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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ordenações Diaconais e Presbiterais em Braga - Portugal

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A cripta do Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, em Braga, tornou-se pequena para o mar de gente que quis assistir as Ordenações Presbiteral e Diaconal, no dia 18 de Julho passado. A Ordem dos Frades Menores associou-se à Arquidiocese de Braga no dia em que esta ordenava cinco novos sacerdotes, e pediu a Dom Jorge Ortiga que ordenasse diáconos dois frades franciscanos: Frei Henrique Perdigão, como diácono permanente, e Frei Pedro Santos, tendo em vista futura ordenação sacerdotal.

Durante a celebração, presidida pelo Arcebispo Primaz, e concelebrada pelo Superior Provincial da Ordem dos Frades Menores, Frei Vítor Melícias, vários bispos e numeroso clero secular e regular, Dom Jorge Ortiga afirmou, perante os milhares de crentes que o ouviam, que "amar Cristo é partir e situar-se onde a Igreja precisa, com coincidência ou não com os gostos pessoais".

O Arcebispo metropolita também não escondeu que, no envio em missão, "uns sentirão maiores dificuldades", mas assegurou que "a Igreja está com todos", pois "quando reconhecemos que a Palavra de Deus é o caminho a percorrer assumimos que a prioridade lhe pertence".

Para a Ordem Franciscana a ordenação diaconal destes dois irmãos, cada um em vista da sua missão específica - um em função do exercício permanente da caridade, outro em função da caridade e do culto no exercício do ministério sacerdotal - constitui, por si só, sinônimo da vitalidade do espírito que continua a suscitar na Igreja e na Ordem os ministérios de que necessita.


Algumas fotos da celebração:

Dom Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga


Cabido Metropolitano e Primacial de Braga e Episcopado


Diálogo com os candidatos ao Diaconato


Imposição das mãos sobre frei Pedro Nuno Mendes dos Santos,OFM


Entrega dos Evangelhos


Os bispos concelebrantes impondo as mãos sobre os diáconos candidatos ao Presbiterato


Unção das mãos


Fatias de pão e rodelas de limão destinadas a enxugar o óleo excedente das unções


O ósculo


A bênção final


Para ver mais fotos clique em flickr

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma esperança para a música litúrgica no Brasil

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Não é novidade para ninguém que a liturgia no Brasil sofre uma crise sem precedentes, especificamente no que concerne à observância íntegra dos ritos sagrados. Talvez o aspecto que mais salte aos olhos (ou aos ouvidos) dos fiéis e que denuncia a decadência da sacralidade litúrgica é a qualidade musical. Em nome de diversos pretextos, que não convém serem listados aqui, as lideranças da Igreja no Brasil adotaram como que um caminho de relaxamento e empobrecimento da beleza musical, e de total desprezo pela tradição milenar de uma música mais sóbria e sacra.

É bastante patente que a música litúrgica popular no Brasil se tornou um fator mais lúdico do que sacramental; mais dispersivo do que compenetrante; mais extravagente do que discreto; e mais emotivo do que teológico. Hoje essa realidade se tornou norma universal no Brasil; quando não defendidas explicitamente por alguns “liturgistas” de laboratório, ao menos na prática já se proliferou em praticamente todas as paróquias Brasil afora. Mas esse cenário pode mudar em breve.







Em Campinas, em meio a uma situação nada distante da descrita acima, eis que começam a brotar os primeiros frutos de um empenho da parte de pessoas que vem lutando para a promoção de um repertório litúrgico verdadeiramente sacro e em consonância com a espiritualidade que a Igreja e a Tradição Apostólica nos pedem.


O CEMULC (Curso de Extensão em Música Litúrgica de Campinas) é o primeiro curso de formação litúrgica regular que se tem notícia no país. Não é apenas um pequeno curso de música, aos moldes dos que estamos acostumados a ter notícias, que tão somente reúnem os fiéis para aprender novas melodias de gostos duvidosos, mas trata-se realmente de uma escola de música, com duração de três anos, em que são ensinados todos os princípios para se formar músicos competentes. O curso inclui na sua matriz disciplinar as matérias de Apreciação Musical, Canto Coral, Canto gregoriano, Estruturação Musical (Teoria Musical, Solfejo, Percepção Musical, Harmonia e Análise Musical), História da Música, História da Música na Liturgia, Iniciação à Composição, Liturgia, Pastoral da Música Litúrgica, Regência, Pedagogia e Didática Musical, Religiosidade Popular e Liturgia, Salmos e Cânticos Bíblicos, Sonorização para a Liturgia, além dos cursos específicos dos seguintes instrumentos musicais: Teclado, Órgão, Violão, Violino, Flauta-doce, Flauta-transversal e Canto.





O objetivo do curso é formar lideranças em toda a arquidiocese, preparando os fiéis leigos de cada paróquia a dominarem não apenas a técnica musical, mas a formarem uma bagagem sólida e esclarecida no conhecimento do mistério sagrado a que são chamados a colaborar dentro da liturgia. São abordados temas que escapam ao que é oferecido atualmente pela maioria dos cursos regulares, como a evolução orgânica do canto dentro da história da Igreja, o estudo das sensações e contemplações que a música é capaz de oferecer (em contraste com a euforia que se vê tão comumente dentro do culto sagrado), um estudo das partes da missa que não fuja das determinações do Missal Romano, bem como a importância e necessidade de se seguir o ritual prescrito pela Igreja como forma de se conservar a fé e a própria história da Igreja de todos os tempos como sagrado tesouro da fé.

Todos os professores do curso possuem formação superior nas áreas que lecionam no curso, que desde sua fundação, em 2007, já contou com a matrícula de 1089 alunos das diversas paróquias da Arquidiocese. A primeira turma a concluir o curso, com 190 formandos, celebrou sua formatura em 03. 12. 2009, em cerimônia solene e precedida pela Santa Missa cantada pelos formandos do curso e celebrada por D. Bruno Gamberini, arcebispo metropolitano de Campinas.

Desde sua existência, o CEMULC também tomou por função, a pedido do Arcebispo, cuidar da música para a Missa Solene de Corpus Christi, realizada no centro da cidade. Nesta ocasião, todos os alunos dos três anos são preparados para tomar parte num grande e majestoso coro para o enriquecimento desta importante celebração da cidade, com uma participação de uma orquestra de instrumentistas convidados.



O diretor geral do curso, Clayton Júnior Dias, é o responsável pelo setor de Música Litúrgica da Diocese de Campinas, e faz parte da Comissão Regional de Liturgia do Regional Sul 1 da CNBB. Clayton é graduado em música com especialização e canto erudito e regência e, juntamente com a administração do CEMULC, está trabalhando na confecção de uma coletânea de Hinários litúrgicos para a Arquidiocese. Pouco a pouco as paróquias têm passado a adotar estes hinários como modelo ou mesmo na íntegra para o repertório a se utilizar nas celebrações. Dessa forma o curso tem se mostrado bem-sucedido no objetivo que se propõe de agir como um multiplicador de bons formadores musicais.

Outra contribuição extraordinária do curso, e que mereceria um artigo a parte, é a fundação do Coral da Arquidiocese de Campinas, formado em sua maioria por estudantes do curso. Atualmente o coral é designado para cantar nas missas solenes a pedido do Arcebispo, atuar nas paróquias em que são convidados em ocasiões especiais, promover recitais de música sacra durante o ano, e gravar os CD’s com as músicas do Hinário Litúrgico. No último dia 15 de agosto, Vigília da Assunção de Nossa Senhora, o coral comemorou seu 2º aniversário de existência cantando em uma missa na Catedral da Sé, São Paulo, a convite de Dom Frei João Mamede, Arcebispo Auxiliar de São Paulo.


As peças cantadas pelo coral são em sua maioria de origem estrangeira, uma vez que o repertório nacional não apenas peca por estética, mas também por faltas graves ao texto exigido para os ritos sagrados. Assim, a solução para o coral tem sido adaptar composições de grandes e respeitados liturgistas, como Mons. Marco Frisina, Mons. Valentino Miserachs, Pe. Antonio Parisi, (Itália), Pe. Cartageno, Pe. Manuel Luís (Portugal), Pe. Gelineau, Jean Paul Lécot, Jacques Berthier e Lucien Deiss (França), entre outros de renome. O repertório utilizado para a missa de Corpus Christi desse ano e dos dois anteriores conta com peças do Pe. J. P. Lecót, como o belíssimo Gloria in excelsis Deo e o Credo, da "Missa de Lourdes".

Também há um trabalho de resgate do canto gregoriano, trazendo-o de volta ao seu lugar na celebração eucarística, de onde nunca deveria ter saído. Dentre algumas peças já ensaiadas e cantadas pelo coral, destacam-se o Veni Creator (em missas crismais e de Pentecostes), Attende Domine (como ofertório para a Quaresma) e Regina Caeli (como canto final para as missas na Páscoa).

Muitas das peças que o coral utiliza estão incluídas nos fascículos já lançados do Hinário Litúrgico da Arquidiocese. Alguns liturgistas já consideram este trabalho como superior ao próprio Hinário Litúrgico da CNBB.


Eu, como aluno do CEMULC e integrante do Coral da Arquidiocese, sinto-me honrado em acompanhar esse belíssimo trabalho em prol de uma liturgia verdadeiramente bela e digna. Abaixo, divulgo um pouco de nosso trabalho nas paróquias da cidade:









Canto de Entrada para a Missa da Assunção de Nossa Senhora, do Pe. Antonio Cartageno, de Portugal. Cantado na Catedral da Sé.

Kyrie, de Antonio Parisi, Itália.








Aleluia, de Mons. Marco Frisina, Itália.









Cordeiro de Deus, de Vincenzo Guidici, Itália.








O Cântico de Maria, de Pe. Gelineau, França.

Mais vídeos podem ser encontrados no meu canal pessoal: www.youtube.com/user/Zakatos. Note-se que há outros corais, também de Campinas, contribuindo para popular a lista de contribuições do canal.

Em breve o Coral da Arquidiocese terá o seu próprio blog, onde se pretenderá divulgar os locais das celebrações próximas, bem como as gravações dos vídeos do repertório cantado, e o download das partituras.

Creio que posso falar, em nome de toda a diretoria do CEMULC, que desejamos ardentemente que esse trabalho, ainda que em seus primeiros passos, possa inspirar outras pessoas a buscar um maior empenho no conhecimento, estudo e formação musical, para que possamos adorar a Deus em espírito e em verdade, contribuindo para um culto eucarístico verdadeiramente santo e agradável a nosso Senhor.

domingo, 29 de agosto de 2010

Links e pequeno poema para o Beato Schuster

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Com a finalidade de organizá-los um pouco melhor, listo aqui os links nos quais se encontram as traduções até agora publicadas de textos do Beato Ildefonso Cardeal Schuster, OSB aqui no Salvem a Liturgia.

Lembro que as traduções foram realizadas a partir de uma edição francesa, e não do original italiano. Mesmo assim, creio que nossos leitores poderão encontrar nelas coisas muito úteis, pois o Beato Schuster é um grande mestre.

Poesia e música nas sinaxes eucarísticas - capítulo sétimo do tomo primeiro do Liber Sacramentorum
Parte II, final

A Santa Liturgia, suas divisões e suas fontes - capítulo primeiro do tomo primeiro do Liber Sacramentorum
Parte IV, final

Finalmente, um pequeno poema para este príncipe da Igreja:



Beato Ildefonso, olha o filho
Da Igreja, recorrendo a teu vulto
No afã de entender o santo culto
De Deus, e compreender-lhe todo o brilho.

O efeito de tua pena sobre o estulto
É tal que abaixo os olhos e me humilho.
A Fé, por tuas mãos, retorna ao trilho.
Restaura-se o mistério antes oculto.

Colores esta dia que, cinzento,
Bramia com rugidos de algum vento
Ruindo o altar do santo sacrifício.

Que rogues a teu mestre e pai, São Bento,
Pedindo de Jesus o benefício:
Da Santa Liturgia o entendimento.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Por que o silêncio durante o Cânon?

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Postamos o trecho inicial de um excelente artigo que achamos no blog de nossos confrades da Associação Redemptionis Sacramentum. Para ler o restante, entre no link dado abaixo.

Por que o silêncio durante o Cânon?
Por Pe. Hubert Bizard, FSSP

Bernanos escreve que o mundo moderno é uma conspiração organizada e ávida contra todo tipo de vida interior. É verdade que é particularmente difícil, como todos já experimentaram, não ser quase constantemente solicitado por este mundo que nos envolve; propagandas, barulhos de toda sorte; se você vai ao dentista, ou fazer compras, ou à garagem de um estacionamento, parece que sempre deve haver uma televisão ou um rádio ligado; "ruído de fundo". Como é que, sob essas condições, estamos ao menos um pouquinho aptos para nos recolhermos e escutarmos aquele que bate, como dizem as Escrituras, à porta de nosso coração? Este barulho ambiente tem se tornado tão familiar que, para muitos, o silêncio é quase insuportável.

Entre os fiéis que participam de uma Missa de acordo com o Missal tradicional pela primeira vez, você encontrará alguns que ficarão imediatamente cativados e conquistados pelas santas e sagradas cerimônias que são realizadas diante de seus olhos.

Outros, contudo, ficarão desconcertados. Certamente esta liturgia é bela e digna, eles prontamente dirão, mas por que o silêncio durante o Canon? Esses pouco minutos parecem-lhes tão longos e às vezes tão vazios. Por essa razão parece ser uma boa idéia fazer alguns comentários nesta matéria.



(continue lendo
aqui)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O rito carmelita celebrado regularmente no Brasil! Entrevista com os frades carmelitas eremitas

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O Salvem a Liturgia acompanha, com vivo interesse, a fundação de novos institutos religiosos. É nesse sentido que nossa atenção foi despertada para a recente ereção do Carmelo Eremítico no Brasil.

Trata-se de uma congregação que não faz parte nem da Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo ou Ordem Carmelita da Antiga Observância (OCarm) nem da Ordem dos Irmãos Descalços da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo ou Ordem Carmelita Descalça (OCD). A OCarm, até onde sabemos, mantém eremitérios tanto femininos quanto masculinos, mas esta de que tratamos é uma instituição autônoma.

Abaixo, na entrevista que fizemos com o prior, Fr. Tiago de São José, ECarm, temos acesso a mais informações.

Adiantamos que o mosteiro brasileiro, dedicado a Santo Elias, fundador ideal da Ordem do Carmo, foi aprovado pelo Bispo de Bragança Paulista, estando em plena comunhão com a Santa Igreja.

O novo ramo da grande família carmelita - que, aliás, não é tão novo, e sim a vida primitiva dos carmelitanos - leva a denominação justamente de Irmãos Eremitas da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (ECarm). E uma de suas distinções, além da vida contemplativa masculina - de vez que na OCarm e na OCD, as monjas são contemplativas, mas os frades são mendicantes, de vida ativa -, é a celebração exclusiva no rito próprio carmelitano. Sim, esses carmelitas não usam o rito romano moderno, nem o rito romano tradicional, mas o seu próprio, específico, que nem mesmo, s.m.j, os carmelitas da antiga observância e descalços utilizam.

Fotos do rito carmelita celebrado no Mosteiro Santo Elias podem ser vistas abaixo:







Segue a entrevista:

1. Reverendo frei, vemos que se trata de uma congregação nova, não fazendo parte da OCarm nem da OCD. Estamos certo nessa nossa impressão?

Caro Dr. Rafael: somos sim uma nova fundação mas que se trata de uma restauração do carisma monástico original do carmelo que já tinha se perdido desde o fim do século XIII. De fato Santa Teresa quis recuperá-lo ao propor o seguimento da Regra primitiva na sua reforma descalça. Entretanto, na metade do Século XIX, o Beato Francisco Palau movido por uma revelação mística fundou o Carmelo Eremítico na Espanha, com esse mesmo objetivo. Este grupo existiu até a década de 30. Nós agora estamos recomeçando com as mesmas Constituições que ele escreveu.

2. Há outros mosteiros desse instituto no Brasil e no mundo?

Não. A nossa fundação está nascendo agora em Atibaia. O Mosteiro Santo Elias (monges) e o Mosteiro Santa Maria (monjas).

3. Os monges carmelitas dos EUA são da mesma congregação que os senhores ou se trata de um instituto distinto?

Eles são um instituto distinto apesar de terem surgido na mesma época com os mesmos elementos fundamentais do carisma. Estivemos interessados numa eventual união, porém, não concordamos com algumas posturas deles. Por exemplo: nós não vendemos nada; não pedimos dinheiro para ninguém; não desejamos construir grandes abadias, mas pobres e simples ermidas; não temos uma vida comunitária tão intensa, ou seja, destacamos mais a solidão.

4. Os senhores celebram a liturgia própria do rito carmelita. Qual o motivo que os levou a isso?

O principal motivo é esse: não há como nos identificarmos com os primeiros carmelitas seguindo a regra primitiva se não celebramos a mesma liturgia, pois a liturgia é parte essencial de nossa vida.

5. Os carmelitas da antiga observância (OCarm) e os descalços (OCD) ainda usam esse rito, ainda que esporadicamente?

Os Descalços renunciaram à liturgia própria desde a edição pós-tridentina do missal carmelitano (1585). Entretanto, os Carmelitas da Antiga Observância preservaram o rito do Santo Sepulcro de Jerusalém até 1971. Depois desta data não puderam mais celebrar nem esporadicamente, conforme decisão do Capítulo Geral. Eles argumentavam que o Rito era impróprio para suas atividades paroquiais. Como não temos paróquia, mas vivemos em mosteiros, o rito para nós é perfeitamente bem-vindo.

6. O senhor poderia nos descrever algumas particularidades desse rito?

Uma particularidade é que o salmo de entrada é rezado pelo sacerdote em silêncio. As primeiras palavras após o início são: Confitemini Domino quoniam bonus, quoniam in saeculum misericordia ejus. Esta frase nos introduz na liturgia da ressurreição, pois o rito nasceu no santo sepulcro. Entretanto, isso torna o rito carregado de mais de 50 cruzes feitas de diversas formas e marca a força do Calvário.

7. Como aprenderam o rito? Ainda existem os livros litúrgicos e manuais de rubricas?

O próprio missal traz as rubricas e as diversas variações. Também vimos um vídeo de uma missa celebrada na década de 50 que nos ajudou a melhorar alguns aspectos da liturgia solene.

8. Quais os frutos dessa liturgia bem celebrada no mosteiro e na vida dos fiéis que os visitam?

Para mim celebrar neste rito desde outubro do ano passado tem incrementado muito minha espiritualidade sacerdotal. Nos outros irmãos percebemos também um acréscimos de piedade e introspecção. Igualmente no povo, temos observado muitos frutos espirituais.

9. Usam, eventualmente, o rito romano antigo? E o rito romano moderno? Se o fazem, é em latim ou em vernáculo?

Não. Celebramos somente o Rito Carmelitano, ou Rito do Santo Sepulcro, todo em latim.

10. A Missa dos senhores é versus Deum, correto? O que poderiam nos falar a respeito dessa orientação?

Acostumamos a falar assim, mas a orientação verdadeira é versus orientem, ou seja, de frente para o oriente. Assim a Igreja nos primeiros tempos celebrava a eucaristia. Há tantos que querem valorizar a participação do povo e por isso se viram para o povo. Nunca a Igreja conheceu isto. A pregação é para o povo. O sacrifício é para Deus Pai, com o povo "por Cristo, com Cristo e em Cristo".

11. Como recuperar uma autêntica espiritualidade litúrgica no Brasil? Os fiéis estão sedentos de uma piedade que nasça da Eucaristia, não lhe parece?

Acredito nisto também. Também vejo o Brasil como um grande celeiro de vocações. Porém a ignorância do clero e do povo torna essa missão um árduo desafio, mas a graça do Espírito Santo nos ajuda.

12. Quais os planos de seu Carmelo? Pretendem construir novas casas no Brasil?

Fui ordenado padre em 2000 e queria celebrar o rito tradicional. Não tive nenhuma chance nem oportunidade. Fui para a Itália e para a França, mas não estava feliz longe da minha nação.

Entrei nesse Carmelo em 2002 que havia sido recém fundado por um carmelita descalço que eu já conhecia. Este meu superior tinha bons propósitos sobre usar o hábito e viver a regra mas não aceitava a liturgia tradicional. Enfim, em 2007 ele foi para sua diocese e se tornou padre secular.

Eu permaneci sozinho e no ano passado estruturamos as coisas e começamos a receber vocações. Acredito que seja uma obra de Nossa Senhora e sinto que temos condição de crescer muito. Ela é que sabe...

13. Por fim, uma palavra aos membros e leitores do blog, e um conselho para que os pretendem "salvar a liturgia".

Peço a Deus que abençoe todos os que buscam com zelo salvar a liturgia, pois isso significa salvar a Igreja. Os inimigos da Igreja sabem disto... Portanto vamos em frente reconstruir os altares do Senhor!!!

domingo, 22 de agosto de 2010

Missa na Capela privada do Papa

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Segue abaixo um vídeo, trecho de um documentário, que mostra como é uma Missa celebrada pelo Papa na capela privada do Palácio Apostólico. O papa celebra Missa nessa capela todas as manhãs. Atente-se para a sobriedade litúrgica e pelo decoro desta celebração simples. Note-se também a beleza da capela, que é um exemplo de arte sacra moderna decente, sem modernismos e estéticas de ruptura.

sábado, 21 de agosto de 2010

Beato Cardeal Schuster: A Santa Liturgia, suas divisões e suas fontes, parte IV, final

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Publica-se hoje a quarta e última parte de A Santa Liturgia, suas divisões e suas fontes, primeiro capítulo do primeiro tomo do Liber Sacramentorum do beato Ildefonso Cardeal Schuster, OSB. A terceira parte está publicada neste link. Esperamos que esta leitura tenha sido útil aos nossos leitores, e mais uma vez desculpo-me, pessoalmente, pelas imprecisões e insuficiências da tradução.

Planejo colocar aqui, em breve, um arquivo PDF com o texto completo deste capítulo em português.

*

Como estamos falando de missais, devemos advertir que este nome, assim como a obra litúrgica designada por ele, data somente da Idade Média, no período carolíngio; os antigos conheciam os sacramentários, que não correspondem, a não ser parcialmente, ao conteúdo do Missale plenarium. Para se entender melhor, é preciso ter presente o caráter especial da sinaxe religiosa na Igreja primitiva. Diferentemente dos modernos que, na Igreja, sem nada compreender, se contentam em se unir em espírito ao padre que reza, os antigos queriam que a actio fosse verdadeiramente social, coletiva, eminentemente dramática, de modo que não apenas o bispo, mas os padres, os diáconos, os clérigos, os cantores, o povo, cada um tinha seu papel específico a desempenhar. Daí surge a necessidade de ter separadamente os textos destas diferentes partes, de modo que o bispo e o padre tenham para seu uso o Liber Sacramentorum, o solista tenha o responsorial, os membros da Schola o antifonário, o subdiácono o epistolário e assim por diante.

O sacramentário, ou Liber Sacramentorum, continha então todas as orações que recitava o padre ou o bispo, não apenas na Missa, mas na administração de todos os outros sacramentos que eram intimamente unidos à ação eucarística. Assim, as fórmulas do Batismo e da Confirmação faziam parte da Liturgia da Vigília Pascal; as da absolvição estavam compreendidas nos ritos da reconciliação dos penitentes na Quinta-feira Santa; as orações da Extrema Unção seguiam a absolvição dos enfermos ad succurrendum, antes da Missa e do Viático; as ordenações se fundiam com as cerimônias da estação noturna em São Pedro no Sábado das Quatro Têmporas, e as bênçãos nupciais faziam parte de uma espécie de apêndice, no qual estavam contidas as Missas de ocasião, para as bodas, por exemplo, para os funerais, dedicações de igrejas, aniversários de consagrações de bispos ou de padres etc. O todo com uma ligação, uma ordem, um nexus íntimo que, até em sua disposição bibliográfica, fazia ver como a Eucaristia é o verdadeiro centro do culto cristão, de modo que todos os outros sacramentos são a ele coordenados, preparando a alma para dele participar, ou conservando a graça recebida.

Do sacramentário estão então excluídos os introitos, as leituras, as antífonas e os graduais, porque todas estas partes éram destinadas aos ministros inferiores; tudo o que, ao contrário, pertencia ao padre na administração dos sacramento, e que agora aparece esparso no Missal, no pontifical e no ritual romanos, estava compreendido no sacramentário e justificava plenamente o título antigo de Liber Sacramentorum que lhe era dado.

Este sistema, por um lado possível em Roma e nas grandes igrejas episcopais, onde um lugar especial era destinado, perto do presbyterium, aos livros litúrgicos, a fim de que estivessem à mão, apresentava, entretanto, graves dificuldades nas paróquias rurais e nas igrejas onde, por falta de clero ou recursos, a liturgia estacional romana tinha sido reduzida à sua expressão mais simples.

Imaginemo-nos um pobre padre de vila, idoso, assistido apenas por três ou quatro meninos turbulentos que fazem as partes dos lectores. Este sacerdote, para celebrar a Missa, terá necessidade de uma biblioteca inteira: sacramentário, evangeliário, epistolário, antifonário e responsorial, para não mencionar o trabalho de procurar aqui e ali, nos livros, as coletas, as perícopes escriturísticas, os cantos apropriados, as diferentes partes, em suma, de sua função. O mais simples teria sido juntar todas essas coleções, transcrevendo, diariamente, a Missa correspondente às diversas festas do ano. Tal é a origem do Missale plenarium da época carolíngia; plenarium, porque, diferentemente dos antigos sacramentários, continha inteira a liturgia eucarística, sem que houvesse necessidade de outro livro.

Se comparamos agora o Missal atual, depois da reforma do Concílio de Trento, com o Missal medieval e com o sacramentário gregoriano, a diferença não nos parece substancial. O nosso é mais rico e mais variado no que se refere ao ciclo hagiográfico; mas as missas estacionais dos Domingos, do Advento, da Quaresma, das festas e santos compreendidos no sacramentário de São Gregório, salvo pequeno número de diferenças, são quase as mesmas. Pode-se dizer, em suma, que nosso livro eucarístico (tendo em conta o desenvolvimento ocorrido no decurso dos séculos) é substancialmente o mesmo que aquele do qual se serviam os grandes doutores da Igreja na Idade Média, e que levavam no título o nome de Gregório Magno.

Dissemos que é substancialmente o mesmo, mas aqui não nos referimos a uma identidade absoluta. Há, com efeito, mudanças e acréscimos, e havia ainda mais antes da reforma do Concílio de Trento; mas, felizmente, os rígidos princípios nos quais se inspiraram os papas da segunda metade do século XVI desembaraçaram o Missal Romano de muitas adições, tropos, seqüências, coletas e Missas da Baixa Idade Média que desfiguravam a harmonia das linhas do grandioso monumento litúrgico erigido pelos pontífices do século IV ao século VII. Suprimiram-se as Missas dos auxiliatorum, as Missas para os julgamentos de Deus, o uso de celebrar, nos Domingos do ano, a Missa de Trinitate no lugar daquela marcada pelo Missal, as festas dos loucos, dos asnos e outras bobagens que haviam sido introduzidas no lugar santo.

Algumas coisas boas teriam, talvez, podido ser reinstituídas, mas não foram, certamente, por causa da insuficiência de material científico à disposição dos liturgistas do século XVI. Assim, entre as lacunas do Missal atual, é de se deplorar a supressão das diferentes praefationes, de que eram muito ricos os sacramentários leonino e gregoriano, de modo que cada festa do ano, cada Domingo um pouco mais importante tinha a sua própria. A Idade Média, por economia de papel e de tempo, desfez-se com facilidade excessiva de toda a bagagem romana, conservando apenas umas poucas praefationes especiais, para a Quaresma, Páscoa, Pentescostes etc. Para o restante foi considerado suficiente o praefatio communis, aquele se ainda hoje se recita cotidianamente. Será permitido esperar que, numa futura revisão do Missal, a Autoridade suprema honre uma tão bela e importante parte do venerável depósito litúrgico de Leão, de Gelásio e de Gregório Magno? É verdade que a tradição romana primitiva se mostrou contrária à admissão, em seu próprio Canon Missae, de todas aquelas partes móveis e variáveis que ficaram tão bem no gênio dos galicanos, mas é certo que a tradição das praefationes próprias remonta, em Roma, ao tempo de Leão I, pelo menos.
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