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terça-feira, 22 de junho de 2010

Padres do I Encontro sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum, em Garanhuns, PE, ao Papa

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Os participantes do I Encontro Sacerdotal sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum, na Diocese de Garanhuns, Pernambuco, enviaram ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, a seguinte carta:

CARTA AO SANTO PADRE
DOS PARTICIPANTES DO
“I Encontro Sacerdotal sobre o Motu proprio Summorum Pontificum,
um grande dom espiritual e litúrgico para toda a Igreja”
Garanhuns, PE

A Sua Santidade

O Papa Bento XVI


Beatíssimo Padre,


Participantes do “I Encontro Sacerdotal sobre o Motu proprio Summorum Pontificum, um grande dom espiritual e litúrgico para toda a Igreja”, realizado na cidade de Garanhuns, PE, Brasil, nos dias 17, 18 e 19 de junho de 2010, patrocinado pela Diocese de Garanhuns e pela Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, com o apoio e o incentivo da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, expresso em carta de S. Emcia. o Cardeal William Levada, no encerramento deste nosso encontro e ainda sob a influência da graça do Ano Sacerdotal, vimos expressar a nossa profunda gratidão pelo ministério petrino de Vossa Santidade, a nossa sincera solidariedade, união e plena comunhão, bem como o nosso leal desejo de colaborar com o Sucessor de Pedro e Vigário de Jesus Cristo na aplicação da Carta Apostólica Summorum Pontificum, colocando todo o nosso empenho na construção da “Paz litúrgica”, tão desejada por Vossa Santidade.


Este nosso Encontro, que foi previamente comunicado à CNBB e à Nunciatura Apostólica no Brasil, contou com a participação de Sacerdotes oriundos de diversas partes do nosso País, cada qual com a devida permissão do seu Bispo ou Superior, tendo sido realizado, portanto, dentro do mais autêntico espírito de comunhão eclesial.


É com esse espírito de comunhão e colaboração com a Igreja no Brasil e no mundo que imploramos humildemente a Vossa Santidade a Benção Apostólica para nossas pessoas e nosso ministério.


Garanhuns, 19 de junho de 2010.


+ Fernando Guimarães, Bispo Diocesano de Garanhuns, PE
+ Fernando Areas Rifan, Administrador Apostólico – Campos, RJ
+ Adalberto Paulo da Silva OFMCap, Bispo Auxiliar emérito de Fortaleza, CE
Mons. Lucilo Alves Machado, Reitor do Rosário dos Pretos, Natal, RGN
Mons. Joelson Alves de Andrade, Pároco de Santo Antônio, João Pessoa, PB
Pe. Paulo Sampaio, C.O – Congregação do Oratório, São Paulo, SP
Mons. Sérgio Costa Couto, Reitor de Nossa Senhora do Outeiro da Glória, representando a Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ
Pe. Jailton da Silva Soares, Vigário Paroquial da Catedral de Natal, RN
Pe. Érico Rodrigues de Mello Falcão, Vigário Paroquial da Catedral de Maceió, AL
Diác. João Jefferson Chagas, Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ
Pe. Nildo Leal de Sá, Pároco de São Sebastião e São Cristovão, Arquidiocese de Olinda e Recife
Frei Pedro Rogério Martins OFMConv, Pároco de Nossa Senhora Aparecida e Cristo Redentor, João Pessoa, PB
Frei Marcelo da Silva Dutra OFMConv, Vigário Paroquial de Nossa Senhora Aparecida e Cristo Redentor, João Pessoa, PB
Pe. Expedito Miguel do Nascimento, Administrador Paroquial Nossa Senhora dos Remédios, Recife, PE
Pe. José Sampaio Alves, Pároco de Porteiras, Diocese de Crato, CE
Pe. Claudiomar Silva Souza, Pároco da Igreja Principal da Administração Apostólica S. João Maria Vianney, Campos, RJ
Manoel Lourenço de Oliveira, seminarista da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Paulista, PE
Rodrigo Alves de Oliveira Arruda, seminarista da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Paulista, PE
Dom Bento de Lyra Allertin OSB, Prior Conventual do Mosteiro de São Bento de Pouso Alegre, MG
Pe. Ricardo Pereira da Silva, Pároco de Cristo Rei, Arquidiocese de Campo Grande, MS
Pe. Salmuel Brandão de Oliveira MSC, Professor de Sagrada Escritura, Faculdade Católica de Fortaleza, CE
Pe. Carlos Augusto Azevedo da Silva, Pároco de Santa Maria Goretti, Arquidiocese de Belém, PA
Pe. Marcelo Protázio Alves, Pároco da Imaculada Conceição, Quipapá, Diocese de Garanhuns
Pe. Wiremberg Silva, Arquidiocese de Belém
Pe. Reinaldo Barbosa, Vigário da Paróquia de Santa Rita de Cássia, Arquidiocese de Sorocaba, SP
Pe. José Emerson Alves da Silva, Pároco de São Sebastião, Diocese de Garanhuns, PE
Pe. José Edilson de Lima, Administração Apostólica São João Maria Vianney, Juiz Auditor do Tribunal Eclesiástico do Rio de Janeiro

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Solenidade de Santo Antonio, padroeiro da Catedral de Frederico Westphalen - RS

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Como já tradicionalmente em todo o mundo, aos 13 dias do mês de junho, em toda a Igreja celebra-se a Festa de Santo Antonio, o Santo ao qual mais Igrejas estão dedicadas.
Em diversas localidades, Santo Antonio é o padroeira de Catedrais, como em Frederico Westphalen, as 6h da manhã como de costume, inicia-se o dia do padroeiro com a alvorada festiva e a primeira missa com a equipe de trabalho da festa do padroeiro.
As 9h30 ao som dos sinos, adentra a catedral diocesana, a procissão de entrada da missa solene do dia, presidida por Sua Excia. Rev. Dom Antonio Carlos Rossi Keller, concelebrada pelo pároco da catedral Côn. Leonir, e os vigários paróquias. As imagens a seguir tentam mostram um pouco de tão bela festa.
A imagem de Santo Antonio, ornada com os tradicionais lirios.

A procissão de entrada, o Bispo que entra abençoando o povo.


A deposição de mitra, feita pelo Mestre de Cerimônias

A incensação do altar

Ritos Iniciais
O Bispo que preside a celebração da Catedra.

Homilia. Proferida defronte do altar, o
Bispo estando sentado num faldistório.

O Coral

O Bispo toma o báculo para então se dirigir ao altar para
a apresentação das oferendas.



Durante o Abraço da Paz, pode-se ver parte
do povo presente na celebração

A saída da procissão em honra do Santo Padroeiro



domingo, 20 de junho de 2010

Santa Missa na forma ordinária com procissão e Benção do Santíssimo

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Dom Athanisius Schneider, ORC celebrando a Santa Missa na Forma Ordinária do Rito Romano na Paróquia da Gruta da Assunção em Detroit - USA





Após a Santa Missa das 12:00 é costume acontecer nesta paróquia Adoração do Santíssimo Sacramento e, quando as condições climáticas permitem, ocorre uma pequena Procissão Eucarística até a "Gruta de Nossa Senhora da Assunção" onde acontece a Benção Solene do Santíssimo Sacramento.


















Note-se a quantidade de crianças juntamente com os pais durante a Procissão;

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Encontro do sacerdote com Maria na Celebração Eucarística

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Por Dom Juan Silvestre, consultor do Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice:


1. Eucaristia, Igreja e Maria: relação com o sacerdote

"Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja." [1]. Estas palavras do venerável João Paulo II constituem um marco adequado e nos introduz no tema que trataremos de desenvolver em breve neste artigo: O encontro do sacerdote com Maria na celebração eucarística.

Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e Ressurreição do Senhor, "realiza-se também a obra da nossa redenção" [2] e daí se pode afirmar que "existe um influxo causal da Eucaristia nas próprias origens da Igreja" [3]. Na Eucaristia, Cristo entrega-se a nós, nos edificando continuamente como seu corpo. Portanto, "na sugestiva circularidade entre a Eucaristia que edifica a Igreja e a própria Igreja que faz a Eucaristia,(33) a causalidade primária está expressa na primeira fórmula: a Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício da Cruz" [4]. A Eucaristia precede cronológica e ontologicamente a Igreja e desta forma se comprova mais uma vez que o Senhor nos "amou primeiro".

Ao mesmo tempo, Jesus perpetuou sua entrega mediante a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia. Naquela "hora", Jesus antecipa sua morte e sua Ressurreição.

Logo podemos afirmar que "Neste, Jesus Cristo entregava à Igreja a atualização perene do mistério pascal" [5]. Todo o Tridumm paschale está como incluído, antecipado e "concentrado" para sempre no Dom eucarístico. Por isso, todo presbítero ao celebrar a Santa Missa, juntamente com a comunidade cristã que nela participa, volta a ser a "hora" da Cruz e da glorificação, volta espiritualmente ao lugar e a hora Santa da redenção [6]. Na eucaristia entramos no ato oblativo de Jesus e assim, participando em sua entrega, na em seu corpo e sangue, nos unimos a Deus [7].

Neste "memorial" do Calvário está presente tudo o que Cristo fez em sua Paixão e morte. "Por isso, não pode faltar o que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor" [8]. Em cada celebração da Santa Missa voltamos a escutar aquele "Eis o teu filho" do Filho à sua Mãe, enquanto nos diz "Eis a tua Mãe" (cf. Jo 19, 26-27).

"Acolher Maria significa introduzi-la no dinamismo de toda a própria existência - não é algo exterior - e em tudo o que constituí o horizonte do próprio apostolado" [9]. Por isso "Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom. (...) Maria está presente, com a Igreja e como Mãe da Igreja, em cada uma das celebrações eucarísticas. Se Igreja e Eucaristia são um binômio indivisível, o mesmo é preciso afirmar do binômio Maria e Eucaristia" [10]. A presença da Santíssima Virgem na celebração eucarística ordinária e habitual será o ponto que trataremos para desenvolvimento.

A recomendação da celebração cotidiana da Santa Missa, ainda quando não houver participação de fiéis, deriva por uma parte do valor objetivamente infinito de cada celebração eucarística; e "é motivada ainda pela sua singular eficácia espiritual, porque, se vivida com atenção e fé, a Santa Missa é formadora no sentido mais profundo do termo, enquanto promove a configuração a Cristo e reforça o sacerdote na sua vocação" [11]. Neste caminho de conformação e transformação, o encontro do sacerdote com Maria na Santa Missa cobra uma importância particular. Na realidade, "por sua identificação e conformação sacramental a Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria, todo sacerdote pode e deve se sentir verdadeiramente filho predileto desta altíssima e humildíssima mãe" [12].

2. Na Missa de Paulo VI

Sua material presença é experimentada em dois momentos significativos da celebração eucarística segundo o Missal romano em seu editio typica tertia, expressão ordinária da Lex orandi da Igreja Católica de rito latino: o Confiteor do ato penitencial e a oração eucarística.

2.1 O Confliteor. No caminho até o Senhor nos damos conta de nossa própria falta de dignidade. O homem diante de Deus se sente pecador e de seus lábios brota espontaneamente a confissão da própria miséria. Se faz necessário pedir ao longo da celebração que o mesmo Deus nos transforme e aceite que participemos dessa actio Dei que configura a liturgia. De fato, o espírito de conversão continuar é uma das condições pessoais que faz possível a actuosa participatio dos fiéis e do mesmo sacerdote celebrante. "não podemos esperar uma participação ativa na liturgia eucarística, se nos abeiramos dela superficialmente e sem antes nos interrogarmos sobre a própria vida (...). um coração reconciliado com Deus predispõe para a verdadeira participação" [13].

O ato penitencial, que "é realizado por meio da fórmula da confissão geral de toda comunidade" [14] facilita que nos conformemos aos sentimentos de Cristo, que coloquemos os meios para fazer possível aquele "estar com Deus" e às vezes nos "força" a sair de nós mesmos, nos move a rezar com e pelos outros: não estamos sós. Pela comunhão dos santos ajudamos e nos sentimos ajudados e sustentados uns pelos outros. Nesse contexto onde encontramos uma das modalidades de oração litúrgica mariana, a qual é apresentada como recordação da intercessão de Santa Maria noConfiteor. Como recordava Paulo VI "o mesmo Povo de Deus a invocá-la sob os títulos de Consoladora dos aflitos, Saúde dos enfermos e Refúgio dos pecadores, a fim de alcançar conforto nas tribulações, alívio nas doenças e, quando ilaqueado pela culpa, a força libertadora; porque ela, isenta do pecado, leva os seus filhos a isto: a debelarem, com decisão enérgica, o pecado" [15].

O Confiteor, genuína fórmula de confissão, se encontra com diversas redações a partir do século IX em âmbito monástico. A partir daí as igrejas passarão para o clero secular e o encontramos como um elemento fixo no Ordo da Cúria papal anterior a 1227 [16].

"Ideo precor beatam Mariam semper Virginem"."Por isso rogo a Santa Maria, sempre Virgem, (...) que intercedais por mim diante de Deus nosso Senhor".Ela, em comunhão com cristo, único mediador, reza ao Pai por todos os fiéis, seus filhos. Como recorda o Concílio "a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, e da mesma tira toda sua virtude; e longe de impedir-la, fomenta a união imediata dos crentes em Cristo" [17]. Santa Maria "Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada" [18].

E este cuidado é demonstrado especialmente pelos sacerdotes. "De fato, são duas as razões da predileção que Maria sente por eles: porque se assemelham a Jesus, amor supremo de seu coração, e porque também eles, como ela, estão comprometidos na missão de proclamar, testemunhar e dar a Cristo ao mundo" [19]. Assim se explica a afirmação do concílio Vaticano II: "Ela, a quem os presbíteros devem amar e venerar com devoção e culto filial, como Mãe do sumo e eterno sacerdote, como rainha dos Apóstolos e auxílio do seu ministério" [20].

2.2 - A Oração Eucarística: Pelo que se refere a memória de Maria as Pregações eucarísticas do Missal Romano "uma tal evocação cotidiana, pelo lugar em que foi colocada, no coração do Sacrifício divino, deve ser considerada forma particularmente expressiva do culto que a Igreja tributa à "Bendita do Altíssimo" (cf. Lc 1,28)" [21].

Esta lembrança de Santa Maria se manifesta de duas formas: sua presença na Encarnação e sua intercessão na glória. Próximo do primeiro ponto podemos recordar que o "sim" de Maria é a porta pela qual Deus se encarna, entra no mundo. Deste modo, Maria está real e profundamente envolvida no mistério da Encarnação, e portanto de nossa salvação. "A Encarnação, o fazer-se homem do Filho, desde o início estava orientado ao dom de si mesmo, a se entregar com muito amor na cruz a fim de se converter em pão para a vida do mundo. Desta forma sacrifício, sacerdócio e Encarnação andam juntos, e Maria se encontra no centro deste mistério" [22].

Assim o encontramos expressado por exemplo no prefácio da Oração eucarística II, que se remonta a à Traditio apostolica, e no Post-sanctus da IV. As duas expressões são muito semelhantes.

No contexto da Oração eucarística esta confissão de fé destaca a cooperação da Santa Maria no mistério da Encarnação e seu vínculo com Cristo, assim como a ação do Espírito Santo. Com ela é tratado de apresentar a Eucaristia como presença verdadeira e autêntica do Verbo encarnado que sofreu e foi glorificado. A Eucaristia, enquanto remete a Paixão e a Ressurreição, está ao mesmo tempo em continuidade com a Encarnação.

Como destaca João Paulo II, "Maria, na anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada crente quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor" [23]. Maria aparece assim ligada a relação Encarnação-Eucaristia.

Por outro lado, a presença de Santa Maria na Oração eucarística, também nos apresenta sua intercessão na glória. Sua lembrança na Comunhão dos Santos é típico do Cânon romano e se encontra nas outras Orações do Missal Romano, em sintonia com as Anáforas orientais. "A tensão escatológica suscitada pela Eucaristia exprime e consolida a comunhão com a Igreja celeste. Não é por acaso que, nas Anáforas orientais e nas Orações Eucarísticas latinas, se lembra com veneração Maria sempre Virgem, Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo" [24].

A memória de Santa Maria no Cânon romano ficou enriquecido com títulos solenes que recordam a proclamação do dogma da Maternidade divina no Concílio de Éfeso (431) e provavelmente expressões que são usadas nas homilias dos Papas [25]. A menção solene do Cânon romano reza:

"in primis gloriosae semper virginis Mariae Genetricis Dei, et Domini nostri lesu Christi". Veneramos a memória, antes de tudo, da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor" (Cânon Romano)

Santa Maria é exaltada com os títulos de gloriosa e semper Virgo, como a chama Santo Epifânio [26]. Em contrapartida, a expressão utilizada, "Genetrix Dei" é utilizada com frequência pelos padres latinos, especialmente por Santo Ambrosio. Sua inclusão no Cânon romano é anterior ao Papa Leão Magno, e muito provavelmente foi introduzida antes do Concílio de Éfeso [27]. Finalmente é lembrada como a primeira entre todos os santos.

O significado desta menção e a memória pode ser triplo [28]: primeiro porque a Igreja recordando de Santa Maria entra em comunhão com Ela; em segundo lugar sua recordação é lógica pois deriva da condição de santidade e glória própria da Mãe de Deus [29]; finalmente pela intercessão, que por meio dela, se pede a Deus [30]: "por seus méritos e orações [de Santa Maria e dos santos] concedei-nos [Senhor] em toda sua proteção".

Em um contexto similar ao do Cânon romano, porém com pequenas variações, se encontra o pedido a Santa Maria e aos santos para alcançar a vida eterna:

"Dai-nos participar da vida eterna, com a Virgem Maria, mãe de Deus" (II)

"... com a Virgem Maria, mãe de Deus,os vossos Apóstolos e Mártires, (...) que não cessam de interceder por nós na vossa presença." (III) [31]

"E a todos nós, vossos filhos e filhas,concedei, ó Pai de bondade, que, com a Virgem Maria, mãe de Deus, com os Apóstolos e todos os Santos, possamos alcançar a herança eterna no vosso reino (...)." (IV)

3. Na Missa de São Pio V

Finalmente, no Missal romano, promulgado pelo beato João XXIII em 1962, expressão extraordinária da Lex orandi da Igreja católica de rito latino, encontramos mencionada Santa Maria em outros dois momentos da celebração eucarística. Numa parte, na súplica a Santíssima Trindade que é rezada pelo sacerdote depois do lavatório dos pés e conclui o rito de oferendas.

Nesta oração se lê:

"Suscipe sancta Trinitas, hanc oblationem quam tibi offerimus ob memoriam passionis...; et in honorem beatae Mariae semper Virginis..."

Esta oração resume as intenções e os frutos do sacrifício como um epílogo do ofertório. Efetivamente depois de relembrar que a oferenda se faz em memória da Paixão, Ressurreição e Ascensão do Senhor, aparecem mencionados a Santíssima Virgem e os santos São João Batista, São Pedro e São Paulo. A menção de Maria se situa no contexto daquela veneração que a Santa Igreja, com amor especial, tributa o vínculo indissolúvel entre ela e a obra salvífica de seu filho. Ao mesmo tempo, ela admira e exalta o mais esplêndido fruto da redenção [32]. "Na eucaristia a Igreja une-se plenamente a Cristo e ao seu sacrifício, com o mesmo espírito de Maria." [33].

A menção a Maria encontramos também no Líbera nos depois do Pater noster:

"Líbera nos, quaesumus Domine, ab omnibus malis, praeteritis, praesentibus et futuris:et intercedente beata et gloriosa semper Virgine Dei Genitrice Maria (...) da propitius pacem in diebus nostris..."

Uma vez mais, esta oração também manifesta essa perfeita unidade que existre entre a Lex Orandi e a Lex crendendi, "a fonte da nossa fé e da liturgia eucarística é o mesmo acontecimento: a doação que Cristo fez de Si próprio no mistério pascal" [34]. De fato, esta oração nos mostra que "pelo caráter de intercessão, que se manifestou pela primeira vez em Caná da Galileia, a mediação de Maria continua na história da Igreja e do mundo" [35].

4. Conclusão

No final desta breve viagem pelo Ordo Missae marcado por significativos encontros com a Santa Maria, podemos afirmar com um dos grandes santos de nosso tempo "Para mim, a primeira devoção mariana - gosto de ver assim - é a Santa Missa (...) esta é uma ação da Trindade: por vontade do Pai, cooperando o Espírito Santo, o Filho se oferece em oblação redentora. Neste insondável mistério, se adverte, como entre velos, o rosto puríssimo de Maria: Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, esposa de Deus Espírito Santo. O trato com Jesus no Sacrifício do Altar, traz consigo necessariamente o trato com Maria, sua mãe" [36].

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1 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 53.

2 CONCÍLIO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 3.

3 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 21.

4 BENTO XVI, exh. apost. post. Sacramentum caritatis, n. 14.

5 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 5.

6 Cf. JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 4.

7 Cf. BENTO XVI, enc. Deus caritas est, n. 13.

8 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 57.

9 BENTO XVI, Audiência general, 12-VIII-2009.

10 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 57.

11 BENTO XVI, exh. apost. post. Sacramentum caritatis, n. 80.

12 BENTO XVI, Audiência general, 12-VIII-2009.

13 BENTO XVI, exh. apost. post. Sacramentum caritatis, n. 55.

14 Institutio Generalis Missalis Romani, n. 55.

15 PAULO VI, exh. apost. Marialis cultus, n. 57.

16 V. RAFFA, Liturgia eucaristica. Mistagogia della Messa: della storia e della teologia alla pastorale pratica, Roma 2003, p. 272-274.

17 CONCÍLIO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 60.

18 CONCÍLIO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 62.

19 BENTO XVI, Audiência general, 12-VIII-2009.

20 CONCÍLIO VATICANO II, Decr. Presbyterorum ordinis, n. 18.

21 PAULO VI, exh. apost. Marialis cultus, n. 10.

22 BENTO XVI, Audiência general, 12-VIII-2009.

23 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 55.

24 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 19.

25 Cf. S. MEO, "La formula mariana Gloriosa semper Virgo Maria Genitrix Dei et Domini nostri Iesu Christi nel Canone romano e presso due Pontefici del V secolo" in PONTIFICIA ACADEMIA MARIANA INTERNATIONALIS, De primordiis cultus mariani, Acta Congressus Mariologici-mariani in Lusitania anno 1967 celebrati, vol. II, Romae 1970, pp. 439-458.

26 Cf. M. RIGHETTI, Historia de la liturgia I, Madrid 1956, p. 334.

27 M. AUGE, L'anno liturgico: è Cristo stesso presente nella sua Chiesa, Città del Vaticano 2009, p. 247

28 Cf. J. CASTELLANO, "In comunione con la Beata Vergine Maria. Varietà di espressioni della preghiera liturgica mariana", Rivista liturgica 75 (1988) 59.

29 "La santidad ejemplar de la Virgen mueve a los fieles a levantar los ojos a María, la cual brilla como modelo de virtud ante toda la comunidad de los elegidos" (PAULO VI, exh. apost. Marialis cultus, n. 57).

30 "La piedad hacia la Madre del Señor se convierte para el fiel en ocasión de crecimiento en la gracia divina: finalidad última de toda acción pastoral. Porque es imposible honrar a la Llena de gracia (Lc 1,28) sin honrar en sí mismo el estado de gracia, es decir, la amistad con Dios, la comunión en El, la inhabitación del Espíritu" (PAULO VI, exh. apost. Marialis cultus, n. 57).

31 "La reciente plegaria eucarística III que expresa con intenso anhelo el deseo de los orantes de compartir con la Madre la herencia de hijos: Que Él nos transforme en ofrenda permanente, para que gocemos de tu heredad junto con tus elegidos: con María, la Virgen" (PAULO VI, exh. apost. Marialis cultus, 10)

32 Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Const. Sacrosanctum concilium, n. 102.

33 JOÃO PAULO II, enc. Ecclesia de Eucharistia, n. 58.

34 BENTO XVI, exh. apost. post. Sacramentum caritatis, n. 34.

35 JOÃO PAULO II, enc. Redemptoris mater, n. 40.

36 S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, La Virgen del Pilar. Libro de Aragón, Madrid 1976, p. 99.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A oração litúrgica

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Texto do Fr. Patrício Sciadini, OCD:

O universo da oração é tão vasto como as estrelas do céu ou como a areia da praia, cujos grãos são incalculáveis. Entre tantas formas de oração, vale destacar a litúrgica como algo muito significativo, maravilhoso, onde sentimento, fé e arte se mesclam com a sabedoria da mente e do coração, formando o mundo espiritual dos gestos e do sagrado.

Mas o que é liturgia?

Na tradução grega do Antigo Testamento, chamada dos Setenta, a palavra "liturgia" significa serviço religioso prestado em favor do povo, dirigido a Deus. Portanto, algo sagrado.

É um "culto público feito em nome da Igreja"; podemos dizer também que é um caminho, um meio mais fácil e eficaz para entrar em comunhão com Deus e nos encher de alegria.

É importante lembrar que na oração litúrgica não cabem "outras orações ou devoções". Sobretudo antes do Concílio Vaticano II, era normal, por exemplo, ver o povo rezar o terço, fazer via-sacra ou outra prática de piedade durante a missa **. Porém, este Concílio ensina que cada coisa deve ter ser teu tempo e lugar.

"Os piedosos exercícios do povo cristão, conquanto conformes às leis e normas da Igreja, são encarecidamente recomendados, sobretudo quando são feitos por ordem da Sé Apostólica. Gozam ainda de especial dignidade as práticas religiosas das Igrejas particulares, que se celebram por ordem dos Bispos, conforme os costumes ou livros legitimamente aprovados. Assim, pois, considerando os tempos litúrgicos, estes exercícios devem ser organizados de tal maneira que condigam com a Sagrada Liturgia, dela de alguma forma derivem, para ela encaminhem o povo, pois que ela, por sua natureza, em muito os supera" (SC 13).

Portanto, não se trata de desprezar os exercícios de piedade, mas de reorientá-los, pois fazem parte da grande oração da Igreja e devem ser alimentados para que o povo possa perceber que a oração, na sua profundidade e grandeza, não se esgota em um só ato.

Liturgia, ápice e caminho de oração

Cada expressão litúrgica, palavra ou gesto, é caminho de comunhão com Deus, é encontro com o mistério, extasiamento e adoração ao Invisível que se faz presente com sua força e seu amor.

Quem participa de uma celebração litúrgica deve ser levado ao sentido místico de cada ato, a mergulhar no santuário do seu interior e perceber que Deus o santifica e o invade com toda a sua força. A liturgia torna-se assim ápice, maior manifestação e fonte de toda oração; a liturgia nos leva à oração pessoal e esta transborda na necessidade da oração litúrgica. Há momentos em que precisamos celebrar junto com a comunidade o que se passa na nossa vida de fé.

É preciso dar espaço para a oração que assume esta realidade litúrgico-comunitária. Por isso toda oração deve ser preparada, especialmente quando se trata da oração litúrgica, como a Eucaristia e outras formas. Tudo concorre para que o nosso espírito possa encontrar alimento substancioso para a vida espiritual.

Os símbolos da "liturgia" falam por si mesmos: paramentos, flores, velas, as procissões, incenso, são meios que, no seu silêncio, têm uma voz muito forte e que nos convidam a uma comunhão com o transcendente. As músicas também devem estar numa sintonia com o mistério litúrgico que celebramos. Há um direcionamento de tudo o que realizamos para que o mistério se faça mais compreensível.

A todos, aconselho a se prepararem para celebrar bem a liturgia com amor, meditando a Palavra de Deus e deixando que o Espírito do Senhor nos transporte à contemplação dos mistérios.

Rezar a liturgia

Entre tantos caminhos de "oração" que nos são oferecidos não há a menor dúvida que a liturgia é um dos mais belos, o principal, o caminho real que com seus gestos, sua beleza, sua arte e especialmente com seu dinamismo em fazer-nos reviver a "memória de Jesus", nos faz penetrar na silenciosa e adoradora contemplação do mistério do amor. Rezar a liturgia quer dizer não sermos simples espectadores, preocupados com a estética litúrgica, mas com o mistério que estamos celebrando.

A liturgia é fonte de meditação, de oração vocal, de contemplação e de "êxtase". Os místicos sempre tiveram um grande amor para com a liturgia, mesmo quando sabiam que o mistério de Deus poderia arrebatá-los. Assim Santa Teresa de Ávila amava a liturgia, embora de vez em quando caía em profundas visões e êxtases místicos, dizia que daria mil vidas por uma única cerimônia da Igreja... Conta-se de São Filipe Neri que costumava celebrar a missa "correndo" e pronunciar as palavras da consagração "rapidissimamente" por medo que fosse tomado pelo Espírito de Deus e caísse em êxtase, do qual era bem difícil voltar à realidade. Assim, para que isto não acontecesse, sempre havia perto dele um outro irmão que vigiava para que isto não acontecesse... Mas estas são coisas de santos e de místicos que não acontecessem conosco, pobres mortais.

Rezar a liturgia é preparar o nosso coração a acolher com amor o Senhor em nossa vida e celebrar no santuário interior desde já, a liturgia que um dia celebraremos sem fim no céu.

Aprender a rezar a liturgia é caminhar com passos rápidos ao encontro com Deus.

Não há verdadeira santidade sem um amor apaixonado pela liturgia, e nem uma profunda oração sem fazer dos mistérios litúrgicos o coração da nossa contemplação.

"... Quando consagrar essa Hóstia em que Jesus, ‘o único santo’, renova a sua encarnação, peço-lhe que consagre também a mim com Ele como uma hóstia de louvor para a sua glória (cf. Hb 13,14), para que todas as minhas aspirações, todos os meus sentimentos e todos os meus atos sejam uma homenagem prestada à sua santidade." (Carta 216 – Beata Elisabeth da Trindade).

Fonte: Comunidade Shalom

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** Nota do Salvem a Liturgia!: A melhor forma, objetivamente, de participar da Missa é pela chamada "Missa dialogada", seja em latim, seja em vernáculo, mas outras formas, subjetivamente, podem ser melhores dependo das circunstâncias e da situação específica do fiel.

Mais sobre a recitação do Santo Rosário durante a Missa:

O ROSÁRIO DURANTE A MISSA

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Órgãos e catedrais

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Recebi um e-mail do Pe. Federico Juárez, LC, com as fotos que posto abaixo. Vale a pena clicar no link.

Triste é saber que, no Brasil, salvo raras e honrosas exceções, nossas igrejas são, para usar uma palavra caridosa, “diferentes”.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Mais fotos da Paróquia Bom Jesus dos Navegantes - Aracaju

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Trazemos mais algumas fotos do Tríduo Eucarístico da Paróquia Bom Jesus dos Navegantes em Aracaju - SE. As fotos da Solenidade de Corpus Christi foram publicadas no Salvem a liturgia e podem ser vistas aqui.

No primeiro dia, 31 de Maio, presidiu a Santa Missa o Padre Josué do Nascimento Santos. Dia 1º de Junho, o Padre Adeilson Carlos Santana Santos  e dia 02 de junho Pe. Paulo Lima, todos da Arquidiocese de Aracaju que está no ano Jubilar dos 100 anos de criação da Diocese e 50 anos de elevação à categoria de Arquidiocese. O concelebrante é o Padre Genário de Oliveira Junior, responsável pela paróquia.




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