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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Beleza e liturgia

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Publicamos hoje um excelente texto do professor e amigo do Salvem a Liturgia Joathas Soares Bello sobre liturgia e  a sua beleza. 

Dois erros: o esteticismo de quem confunde a Missa (liturgia) com a missa (forma musical), e o legalismo conceitualista e minimalista de quem diz "o que importa é que haja as palavras da consagração e, assim, o sacrifício de Cristo".



O cristão vai à missa para adorar o Pai junto com Cristo, oferecendo-se com Ele no seu sacrifício perfeito (eucarístico, laudatório, impetratório e expiatório), em comunhão com os irmãos. Ok.

Mas a arte sacra tem um papel pedagógico insubstituível. A beleza é, como ensina S. Tomás, "a visibilidade do bem", ou, como diz Platão, "o que é feito à imagem da verdade".

A inteligência humana é "senciente", como ensina Zubiri -que é um esclarecimento da doutrina aristotélico-tomista da "abstração"-, ou seja, o homem não pode, ordinariamente, conhecer a realidade sem a mediação da sensibilidade.

A exceção é a experiência do conhecimento místico, que apreende diretamente as realidades espirituais (e não meros conceitos lógicos, atenção!). Quem conhece o "significado" de algo que nunca viu, pode acreditar/confiar em outrem e, assim, comungando com a experiência dos que viram, conhecer a realidade crida (é a fé, presente em toda forma de conhecimento, e não só na religiosa).

A arte sacra [como a vida do santo] é o que possibilita ao fiel cristão o "ver" antecipadamente as realidades espirituais nas quais crê, e isto permite um melhor entendimento da fé e uma maior confiança. Isso é o que não entende o conceitualista acima (e que julga, em seu nominalismo teológico, que tem um saber mais "profundo"...).

Imaginar que a simples compreensão do significado é algo "mais inteligente" do que ver este significado realizado, concretizado (na música ou na escultura sacra, por exemplo), é ignorar absolutamente o que é "abstrair" ou entender simplesmente.

A beleza (artística ou moral, das "belas ações", como fala Platão) é o que -retomando as referências acima- torna visível a Verdade e o Bem. O que supõe que o artista sacro deve ter uma profunda experiência espiritual, que intui algo das verdades eternas, e que é capaz de plasmá-las na sua música, na sua pintura, etc., permitindo que os fiéis, participando desta experiência através da contemplação e da audição, entenda melhor a doutrina e comungue mais profundamente do amor.

Isso é que os esteticistas e os legalistas ignoram: a beleza na liturgia está a serviço da santificação dos fiéis, e não de um deleite sensível ou de uma alegria legítima, porém acessória.

Em uma missa barulhenta, mal celebrada, etc., Cristo estará igualmente presente, porém de maneira mais velada. E isso não significa alguma vantagem! Pois isso é supor uma capacidade ascética e mística que a média dos fiéis não tem, e esconder um tesouro que deveria ser distribuído com mais abundância.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Como devem ser as velas do Altar e o arranjo beneditino?

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Neste vídeo, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, membro e preceptor da Milícia de Santa Maria, e autor da série de livros "Entrarei no Altar de Deusexplica esta questão baseando-se nos documentos oficiais da Igreja, seja da Forma Ordinária como da Forma Extraordinária do Rito Romano.


Assista o vídeo de como devem ser as velas do altar e o arranjo beneditino.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Como devem ser as toalhas do Altar?

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Post original - http://www.movimentoliturgico.org/como-devem-ser-toalhas-altar/ 

Segundo vídeo do canal da Academia Internacional de Estudos Litúrgicos “São Gregório Magno” com uma resposta dada a pergunta de um leitor: “Como devem ser as toalhas do Altar?”.



Nele, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, explica a questão a partir dos documentos da Igreja na Forma Ordinária e Extraordinária do Rito Romano!




segunda-feira, 8 de agosto de 2016

É possível a celebração versus Deum?

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`Post original: http://www.movimentoliturgico.org/e-possivel-celebracao-versus-deum/

Neste vídeo, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, membro e preceptor da Milícia de Santa Maria, e autor da série de livros "Entrarei no Altar de Deus", explica a questão da própria celebração versus Deum, iniciando o vídeo dizendo que não é necessário se esperar o primeiro Domingo do Advento para se iniciar esta forma de celebração, pois ela pode ser iniciada já! 



sábado, 23 de julho de 2016

Da suposta inovação na Festa de Santa Maria Madalena

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Alexander A. Ivanov - Aparição de Jesus Cristo a Maria Madalena (1835)
Ontem (22) celebramos a festa litúrgica de Santa Maria Madalena, que passou recentemente por alterações em sua classificação litúrgica. A respeito desta mudança e da suposta inovação que ela representaria, traduzo trechos de um artigo de Gregory DiPippo publicado no New Liturgical Movement:
"[..] um decreto da Congregação para o Culto Divino, que eleva a festa de Santa Maria Madalena, na Forma Ordinária, do grau de Memória Obrigatória para Festa, o mesmo grau em que se situam os Apóstolos, com exceção da Solenidade de São Pedro e São Paulo. Um novo prefácio foi adicionado a sua Missa, cujo restante permanece inalterado. [..] Seu Ofício será atualizado de forma mais perceptível, uma vez que agora deve haver salmos e antífonas próprias para o Ofício das Leituras, e Terça, Sexta e Nona não devem mais ser as da féria, como no caso das Memórias. Nenhuma referência foi feita à Forma Extraordinária, cuja festa permanece como de 3ª Classe; talvez a comissão Ecclesia Dei considerará elevá-la a 2ª Classe, por analogia ao novo decreto."
Comentando a balbúrdia gerada pelo fato do Papa Francisco elevar a festa de uma mulher para um grau em sua maioria ocupado pelos apóstolos, DiPippo esclarece:
"Não apenas isto não é uma novidade, é um retorno parcial a uma prática histórica do Rito Tridentino. No Breviário de São Pio V, que precede seu Missal em dois anos (1568), havia apenas três graus de festas: Duplex, Semiduplex e Simplex. A festa de Santa Maria Madalena era Duplex, ou seja, ela tinha duas Vésperas, antífonas dobradas nas horas maiores, nove leituras nas Matinas, precedência sobre Domingos comuns, e tinha que ser transferida caso impedida. É verdade que, mais tarde, quando as festas Duplex foram subdivididas em quatro categorias, ela permaneceu na mais baixa delas (juntamento com todos os Doutores, dentre outros). No entanto, os privilégios de seu grau litúrgico somente começaram a ser reduzidos no final do reinando do Papa Leão XIII, já no fim do século XIX.

"Como fiz perceber em 2014, num artigo sobre seu dia festivo, o Credo era tradicionalmente rezado na Missa de Santa Maria Madalena, em reconhecimento ao fato de que foi ela quem primeiro anunciou a Ressurreição aos Apóstolos. (Este aprazível costume foi removido do Missal Romano sem motivo discernível em 1955.) É por isso também que ela é chamada de "Apóstola de Apóstolos" em muitos textos litúrgicos medievais, como cantado pelos Beneditinos na antífona do Benedictus do seu Ofício:
"O mundi lampas, et margaríta praefúlgida, quae resurrectiónem Christi nuntiando, Apostolórum Apóstola fíeri meruisti! María Magdaléna, semper pia exoratrix pro nobis adsis ad Deum, qui te elégit."
Que Santa Maria Madalena interceda por todos nós.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Curiosidades liturgicas lusitanas: asteriscos liturgicos em Portugal

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Aquando de visita recente à Sé de Braga deparei-me com com um objecto no museu que muito me surpreendeu e me encheu de curiosidade: um astersico litúrgico. Tinha conhecimento apenas de um em Portugal, em Lisboa; desconhecia a existência de outro. Ao tentar obter mais informações a respeito do astericsco bracarense fui informado de que de facto existem três em Portugal, o terceiro estando num museu em Bragança. Mas, antes de entrar em mais pormenores, convém esclarecer o que é um asterisco litúrgico.

O Asterisco Litúrgico
O asterisco litúrgico é um objecto comum a todas as liturgias do rito bizantino. Tem a aparência duma cruz e coloca-se sobre a patena. A sua função prática é a de proteger o pão eucarístico. Simbolicamente, é entendido tanto como o céu (enquanto que a patena representa a terra) como a estrela de Belém. A imagem da estrela de Belém é reforçada com a oração que se reza ao incensar o asterisco - "E veio uma estrela e deteve-se sobre o lugar onde estava o menino."

A dir.: Diskos (patena) com asterisco. Este asterisco tem uma estrela pendente, pormenor que não é comum a todos as liturgias do rito bizantino.


O Asterisco na Igreja Latina
O lugar mais notório onde se encontra o asterisco litúrgico na Igreja Latina é, sem dúvida , na liturgia papal, especificamente na missa solene. Qual a sua origem? Será ainda uma relíquia pré-Cisma, tal como a presença dum diácono grego nas liturgias papais? Convido os leitores mais informados a avançarem uma resposta. A aparência do asterisco papal difere, porém, do bizantino quanto à aparência.

Segue um trecho do grande historiador litúrgico inglês, Archdale King, sobre o asterisco papal:

O Papa retira-se para o trono para comungar. Observam-se as seguintes cerimónias: o cardeal-diácono primeiro toma a patena, sobre a qual o mestre de cerimónias colocou o asterisco; eleva-a à altura da testa para que possa ser vista pelo povo; vira-se para a direita para mostrá-la ao Papa; eleva-a mais alto fazendo um semi-circulo, e depois volta novamente para a esquerda de tal modo que possa ser exibida pela terceira vez ao povo e ao Papa.

O subdiácono, ajoelhando-se do lado do Evangelho do altar, recebe a patena e o asterisco, e leva-os ao Papa, as suas mãos estando cobertas por um rico véu bordado a ouro (linteum pectoralis). O asterisco é uma salvaguarda na forma duma estrela, que é colocada sobre a patena como uma cobertura para a Hóstia que é levada para o trono. Tem 12 raios nas quais estão inscritos os nomes dos 12 Apóstolos. No rito bizantino, um asterisco é um ornamento litúrgico normal que é empregado para impedir o véu de tocar o pão eucarístico. O do estilo Oriental é formado por dois semi-círculos, [...]
in Liturgy of the Roman Church - Appendix I: Solemn Papal Mass; Archdale King


O asterisco papal ressurgiu durante o papado de Bento XVI, tendo sido utilisado em algumas das suas celebrações.  
Bento XVI (Roma, 2008)


O Asterisco em Portugal
Contactando os museus onde se encontram os asteriscos nada puderam adiantar a seu respeito a não ser que remontam ao séc. XVIII e que serviam "proteger e segurar a hóstia sobre a patena quando as cerimónias religiosas se realizavam ao ar livre. "

Um conhecimento mais aprofundado da história do Patriarcado de Lisboa esclarece a origem do seu asterisco. O Patriarcado surge no séc. XVIII, mais precisamente em 1716, quando D. João V intercede junto do Papa Celemente XI, pedindo a este que dê à Capela do Palácio Real privilégios de catedral, como direitos metropolitanos e conferindo ao seu titular o grau de Patriarca (a Capela do Palácio Real fora elevada a colegiada por Clemente XI em 1709 em agradecimento aos Portugueses pelo apoio contra os Turcos). O arcebispo de Lisboa, agora patriarca, assim ultrapassa o de Braga em importância, que ate então com o título de Primaz das Espanhas, era o mais elevado clero de Portugal. Com a criação do Patriarcado de Lisboa vêm certos privilégios litúrgicos relacionados com a papal (o que em si merece um post própio), entre os quais o uso do asterisco.

Asterisco de Lisboa



Bento XVI celebrando Missa em Lisboa (2010)


O asterisco de Bragança é semelhante ao de Lisboa, apresentando 12 raios, cada qual com o nome dum Apóstolo inscrito. A que se deve a existência dum asterisco em Bragança? Esta diocese foi criada no séc. XVIII pelo Patriarca de Lisboa. Seria esta diocese sufragânea de Lisboa? Teria certos privilégios ligados ao Patriarcado? Fica aqui o sugestão para um estudo do relacionamento das duas dioceses que esclareça a origem deste asterisco.
Asterisco de Braganca

O asterisco de Braga não se assemelha aos demais portugueses: nao tem 12 raios, mas 6; não tem nome de Apóstolos inscritos nos raios, mas são estes decorados com motivos florais. A que se deve a existência dum asterisco em Braga tendo em conta a origem do asterisco de Lisboa? Seria motivado por uma tentativa de emular a praxis lisboeta uma vez que o arcebispo de Braga tinha passado a ter menor importância que o patriarca? Ou existirá uma relação entre as dioceses que não seja evidente sem um estudo mais aprofundado. É de salientar que em séculos anteriores existia "intercâmbio" de arcebispos entre Braga e Lisboa; quiçá aqui se encontre um elo de ligação.

Asterisco de Braga


 
Em conclusão, fica o "mistério" da origem de pelo menos dois dos asteriscos portugueses. Não tinha intenção de escrever algo aprofundado a seu respeito, mas apenas dar a conhecer aos nossos leitores esta pequena curiosidade litúrgica; por um lado, para mostrar a diversidade legítima que existiu dentro da Igreja Latina, assim como para sugerir um eventual tema de pesquisa àqueles que se dedicam a estes assuntos.




sábado, 16 de julho de 2016

Uma opinião sobre as declarações do cardeal Sarah

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Neste vídeo, o cavaleiro Michel Pagiossi Silva, membro e preceptor da Milícia de Santa Maria, e autor da série de livros "Entrarei no Altar de Deus", sobre a questão levantada pelo cardeal Sarah no Congresso Sacra Liturgia 2016 sobre a celebração versus Deum e, em seguida, à resposta do padre Lombardi.


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