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terça-feira, 4 de outubro de 2011

São Francisco, modelo de amor eucarístico para os sacerdotes e os fiéis

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Do blog Subsídios Litúrgicos:

São Francisco de Assis, diácono, usando dalmática


por Frei Stefano Maria Manelli, FI
Fundador dos Franciscanos da Imaculada
Congregação para o Clero

São Francisco de Assis, «ardia com o fervor do mais profundo de todo o seu ser para com o sacramento do Corpo do Senhor, pois ficava absolutamente estupefato diante de tão amável condescendência e de tão digna caridade. Achava que era um desprezo muito grande não assistir pelo menos a uma missa cada dia, se pudesse. Comungava com freqüência e com tamanha devoção que tornava devotos também os outros. (...)

Certa ocasião quis mandar os frades pelo mundo com preciosas âmbulas para guardarem o preço de nossa redenção no melhor lugar, onde quer que o encontrassem guardado de maneira menos digna.

Queria que se tivesse a maior reverência para com as mãos sacerdotais, pelo poder divino que lhes foi conferido para a confecção do santo sacramento. Dizia freqüentemente: “Se e acontecesse de encontrar ao mesmo tempo um santo descido do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiro o presbítero, e me apressaria a beijar as suas mãos. Até diria: ‘Espera, São Lourenço, porque as mãos deste homem tocam a Palavra da vida e têm algo de sobre-humano’”» [1].

Nesta excepcional página do Bem-aventurado Tomás de Celano, primeiro biógrafo de São Francisco de Assis, é resumida toda a sua vida Eucarística, rica de amor e de fé, de devoção e fervor. Não falta mesmo nada para que seja uma vida Eucarística exemplar, plena e perfeita para todos: tanto para os próprios sacerdotes como para os simples fiéis.

A Santa Missa, a Santa Comunhão, a adoração Eucarística, o decoro do altar e das Igrejas, a veneração pelos Sacerdotes, ministros da Eucaristia: em tudo isto São Francisco é de tal modo Mestre e modelo que se pode considerá-lo verdadeiramente não apenas como um Santo Eucarístico, mas como um serafim enamorado da Eucaristia.

Entre todos os seus filhos, veremos figuras admiráveis de serafins da Eucaristia, como Santo Antônio de Lisboa (de Pádua) e São Boaventura, que escreveram páginas de doutrina sublime e de comovente amor à Eucaristia; como São Pasqual Baylon, declarado patrono dos Congressos Eucarísticos; como São José de Copertino, que levitava num vôo estático na direção dos Ostensórios e Sacrários; como o Bem-aventurado Mateus de Gingenti e o Bem-aventurado Boaventura de Pontenza, que, depois de mortos, com seus próprios corpos cadavéricos, adoraram a Eucaristia; como São Pio de Pietrelcina, que por muitas horas, de dia e de noite, velava em oração diante do Altar Eucarístico.

Para São Francisco, a Santa Missa era um mistério de graça tão sublime que, na carta ao Capitulo geral e a todos os frades, escreveu esta exclamação de fogo: «pasme o homem inteiro, estremeça todo o mundo e exulte o céu quando, sobre o altar, na mão do sacerdote, está Cristo, Filho do Deus vivo». [2]

A coisa que impressiona São Francisco é o amor de Jesus, impelido a uma humildade inconcebível: «Ó admirável alteza e estupenda condescendência! Ó humildade sublime! Ó sublimidade humilde, pois o Senhor do Universo, Deus e Filho de Deus, de tal maneira se humilha que, por nossa salvação, se esconde sob uma pequena forma de pão!» [3]

Por isto, considerava grande falta de amor da nossa parte a ausência à Missa diária. Por isto ele assistia pelo menos uma Santa Missa por dia mas, quando estava doente, dentro de suas possibilidades, pedia que lhe celebrassem a Santa Missa em sua cela, ou pelo menos pedia para que lhe lessem o Evangelho da Missa do dia: «quando não podia ir à Missa, sempre queria ouvir o Evangelho daquele dia» [4]

Esta é uma lição para todos nós, que freqüentemente somos tão preguiçosos e criamos tantas dificuldades para participar da Missa dominical! Nem falemos da Missa diária, tão abandonada que, em muitas Igrejas, o Sacerdote deve celebrar a Santa Missa para os bancos ou para quatro velhinhas devotas.

Sobre a Santa Comunhão, São Francisco nos ensina como recebê-la como serafins ardentes de amor: «Comungava com freqüência e com tamanha devoção que tornava devotos também os outros» [5]. Eis a verdadeira devoção: aquela que edifica, que constrói, que impulsiona também aos outros à perfeição. São Boaventura, de fato, diz que era tão grande a devoção de São Francisco ao receber a Comunhão que «tornava os outros devotos». Basta pensar que logo após a Comunhão, ao «saborear o Cordeiro imaculado suavemente, como se estivesse ébrio no espírito, na mente era quase sempre arrebatado em êxtase» [6]. E Celano nos revela o íntimo de São Francisco, escrevendo que «ao receber o Cordeiro imolado, imolava o seu espírito com aquele fogo que sempre ardia no altar de seu coração» [7]. Este é o amor que se funde, a imolação de amor que não admite divisão: “quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele” (Jo VI,56).

São Francisco se preparava para a Santa Comunhão com um cuidado atentíssimo: não apenas a sua vida santa, diariamente rica de heroísmo, mas também a Confissão sacramental devia preparar cada dia a sua alma para receber Jesus Eucarístico com a máxima candura da graça. Naquele tempo, não se podia comungar mais de três vezes por semana: então, São Francisco confessava-se três vezes por semana. Quando se ama, quer-se agradar a pessoa amada, dando-lhe tudo que possa fazê-la feliz. A alma purificada pelo Sacramento da Confissão se torna uma casa cheia de candor e de perfume para Jesus, Hóstia Imaculada. São Francisco não só sabia e fazia isto, mas recomendava-o a todos com fervor verdadeiramente seráfico. Na carta a todos os fiéis, São Francisco escrevia assim: Jesus «quer que todos nos salvemos por ele e o recebamos com coração puro e com nosso corpo casto, mas são poucos os que querem recebê-lo» [8].

Quando se ama, além disso, olha-se com olhos de amor não apenas a pessoa amada, mas também a tudo aquilo que diz respeito a ela. Neste sentido, São Francisco cultivou a atenção altíssima de amor seja à adoração Eucarística, seja à veneração por tudo que se refere à Eucaristia, como as Igrejas e os Sacerdotes.

A paixão de amor pela adoração Eucaristia foi tão ardente em São Francisco que não eram poucas as noites inteiras passadas por ele aos pés do Sacrário. E se, às vezes, o sono lhe assaltava, cochilava um pouco sobre os degraus do altar e depois recomeçava, incansável e fervorosamente. Quem o sustentava? A fé e o amor àquele “tão Sublime Sacramento”.

A sua fé e o seu amor à Eucaristia irradiam-se por sua vida e pelos seus escritos com um fulgor luminosíssimo. Escreveu uma vez aos frades: «rogo a todos vós, irmãos, com o beijo dos pés e com a caridade que posso, que manifesteis toda reverência e toda honra, tanto quanto puderdes, ao santíssimo corpo e sangue do Senhor nosso Jesus Cristo» [9].

Para São Francisco, a fé na Eucaristia forma um todo com a fé na Santíssima Trindade e no Verbo Encarnado. E assim queria que fosse para todos. Por isto, escrevia com vigor e calor: «o Filho, no que é igual ao Pai, é visto por al­guém diferentemente do Pai, diferen­temente do Espírito Santo. Por isso todos os que viram o Senhor Je­sus segundo a humanidade e não viram e creram segundo o espírito e a divindade que ele era o verdadeiro Filho de Deus, foram condenados; assim também agora todos os que vêm o sacramento que se consagra pelas palavras do Senhor sobre o altar por mão do sacerdote na forma de pão e vinho, e não vêem e crêem segundo o espírito e a di­vindade, que é verdadeira­mente o Santíssimo Corpo e Sangue de Nos­so Senhor Jesus Cristo, foram condenados». E, pouco depois, continua sua amonição com uma comparação muito apropriada: «como se mostrou aos santos após­tolos em Carne verdadeira, assim também a nós agora no Pão Sagrado. E como eles com a visão de sua Carne só viam a Carne dele, mas criam que era Deus contemplan­do com olhos espirituais; assim também nós, vendo o Pão e o Vinho com os olhos corporais, vejamos e creiamos firmemente que é seu santíssimo Corpo e Sangue vivo e verda­deiro» [10].

Esta fé e este amor chegarão ao ponto de fazê-lo exclamar muitas vezes que «nada vejo corporalmente neste século do mesmo Filho de Deus, senão o santíssimo Corpo e o seu santíssimo Sangue (...). E esses santíssimos mistérios sobre todas as coisas quero que sejam honrados, venerados e colocados em lugares preciosos» [11].

O amor à Casa do Senhor é inseparável do amor à Eucaristia. Não se pode amar a Jesus e não cuidar de sua Casa. São Francisco nos deixou uma lição estupenda de amor e correção também neste ponto. Pessoalmente, ele já se preocupava da limpeza da Igreja, dos cálices e dos cibórios, das toalhas e das hóstias, dos vasos de flor e das lâmpadas.

Exortava os ministros do Altar a serem fervorosos e fiéis ao circundar o Santíssimo Sacramento com todo decoro e reverência. Em uma carta aos Custódios, parece escrever de joelhos: «eu vos rogo, mais do que por mim mesmo, que, quando for conveniente e virem que é oportuno, supliqueis humildemente aos clérigos, que devam venerar sobre todas as coisas o santíssimo corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo (...). Devem ter preciosos os cálices, corporais, ornamentos do altar e tudo que pertence ao sacrifício. E se em algum lugar estiver colocado pauperrimamente o santíssimo Corpo do Senhor, que por eles seja posto em lugar precioso e fechado à chave, de acordo com o mandato da Igreja, e seja levado com grande veneração e administrado aos outros com discrição. (...) Quando é sacrificado pelo sacerdote sobre o altar e é levado a alguma parte, todas as pessoas, de joelhos, retribuam louvores, glória e honra ao Senhor Deus vivo e verdadeiro» [12].

Estas coisas São Francisco escrevia e vivia. Quando chegava em um lugar, depois de ter pregado ao povo, sempre reunia o clero à parte e falava destes problemas com fervor apaixonado, recorrendo até às ameaças das penas eternas: «Será que não somos movidos pela piedade de todas essas coisas se o próprio piedoso Senhor se apresenta em nossas mãos e o tratamos e recebemos todos os dias em nossa boca? Ou ignoramos que devemos cair em suas mãos? Portanto, emendemo-nos depressa e firmemente disso tudo e de outras coisas; e onde quer que esteja o santíssimo corpo de nosso Senhor Jesus Cristo ilicitamente colocado e abandonado, seja removido desse lugar e colocado e confiado a um lugar precioso» [13].

Mais concretamente ainda, São Francisco mesmo, indo a pregar pelas cidades e vilarejos, «carregava uma vassoura para varrer as Igrejas», como refere a Legenda perusina, «porque o bem-aventurado Francisco ficava muito sentido quando entrava numa igreja e via que não estava limpa», e isto o levava a recomendar aos sacerdotes «para que tivessem um cuidado solícito por conservar limpas as igrejas, os altares e tudo que serve para celebrar os divinos mistérios» [14].

Além disso, «uma vez, quis enviar alguns frades por todas as pro­víncias – diz o Espelho de perfeição –, para levarem muitas píxides, bonitas e limpas, e onde encontrassem o Corpo do Senhor indignamente guardado, o colocassem naqueles píxides de maneira honrosa. Quis também enviar alguns outros frades por todas as províncias com bons e belos ferros para fazer hóstias boas e limpas» [15].

Se a isto acrescentamos que São Francisco pedia a Santa Clara que fizesse corporais para que fossem doados a Igrejas pobres e que ele mesmo, às vezes, preparava os vasos de flores para o altar, podemos ter uma idéia mais completa do fervor Eucarístico de São Francisco.

* * *

O que dizer, em particular, da veneração de São Francisco pelos Sacerdotes do Altar? Basta que nos reportemos ao seu Testamento: «O Senhor me deu e dá tanta fé nos sacerdotes, que vivem segundo a forma da santa Igreja Romana, por causa de sua ordem, que, se me fizerem perseguição, quero recorrer a eles mesmos. E não quero considerar pecado neles, porque enxergo neles o Filho de Deus» [16].

Esta é a visão sobrenatural de São Francisco sobre os consagrados “in Persona Christi”, ou seja, os sacerdotes: «enxergo neles o Filho de Deus». Por isto ele queria que «fossem honrados de maneira particular os sacerdotes que tratam os venerandos e máximos sacramentos, a tal ponto que, onde os encontrassem, inclinando a cabeça, lhes beijassem as mãos (...) e em qualquer lugar que encontrassem um sacerdote, rico ou pobre, bom ou mau, inclinando-se humildemente faziam-lhe uma reverência» [17].

Aos próprios Sacerdotes ele diz com amor: «Vede vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos, porque Ele é santo. E assim como o Senhor Deus os honrou acima de todos por causa desse ministério, assim também vós amai-o, reverenciai-o e honrai-o sobre todos» [18]. É realmente inefável a dignidade daquele que “re-presenta Cristo” e é chamado a ser, onde quer que seja, “presença de Cristo”, e a pensar, falar e agir em tudo “como Cristo”.

Por isto, São Francisco se preocupava de que os Sacerdotes possam sempre «celebrar a missa, puros com pureza façam com reverência o verdadeiro sacrifício do santíssimo corpo e sangue do Senhor nosso Jesus Cristo, com intenção santa e limpa» [19]. Tenham sempre a máxima devoção e o máximo candor de alma, com a perfeita obediência a todas as normas da Igreja e com toda a delicadeza ao tê-lo entre as mãos e ao distribuí-lo aos outros, fazendo assim admirarem-se os anjos que lhe assistem.

São Francisco não se cansa de recomendar aos sacerdotes sobretudo a humildade, fazendo referência ao exemplo do próprio Cristo, o qual «se humilha diariamente, como quando veio do trono real ao útero da Virgem; vem diariamente a nós ele mesmo aparecendo humilde; des­ce todos os dias do seio do Pai sobre o altar nas mãos do sacerdote» [20].

E as mãos do sacerdote deveriam ser puras como as mãos de Nossa Senhora, recomenda o Pai Seráfico, exprimindo-se com estas palavras sublimes: «ouvi, irmãos meus: Se a bem-aventurada Virgem é assim honrada, como é digno, porque o carregou em seu santíssimo útero; (...) como deve ser santo, justo e digno quem toca com as mãos, toma com o coração e com a boca e dá aos outros para tomar, aquele que já não há de morrer, mais vai viver para sempre é glorificado, em quem os anjos querem olhar». [21]

Por isto, considerando tais e tão sublimes deveres do sacerdote, São Francisco não pode deixar de fazer uma dolorosa e amarga constatação relativa a cada sacerdote: «grande miséria e miserável debilidade, quando o tendes tão presente e vós buscais alguma outra coisa em todo o mundo» [22]. Se cada sacerdote pudesse refletir sobre estes branos do Pai Seráfico!...

Podemos encontrar a conclusão de todo o discurso sobre a piedade e sobre a vida Eucarística segundo São Francisco de Assis nesta sua pequena exortação, que vale certamente para todos nós: «não retenhais nada de vós para vós mesmos, para que vos receba inteiros aquele que a vós se dá inteiro» [23]. Ser um do outro, ser um no outro: não seria este talvez o conteúdo das divinas palavras de amor do Sumo e Eterno Sacerdote: «Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele» (Jo VI,56)?...
_________________________

[1] Celano, Tomás de. Segunda vida de São Francisco, cap. 152 in Fontes Franciscanas (FF), Ed. Mensageiro de Santo Antônio, Santo André 2005. O original latino diz: «Flagrabat erga sacramentum Dominici Corporis fervore omnium medullarum, stupori permaximo habens caram illam dignationem et dignantissimam caritatem. Missam vel unicam non audire quotidie, si vacaret, non parvum reputabat contemptum. Sæpe communicabat, et tam devote, ut alios devotos efficeret. (...) Diligebat propterea Franciam ut amicam Corporis Domini, atque in ea mori propter sacrorum reverentiam cupiebat. Voluit quandoque mittere fratres per mundum (cfr. Ioa 3,16) cum pretiosis pixidibus, ut ubicumque indecenter locatum pretium redemptionis adverterent, optimo reconderent loco. Sacerdotalibus manibus, quibus de ipso conficiendo tam divina collata auctoritas est, magnam volebat reverentiam exhiberi. Frequenter dicebat: “Si sancto cuiquam de cælo venienti (cfr. Ioa 3,31) et pauperculo alicui sacerdoti simul me contingeret obviare, praevenirem honore (cfr. Rom 12,10) presbyterum, et ad manus eius deosculandas citius me conferrem. Dicerem enim: “Oi! Exspecta, sante Laurenti! quia manus huius Verbum vitæ contrectant (cfr. 1Ioa 1,1), et ultra humanum aliquid possident!”». (NT)
[2] Francisco de Assis, S. Carta a toda a Ordem, n. 26 in FF. O original latino diz: «Totus homo paveat, totus mundus contremiscat, et cælum exsultet, quando super altare in manu sacerdotis est Christus, Filius Dei vivi». (NT).
[3] Ibidem. O texto latino diz: «O admiranda altitudo et stupenda dignatio! O humilitas sublimis! O sublimitas humilis, quod Dominus universitatis, Deus et Dei Filius, sic se humiliat, ut pro nostra salute sub modica panis formula se abscondat!». (NT).
[4] Legenda Perusina, 50,2 in FF. O original latino diz: «cum non posset audire missam, volebat audire Evangelium illius diei». (NT).
[5] Celano, T. Ibidem. O original latino diz: «Sæpe communicabat, et tam devote, ut alios devotos efficeret». (NT).
[6] Boaventura, S. Legenda maior de São Francisco, 9,2,5 in FF, ibidem. O original latino diz: «Saepe communicabat et tam devote, ut alios devotos efficeret, dum ad immaculati Agni (cfr. 1Pet 1,19) degustationem suavem, quasi spiritu ebrius, in mentis ut plurimum rapiebatur excessum». (NT).
[7] Celano, T. Ibidem, 152,3. O original latino diz: «Reverendum enim illud omni reverentia prosequens, membrorum omnium sacrificium offerebat, et agnum immolatum (cfr. 1Pet 1,19) recipiens, illo igne qui in altari cordis semper ardebat (cfr. Lev 6,12; Sir 23,22), spiritum immolabat ». (NT).
[8] Francisco de Assis, S. Carta II aos fiéis, nn. 14-15 in FF. O original latino diz: «Et vult ut omnes salvemur per eum et recipiamus ipsum puro corde et casto corpore nostro. Sed pauci sunt, qui velint eum recipere ». (NT).
[9] Francisco de Assis, S. Carta à toda a Ordem, n. 12 in FF. O original latino diz: «Deprecor itaque omnes vos fratres cum osculo pedum et ea caritate, qua possum, ut omnem reverentiam et omnem honorem, quantumcumque poteritis, exhibeatis sanctissimo corpori et sanguini Domini nostri Jesu Christi». (NT).
[10] Francisco de Assis, S. Admoestações, nn. 7-9.19-21 in FF. O original latino diz: «filius in eo, quod æqualis est Patri, videtur ab aliquo aliter quam Pater, aliter quam Spiritus Sanctus. Unde omnes qui viderunt Dominum Jesum secundum humanitatem et non viderunt et crediderunt secundum spiritum et divinitatem, ipsum esse verum Filium Dei, damnati sunt; ita et modo omnes qui vident sacramentum, quod sanctificatur per verba Domini super altare per manum sacerdotis in forma panis et vini, et non vident et credunt secundum spiritum et divinitatem, quod sit veraciter sanctissimum corpus et sanguis Domini nostri Jesu Christi damnati sunt (...). Et sicut sanctis apostolis in vera carne, ita et modo se nobis ostendit in sacro pane. Et sicut ipsi intuitu carnis suæ tantum eius carnem videbant, sed ipsum Deum esse credebant oculis spiritualibus contemplantes; sic et nos videntes panem et vinum oculis corporeis videamus et credamus firmiter, eius sanctissimum corpus et sanguinem vivum esse et verum». (NT).
[11] Francisco de Assis, S. Testamento, nn. 10-11 in FF. O original latino diz: «Et propter hoc facio, quia nihil video corporaliter in hoc sæculo de ipso altissimo Filio Dei, nisi sanctissimum corpus et sanctissimum sanguinem suum, quod ipsi recipiunt et ipsi soli aliis ministrant. Et hæc sanctissima mysteria super omnia volo honorari, venerari et in locis pretiosis collocari». (NT).
[12] Francisco de Assis, S. Carta I aos Custódios, nn. 2-7 in FF. O original latino diz: «Rogo vos plus quam de me ipso, quatenus, cum decet et videritis expedire, clericis humiliter supplicetis, quod sanctissimum corpus et sanguinem Domini nostri Jesu Christi (...). Calices, corporalia, ornamenta altaris et omnia, quæ pertinent ad sacrificium, pretiosa habere debeant. Et si in aliquo loco sanctissimum corpus Domini fuerit pauperrime collocatum, iuxta mandatum Ecclesiæ in loco pretioso ab eis ponatur et consignetur et cum magna veneratione portetur et cum discretione aliis ministretur. (...) Quando a sacerdote sacrificatur super altare et in aliqua parte portatur, omnes gentes flexis genibus reddant laudes, gloriam et honorem Domino Deo vivo et vero». (NT).
[13] Francisco de Assis, S. Carta aos Clérigos, nn. 8-11 in FF. O original latino diz: «Non movemur de his omnibus pietate, cum ipse pius Dominus in manibus nostris se præbeat et eum tractemus et sumamus quotidie per os nostrum? An ignoramus, quia debemus venire in manus eius?  Igitur de his omnibus et aliis cito et firmiter emendemus; et ubicumque fuerit sanctissimum corpus Domini nostri Jesu Christi illicite collocatum et relictum, removeatur de loco illo et in loco pretioso ponatur et consignetur». (NT).
[14] Legenda Perusina, 18,5 in FF. O original latino diz: «Et portabat scopam ad scopandas ecclesias. Nam multum dolebat beatus Franciscus, cum intraret aliquam ecclesiam et videret ipsam non mundatam, et propterea semper, postquam predicaverat populo, finita predicatione, faciebat congregari omnes sacerdotes, qui aderant ibi, in aliquo remoto loco, ut a secularibus non audiretur, et predicabat eis de salute animarum, et maxime ut curam et sollicitudinem haberent conservandi mundas ecclesias, et altaria et omnia, que pertinent ad celebranda divina mysteria». (NT).
[15] Espelho de Perfeição, 65,1-12 in FF. O original latino diz: «quodam tempore, voluit mittere fratres aliquos per universas provincias qui portarent multas pyxides pulchras et mundas, et ubicumque invenirent Corpus Domini inhoneste repositum, ipsum in illis pyxidibus honorifice collocarent. Quosdam etiam alios fratres voluit mittere per universas provincias cum bonis et pulchris ferramentis ad faciendum hostias bonas et mundas». (NT).
[16] Francisco de Assis, S. Testamento, nn. 6.9 in FF. O original latino diz: «Dominus dedit mihi et dat tantam fidem in sacerdotibus, qui vivunt secundum formam sanctæ ecclesiæ Romanæ propter ordinem ipsorum, quod si facerent mihi persecutionem, volo recurrere ad ipsos. Et nolo in ipsis considerare peccatum, quia Filium Dei discerno in ipsis». (NT).
[17] Legenda dos três companheiros, 57, 9; 59,11 in FF. O original latino diz: «Sacerdotes quoque qui tractant veneranda et maxima sacramenta voluit singulariter a fratribus honorari, intantum ut ubicumque illos invenirent caput coram eis flectentes oscularentur manus eorum (...) Ubicumque autem inveniebant sacerdotem, divitem vel pauperem, bonum vel malum, inclinantes se humiliter ei reverentiam faciebant». (NT).
[18] Francisco de Assis, S. Carta a toda a Ordem, nn. 23-24, in FF. O original latino diz: «Videte dignitatem vestram, fratres (cfr. 1Cor 1,26) sacerdotes, et estote sancti, quia ipse sanctus est (cf Lev 19,2). Et sicut super omnes propter hoc ministerium honoravit vos Dominus Deus, ita et vos super omnes ipsum diligite, reveremini et honorate». (NT).
[19] Ibidem, n. 14 in FF. O original latino diz: «celebrare voluerint, puri pure faciant cum reverentia verum sacrificium sanctissimi corporis et sanguinis Domini nostri Jesu Christi sancta intentione et munda». Existem variações na tradução de «puri pure», como «puros e cheios de pureza». (NT).
[20] Francisco de Assis, S. Admoestações, 1,16-18 in FF. O original latino diz: «quotidie humiliat se, sicut quando a regalibus sedibus venit in uterum Virginis; quotidie venit ad nos ipse humilis apparens; quotidie descendit de sinu Patris super altare in manibus sacerdotis». (NT).
[21] Francisco de Assis, S. Carta a toda a Ordem, nn. 21-22 in FF. O original latino diz: « Audite, fratres mei: Si beata Virgo sic honoratur, ut dignum est, quia ipsum portavit in sanctissimo utero; (...) quantum debet esse sanctus, iustus et dignus, qui non iam moriturum, sed in æternum victurum et glorificatum, in quo desiderant angeli prospicere, contractat manibus, corde et ore sumit et aliis ad sumendum praebet!». (NT).
[22] Ibidem, n. 25 in FF. O original latino diz: «Magna miseria et miseranda infirmitas, quando ipsum sic praesentem habetis et vos aliquid aliud in toto mundo curatis» (NT).
[23] Ibidem, n. 29 in FF. O original latino diz: «Nihil ergo de vobis retineatis vobis, ut totos vos recipiat, qui se vobis exhibet totum» (NT).

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pe. Paulo Ricardo: Consagra-te à Virgem Maria!

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Mais de 1000 pessoas se reuniram no dia 26 de Junho, na Paróquia Cristo Rei em Várzea Grande-MT (ao lado de Cuiabá), para o I Encontro Consagra-te, onde o Pe. Paulo Ricardo pregou a respeito da CONSAGRAÇÃO TOTAL à Virgem Maria Santíssima, pelo método que São Luis Maria Montfort nos ensina no seu maravilhoso "Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem" (livro de cabeceira do  Beato João Paulo II e de S. Pio de Pietrelcina, patrono do Salvem a Liturgia, homens que tão bem viveram e testemunharam esta Consagração).

No dia 01 de Setembro de 2011, estaremos divulgando as informações para a participação da nossa II Campanha Nacional de Consagrações a Virgem Maria, que serão feitas no dia 08 de Dezembro (Solenidade da Imaculada Conceição).

Dispomos aqui as três palestras do Pe. Paulo Ricardo no encontro, como também algumas fotos da Missa celebrada pelo sacerdote no encontro.

Primeira Palestra: 



Segunda Palestra:



Terceira Palestra: 



Para baixar as palestras:

http://padrepauloricardo.org/blog/i-encontro-consagra-te/

Fotos:



Adoração ao Santíssimo Sacramento













Santa Missa




































terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nota sobre a Concelebração da Santa Missa na forma atual do Rito Romano - por Dom Fernando Rifan

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Do site da Igreja Principal da Administração Apostólica São João Maria Vianney:

Algumas pessoas têm perguntado sobre a participação ocasional e a eventual concelebração minha e de alguns dos nossos padres nas Missas celebradas no Rito de Paulo VI, isto é, na forma ordinária atual do Rito Romano.

A grande maioria dos católicos, com bom senso, compreende perfeitamente que, embora em nossa Administração Apostólica se conserve a liturgia romana no seu uso mais antigo, seja normal que, em determinadas ocasiões, o Bispo e seus sacerdotes possam concelebrar a santa Missa na forma atual, usada habitualmente pelo Papa e por toda a Igreja do rito romano; normal, correto e bom, porque demonstra que somos católicos em plena comunhão com toda a Igreja.

Alguns, no entanto, insinuam que esta presença representaria uma traição à Tradição, quase uma apostasia, uma renúncia a todas as críticas que foram feitas e que se possam fazer à Reforma Litúrgica e todas as suas conseqüências, uma aprovação de tudo que acontece hoje nas Missas, uma abertura ao “progressismo” e, pior, que isso faria parte de um “acordo” prático, não doutrinário, com a Santa Sé. Dada a maldade das suspeitas, insinuações e falsas conclusões, que vão muito além do alcance dos fatos e das intenções e que poderiam abalar pessoas desavisadas, explico a razão doutrinária do nosso proceder, segundo a doutrina católica, e renovo a nota de esclarecimento que já foi emitida em outra ocasião e as explicações já dadas à saciedade em minha Orientação Pastoral sobre o Magistério vivo da Igreja e no meu livro “Considerações sobre as formas do Rito Romano” (cf. www.adapostolica.org).

No que diz respeito à concelebração, o Magistério da Igreja ensina: “a concelebração, que manifesta bem a unidade do sacerdócio, tem sido prática constante até ao dia de hoje, quer no Oriente quer no Ocidente (Sacr. Conc., 57, § 1).

O Papa Bento XVI, na carta de 16 de junho de 2009, em que proclama o Ano Sacerdotal, recorda o ensinamento do Beato João Paulo II de que a comunhão eclesial se manifesta na concelebração eucarística. O mesmo ele repete na carta de 27 de maio de 2007 à Igreja da China, que a concelebração eucarística é sinal de comunhão na Igreja. Essa é uma das razões pelas quais é proibido concelebrar com padres e bispos que não estejam em comunhão com a Sé de Pedro (cf. João Paulo II, Enc. Ecclesia de Eucharistia, 44).

Na instrução “Eucharisticum Mysterium” (nº 47), de 25 de maio de 1967, da Sagrada Congregação dos Ritos, dada no tempo ainda da Missa na forma antiga, aprovada pelo Papa e confirmada pela sua autoridade, explica-se a razão doutrinária da concelebração: “Pela concelebração da Eucaristia manifesta-se, apropriadamente, a unidade do sacrifício e do sacerdócio... Além disso, a concelebração simboliza e estreita os vínculos fraternos entre os presbíteros, pois em virtude da comum e sagrada ordenação e missão, estão unidos entre si por íntima fraternidade... Convém que os sacerdotes celebrem a Eucaristia daquele modo sublime...”.

No decreto “Animarum bonum” de fundação da nossa Administração Apostólica, de 18 de janeiro de 2002, no inciso VI, § 1, se lê: “Os presbíteros e diáconos que até o momento pertencem à União São João Maria Vianney incardinam-se na Administração Apostólica. O Presbitério da Administração é constituído de presbíteros incardinados. Os clérigos por todas as razões pertencem ao clero secular, daí a necessidade de estreita unidade com o Presbitério Diocesano de Campos”. Esta norma, dada pela Santa Sé, foi estabelecida desde a criação da Administração Apostólica.

Segundo esses ensinamentos e o costume atual na Igreja, a concelebração vem a ser um sinal habitual de comunhão. Não é obrigatória, mas recusá-la sistematicamente, por princípio, pode ser indício de não estar em plena comunhão. Por isso, o único sinal de unidade sempre proibido (cânon 908) a um padre oriental não católico, é de concelebrar com um padre católico e reciprocamente, porque tal ato seria o sinal da plena comunhão, não somente sacramental, mas hierárquica, pois se trata de comunhão no sacramento da Ordem. Julgar que não existe nenhuma circunstância em que se pudesse concelebrar segundo o novo rito leva a crer que se pense que a concelebração no novo rito seja intrinsecamente um pecado. Mesmo no Ocidente, ao menos a partir do século XIII, a concelebração, ao menos cerimonial, foi um sinal, às vezes obrigatório, de comunhão com o Bispo local, quando se está no mesmo território que ele.

A Instrução acima citada “Eucharisticum Mysterium” (nº 43) também ensina: “Na celebração da Eucaristia, também os presbíteros, em virtude de um sacramento especial, a Ordem, sejam designados para uma função que lhes é própria. Pois também eles, “como ministros da liturgia, sobretudo no Sacrifício da Missa, representam, de maneira especial, a pessoa de Cristo. Portanto, é conveniente que, por motivo do sinal, eles tomem parte na santa Eucaristia, exercendo a função de sua ordem, isto é, celebrando ou concelebrando a santa Missa e não apenas recebendo a comunhão, como leigos”.

Lembrando a aplicação prática dessa doutrina, o Cardeal Dom Dario Castrillón Hoyos, presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, no dia 30 de maio de 2008, nos Estados Unidos, no sermão da Missa de Ordenação de padres da Fraternidade São Pedro: “Irmãos, mostrai um profundo respeito pela forma ordinária do Rito Romano concelebrando com vosso Bispo na Missa Crismal da Quinta-Feira Santa; é conveniente de modo particular este sinal de comunhão sacerdotal” (La Croix de 2 de junho de 2008).

Na homilia por ocasião da sua visita à Paróquia São Francisco de Paula de Toulon, na França, de 6 a 7 de dezembro de 2008, o mesmo Cardeal Castrillon ensina aos católicos ligados à liturgia tradicional: “... Mas os fiéis também têm um papel pessoal a desempenhar na abertura necessária da liturgia tradicional. O Papa não deseja que vós vos desligueis da vida de vossa diocese, mas que estejais aí bem inseridos e participeis, sob o impulso de vossos pastores, das grandes atividades da diocese. A concelebração em torno de vosso Bispo, do qual os padres são os primeiros colaboradores, é um dos sinais de comunhão, entre outros; o fato de que vós a pratiqueis em certas ocasiões não pode senão alegrar o Santo Padre. Eu encorajo os vossos padres a continuar neste verdadeiro espírito de caridade eclesial”.

Com relação a minha posição como Bispo, aproveito aqui a ocasião para recordar o ensinamento teológico do caráter colegial do ministério episcopal: “Esta união colegial entre os Bispos funda-se conjuntamente sobre a ordenação episcopal e a comunhão hierárquica; toca, pois a profundidade do ser de cada Bispo e pertence à estrutura da Igreja como foi querida por Jesus Cristo. De fato, ele é constituído na plenitude do ministério episcopal pela consagração episcopal e pela comunhão hierárquica com a Cabeça do Colégio e com os membros, isto é, com o Colégio que sempre inclui a Cabeça. É desta forma que se torna membro do Colégio Episcopal, pelo que as três funções recebidas na ordenação episcopal – santificar, ensinar e governar – devem ser exercidas em comunhão hierárquica, embora de modo distinto pela sua diversa finalidade imediata. Isto constitui o chamado ‘afeto colegial’ ou colegialidade afetiva, de que deriva a solicitude dos Bispos pelas outras Igrejas particulares e pela Igreja universal... Esta natureza colegial do ministério apostólico é querida pelo próprio Cristo. Por isso, o afeto colegial ou colegialidade afetiva vigora sempre entre os Bispos como communio episcoporum, mas é só em alguns atos que se exprime como colegialidade efetiva... A unidade do episcopado é um dos elementos constitutivos da unidade da Igreja...” (Bem-aventurado João Paulo II, Ex. Apost. Pastores Gregis, 8).

Por tudo isso, por ser um bispo católico em situação canônica regular, membro do Episcopado católico, em comunhão com o Santo Padre o Papa, devo demonstrar na prática essa plena comunhão, especialmente em certas ocasiões, na celebração da Santa Missa. Nossa participação e concelebração, portanto, se deve a princípios doutrinários e não apenas à diplomacia, boa convivência e muito menos conivência com erros.

Em nossa Administração Apostólica, como dissemos, por faculdade a nós concedida pela Santa Sé, conservamos o rito da Missa na antiga forma ou forma extraordinária do Rito Romano. Aliás, também o conservam e utilizam muitas congregações religiosas, grupos e milhares de fiéis em todo o mundo, com a diferença de que nós não somos um grupo ou uma Congregação Religiosa, mas sim uma Administração Apostólica, ou seja, uma circunscrição eclesiástica criada pela Santa Sé, equiparada a uma diocese (cânon 368), uma porção do povo de Deus, cujo cuidado pastoral foi confiado a um Bispo, Administrador Apostólico, que a governa em nome do Sumo Pontífice (cânon 371 §2). O Papa vem a ser, portanto, o real Pastor dessa porção do rebanho de Cristo, que é a Administração Apostólica.

Nós amamos, preferimos e conservamos a liturgia romana na sua forma mais antiga por ser, para nós, melhor expressão litúrgica dos dogmas eucarísticos e sólido alimento espiritual, pela sua riqueza, beleza, elevação, nobreza e solenidade das cerimônias, pelo seu senso de sacralidade e reverência, pelo seu sentido de mistério, por sua maior precisão e rigor nas rubricas, apresentando assim mais segurança e proteção contra abusos, não dando espaço a “ambigüidades, liberdades, criatividades, adaptações, reduções e instrumentalizações”, como lamentava o Beato Papa João Paulo II (Enc. Ecclesia de Eucharistia, 10, 52, 61). Por ser uma das riquezas litúrgicas católicas, exprimimos através da Missa na sua forma ritual romana mais antiga o nosso amor pela Santa Igreja e nossa comunhão com ela. Conservamos o venerável rito de São Pio V, mas “cum Petro et sub Petro”, em plena comunhão. E a Santa Sé reconhece essa nossa adesão como perfeitamente legítima, concedendo-nos essa liturgia como própria de nossa Administração Apostólica. Assim, graças a Deus e à Santa Sé, nossos sacerdotes e fiéis podem se unir à Igreja e celebrar o culto divino com esse tesouro litúrgico da Igreja, que é a forma ritual antiga do Rito Romano.

Mas há que se conservar a adesão à tradição litúrgica sem pecar contra a sã doutrina do Magistério e sem jamais ofender a comunhão eclesial. Como escrevi na minha primeira mensagem pastoral de 5 de janeiro de 2003: “Conservemos a Tradição e a Liturgia tradicional, em união com a Hierarquia e o Magistério vivo da Igreja, e não em contraposição a eles”. Jamais, pois, se pode usar a adesão à Liturgia tradicional em espírito de contestação à autoridade da Igreja ou de rompimento de comunhão.

Ensina-nos o Bem-aventurado João Paulo II: “A diversidade litúrgica pode ser fonte de enriquecimento, mas pode também provocar tensões, incompreensões recíprocas e até mesmo cismas. Neste campo, é claro que a diversidade não deve prejudicar a unidade. Esta unidade não pode exprimir-se senão na fidelidade à fé comum ... e à comunhão hierárquica” .

Não seria válido, correto nem única razão para se celebrar ou assistir à Missa no rito mais antigo o motivo de se considerar a Nova Missa, isto é, o Novus Ordo Missae, a Missa promulgada pelo Papa Paulo VI, como inválida, ou ilegítima, heterodoxa e, portanto, ilícita. Os sérios e graves motivos doutrinários e práticos que demos acima são suficientes para a nossa adesão à Missa tradicional como nos concedeu a Santa Sé, sem necessitar recorrer a esse argumento que, aliás, seria falso e injusto. E só a verdade e a justiça devem ser a nossa norma nesta luta. Somente a verdade nos fará livres (Jo 8,32).
O fato de termos, em nossa Administração Apostólica, a liturgia de São Pio V como forma ritual própria, conforme nos concedeu a Santa Sé, não significa que não se possa nunca participar da Missa na forma atual, considerando-a assim, na prática, como se fosse inválida, ilegítima ou ilícita, isto é, pecaminosa.

Muitos teólogos e liturgistas, assim como nós, fizeram críticas e tiveram reservas à reforma litúrgica, mas sempre dentro dos limites permitidos pela doutrina católica, dogmática e canônica, e no respeito ao Magistério da Igreja. Esses limites, impostos pela teologia católica às reservas e críticas, nos impedem, assim, de dizer que a Nova Missa seja heterodoxa, ilegítima ou não católica.

Porque se, na teoria ou na prática, considerássemos a Nova Missa, em si mesma, como inválida, sacrílega, heterodoxa ou não católica, pecaminosa e, portanto, ilegítima, deveríamos tirar as lógicas conseqüências teológicas dessa posição e aplicá-la ao Papa e a todo o Episcopado residente no mundo, isto é, a toda a Igreja docente: ou seja, sustentar que a Igreja oficialmente possa promulgar, tenha promulgado, conserve há décadas e ofereça todos os dias a Deus um culto ilegítimo e pecaminoso – proposição reprovada pelo Magistério - e que, portanto, as portas do Inferno tenham prevalecido contra ela, o que seria uma heresia. Ou então estaríamos adotando o princípio sectário de que só nós e os que pensam como nós somos a Igreja e que fora de nós não há salvação, o que seria outra heresia. Essas posições não podem ser aceitas por um católico, nem na teoria nem na prática. Pela teologia católica, a Igreja, pela sua infalibilidade e indefectibilidade, não pode promulgar oficial e universalmente um rito não católico ou prejudicial às almas e, por isso mesmo realmente não o fez.

Ademais uma participação da Missa celebrada na sua forma ordinária não vem significar absolutamente que estejamos aprovando abusos e profanações que ocorrem até com certa freqüência em Missas celebradas no novo rito, “deformações na Liturgia”, na expressão do Papa, “no limite do suportável” , lamentados por ele e por nós.
Também não arrefeceu e continua o nosso combate contra as heresias litúrgicas tais como a negação da presença real de Cristo na Eucaristia, a transformação da Missa numa simples ceia, a negação ou o encobrimento do caráter sacrifical e propiciatório da Santa Missa, a confusão entre o sacerdócio ministerial e o sacerdócio comum dos fiéis, a dessacralização da sagrada Liturgia, a falta de veneração, de adoração e de modéstia nos trajes no culto divino, a mundanização da Igreja, etc.

Não é nossa intenção aqui fazer a apologia da reforma litúrgica nem analisar e questionar completamente todos os seus aspectos, mas sim defender o Magistério e a indefectibilidade da Igreja, que continua perene, mesmo com os atuais desastres a que possa ter dado azo a reforma litúrgica. O nosso propósito específico aqui é combater o equívoco doutrinário dos que consideram a nova Missa, como foi promulgada oficialmente pela hierarquia da Igreja, como sendo pecaminosa e, portanto, impossível de ser assistida sem se cometer pecado, e o conseqüente erro prático dos que atacam aqueles que, em determinadas circunstâncias, por dever de ofício ou demonstração de comunhão, dela participam ou a concelebram, como se eles tivessem cometendo uma ofensa a Deus.

A Missa de Paulo VI – a chamada “Nova Missa” - é hoje a forma ritual oficial da Igreja latina, celebrado pelo Papa e por todo o Episcopado Católico. O Santo Padre o Papa Bento XVI afirma: “É preciso antes de mais afirmar que o Missal promulgado por Paulo VI e reeditado em duas sucessivas edições por João Paulo II obviamente é e permanece a forma normal – forma ordinária – da Liturgia Eucarística” da Liturgia romana da Igreja Católica (Carta aos Bispos que acompanha o Motu Proprio Summorum Pontificum ).

A Igreja tem poder de criar e modificar os seus ritos. Assim, sobre “o poder da Igreja sobre a administração do sacramento da Eucaristia”, o Concílio de Trento declara expressamente que “a Igreja sempre teve o poder de, na administração dos sacramentos, salva a substância deles, determinar e mudar aquelas coisas que julgar conveniente à utilidade dos que os recebem ou à veneração dos mesmos sacramentos, segundo a variedade das coisas, tempos e lugares” (Sessão XXI, cap. 2 – Denz-Sh 1728).

É dogma de Fé, definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano I, que “esta Sé de São Pedro permanece imune de todo erro, segundo a promessa de Nosso Divino Salvador feita ao Príncipe de Seus Apóstolos: ‘Eu roguei por ti, para que tua Fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos’ (Lc 22,32)”. Esse mesmo Concílio Ecumênico Vaticano I define que “este carisma da verdade e da fé, que nunca falta, foi conferido a Pedro e a seus sucessores nesta cátedra...” .

Conforme legisla o Direito Canônico, pertence exclusivamente à autoridade da Igreja determinar o que é válido e lícito na celebração, administração e recepção dos Sacramentos, pois eles são os mesmos para toda a Igreja e pertencem ao depósito divino (Cf. C.D.C. cânon 841 ). Seria, portanto, usurpar o lugar da suprema autoridade da Igreja dizer que a Missa no rito romano atual é inválida ou ilícita ou, como alguns dizem, não serve para cumprir o preceito dominical.

O Santo Padre, o Papa Bento XVI, em sua Carta aos Bispos que acompanha o Motu Proprio Summorum Pontificum, afirma expressamente, como sendo algo óbvio: “Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades que aderem ao uso antigo, não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De fato, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do rito a exclusão total do mesmo”.

Está claro, portanto, nas palavras do Santo Padre, que se deve reconhecer o valor e a santidade da nova liturgia, e, em conseqüência, não excluí-la totalmente. Fica, pois, esclarecido pelo Santo Padre o Papa Bento XVI que, embora tenhamos como forma ritual própria da nossa Administração Apostólica a Missa na forma antiga do rito romano, a participação dos fiéis ou concelebração de algum dos nossos sacerdotes ou de seu Bispo, em uma Missa numa forma ritual promulgada oficialmente pela hierarquia da Igreja, por ela determinada como legítima e por ela adotada, como é a Missa celebrada na forma do Rito Romano atual, não pode ser considerado como sendo algo mau ou censurável. Nem isso significa a perda da nossa identidade litúrgica, mas sim uma demonstração de comunhão com os outros Bispos, sacerdotes e fiéis, apesar da diferença de forma ritual.

Porque ninguém pode ser católico mantendo-se numa atitude de recusa de comunhão com o Papa e com o Episcopado católico. A Igreja define como cismático aquele que recusa se submeter ao Romano Pontífice ou se manter em comunhão com os outros membros da Igreja a ele sujeitos (cânon 751). Ora, recusar-se continua e categoricamente a participar de toda e qualquer Missa no rito celebrado pelo Papa e por todos os Bispos da Igreja, pela razão de julgar esse rito, em si mesmo, incompatível com a Fé ou pecaminoso, representa uma recusa formal de comunhão com o Papa e com o Episcopado católico.

E a recente instrução “Universae Ecclesiae”, da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, publicada com aprovação e mandato do Papa Bento XVI, estabelece explicitamente: “Os fiéis que pedem a celebração da forma extraordinária não devem apoiar nem pertencer a grupos que se manifestam contrários à validade ou à legitimidade da Santa Missa ou dos Sacramentos celebrados na forma ordinária, nem ser contrários ao Romano Pontífice como Pastor Supremo da Igreja universal”.
O critério de verdade, ortodoxia e procedimento que rege nossa Administração Apostólica, como o deve ser para todo católico, é o Magistério vivo da Igreja, como nos ensina São Pio X: “o primeiro e maior critério da fé, a regra suprema e inquebrantável da ortodoxia é a obediência ao magistério sempre vivo e infalível da Igreja, estabelecido por Cristo columna et firmamentum veritatis, a coluna e o sustento da verdade.” . E o Papa venerável Pio XII também ensina que “a norma próxima e universal da verdade” é o “Magistério da Igreja” , explicando a razão: “Porque para explicar as coisas que estão contidas no Depósito da Fé, não foi aos julgamentos privados que o Nosso Salvador as confiou, mas sim ao Magistério Eclesiástico” .
Assim, o que aqui estamos ensinando baseia-se no Magistério vivo da Igreja, nossa segurança e critério de verdade.

Os princípios que sempre defendemos, na linha do Magistério da Igreja, a adesão às verdades da nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igreja continuam os mesmos. Houve, porém, em outras circunstâncias e em outro contexto, mesmo de nossa parte, comportamentos e afirmações dissonantes das normas e ensino da Igreja. É preciso examiná-las e retificá-las à luz do Magistério perene e vivo da Igreja, que, repetimos, é o critério de verdade e comportamento para o católico. Alguns podem equivocadamente pensar que o que foi feito, dito ou vivido num período de exceção e irregularidade seja o ideal e o normal para um católico. Não! O normal para todo católico é viver de acordo com o Magistério vivo da Igreja e unido e submisso à sua hierarquia. Não se pode apelar para aqueles antigos comportamentos ou afirmações dissonantes do Magistério, como argumento de terem sido adotados ou feitas antes, como se tais atitudes ou afirmações fossem os únicos critérios de verdade, infalíveis e nunca passíveis de correção e melhor expressão. Quantos santos, mesmo doutores da Igreja não erraram em doutrina e em comportamento! Por isso, nos ensina Santo Tomás de Aquino que “devemos nos apoiar, antes, na autoridade da Igreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer outro doutor” .

No maior período da crise, muitos enganos de julgamentos foram provocados por afirmações e ações erradas, que víamos generalizadas, difundidas por quase toda a Igreja, muitos das quais, infelizmente, continuam. Graças a Deus, muitos esclarecimentos magisteriais nos foram dados depois. À luz destes, examinamos se houve algum erro ou exagero no passado quanto às questões acima referidas, que, uma vez reconhecidos, devem ser humildemente corrigidos. Se houve alguma falha em comportamento ou expressões, corrigir-se não é nenhum desdouro. Afinal, errar é humano, perdoar é divino, corrigir-se é cristão e perseverar no erro é diabólico. Mas erros podem ser compreendidos e explicados, por má compreensão ou julgamento equivocado, influências, circunstâncias ou fraquezas humanas, mas não justificados. Santo Tomás de Aquino nos ensina: “Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção” .

Há pouco, no final de setembro passado, estive na visita “ad limina”, visita oficial do Bispo ao Papa, quando fui “conferir o meu evangelho com Pedro” (cf. Gl 1,18; 2,2), e pude ouvir o elogio e apoio do Santo Padre Bento XVI à nossa Administração Apostólica e ao nosso modo de agir e nos conduzir. E, na audiência pessoal privativa com o Santo Padre, recordei com ele que aqui conservamos a Missa na forma antiga do Rito Romano, mas que eu, em certas ocasiões, concelebro com os outros Bispos, como, por exemplo, naquela visita “ad limina”. O Papa se mostrou muito contente de que a situação entre a Administração Apostólica, a Diocese e os outros Bispos esteja em paz. E eu disse: “Santo Padre, em paz e em comunhão”, ao que ele respondeu: “Isso é muito importante!”. É o que nos importa: nosso modo de pensar e agir conferido com Pedro e apoiado por ele. E é o que nos consola, em meio a muitas incompreensões e ataques. Mas, felizmente, temos, além do Santo Padre, muitos amigos, católicos corretos e seguidores da verdadeira Tradição, que nos compreendem e apóiam.

Assim sendo, esperamos ter esclarecido os católicos de boa vontade, especialmente aqueles que nos estão confiados e querem realmente seguir a Igreja “cum Petro et sub Petro”.

Campos dos Goytacazes, 29 de junho de 2011
Festa de São Pedro e São Paulo – Dia do Papa.

+ Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo – Administrador Apostólico.

Bento XVI e o Ano Sacerdotal

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Ao proclamar o Ano Sacerdotal, com ocasião da comemoração do 150º aniversário do dies natalis de São João Batista Maria Vianney, o Santo Padre, Papa Bento XVI, afirmou que pretendia “contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo”. Este Ano Sacerdotal constituiu um tempo no qual não só os sacerdotes, mas todos os fiéis puderam redescobrir a beleza deste grande dom que o Senhor confiou à Sua Esposa, a Igreja.

As páginas deste livro contêm as principais intervenções do Romano Pontífice dirigidas aos sacerdotes ao longo do Ano Sacerdotal. Constituirão, certamente, um sólido alimento para a meditação dos sacerdotes, assim como uma preciosa catequese para todos os membros da Santa Igreja acerca deste ministério sagrado.

Ficha Técnica:

Número de Páginas: 205
Editora: Ecclesiae
Idioma: Português
ISBN: 978-85-63160-15-7
Dimensões do Livro: 14,5 x 21 cm

Maiores informações no site da Editora Ecclesiae.

domingo, 10 de julho de 2011

São Francisco de Assis: modelo de amor eucaristico para os sacerdotes e os fiéis

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Do site da Congregação para o Clero, da Santa Sé:

São Francisco de Assis: modelo de amor eucaristico para os sacerdotes e os fiéis

Pe. Stefano Maria Manelli, FI

São Francisco de Assis, «ardia com o fervor do mais profundo de todo o seu ser para com o sacramento do Corpo do Senhor, pois ficava absolutamente estupefato diante de tão amável condescendência e de tão digna caridade. Achava que era um desprezo muito grande não assistir pelo menos a uma missa cada dia, se pudesse. Comungava com freqüência e com tamanha devoção que tornava devotos também os outros. (...)

Certa ocasião quis mandar os frades pelo mundo com preciosas âmbulas para guardarem o preço de nossa redenção no melhor lugar, onde quer que o encontrassem guardado de maneira menos digna.

Queria que se tivesse a maior reverência para com as mãos sacerdotais, pelo poder divino que lhes foi conferido para a confecção do santo sacramento. Dizia freqüentemente: “Se e acontecesse de encontrar ao mesmo tempo um santo descido do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiro o presbítero, e me apressaria a beijar as suas mãos. Até diria: ‘Espera, São Lourenço, porque as mãos deste homem tocam a Palavra da vida e têm algo de sobre-humano’”»[1].

Nesta excepcional página do Bem-aventurado Tomás de Celano, primeiro biógrafo de São Francisco de Assis, é resumida toda a sua vida Eucaristica, rica de amor e de fé, de devoção e fervor. Não falta mesmo nada para que seja uma vida Eucarística exemplar, plena e perfeita para todos: tanto para os próprios sacerdotes como para os simples fiéis.

A Santa Missa, a Santa Comunhão, a adoração Eucarística, o decoro do altar e das Igrejas, a veneração pelos Sacerdotes, ministros da Eucaristia: em tudo isto São Francisco é de tal modo Mestre e modelo que se pode considerá-lo verdadeiramente não apenas como um Santo Eucarístico, mas como um serafim enamorado da Eucaristia.

Entre todos os seus filhos, veremos figuras admiráveis de serafins da Eucaristia, como Santo Antônio de Lisboa (de Pádua) e São Boaventura, que escreveram páginas de doutrina sublime e de comovente amor à Eucaristia; como São Pasqual Baylon, declarado patrono dos Congressos Eucarísticos; como São José de Copertino, que levitava num vôo estático na direção dos Ostensórios e Sacrários; como o Bem-aventurado Mateus de Gingenti e o Bem-aventurado Boaventura de Pontenza, que, depois de mortos, com seus próprios corpos cadavéricos, adoraram a Eucaristia; como São Pio de Pietrelcina, que por muitas oras, de dia e de noite, velava em oração diante do Altar Eucarístico.

Para São Francisco, a Santa Missa era um mistério de graça tão sublime que, na carta ao Capitulo geral e a todos os frades, escreveu esta esclamação de fogo: «pasme o homem inteiro, estremeça todo o mundo e exulte o céu quando, sobre o altar, na mão do sacerdote, está Cristo, Filho do Deus vivo».[2]

A coisa que impressiona São Francisco é o amor de Jesus, impelido a uma humildade inconcebível: «Ó admirável alteza e estupenda condescendência! Ó humildade sublime! Ó sublimidade humilde, pois o Senhor do Universo, Deus e Filho de Deus, de tal maneira se humilha que, por nossa salvação, se esconde sob uma pequena forma de pão!»[3]

Por isto, considerava grande falta de amor da nossa parte a ausência à Missa diária. Por isto ele assistia pelo menos uma Santa Missa por dia mas, quando estava doente, dentro de suas possibilidades, pedia que lhe celebrassem a Santa Missa em sua cela, ou pelo menos pedia para que lhe lessem o Evangelho da Missa do dia: «quando não podia ir à Missa, sempre queria ouvir o Evangelho daquele dia»[4]

Esta é uma lição para todos nós, que freqüentemente somos tão preguiçosos e criamos tantas dificuldades para participar da Missa dominical! Nem falemos da Missa diária, tão abandonada que, em muitas Igrejas, o Sacerdote deve celebrar a Santa Missa para os bancos ou para quatro velhinhas devotas.

Sobre a Santa Comunhão, São Francisco nos ensina como recebê-la como serafins ardentes de amor: «Comungava com freqüência e com tamanha devoção que tornava devotos também os outros»[5]. Eis a verdadeira devoção: aquela que edifica, que constrói, que impulsiona também aos outros à perfeição. São Boaventura, de fato, diz que era tão grande a devoção de São Francisco ao receber a Comunhão que «tornava os outros devotos». Basta pensar que logo após a Comunhão, ao «saborear o Cordeiro imaculado suavemente, como se estivesse ébrio no espírito, na mente era quase sempre arrebatado em êxtase»[6]. E Celano nos revela o íntimo de São Francisco, escrevendo que «ao receber o Cordeiro imolado, imolava o seu espírito com aquele fogo que sempre ardia no altar de seu coração»[7]. Este é o amor que se funde, a imolação de amor que não admite divisão: “quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele” (Jo VI,56).

São Francisco se preparava para a Santa Comunhão com um cuidado atentíssimo: não apenas a sua vida santa, diariamente rica de heroísmo, mas também a Confissão sacramental devia preparar cada dia a sua alma para receber Jesus Eucarístico com a máxima candura da graça. Naquele tempo, não se podia comungar mais de três vezes por semana: então, São Francisco confessava-se três vezes por semana. Quando se ama, quer-se agradar a pessoa amada, dando-lhe tudo que possa fazê-la feliz. A alma purificada pelo Sacramento da Confissão se torna uma casa cheia de candor e de perfume para Jesus, Hóstia Imaculada. São Francisco não só sabia e fazia isto, mas recomendava-o a todos com fervor verdadeiramente seráfico. Na carta a todos os fiéis, São Francisco escrevia assim: Jesus «quer que todos nos salvemos por ele e o recebamos com coração puro e com nosso corpo casto, mas são poucos os que querem recebê-lo»[8].

Quando se ama, além disso, olha-se com olhos de amor não apenas a pessoa amada, mas também a tudo aquilo que diz respeito a ela. Neste sentido, São Francisco cultivou a atenção altíssima de amor seja à adoração Eucarística, seja à veneração por tudo que se refere à Eucaristia, como as Igrejas e os Sacerdotes.

A paixão de amor pela adoração Eucaristia foi tão ardente em São Francisco que não eram poucas as noites inteiras passadas por ele aos pés do Sacrário. E se, às vezes, o sono lhe assaltava, cochilava um pouco sobre os degraus do altar e depois recomeçava, incansável e fervorosamente. Quem o sustentava? A fé e o amor àquele “tão Sublime Sacramento”.

A sua fé e o seu amor à Eucaristia irradiam-se por sua vida e pelos seus escritos com um fulgor luminosíssimo. Escreveu uma vez aos frades: «rogo a todos vós, irmãos, com o beijo dos pés e com a caridade que posso, que manifesteis toda reverência e toda honra, tanto quanto puderdes, ao santíssimo corpo e sangue do Senhor nosso Jesus Cristo»[9].

Para São Francisco, a fé na Eucaristia forma um todo com a fé na Santíssima Trindade e no Verbo Encarnado. E assim queria que fosse para todos. Por isto, escrevia com vigor e calor: «o Filho, no que é igual ao Pai, é visto por al­guém diferentemente do Pai, diferen­temente do Espírito Santo. Por isso todos os que viram o Senhor Je­sus segundo a humanidade e não viram e creram segundo o espírito e a divindade que ele era o verdadeiro Filho de Deus, foram condenados; assim também agora todos os que vêm o sacramento que se consagra pelas palavras do Senhor sobre o altar por mão do sacerdote na forma de pão e vinho, e não vêem e crêem segundo o espírito e a di­vindade, que é verdadeira­mente o Santíssimo Corpo e Sangue de Nos­so Senhor Jesus Cristo, foram condenados». E, pouco depois, continua sua amonição com uma comparação muito apropriada: «como se mostrou aos santos após­tolos em Carne verdadeira, assim também a nós agora no Pão Sagrado. E como eles com a visão de sua Carne só viam a Carne dele, mas criam que era Deus contemplan­do com olhos espirituais; assim também nós, vendo o Pão e o Vinho com os olhos corporais, vejamos e creiamos firmemente que é seu santíssimo Corpo e Sangue vivo e verda­deiro»[10].

Esta fé e este amor chegarão ao ponto de fazê-lo exclamar muitas vezes que «nada vejo corporalmente neste século do mesmo Filho de Deus, senão o santíssimo Corpo e o seu santíssimo Sangue (...). E esses santíssimos mistérios sobre todas as coisas quero que sejam honrados, venerados e colocados em lugares preciosos»[11].

O amor à Casa do Senhor é inseparável do amor à Eucaristia. Não se pode amar a Jesus e não cuidar de sua Casa. São Francisco nos deixou uma lição estupenda de amor e correção também neste ponto. Pessoalmente, ele já se preocupava da limpeza da Igreja, dos cálices e dos cibórios, das toalhas e das hóstias, dos vasos de flor e das lâmpadas.

Exortava os ministros do Altar a serem fervorosos e fiéis ao circundar o Santíssimo Sacramento com todo decoro e reverência. Em uma carta aos Custódios, parece escrever de joelhos: «eu vos rogo, mais do que por mim mesmo, que, quando for conveniente e virem que é oportuno, supliqueis humildemente aos clérigos, que devam venerar sobre todas as coisas o santíssimo corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo (...). Devem ter preciosos os cálices, corporais, ornamentos do altar e tudo que pertence ao sacrifício. E se em algum lugar estiver colocado pauperrimamente o santíssimo Corpo do Senhor, que por eles seja posto em lugar precioso e fechado à chave, de acordo com o mandato da Igreja, e seja levado com grande veneração e administrado aos outros com discrição. (...) Quando é sacrificado pelo sacerdote sobre o altar e é levado a alguma parte, todas as pessoas, de joelhos, retribuam louvores, glória e honra ao Senhor Deus vivo e verdadeiro»[12].

Estas coisas São Francisco escrevia e vivia. Quando chegava em um lugar, depois de ter pregado ao povo, sempre reunia o clero à parte e falava destes problemas com fervor apaixonado, recorrendo até às ameaças das penas eternas: «Será que não somos movidos pela piedade de todas essas coisas se o próprio piedoso Senhor se apresenta em nossas mãos e o tratamos e recebemos todos os dias em nossa boca? Ou ignoramos que devemos cair em suas mãos? Portanto, emendemo-nos depressa e firmemente disso tudo e de outras coisas; e onde quer que esteja o santíssimo corpo de nosso Senhor Jesus Cristo ilicitamente colocado e abandonado, seja removido desse lugar e colocado e confiado a um lugar precioso»[13].

Mais concretamente ainda, São Francisco mesmo, indo a pregar pelas cidades e vilarejos, «carregava uma vassoura para varrer as Igrejas», como refere a Legenda perusina, «porque o bem-aventurado Francisco ficava muito sentido quando entrava numa igreja e via que não estava limpa», e isto o levava a recomendar aos sacerdotes «para que tivessem um cuidado solícito por conservar limpas as igrejas, os altares e tudo que serve para celebrar os divinos mistérios»[14].

Além disso, «uma vez, quis enviar alguns frades por todas as pro­víncias – diz o Espelho de perfeição –, para levarem muitas píxides, bonitas e limpas, e onde encontrassem o Corpo do Senhor indignamente guardado, o colocassem naqueles píxides de maneira honrosa. Quis também enviar alguns outros frades por todas as províncias com bons e belos ferros para fazer hóstias boas e limpas»[15].

Se a isto acrescentamos que São Francisco pedia a Santa Clara que fizesse corporais para que fossem doados a Igrejas pobres e que ele mesmo, às vezes, preparava os vasos de flores para o altar, podemos ter uma idéia mais completa do fervor Eucarístico de São Francisco.

* * *

O que dizer, em particular, da veneração de São Francisco pelos Sacerdotes do Altar? Basta que nos reportemos ao seu Testamento: «O Senhor me deu e dá tanta fé nos sacerdotes, que vivem segundo a forma da santa Igreja Romana, por causa de sua ordem, que, se me fizerem perseguição, quero recorrer a eles mesmos. E não quero considerar pecado neles, porque enxergo neles o Filho de Deus»[16].

Esta é a visão sobrenatural de São Francisco sobre os consagrados “in Persona Christi”, ou seja, os sacerdotes: «enxergo neles o Filho de Deus». Por isto ele queria que «fossem honrados de maneira particular os sacerdotes que tratam os venerandos e máximos sacramentos, a tal ponto que, onde os encontrassem, inclinando a cabeça, lhes beijassem as mãos (...) e em qualquer lugar que encontrassem um sacerdote, rico ou pobre, bom ou mau, inclinando-se humildemente faziam-lhe uma reverência»[17].

Aos próprios Sacerdotes ele diz com amor: «Vede vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos, porque Ele é santo. E assim como o Senhor Deus os honrou acima de todos por causa desse ministério, assim também vós amai-o, reverenciai-o e honrai-o sobre todos»[18]. É realmente inefável a dignidade daquele que “re-presenta Cristo” e é chamado a ser, onde quer que seja, “presença de Cristo”, e a pensar, falar e agir em tudo “como Cristo”.

Por isto, São Francisco se preocupava de que os Sacerdotes possam sempre «celebrar a missa, puros com pureza façam com reverência o verdadeiro sacrifício do santíssimo corpo e sangue do Senhor nosso Jesus Cristo, com intenção santa e limpa»[19]. Tenham sempre a máxima devoção e o máximo candor de alma, com a perfeita obediência a todas as normas da Igreja e com toda a delicadeza ao tê-lo entre as mãos e ao distribuí-lo aos outros, fazendo assim admirarem-se os anjos que lhe assistem.

São Francisco não se cansa de recomendar aos sacerdotes sobretudo a humildade, fazendo referência ao exemplo do próprio Cristo, o qual «se humilha diariamente, como quando veio do trono real ao útero da Virgem; vem diariamente a nós ele mesmo aparecendo humilde; des­ce todos os dias do seio do Pai sobre o altar nas mãos do sacerdote»[20].

E as mãos do sacerdote deveriam ser puras como as mãos de Nossa Senhora, recomenda o Pai Seráfico, exprimindo-se com estas palavras sublimes: «ouvi, irmãos meus: Se a bem-aventurada Virgem é assim honrada, como é digno, porque o carregou em seu santíssimo útero; (...) como deve ser santo, justo e digno quem toca com as mãos, toma com o coração e com a boca e dá aos outros para tomar, aquele que já não há de morrer, mais vai viver para sempr e é glorificado, em quem os anjos querem olhar».[21]

Por isto, considerando tais e tão sublimes deveres do sacerdote, São Francisco não pode deixar de fazer uma dolorosa e amarga constatação relativa a cada sacerdote: «grande miséria e miserável debilidade, quando o tendes tão presente e vós buscais alguma outra coisa em todo o mundo»[22]. Se cada sacerdote pudesse refletir sobre estes branos do Pai Seráfico!...

Podemos encontrar a conclusão de todo o discurso sobre a piedade e sobre a vida Eucaristica segundo São Francisco de Assis nesta sua pequena exortação, que vale certamente para todos nós: «não retenhais nada de vós para vós mesmos, para que vos receba inteiros aquele que a vós se dá inteiro»[23]. Ser um do outro, ser um no outro: não seria este talvez o conteúdo das divinas palavras de amor do Summo e Eterno Sacerdote: «Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele» (Jo VI,56)?...

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[1]Celano, Tomás de. Segunda vida de São Francisco, cap. 152 in Fontes Franciscanas (FF), Ed. Mensageiro de Santo Antônio, Santo André 2005. O original latino diz: «Flagrabat erga sacramentum Dominici Corporis fervore omnium medullarum, stupori permaximo habens caram illam dignationem et dignantissimam caritatem. Missam vel unicam non audire quotidie, si vacaret, non parvum reputabat contemptum. Sæpe communicabat, et tam devote, ut alios devotos efficeret. (...) Diligebat propterea Franciam ut amicam Corporis Domini, atque in ea mori propter sacrorum reverentiam cupiebat. Voluit quandoque mittere fratres per mundum (cfr. Ioa 3,16) cum pretiosis pixidibus, ut ubicumque indecenter locatum pretium redemptionis adverterent, optimo reconderent loco. Sacerdotalibus manibus, quibus de ipso conficiendo tam divina collata auctoritas est, magnam volebat reverentiam exhiberi. Frequenter dicebat: “Si sancto cuiquam de cælo venienti (cfr. Ioa 3,31) et pauperculo alicui sacerdoti simul me contingeret obviare, praevenirem honore (cfr. Rom 12,10) presbyterum, et ad manus eius deosculandas citius me conferrem. Dicerem enim: “Oi! Exspecta, sante Laurenti! quia manus huius Verbum vitæ contrectant (cfr. 1Ioa 1,1), et ultra humanum aliquid possident!”». (NT)

[2] Francisco de Assis, S. Carta a toda a Ordem, n. 26 in FF. O original latino diz: «Totus homo paveat, totus mundus contremiscat, et cælum exsultet, quando super altare in manu sacerdotis est Christus, Filius Dei vivi». (NT).

[3] Ibidem. O texto latino diz: «O admiranda altitudo et stupenda dignatio! O humilitas sublimis! O sublimitas humilis, quod Dominus universitatis, Deus et Dei Filius, sic se humiliat, ut pro nostra salute sub modica panis formula se abscondat!». (NT).

[4] Legenda Perusina, 50,2 in FF. O original latino diz: «cum non posset audire missam, volebat audire Evangelium illius diei». (NT).

[5] Celano, T. Ibidem. O original latino diz: «Sæpe communicabat, et tam devote, ut alios devotos efficeret». (NT).

[6] Boaventura, S. Legenda maior de São Francisco, 9,2,5 in FF, ibidem. O original latino diz: «Saepe communicabat et tam devote, ut alios devotos efficeret, dum ad immaculati Agni (cfr. 1Pet 1,19) degustationem suavem, quasi spiritu ebrius, in mentis ut plurimum rapiebatur excessum». (NT).

[7] Celano, T. Ibidem, 152,3. O original latino diz: «Reverendum enim illud omni reverentia prosequens, membrorum omnium sacrificium offerebat, et agnum immolatum (cfr. 1Pet 1,19) recipiens, illo igne qui in altari cordis semper ardebat (cfr. Lev 6,12; Sir 23,22), spiritum immolabat ». (NT).

[8] Francisco de Assis, S. Carta II aos fiéis, nn. 14-15 in FF. O original latino diz: «Et vult ut omnes salvemur per eum et recipiamus ipsum puro corde et casto corpore nostro. Sed pauci sunt, qui velint eum recipere ». (NT).

[9] Francisco de Assis, S. Carta à toda a Ordem, n. 12 in FF. O original latino diz: «Deprecor itaque omnes vos fratres cum osculo pedum et ea caritate, qua possum, ut omnem reverentiam et omnem honorem, quantumcumque poteritis, exhibeatis sanctissimo corpori et sanguini Domini nostri Jesu Christi». (NT).

[10] Francisco de Assis, S. Admoestações, nn. 7-9.19-21 in FF. O original latino diz: «filius in eo, quod æqualis est Patri, videtur ab aliquo aliter quam Pater, aliter quam Spiritus Sanctus. Unde omnes qui viderunt Dominum Jesum secundum humanitatem et non viderunt et crediderunt secundum spiritum et divinitatem, ipsum esse verum Filium Dei, damnati sunt; ita et modo omnes qui vident sacramentum, quod sanctificatur per verba Domini super altare per manum sacerdotis in forma panis et vini, et non vident et credunt secundum spiritum et divinitatem, quod sit veraciter sanctissimum corpus et sanguis Domini nostri Jesu Christi damnati sunt (...). Et sicut sanctis apostolis in vera carne, ita et modo se nobis ostendit in sacro pane. Et sicut ipsi intuitu carnis suæ tantum eius carnem videbant, sed ipsum Deum esse credebant oculis spiritualibus contemplantes; sic et nos videntes panem et vinum oculis corporeis videamus et credamus firmiter, eius sanctissimum corpus et sanguinem vivum esse et verum». (NT).

[11] Francisco de Assis, S. Testamento, nn. 10-11 in FF. O original latino diz: «Et propter hoc facio, quia nihil video corporaliter in hoc sæculo de ipso altissimo Filio Dei, nisi sanctissimum corpus et sanctissimum sanguinem suum, quod ipsi recipiunt et ipsi soli aliis ministrant. Et hæc sanctissima mysteria super omnia volo honorari, venerari et in locis pretiosis collocari». (NT).

[12] Francisco de Assis, S. Carta I aos Custódios, nn. 2-7 in FF. O original latino diz: «Rogo vos plus quam de me ipso, quatenus, cum decet et videritis expedire, clericis humiliter supplicetis, quod sanctissimum corpus et sanguinem Domini nostri Jesu Christi (...). Calices, corporalia, ornamenta altaris et omnia, quæ pertinent ad sacrificium, pretiosa habere debeant. Et si in aliquo loco sanctissimum corpus Domini fuerit pauperrime collocatum, iuxta mandatum Ecclesiæ in loco pretioso ab eis ponatur et consignetur et cum magna veneratione portetur et cum discretione aliis ministretur. (...) Quando a sacerdote sacrificatur super altare et in aliqua parte portatur, omnes gentes flexis genibus reddant laudes, gloriam et honorem Domino Deo vivo et vero». (NT).

[13] Francisco de Assis, S. Carta aos Clérigos, nn. 8-11 in FF. O original latino diz: «Non movemur de his omnibus pietate, cum ipse pius Dominus in manibus nostris se præbeat et eum tractemus et sumamus quotidie per os nostrum? An ignoramus, quia debemus venire in manus eius? Igitur de his omnibus et aliis cito et firmiter emendemus; et ubicumque fuerit sanctissimum corpus Domini nostri Jesu Christi illicite collocatum et relictum, removeatur de loco illo et in loco pretioso ponatur et consignetur». (NT).

[14] Legenda Perusina, 18,5 in FF. O original latino diz: «Et portabat scopam ad scopandas ecclesias. Nam multum dolebat beatus Franciscus, cum intraret aliquam ecclesiam et videret ipsam non mundatam, et propterea semper, postquam predicaverat populo, finita predicatione, faciebat congregari omnes sacerdotes, qui aderant ibi, in aliquo remoto loco, ut a secularibus non audiretur, et predicabat eis de salute animarum, et maxime ut curam et sollicitudinem haberent conservandi mundas ecclesias, et altaria et omnia, que pertinent ad celebranda divina mysteria». (NT).

[15] Espelho de Perfeição, 65,1-12 in FF. O original latino diz: «quodam tempore, voluit mittere fratres aliquos per universas provincias qui portarent multas pyxides pulchras et mundas, et ubicumque invenirent Corpus Domini inhoneste repositum, ipsum in illis pyxidibus honorifice collocarent. Quosdam etiam alios fratres voluit mittere per universas provincias cum bonis et pulchris ferramentis ad faciendum hostias bonas et mundas». (NT).

[16] Francisco de Assis, S. Testamento, nn. 6.9 in FF. O original latino diz: «Dominus dedit mihi et dat tantam fidem in sacerdotibus, qui vivunt secundum formam sanctæ ecclesiæ Romanæ propter ordinem ipsorum, quod si facerent mihi persecutionem, volo recurrere ad ipsos. Et nolo in ipsis considerare peccatum, quia Filium Dei discerno in ipsis». (NT).

[17] Legenda dos três companheiros, 57, 9; 59,11 in FF. O original latino diz: «Sacerdotes quoque qui tractant veneranda et maxima sacramenta voluit singulariter a fratribus honorari, intantum ut ubicumque illos invenirent caput coram eis flectentes oscularentur manus eorum (...) Ubicumque autem inveniebant sacerdotem, divitem vel pauperem, bonum vel malum, inclinantes se humiliter ei reverentiam faciebant». (NT).

[18] Francisco de Assis, S. Carta a toda a Ordem, nn. 23-24, in FF. O original latino diz: «Videte dignitatem vestram, fratres (cfr. 1Cor 1,26) sacerdotes, et estote sancti, quia ipse sanctus est (cf Lev 19,2). Et sicut super omnes propter hoc ministerium honoravit vos Dominus Deus, ita et vos super omnes ipsum diligite, reveremini et honorate». (NT).

[19] Ibidem, n. 14 in FF. O original latino diz: «celebrare voluerint, puri pure faciant cum reverentia verum sacrificium sanctissimi corporis et sanguinis Domini nostri Jesu Christi sancta intentione et munda». Existem variações na tradução de «puri pure», como «puros e cheios de pureza». (NT).

[20] Francisco de Assis, S. Admoestações, 1,16-18 in FF. O original latino diz: «quotidie humiliat se, sicut quando a regalibus sedibus venit in uterum Virginis; quotidie venit ad nos ipse humilis apparens; quotidie descendit de sinu Patris super altare in manibus sacerdotis». (NT).

[21] Francisco de Assis, S. Carta a toda a Ordem, nn. 21-22 in FF. O original latino diz: « Audite, fratres mei: Si beata Virgo sic honoratur, ut dignum est, quia ipsum portavit in sanctissimo utero; (...) quantum debet esse sanctus, iustus et dignus, qui non iam moriturum, sed in æternum victurum et glorificatum, in quo desiderant angeli prospicere, contractat manibus, corde et ore sumit et aliis ad sumendum praebet!». (NT).

[22] Ibidem, n. 25 in FF. O original latino diz: «Magna miseria et miseranda infirmitas, quando ipsum sic praesentem habetis et vos aliquid aliud in toto mundo curatis» (NT).

[23] Ibidem, n. 29 in FF. O original latino diz: «Nihil ergo de vobis retineatis vobis, ut totos vos recipiat, qui se vobis exhibet totum» (NT).

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