos litúrgicos que deveriam primeiramente trazer à nossa mente a preparação penitencial ao Advento, tais como as vestimentas roxas sobre o altar (e.g. o frontal, o conopeu e o véu do suporte do missal[3]), e alguns lugares podem até seguir a louvável prática de usar velas de altar feitas de cera crua. Por outro lado, uma Coroa de Advento iluminada no presbitério pode causar um certo distraimento dessas decorações oficiais e até mesmo tornar-se o foco do próprio altar.

Alguns poderiam objetar que o Círio Pascal também pode distrair-nos do altar, mas deve ser recordado que esta é uma vela litúrgica oficial (ou de cultus), e da mais suprema importância. Solenemente abençoada e acesa com o Fogo Pascal, representa o próprio Nosso Senhor e o triunfo de Sua Ressurreição. Assim, não pode haver comparação entre a presença da doméstica Coroa do Advento e do litúrgico Círio Pascal no presbitério.

Ainda estritamente falando, somente velas de cultus deveriam ser usadas dentro do presbitério (e.g. sobre o altar, na vela do Santíssimo, ou seguradas por acólitos ou ceroferários). Tais velas de cultus incluem ainda o uso de velas adicionais para solenizar uma ocasião tal como uma festa maior ou para mostrar dignidade adicional a Nosso Senhor, quando exposto no Santíssimo Sacramento (e.g. velas normais ou candelabros), bem como para mostrar respeito aos falecidos (e.g. velas do catafalco). Naturalmente, há ainda o uso de velas votivas — as quais, como o nome diz, são dedicadas a um cultus específico —, e mesmo estas situam-se usualmente fora do recinto do presbitério. Em todos estes casos, estas velas adicionais são mencionadas nas rubricas ou por autoridades litúrgicas com um propósito de cultus.

Ouvi alguns objetarem à presença da Coroa do Advento no presbitério por sua origem protestante. Pessoalmente, acredito que este é um argumento bastante fraco, uma vez que a Igreja Católica pode (e tem) adotado e batizado muitas práticas não-cristãs como suas para a liturgia sagrada, como a forma de latim hierático Itala Vetus, usada no Cânon Romano [4]. Portanto, é minha opinião que o argumento mais forte para não exibir uma Coroa de Advento no presbitério é o litúrgico, ou de cultus.

Mesmo se fosse verdade que a Coroa do Advento tem origem protestante — embora eu acredite que esta afirmação não é de todo historicamente precisa —, o fato é: este ornamento integra indiscutivelmente os símbolos católicos, como será explicado abaixo. Além disso, hoje o costume da Coroa do Advento tende a ser efetivamente mais associado ao catolicismo do que ao protestantismo, pois seu uso nos lares católicos tem sido tradicionalmente encorajado por autoridades como o Pe. Francis X. Wieser, autor do Handbook of Christian Feasts & Customs [5]. Assim, ao passo que a Coroa do Advento não é uma prática litúrgica e, portanto, não deveria estar presente no presbitério, por outro lado, é muito recomendável como um costume para os católicos observarem em seus lares.

Talvez durante os últimos parágrafos é provável que muitos leitores tenham estado esperando ansiosamente para ler se a Coroa de Advento poderia ou não ser exibida em qualquer outro lugar da igreja, digamos, na nave ou no pórtico. Em minha opinião a resposta é sim, e tenho visto exemplos edificantes desta prática (e.g. suspendendo uma grande coroa do teto). Mas, novamente, seria de se perguntar qual o benefício geral em fazê-lo, uma vez que, liturgicamente falando, o Advento já é — e oficialmente — representado na igreja pelos arranjos no presbitério e pelas vestimentas dos ministros sagrados, sem mencionar o próprio da Missa. Outro obstáculo é que tal ornamentação deve ser situada de modo a não interferir na visão do presbitério ou do altar.

Para concluir este artigo sobre a Coroa do Advento, vamos examinar brevemente seus simbolismos e, assim, melhor entender a mensagem que ela deve nos dar no conforto de nossos lares católicos, enquanto nos preparamos para a vinda de nosso Divino Menino Salvador.

Os ramos sempre-verdes [*] têm sido há muito usados decorativamente, desde os tempos antigos, para significar a esperança e a vida eterna, bem como a alegria festiva. No contexto da Coroa do Advento, o sempre-verde nos lembra de termos esperança na vinda do Cristo Salvador — o Messias —e a redenção da vida eterna que Ele  nos obterá (particularmente através de graças especiais que o tempo litúrgico do Natal nos concederá). Isso, por sua vez, nos conferirá a alegria sobrenatural que somente Cristo pode dar.

Além disso, o aroma dos ramos sempre-verdes (e.g. de pinheiro ou abeto) proporciona um odor limpo e refrescante, incutindo ainda mais em nós, através dos sentidos, a importância de purificação de nossas almas durante o Advento.

A coroa circular significa a eternidade da Santíssima Trindade e, até se poderia dizer, a eternidade do tempo, no qual a vinda — ou advento — do Filho Unigênito do Pai para a redenção da humanidade sempre esteve na mente de Deus Todo-Poderoso.

As quatro velas significam as quatro semanas preparatórios, ou Domingos, do Advento. Hoje estas velas são frequentemente coloridas, três roxas e a quarta rosa. A vela cor-de-rosa é para o III Domingo do Advento, também chamado de "Domingo Gaudete" por conta de seu Intróito, que nos exorta: "rejubila-te pois o Senhor está perto". A vela rosa também indica um costume romano único para este Domingo, quando vestimentas cor-de-rosa são usadas ao invés das roxas, significando uma sensação de alegria subjugada porque nossa penitência durante o Advento e a expectativa pelo Natal está quase no fim.

É interessante notar que, originalmente, quatro velas brancas — ou mesmo de cera crua — eram usadas na Coroa do Advento. Enquanto em outros lugares ainda uma quinta vela, maior, era colocada no centro da Coroa — significando o nascimento de Cristo —, a qual era acesa durante a Oitava do Natal, para mostrar a realização dos preparativos do Advento.

Outra decoração comumente incluída na folhagem sempre-verde era a presença frutos de árvore, como maças, pinhas ou nozes. Estas "frutas" representam as doces bençãos adicionais (como significado por uma fruta como a maça) — ou desenvolvimento futuro da graça santificante (como significado pelas pinhas carregando suas sementes ou nozes) — que esperamos com expectativa obter do nascimento de Cristo e durante o Tempo do Natal que o segue.

Notas de rodapé


[1] Em latim, a palavra cultus se refere a uma forma oficial de prática religiosa (ou rito). Pode também ser usada para se referir ao "culto aos santos", significando a forma de veneração ou devoção dada a eles pela Igreja Católica.

[2] No que diz respeito à Cena da Natividade ou presépio vista erigida costumeiramente nas igrejas durante os tempos do Natal e Advento, duas distinções devem ser notadas. Primeiro, este é uma prática católica romana imemorial e antiga (que até mesmo predata o famoso incidente de São Francisco de Assis em 1223 — leia mais [em inglês] sobre a história do presépio aqui), e, segundo, idealmente esta peça não-litúrgica não deveria situar-se dentro do presbitério (embora possa ser colocada numa capela lateral).

Além disso, há frequentemente alguma cerimônia habitual atrelada à cena da manjedoura, como uma procissão pela igreja antes ou depois da Missa do Galo, com o celebrante trazendo uma figura do Divino Infante, e, após deitá-lo solenemente no berço, incensar o Cristo Menino — esta prática em particular é derivada da cerimônia observada no verdadeiro local de nascimento de Nosso Senhor em Belém.

Outro exemplo é uma prática litúrgica de fato (sancionada pela Sagrada Congregação dos Ritos) em que o Divino Menino é colocada sobre o altar em conjunto com a cruz do altar, e é incensado à parte durante a Missa (e.g. antes do Intróito e durante o Ofertório), junto com a cruz do altar.

[3] Mais sobre estes apontamentos pode ser lido nos livros The Liturgical Altar e A Guide for Altar and Sanctuary.

[4] Para mais informação a respeito deste aspecto fascinante sobre um dos dois tipos de latim litúrgico usado na Missa Romana (o outro sendo a Vulgata de São Jerônimo), veja o excelente livro do Dr. Christine Morhmann, Liturgical Latin, Its Origins and Character.

[5] Primeiramente publicado em 1958. Uma versão deste inestimável livro foi impressa pela TAN Books em 1998 sob o título Religious Customs in the Family: The Radiation of the Liturgy into Catholic Homes, e está disponível em Christianbook.com.

[*] (NdT.:) Também conhecida por folha persistente, folha perene ou perenifólia.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Maneiras de inovar a santa missa

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Trazemos hoje um texto leve e descontraído do nosso amigo e membro do Salvem a Liturgia Lucas Cardoso. O texto é em especial para aqueles que insistem em inovar a santa missa. Segue texto abaixo: 

Você é da equipe de liturgia da sua paróquia, e está querendo inovar um pouco na celebração da Missa, para sair da mesmice? Seus problemas acabaram! Segue aqui um resumo de várias ideias para tornar a celebração eucarística diferente de tudo o que já se viu.



Em primeiro lugar, você sabia que pode escolher qualquer parte -- isso mesmo, qualquer parte -- da Missa para ser rezada ou cantada em latim? Isso mesmo, a Missa não precisa ser inteira em latim ou inteira em vernáculo. Você pode escolher apenas algumas partes, como os cantos fixos: Kyrie, Glória, Santo ou o Cordeiro de Deus. E, melhor ainda, você pode alternar essas partes quantas vezes quiser! Assim, se estiverem enjoados de cantar o Santo em latim, podem no mês seguinte cantar apenas o Cordeiro de Deus. Aposto que você não sabia disso!

O padre e os cantores não sabem latim? Sem problemas! É possível adquirir um livro que contém 17 -- isso mesmo, dezessete -- textos diferentes para o Ato Penitencial, com as tríplices invocações a Cristo para serem usadas conforme os diferentes tempos litúrgicos, memórias ou festas. Esse livro possui uma capa vermelha e chama-se Missal Romano! E ainda traz dois extras: duas fórmulas especiais para o Ato Penitencial, chamadas de "Confiteor" e "Miserere". Essas fórmulas são pouco conhecidas, mas acredite em mim, elas podem SEMPRE ser usadas, em qualquer Missa, segundo a total liberdade e originalidade da equipe! Por essa você não esperava, não é mesmo?

E a coisa não para por aí: nos Domingos, é possível substituir o Ato Penitencial pelo rito da Aspersão, que geralmente conhecemos no Tempo Pascal. Mas o que eu aposto que você não sabia é que este rito pode ser usado em QUALQUER DOMINGO DO ANO! Não é o máximo? E ainda há uma parte opcional do rito em que se pode misturar sal abençoado à água, com uma oração muito bonita e piedosa!

O altar também pode ser decorado de diversas maneiras. Você sabia que pode mexer à vontade no número de velas a serem colocadas ao seu redor? Podem ser duas, quatro ou até seis! E não se preocupe sobre onde colocá-las: você pode, um dia, colocá-las ao lado do altar, na parte lateral, ou, em outro dia, todas à frente do altar, e, se quiser realmente inovar e surpreender a todos, experimente colocar todos os castiçais SOBRE o altar. Sim, isso é totalmente permitido!

Até mesmo o padre que celebra a Missa poderá inovar: ele provavelmente não sabe, mas existe um modelo alternativo de casula, bastante confortável, principalmente nos dias quentes, chamada casula romana. Não, não existe nenhuma regra especial que restrinja seu uso a determinados dias. Ela pode ser usada SEMPRE, mesmo nos dias de semana! Tenho certeza que ele adoraria receber uma de presente!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Beleza e liturgia

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Publicamos hoje um excelente texto do professor e amigo do Salvem a Liturgia Joathas Soares Bello sobre liturgia e  a sua beleza. 

Dois erros: o esteticismo de quem confunde a Missa (liturgia) com a missa (forma musical), e o legalismo conceitualista e minimalista de quem diz "o que importa é que haja as palavras da consagração e, assim, o sacrifício de Cristo".



O cristão vai à missa para adorar o Pai junto com Cristo, oferecendo-se com Ele no seu sacrifício perfeito (eucarístico, laudatório, impetratório e expiatório), em comunhão com os irmãos. Ok.

Mas a arte sacra tem um papel pedagógico insubstituível. A beleza é, como ensina S. Tomás, "a visibilidade do bem", ou, como diz Platão, "o que é feito à imagem da verdade".

A inteligência humana é "senciente", como ensina Zubiri -que é um esclarecimento da doutrina aristotélico-tomista da "abstração"-, ou seja, o homem não pode, ordinariamente, conhecer a realidade sem a mediação da sensibilidade.

A exceção é a experiência do conhecimento místico, que apreende diretamente as realidades espirituais (e não meros conceitos lógicos, atenção!). Quem conhece o "significado" de algo que nunca viu, pode acreditar/confiar em outrem e, assim, comungando com a experiência dos que viram, conhecer a realidade crida (é a fé, presente em toda forma de conhecimento, e não só na religiosa).

A arte sacra [como a vida do santo] é o que possibilita ao fiel cristão o "ver" antecipadamente as realidades espirituais nas quais crê, e isto permite um melhor entendimento da fé e uma maior confiança. Isso é o que não entende o conceitualista acima (e que julga, em seu nominalismo teológico, que tem um saber mais "profundo"...).

Imaginar que a simples compreensão do significado é algo "mais inteligente" do que ver este significado realizado, concretizado (na música ou na escultura sacra, por exemplo), é ignorar absolutamente o que é "abstrair" ou entender simplesmente.

A beleza (artística ou moral, das "belas ações", como fala Platão) é o que -retomando as referências acima- torna visível a Verdade e o Bem. O que supõe que o artista sacro deve ter uma profunda experiência espiritual, que intui algo das verdades eternas, e que é capaz de plasmá-las na sua música, na sua pintura, etc., permitindo que os fiéis, participando desta experiência através da contemplação e da audição, entenda melhor a doutrina e comungue mais profundamente do amor.

Isso é que os esteticistas e os legalistas ignoram: a beleza na liturgia está a serviço da santificação dos fiéis, e não de um deleite sensível ou de uma alegria legítima, porém acessória.

Em uma missa barulhenta, mal celebrada, etc., Cristo estará igualmente presente, porém de maneira mais velada. E isso não significa alguma vantagem! Pois isso é supor uma capacidade ascética e mística que a média dos fiéis não tem, e esconder um tesouro que deveria ser distribuído com mais abundância.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Como devem ser as velas do Altar e o arranjo beneditino?

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Neste vídeo, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, membro e preceptor da Milícia de Santa Maria, e autor da série de livros "Entrarei no Altar de Deusexplica esta questão baseando-se nos documentos oficiais da Igreja, seja da Forma Ordinária como da Forma Extraordinária do Rito Romano.


Assista o vídeo de como devem ser as velas do altar e o arranjo beneditino.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Como devem ser as toalhas do Altar?

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Post original - http://www.movimentoliturgico.org/como-devem-ser-toalhas-altar/ 

Segundo vídeo do canal da Academia Internacional de Estudos Litúrgicos “São Gregório Magno” com uma resposta dada a pergunta de um leitor: “Como devem ser as toalhas do Altar?”.



Nele, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, explica a questão a partir dos documentos da Igreja na Forma Ordinária e Extraordinária do Rito Romano!




segunda-feira, 8 de agosto de 2016

É possível a celebração versus Deum?

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`Post original: http://www.movimentoliturgico.org/e-possivel-celebracao-versus-deum/

Neste vídeo, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, membro e preceptor da Milícia de Santa Maria, e autor da série de livros "Entrarei no Altar de Deus", explica a questão da própria celebração versus Deum, iniciando o vídeo dizendo que não é necessário se esperar o primeiro Domingo do Advento para se iniciar esta forma de celebração, pois ela pode ser iniciada já! 



sábado, 23 de julho de 2016

Da suposta inovação na Festa de Santa Maria Madalena

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Alexander A. Ivanov - Aparição de Jesus Cristo a Maria Madalena (1835)
Ontem (22) celebramos a festa litúrgica de Santa Maria Madalena, que passou recentemente por alterações em sua classificação litúrgica. A respeito desta mudança e da suposta inovação que ela representaria, traduzo trechos de um artigo de Gregory DiPippo publicado no New Liturgical Movement:
"[..] um decreto da Congregação para o Culto Divino, que eleva a festa de Santa Maria Madalena, na Forma Ordinária, do grau de Memória Obrigatória para Festa, o mesmo grau em que se situam os Apóstolos, com exceção da Solenidade de São Pedro e São Paulo. Um novo prefácio foi adicionado a sua Missa, cujo restante permanece inalterado. [..] Seu Ofício será atualizado de forma mais perceptível, uma vez que agora deve haver salmos e antífonas próprias para o Ofício das Leituras, e Terça, Sexta e Nona não devem mais ser as da féria, como no caso das Memórias. Nenhuma referência foi feita à Forma Extraordinária, cuja festa permanece como de 3ª Classe; talvez a comissão Ecclesia Dei considerará elevá-la a 2ª Classe, por analogia ao novo decreto."
Comentando a balbúrdia gerada pelo fato do Papa Francisco elevar a festa de uma mulher para um grau em sua maioria ocupado pelos apóstolos, DiPippo esclarece:
"Não apenas isto não é uma novidade, é um retorno parcial a uma prática histórica do Rito Tridentino. No Breviário de São Pio V, que precede seu Missal em dois anos (1568), havia apenas três graus de festas: Duplex, Semiduplex e Simplex. A festa de Santa Maria Madalena era Duplex, ou seja, ela tinha duas Vésperas, antífonas dobradas nas horas maiores, nove leituras nas Matinas, precedência sobre Domingos comuns, e tinha que ser transferida caso impedida. É verdade que, mais tarde, quando as festas Duplex foram subdivididas em quatro categorias, ela permaneceu na mais baixa delas (juntamento com todos os Doutores, dentre outros). No entanto, os privilégios de seu grau litúrgico somente começaram a ser reduzidos no final do reinando do Papa Leão XIII, já no fim do século XIX.

"Como fiz perceber em 2014, num artigo sobre seu dia festivo, o Credo era tradicionalmente rezado na Missa de Santa Maria Madalena, em reconhecimento ao fato de que foi ela quem primeiro anunciou a Ressurreição aos Apóstolos. (Este aprazível costume foi removido do Missal Romano sem motivo discernível em 1955.) É por isso também que ela é chamada de "Apóstola de Apóstolos" em muitos textos litúrgicos medievais, como cantado pelos Beneditinos na antífona do Benedictus do seu Ofício:
"O mundi lampas, et margaríta praefúlgida, quae resurrectiónem Christi nuntiando, Apostolórum Apóstola fíeri meruisti! María Magdaléna, semper pia exoratrix pro nobis adsis ad Deum, qui te elégit."
Que Santa Maria Madalena interceda por todos nós.
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