Neste dia 10 de agosto de 2010, nosso Patriarca Gregório III celebrou a Divina Liturgia na Igreja Melquita de Sant’Ana em Taubaté/ SP, e fez a cerimônia da dedicação do novo altar e do iconostácio, construídos graças ao trabalho do pároco, Pe. Dimitrios Bertani, que tanto tem se empenhado na renovação e adaptação da capela à arquitetura bizantina. A Liturgia foi televisionada pela TV Canção Nova.Concelebraram com o Patriarca: o Arcebispo Melquita do Brasil, Dom Farès Maakaroun, o Arcebispo Emérito de Taubaté, Dom Antonio (nota do Salvem: ao que parece, pelas fotos, o Arcebispo de Taubaté, assistiu a Liturgia de veste talar, mas não concelebrou, pois estava sem paramentos), o Arquimandrita Antoine Dib, Chanceler Patriarcal, o pároco, Pe. Dimitrios, que já citamos, o Pe. Marcos, da Catedral de Taubaté, e o Frei José Moacyr Cadenassi, Franciscano Capuchinho, grande amigo da comunidade de Sant’Ana (e também amigo meu!). Havia a presença de seminaristas das Dioceses de Taubaté e de S. João da Boa Vista, dos subdiáconos e acólitos da comunidade local. Segundo o paroquiano e acólito Marcelo Debortoli, a visita do Patriarca foi “um momento de muita emoção vivido por todos nós”. Sua Beatitude, segundo ele, é “uma simpatia em pessoa e muito amoroso com todos!”.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Dedicação de Altar e Divina Liturgia Patriarcal em Taubaté
Música litúrgica - o Gloria
Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens, objetos da benevolência (divina) [Bíblia Ave Maria]
Gloria in altissimis Deo et in terra pax in hominibus bonae voluntatis [Vulgata]
Gloria in altissimis Deo, et super terram pax in hominibus bonae voluntatis [Neo Vulgata]
Com estas palavras a abri-lo, este texto foi composto em grego; era um dos inúmeros psalmi idiotici que se escreveram nos séculos II e III. Esta designação pode nos causar a nós, falantes de português, um certo estranhamento, por idiotici nos fazer lembrar da palavra idiota, que tem para nós significado bastante negativo. Entretanto, mesmo o nosso idiota vem do grego idiôtés, referindo-se ao homem privado, particular (e não público). Os psalmi idiotici são “salmos privados”, de composição nova, diferentemente dos poemas do Saltério hebraico.
(...) [o Gloria] é omitido nos dias de semana (exceto no Tempo da Páscoa), Têmporas, Vigílias, durante o Advento e da Septuagésima até a Páscoa, quando a Missa é de tempore. A festa dos Santos Inocentes, mas não sua oitava, é mantida com vestimentas roxas e sem o Te Deum ou Gloria. Tampouco se diz o Gloria nas Missas de Requiem ou votivas, com três exceções: Missas Votivas da Santíssima Virgem aos Sábados, dos Anjos e aquelas ditas pro re gravi ou por causa pública da Igreja, a não ser que as vestimentas sejam roxas. (...)
ATUALIZAÇÃO [12.8.2010] Leia os comentários feitos a este texto. Lá o nosso leitor Irmão Tomás de Aquino e o Rafael Brodbeck nos explicam essa questão.
Veja o leitor, na partitura, que a música do coro começa com et in terra, e o Gloria in excelsis Deo ali escrito é meramente o título da composição. Na gravação abaixo, o solista canta o início do Gloria VIII.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Novo Livro-Aula do Pe. Paulo Ricardo
2. Camadas de Interpretação das Sagradas Escrituras
3. Tradição e Escritura nas Primeiras Pregações
4. Riqueza do Magistério
5. A Geração Sub-Apostólica
6. Princípio da Tradição em São Basílio
7. Os Quatro Legados dos Santos Padres
Extra
- Número de Páginas: 68
- Editora: Ecclesiae
- Idioma: Português (Brasil)
- ISBN: 978-85-63160-02-7
- Dimensões do pacote (Livro+DVD+CD): 13,5 x 19 x 2,2 cm
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Diocese de Franca fará celebrar Missa Solene na forma extraordinária
No dia 21 de agosto, às 15 horas, na Catedral de Franca, SP, será celebrada uma missa solene no Rito Latino-Gregoriano pelo Padre Michel Rosa da Silva, por ocasião de seu aniversário de ordenação sacerdotal.
Segundo informa o leitor Ícaro de Faria Luis, “na diocese de Franca temos dois padres que sabem rezar a missa na forma extraordinária do rito romano, que está em vias de tornar-se semanal com o apoio de nosso bispo diocesano, Dom Pedro Luiz Stringhini, e existem mais padres com interesse em conhecer a missa tridentina”.
Na África não tem Missa Afro…
Pois é… Tanto se fala em colocar cultura afro na Missa romana por aqui, e, da África mesmo, a real, a de verdade, não a ideologicamente inventada, temos um belíssimo exemplo: Dom Gregory Ochiagha, Bispo Emérito de Orlu, Nigéria, celebrou seu Jubileu de Ouro com uma Solene Missa Pontifical na forma extraordinária.
Isso mesmo. Na África não tem Missa Afro. Na África tem Missa Tridentina!
Mas não diziam que o povo negro quer Missas com atabaques, falando “axé”, dançando no altar, com roupas extravagantes?
As fotos, que nos chegam via New Liturgical Movement, falam por si e nos dão esperança de que a liturgia será salva!
Após a Comunhão. Inspirador!
domingo, 8 de agosto de 2010
Santa Missa em Latim na forma Ordinária - Aracaju - SE
Entrevista com o Pe. Darvan da Rosa, da Diocese de Pelotas, RS
Agradecemos ao senhor pela disponibilidade em atender ao nosso convite. O senhor é um leitor do Salvem a Liturgia? O que mais gosta em nosso blog?
Sim. Gosto sobretudo do zelo pela liturgia de jovens, na maioria leigos. Perceber como estudam, como se esforçam para que a Liturgia seja bem celebrada. O conteúdo também é muito bom. Quanto à entrevista é um grande prazer.
O senhor considera que esse tipo de apostolado virtual tem repercussão real entre os católicos do Brasil?
Sem dúvida. Já tem me ajudado muito. Tenho aprendido e também tenho sido contagiado pelo desejo de melhorar a Liturgia em minha Paróquia. Surpreendo-me quando chego em algum lugar e vejo um jovem que tem carinho pela Liturgia. Indico-lhe o "Salvemaliturgia" e ele me responde: já o conheço - com ar de estima. Ele chega em mais pessoas do que imaginamos. Penso que a repercussão maior vem da ação do Espírito Santo. Estou convencido que Ele está levando os cristãos a quererem Liturgias bem feitas e fiéis ao Espírito da Igreja, sem abusos, com toda a riqueza multissecular. Neste sentido o "Salvemaliturgia" tem sido um grande instrumento de Deus.
E entre os padres e Bispos?
É o Espírito Santo que renova constatemente a Igreja de Cristo. Vendo tantos católicos verdadeiros - fiéis, coerentes, perseverantes, com espírito de comunhão - no "Salvemaliturgia", percebo que com o tempo este espírito repercutirá também em outros, inclusive nos Pastores. A verdade e o bem se espalham com a graça de Deus, quando a testemunhamos, mais do que esperamos. A internet faz com que aquilo que parecia impossível, ou seja, que quem se preocupa com aprimorar e tornar a Liturgia fiel às normas emanadas pela Autoridade competente da Igreja, pudessem ter proximidade para se ajudarem nos diversos lugares do Brasil. Isto faz o Salvem. Sei que nossos irmão leigos poderão ajudar muito a nós sacerdotes, se forem humildes, leais e amigos. Não existe má vontade na grande maioria de nós padres em celebrar corretamente a Santa Missa.
Como atingir mais pessoas, despertando-as para um maior amor à liturgia bem celebrada, de acordo com as normas, respeitando a tradição do rito romano? Há alguma receita?
Fazendo a experiência de celebrar bem, sem improvisar nem inventar. Colocando todo nosso coração no que estamos celebrando. Quando celebramos bem com todo o coração a Liturgia atrai as pessoas paro o que devia atrair: Deus ali presente. Não é o carisma humano e particular da pessoa do celebrante que deve atrair as pessoas para a Liturgia, mas o Deus inefável ali presente em Seu Mistério sagrado. Repito, não é o carisma humano. Com isto a edificação espiritual dos crentes é sólida. As pessoas começam a gostar cada vez mais, e lhes dói a improvisação, o chamar atenção, a inclusão de palavras pessoais em desacordo com o estabelecido. Isto é mecher em algo que não pode ficar a mercê da improvisação, pois é algo infinitamente grande. Por perceber que é tão sagrado os fiéis respeitam, buscam com avidez e profundidade. Isto repercute na vida. Não se pode querer outra coisa maior. Esta é a melhor maneira de despertar as pessoas para um amor profundo pela Liturgia, além, é claro, da oração.
De quem o senhor recebeu esse gosto pela liturgia? Há alguma inspiração maior?
Penso que de Deus mesmo. Na minha caminhada cristã senti que Cristo me pedia com força para ajudar os irmãos neste sentido: Celebrar de maneira fiel, correta, sem rubricismo e mera exteriorizaçao. Sempre que via uma Liturgia celebrada com decoro, sacralidade, fidelidade, sobriedade... Deus me fazia ver que Ele espera isto para toda a Igreja. Podia ser uma percepção arbitrária, subjetiva, coisa da minha cabeça, mas Ele me confirmava isto vendo as manifestações do Magistério eclesiástico. Confirmou-me também os frutos que observo.
Que papel os padres do Opus Dei e a espiritualidade de São Josemaria Escrivá possuem nesse tema da liturgia em relação ao sacerdócio?
Sem dúvida que confirmaram esta moção interior. São Josemaria tinha um amor indizível pela Santa Missa. E sua Missa era sóbria, bela, profunda, sacra. E a repercussão na salvação e santificação do mundo foi impressionante. Esta atitude do Santo - refletida nos seus filhos espirituais - me ajudou a perceber o que é a Missa mesmo, mais do que com palavras (aliás, como deve ocorrer conosco: como dizer que a Missa é tão importante, sagrada e decisiva para o mundo, se abusamos com inovações, estilos próprios, improvisações, tirando o foco do essencial?).
Como cultivar uma espiritualidade litúrgica?
Colocando todo nosso coração no Rito sagrado, em cada gesto, palavra, símbolo. Ter vida profunda de oração diante do Sacrário, tendo como base a Palavra de Deus. Estudando os textos do Magistério sobre liturgia e os bons autores. Procurando ser coerente com o que celebramos, ou seja, ser santo.
A reza diária do breviário tem ainda seu lugar na oração do padre moderno?
Claro. É a Palavra de Deus. Quase todo o breviário é extraído da Bíblia. É o trabalho fundamental do sacerdote: rezar pelo Povo e no lugar do Povo. É impressionante como a perseverança na oração do Breviário dá frutos na vida pessoal e no ministério do presbítero, e também da Igreja e do Povo a ele confiado.
O senhor usa batina, anda sempre de clergyman, veste a casula, celebra a Missa com rigor na liturgia, prega homilias ortodoxas, gosta de latim. Não tem receio da incompreensão de alguns leigos e mesmo colegas padres?
Não. Fazer tudo com amor e espírito de unidade com a Igreja é um grande bem. Mesmo que não se entenda bem no momento. Tudo isto que o senhor falou na pergunta é a Igreja que orienta que deve ser feito, não é iniciativa pessoal minha.
Sabemos que o senhor é um apóstolo da confissão. Ao chegar em Piratini, tomou como uma das primeiras medidas atender as pessoas no confessionário. O que pode nos dizer dessa experiência? Quais os frutos para a vida espiritual dos paroquianos? Que conselhos daria aos párocos nesse tema?
Teria mais que aprender do que falar. Digo no entanto: rezar pelos paroquianos, falar da confissão, estar a disposição. O uso do confessionário é muito positivo. Ajuda o fiel perceber que está se encontrando com Cristo, dá mais liberdade aos que estão pouco acostumado com esta experiência. A profundidade da vida cristã passa por este sacramento.
O senhor, há pouco, teve a feliz idéia de, na Semana Santa fazer celebrar a Missa em latim e versus Deum, no rito novo mesmo, pós-conciliar. Ao mesmo tempo em que o parabenizamos pela decisão, aproveitamos para pedir que o senhor nos descreva a celebração e como a preparou.
Foi sobretudo pelos 200 anos da Paróquia. A maioria das Missas na história da Paróquia foram celebradas em latim e no altar antigo. Influenciado por Bento XVI e João Paulo II rezei muito e percebi que é importante manter nos fiéis a percepção de continuidade e não de ruptura com a Igreja de todos os tempos. Fizemos em latim as orações próprias, o Kyrie (cantado), o Sanctus (cantado), a Oração Eucarística, o Pater Noster e o Agnus Dei (cantado). As mudanças têm que serem feitas com prudência, formação, gradualidade, tendo por objetivo o crescimento espiritual dos fiéis, na comunhão da Igreja, sem espaço para os meros gostos pessoais do sacerdote, que é o que menos conta.
Qual a reação dos fiéis após essa Missa? Sofreu muita perseguição, comentários maldosos ou incompreensões?
A reação foi muito boa. Tratou-se de uma experiência muito positiva para mim e para os fiéis. Claro que é necessário uma boa explicação e Catequese. Surpreendi-me com a alegria e aprovação sobretudo dos jovens. Houve uma pessoa que com toda lealdade e franqueza veio me perguntar o porquê. Foi muito bom também, neste clima de diálogo e crescimento, ajudarmo-nos a melhor entender a Liturgia e o "sentir com a Igreja".
Quais passos o senhor pretende dar a partir de agora? Há chance de ter um coro gregoriano, um grupo estável de coroinhas, Missas periódicas em latim?
Os passos são continuar rezando, pedindo inspiração de Deus, sem deixar de estar em sintonia com meu Bispo e Diocese. Temos verdadeira dificuldade de cantos, de coroinhas, mas sei que Deus provê Sua amada Igreja. Tudo é para o crescimento espiritual dos fiéis, para que sejam cristãos adultos na fé, capazes de transformar o mundo pela santidade de suas vidas e de sua ligação vital com Cristo e Sua Igreja.
E quanto à Missa na forma extraordinária, o senhor pretende aprendê-la?
Gostaria muito.
O que pensa a respeito da "reforma da reforma" levada a cabo pelo Papa? Essa revalorização de aspectos tradicionais, de Missas versus Deum, de mais latim e gregoriano, a tomada de posição pelo arranjo beneditino, a liberação da Missa tridentina... O que tem isso a ver com a Nova Evangelização, tão pedida pela Igreja?
Para a Nova Evangelização precisamos de cristãos fortes e maduros, prontos a testemunharem Cristo na sociedade que se paganiza. Isto só é possível com a centralidade da Eucaristia e da Palavra de Deus em suas vidas. E como conseguir eficazmente esta centralidade senão com Liturgias celebradas com profundidade, com sacralidade, com fidelidade, exalando o mistério divino que se aproxima de nós? O Papa Bento XVI tem dedicado grande parte de seu Magistério neste sentido, porque o Espírito Santo está conduzindo com força a Igreja nesta direção.
E os jovens? Como explicar que alguns não queiram Missas mais sóbrias alegando que eles não irão mais à igreja, mas que, ao contrário dessas previsões, sejam eles na linha-de-frente pela Missa tridentina, pela Missa nova bem celebrada, pelo latim, pelo véu nas mulheres, pela valorização da sacralidade?
Para mim é claramente obra do Espírito Santo na Igreja. Este é o futuro da Igreja. Pois o confirma isto também o Magistério. Se os cristão não encontram o Mistério e a sacralidade em nossas Liturgias ficam enfraquecidos na fé, na esperança e caridade. Alguns procuram outros caminhos. O coração do jovem quer experimentar Deus. Percebo que a renovação litúrgica passa pela juventude. Tenhamos confiança no Senhor e paciência.
Que apelo o senhor faz aos seus irmãos sacerdotes quanto à observância das normas litúrgicas?
Se não experimentaram, que experimentem. Com o tempo se pode ver a ação de Deus de maneira mais profunda e eficaz. Se já o fazem, perseverem, sem se deixar mudar pelos elogios ou criticas, em espírito de humildade e comunhão.