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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória…”

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A encarnação do Verbo de Deus assinala o início dos “últimos tempos”, isto é, a redenção da humanidade por parte de Deus. Cega e afastada de Deus, a humanidade viu nascer a luz que mudou o rumo da sua história. O nascimento de Jesus é um fato real que marca a participação direta do ser humano na vida divina. Esta comemoração é a demonstração maior do amor misericordioso de Deus sobre cada um de nós, pois concedeu-nos a alegria de compartilhar com ele a encarnação de seu Filho Jesus, que se tornou um entre nós. Ele veio mostrar o caminho, a verdade e a vida, e vida eterna. A simbologia da festa do Natal é o nascimento do Menino-Deus.

"O Presépio de Greccio", de Giotto
No início, o nascimento de Jesus era festejado em 6 de janeiro, especialmente no Oriente, com o nome de Epifania, ou seja, manifestação. Os cristãos comemoravam o natalício de Jesus junto com a chegada dos reis magos, mas sabiam que nessa data o Cristo já havia nascido havia alguns dias. Isso porque a data exata é um dado que não existe no Evangelho, que indica com precisão apenas o lugar do acontecimento, a cidade de Belém, na Palestina. Assim, aquele dia da Epifania também era o mais provável em conformidade com os acontecimentos bíblicos e por razões tradicionais do povo cristão dos primeiros tempos.

Entretanto, antes de Cristo, em Roma, a partir do imperador Júlio César, o 25 de dezembro era destinado aos pagãos para as comemorações do solstício de inverno, o “dia do sol invencível”, como atestam antigos documentos. Era uma festa tradicional para celebrar o nascimento do Sol após a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Para eles, o sol era o deus do tempo e o seu nascimento nesse dia significava ter vencido a deusa das trevas, que era a noite.

Era, também, um dia de descanso para os escravos, quando os senhores se sentavam às mesas com eles e lhes davam presentes. Tudo para agradar o deus sol.

No século IV da era cristã, com a conversão do imperador Constantino, a celebração da vitória do sol sobre as trevas não fazia sentido. O único acontecimento importante que merecia ser recordado como a maior festividade era o nascimento do Filho de Deus, cerne da nossa redenção. Mas os cristãos já vinham, ao longo dos anos, aproveitando o dia da festa do “sol invencível” para celebrar o nascimento do único e verdadeiro sol dos cristãos: Jesus Cristo. De tal modo que, em 354, o papa Libério decretou, por lei eclesiástica, a data de 25 de dezembro como o Natal de Jesus Cristo.

A transferência da celebração motivou duas festas distintas para o povo cristão, a do nascimento de Jesus e a da Epifania. Com a mudança, veio, também, a tradição de presentear as crianças no Natal cristão, uma alusão às oferendas dos reis magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Aos poucos, o Oriente passou a comemorar o Natal também em 25 de dezembro.

No Natal de 1223, três anos antes de morrer, São Francisco de Assis quis apresentar ao vivo a cena do presépio. Apresentação que devia logo repetir-se na história da Igreja mediante a sugestiva iniciativa do presépio.

São Boaventura na vida de São Francisco escreve: “Três anos antes de sua morte, na região de Greccio, Francisco quis fazer algo com a maior solenidade possível para reviver a devota memória do nascimento do Menino Jesus”.

A tradição atribui a São Francisco de Assis a introdução do Presépio no amplo ciclo das tradições natalinas. Como narrou São Boaventura, na noite de Natal de 1223 em Greccio, Francisco teria construído uma manjedoura com a palha, com o boi e o asno, e celebrou a Santa Missa, diante de uma multidão proveniente de toda a região.

Na realidade, em Greccio não estavam representados os personagens da Natividade de Belém, nem havia atores encenando a Virgem, São José e o Menino; portanto, mais do que um Presépio, a representação de Greccio deve ser interpretada como uma evolução do cerimonial litúrgico natalino, evocando os mistérios e dramas sacros como eventos comuns, baseados em episódios do Antigo e do Novo Testamento, expressões da religiosidade laica das Confraternidades, muito comuns naquele período, especialmente nas regiões da Umbria e Toscana.

Nas encenações sacras, a partir do século XIV cada vez mais luxuosas, eram constantes os personagens móveis, considerados por alguns como antenados das estátuas atuais.

A progressiva degeneração do drama litúrgico em formas pagãs, quase vulgares, levou a Igreja a condená-lo no Concilio de Treviri, e ao contrário, a favorecer a representação estática da Natividade e do Presépio, contribuindo assim para a sua sucessiva difusão.

Passados mais de dois milênios, a Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade. Portanto, hoje é dia de alegria, nasceu o Menino-Deus, nasceu o Salvador.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O "Tempo" de Jesus Cristo

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Na Liturgia desta Noite Santa, logo no início é proclamada a seguinte leitura histórica - o chamado "Precônio Natalino" (ou as Kalendas), situando especificamente, o tempo em que Nosso Senhor Jesus Cristo nasceu. E isto, para atestar que a Sua existência foi e é real, ocorrida na história da humanidade, ao contrário do que alguns historiadores - mesmo cristãos - tentaram e tentam afirmar.
"Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem à sua imagem; séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; treze séculos depois da saída de Israel do Egito sob a guia de Moisés; cerca de mil anos depois da unção de Davi como rei de Israel; na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; no ano 752 da fundação de Roma; no ano 538 do edito de Ciro autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade de mundo. JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses nasceu da Virgem Maria em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador. Ele é Emanuel, Deus Conosco!"

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

As "Quatro Têmporas"

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O brilho das Quatro Têmporas, por Michael P. Foley

As Quatro Estações

As Quatro Têmporas, que caem na quarta-feira, sexta-feira e sábado da mesma semana, ocorrem em conjunção com as quatro estações do ano. O outono [primavera no hemisfério sul, n.d.t.] traz as Têmporas de setembro, também conhecidas como as Têmporas de São Miguel devido a sua proximidade coma Festa de São Miguel em 29 de setembro. O inverno [verão no hemisfério sul, n.d.t.], por outro lado, traz as Têmporas de dezembro, durante a terceira semana do Advento e a primavera [outono no hemisfério sul, n.d.t.] traz as Têmporas da Quaresma, após o primeiro domingo da Quaresma. Finalmente, o verão [inverno no hemisfério sul, n.d.t.] anuncia as Têmporas de Pentecostes, que ocorrem dentro da Oitava de Pentecostes.

No Missal de 1962, as Têmporas eram observadas como férias de segunda classe, dias feriais de especial importância que se sobrepunham inclusive a certas festas de santos. Cada dia tem sua Missa própria, todas as quais são bastante antigas. Uma prova de sua antiguidade é que elas são uns dos poucos dias no rito gregoriano (como o Missal de 1962 agora vem sendo chamado) que têm cinco leituras do Antigo Testamento acompanhadas da leitura da Epístola, uma disposição antiga de fato.

Jejum e abstinência parcial durante as Têmporas eram também observados pelos fiéis desde tempos imemoriais até a década de 60. É esta associação de jejum e penitência com as Têmporas que levou alguns a pensarem que seu nome peculiar tivesse algo a ver com cinzas ardentes, ou brasas. Mas o nome em inglês [ember] deriva-se provavelmente de seu título latino, as Quatuor Tempora ou “Quatro Estações”.

Apostólicas e Universais

A história das Têmporas leva-nos às origens mesmas do Cristianismo. O Antigo Testamento prescreve um jejum quádruplo como parte de sua consagração do ano em curso a Deus (Zac 8, 19). Além destas observâncias sazonais, judeus piedosos na Palestina do tempo de Jesus jejuavam toda segunda e quinta – daí a vanglória do fariseu sobre o jejuar duas vezes por semana na parábola envolvendo um deles e o publicano (Lc 18, 12).

Os primeiros cristãos corrigiram ambos os costumes. A Didache, obra tão antiga que pode inclusive ser datada antes de alguns livros do Novo Testamento, conta-nos que os cristãos palestinos no primeiro século jejuavam todas as quartas e sextas: quartas porque é o dia em que Jesus foi traído e sextas porque é o dia em que Ele foi crucificado. O jejum de quartas e sextas de tal forma fizeram parte da vida cristã que uma palavra em gaélico, Didaoirn, significa literalmente “o dia entre os jejuns”.

No século terceiro, os cristãos em Roma começaram a destinar alguns destes dias à oração sazonal, em parte como imitação do costume judeu e em parte como resposta às festas pagãs que ocorriam por volta da mesma época. Assim nasceram as Têmporas. E depois que o jejum semanal tornou-se menos frequente, foram as Têmporas que permaneceram como testemunho evidente de um costume que remonta aos próprios Apóstolos. Ademais, ao modificando-se os dois jejuns judeus, as Têmporas encarnam a declaração de Cristo de que Ele não veio para abolir a Lei mas para cumpri-la (Mt 5, 17).

Proveitosamente Naturais

Este cumprimento da Lei é crucial porque ensina-nos algo fundamental sobre Deus, Seu plano redentor para nós e a natureza do universo. Tanto no caso dos jejuns sazonais dos judeus quanto das Têmporas dos cristãos, somos chamados a considerar a maravilha das estações naturais e sua relação com o Criador. Pode-se dizer, por exemplo, que as quatro estações indicam individualmente a felicidade do Céu, onde há “a beleza da primavera, o brilho do verão, a abundância do outono e o repouso do inverno”.

Isto é significativo porque as Têmporas são o único tempo no calendário da Igreja onde a natureza é destacada e reconhecida. Certamente o ano litúrgico como um todo pressupõe o ritmo anual da natureza (a Páscoa coincide com o equinócio de primavera, o Natal com o solstício do inverno, etc. [no hemisfério norte, n.d.t.]), mas aqui nós não celebramos os fenômenos naturais em si, mas os mistérios sobrenaturais que eles evocam. As Rogações comemoram a natureza, mas principalmente à luz de seu significado agrícola (ou seja, em relação com seu cultivo pelo homem) e não em seus próprios termos, por assim dizer.

As Têmporas, portanto, destacam-se como os únicos dias nas estações sobrenaturais da Igreja que comemoram as estações naturais da terra. Isto é apropriado porque, uma vez que o ano litúrgico renova anualmente nossa iniciação no mistério da redenção, ele deve fazer alguma menção especial à própria coisa que a graça aperfeiçoa.

Caracteristicamente Romanas

Mas e o sábado? A apropriação romana do jejum semanal evoluiu acrescentando o sábado como extensão do jejum de sexta-feira. E durante as Têmporas, eram realizadas uma Missa especial e uma procissão para a Basílica de São Pedro, com a congregação sendo convidada a “ficar em vigília com Pedro”. Sábado é um dia apropriado não somente para uma vigília, mas como um dia de penitência, quando nosso Senhor “jazia no sepulcro, e os Apóstolos estavam com o coração entristecido e em grande pesar”. A propósito, foi este costume que deu origem ao provérbio: “quando em Roma, faça como os romanos”. Segundo a estória, quando Santo Agostinho e Santa Mônica perguntaram a Santo Ambrósio de Milão se eles deviam obedecer aos jejuns semanais de Roma ou de Milão (que não incluía os sábados), Ambrósio respondeu: “quando eu estou aqui, eu não jejuo aos sábados, quando estou em Roma, jejuo”.

Solidariedade entre clérigos e leigos

Outro costume romano, instituído pelo Papa Gelásio em 494, é usar os sábados da Têmporas como dia para se conferir as Ordens Sagradas. A tradição apostólica prescrevia que as ordenações fossem precedidas por jejum e oração (cf. At 13, 3), e assim era bastante razoável situar as ordenações ao final deste período de jejum. Isto permitia à comunidade inteira unir-se aos candidatos no jejum e na oração pela bênção de Deus para sua vocação, e não apenas a comunidade desta ou daquela diocese, mas de todo o mundo.

Orações Pessoais

Além de comemorar as estações da natureza, cada uma das quatro Têmporas assume o caráter do tempo litúrgico em que está situada. As Têmporas do Advento, por exemplo, celebram a Anunciação e a Visitação, as únicas vezes durante o Advento, no Missal de 1962, em que isto é feito explicitamente. As Têmporas da Quaresma permite-nos ligar a estação da primavera [no hemisfério norte, n.d.t.], quando a semente deve morrer para produzir nova vida, à mortificação quaresmal de nossa carne. As Têmporas de Pentecostes, curiosamente, encontram-nos jejuando durante a Oitava de Pentecostes, ensinando-nos que existe um “jejum alegre”. As Têmporas de Outono [no hemisfério norte, n.d.t.] são o único tempo em que o calendário romano ecoa a Festa dos Tabernáculos e o Dia do Perdão dos judeus, duas comemorações que nos ensinam muito sobre nossa peregrinação terrena e sobre o sumo-sacerdócio de Cristo.

As Têmporas também nos oferecem a ocasião de um exame trimestral de nossa alma. O beato Tiago de Varazze (+ 1298) lista oito razões pelas quais nós devemos jejuar durante as Têmporas, a maioria delas relacionada à nossa luta pessoal contra o vício. O verão, por exemplo, que é quente e seco, é análogo ao “fogo e ardor da avareza”, enquanto o outono é frio e seco, como o orgulho. Tiago faz ainda um trabalho cativante ao coordenar as Têmporas com os quatro temperamentos: a primavera é sanguínea, o verão é colérico, o outono é melancólico e o inverno é fleumático. Não espanta que as Têmporas tenham se tornado tempos de retiro espiritual (não diferente de nossos modernos retiros), e que o folclore na Europa cresceu em torno deles, afirmando seu caráter especial.

Até o Extremo Oriente foi afetado pelas Têmporas. No sexto século, quando os missionários espanhóis e portugueses estabeleceram-se em Nagasaki, Japão, eles procuraram fazer refeições saborosas sem carne para as Têmporas e começaram a fritar camarões. A ideia conquistou os japoneses, que aplicaram o processo ao um diferente número de pratos do mar e vegetais. Eles chamam esta deliciosa comida – já adivinharam? – “tempura”, de Quatuor Tempora.

Têmporas Moribundas

Embora as Têmporas tenham permanecido estabelecidas no calendário universal como obrigatórias (assim como o jejum que a acompanha), sua influência irradiante sobre outras áreas da vida por fim diminuiu. No século vinte, as ordenações já não eram exclusivamente programadas para os sábados das Têmporas e seu papel como “exames espirituais” foi gradualmente esquecido. Os textos do Vaticano II poderiam ter feito muito para renovar as Têmporas. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia determina que os elementos litúrgicos “que sofreram os prejuízos dos tempos sejam agora restaurados conforme a antiga tradição dos Santos Padres” [“restituantur vero ad pristinam sanctorum Patrum normam nonnulla quae temporum iniuria deciderunt”] (50).

Mas, ao invés, o que veio foram as Normas Gerais para o Ano Litúrgico e o Calendário (1969) da Sagrada Congregação para o Culto Divino, onde lemos:

“Nas rogações e têmporas, a prática da Igreja é oferecer orações aos Senhor pelas necessidades de todo o povo, especialmente pela produtividade da terra e pelo trabalho humano, e lhe dar graças publicamente” (45).

“De modo a adaptar as rogações e as têmporas às várias regiões... as conferências dos bispos devem dispor o tempo e o modo de sua celebração” (46).

Felizmente, as Têmporas não deveriam ser removidas do calendário mas adaptadas pelas conferências nacionais de bispos. Houve, entretanto, várias defeitos nesta disposição. Primeiro, a SCCD trata as Rogações e as Têmporas como sinônimos, o que – como dizíamos no artigo anterior – elas não são. As Têmporas não rezam, por exemplo, pela “produtividade da terra e pelo trabalho humano” no ocaso do inverno. Segundo, ao pedir uma adaptação para as várias regiões, a SCCD permite que as Têmporas assumam um número indeterminado de significados que nada têm a ver com sua natureza, tais como “paz, a unidade da Igreja, a propagação da fé, etc.” Diferentemente do desenvolvimento orgânico das Têmporas, que preservou seu significado básico enquanto assumiu outros, a diretriz de 1969 não oferece salvaguardas para garantir que os novos significados atribuídos não substituiriam o propósito mais fundamental das Têmporas. Terceiro, as conferências nacionais de bispos deviam fixar os dias das Têmporas, mas nenhuma, pelo que sei, jamais o fez.

Têmporas Mortas - Vivos Debates

Devido a esta ambiguidade e falta de direção, as Têmporas desapareceram da celebração do Novus Ordo, e no pior momento possível. Pois exatamente quando a Igreja estava deixando sua celebração litúrgica da natureza cair no esquecimento, o Ocidente estava voltando-se freneticamente para a natureza. Desde a publicação do Príncipe de Maquiavel no século XVI, a sociedade moderna tem se dedicado a uma guerra tecnológica contra a natureza de modo a aumentar o domínio e o poder do homem. A natureza não é mais uma donzela a ser cortejada (como ela tinha sido para os gregos, romanos e cristãos medievais); ela devia, a partir de então, ser violentada, submetida através dos avanços tecnológicos mais impressionantes que fariam da humanidade, nas palavras frias de Freud, “um deus protético”.

Embora existam fortes reações a esta nova atitude, a hostilidade moderna ao que foi dado por Deus apenas expandiu-se com o tempo, evoluindo de uma guerra à natureza a uma guerra à natureza humana. Nossas preocupações atuais com a engenharia genética, “mudanças” de sexo, “casamento” entre pessoas do mesmo sexo – todas tentativas de redefinir e reconfigurar a natureza – são exemplos desta escalada em curso.

O movimento ecológico que começou na década de 60 ajudou a trazer à luz as implacáveis ondas de exploração da natureza, e assim temos hoje um reconhecimento renovado das virtudes do manejo responsável e das maravilhas da terra verde, mas frágil, de Deus. Mas este mesmo movimento, que serviu de muitas formas como um renascimento saudável, é temperado de absurdos.

Geralmente os mesmos ativistas que defendem girinos em perigo são defensores da aniquilação de bebês não-nascidos. Recentemente, após aprovar suas leis abortistas, o governo socialista da Espanha introduziu uma legislação para garantir aos chimpanzés direitos legais de modo a “preservar as espécies da extinção” – isto num país sem população nativa de primatas.

Muitas vezes, o ecologismo contemporâneo é também panteísta em suas convicções, tendo como resultado que para muitos ele torna-se uma religião em si mesmo. Esta nova religião vem completa com seus próprios sacerdotes (climatologistas), seus próprios evangelhos (dados sacrossantos sobre o aumento das temperaturas e o afundamento das geleiras), seus próprios profetas (Al Gore, que infelizmente permanece bem recebido em sua própria terra) e, mais que tudo, seu próprio apocalipsismo, com os quatro cavaleiros do desmatamento, aquecimento global, esgotamento de ozônio e combustíveis tóxicos, todos conduzindo-nos a um Apocalipse mais apavorante para a mente secular que os Quatro Novíssimos.

Conclusão

Meu objetivo não é negar a validade destas preocupações, mas lamentar a moldura neo-pagã em que elas são colocadas muito frequentemente. O home moderno é tão caótico que, quando finalmente redescobre um amor pela natureza, ele o faz da maneira menos natural. Tanto a antiga antipatia à natureza como sua atual idolatria têm uma grave necessidade de correção, uma correção que a Igreja está bem preparada para providenciar. Como Chesterton gracejava, os cristãos podem amar verdadeiramente a natureza porque eles não a adorarão. A Igreja proclama a bondade da natureza porque ela foi criada por um Deus bom e amoroso e porque ele reflete sacramentalmente a grandeza da bondade e do amor de Deus.

A Igreja faz isto liturgicamente com sua observância das “Quatro Estações”, as Têmporas. Celebrar as Têmporas não oferece, obviamente, soluções prontas para as complicadas dificuldades ecológicas do mundo, mas é um bom curso de atualização sobre primeiros princípios básicos. As Têmporas oferecem uma alternativa inteligente ao ecologismo panteísta, e fazem isto sem ser artificiais ou complacentes, como um novo “Dia da Terra” católico ou algo parecido indubitavelmente seriam.

É uma lástima que a Igreja inconscientemente permitiu que o brilho das Têmporas morresse no exato momento da história em que seu testemunho era mais necessário, mas é uma grande ajuda que a Summorum Pontificum tenha novamente tornado sua celebração universalmente acessível. Cabe à nova geração assumir sua prática com uma revigorada consideração daquilo que elas significam.

Michael P. Foley é professor adjunto de patrística na Universidade de Baylor. É autor de Wedding Rites: A Complete Guide to Traditional Music, Vows, Ceremonies, Blessings, and Interfaith Services (Eerdmans) e Why Do Catholics Eat Fish on Friday? The Catholic Origin to Just About Everything (Palgrave Macmillan).

Fonte original: Rorate Caeli
Tradução: OBLATVS
Fonte: Oblatvs

sábado, 17 de novembro de 2012

Liturgia ucraniana no Concílio Vaticano II

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Neste ano da Fé comemoramos 50 anos de início do Concílio Vaticano II. Acima, vemos uma fotografia de 1962 retratando uma celebração eucarística no rito ucraíno-católico (Divina Liturgia de São João Crisóstomo) assistida pelo Papa sentado em uma Cátedra, tal como os bispos assistiem as Missas coram pontifice na forma extraordinária do Rito Romano. A Basílica de São Pedro, que mescla os estilos renascentista, maneirista e barroco (com alguma decoração neoclássica) possui uma disposição diferente das igrejas com inspiração arquitetônica de tradição bizantina e eslava. Por isso, para a celebração da Liturgia ucraniana dispôs-se um altar móvel em frente à Confessio (túmulo do Apóstolo São Pedro, situada logo após as escadas que levam à parte inferior do altar-mor) e dois ícones, um do Cristo Pantokrator e outro da Virgem Theotokos, para improvisar uma iconostasis. É uma imagem que sublinha a unidade da Igreja na mesma fé, que se manifesta na diversidade de seus ritos e costumes, por ser a Igreja Católica, isto é, universal. Católicos de todas as partes do mundo, reunidos em torno do Papa, Vigário de Cristo, para oferecer a Deus o Santo Sacrifício.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sugestões de livros decentes sobre liturgia

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É uma pena que não tenhamos em português, salvo raríssimas e honrosas exceções, livros decentes sobre liturgia. Por aqui, na Terra de Santa Cruz, o que se nos vende como liturgia são as obras de Ione Buyst, por exemplo, especialista no tema, mas que “ensina” a fazer justamente o contrário do que manda o Papa.

Com base no discurso de Buyst e outros de sua escola, é que temos de conviver com as verdadeiras agressões e os legítimos crimes perpetrados contra o culto ao Senhor.

Podemos sanar esse problema difundindo livros que se caracterizam pela absoluta fidelidade às rubricas, pelo amor às normas litúrgicas, pela devoção à liturgia em si mesmo considerada, e pela visão realista da reforma de Paulo VI, todos condizentes com o pensamento de Bento XVI.

Apresentamos abaixo uma série deles. Clicando no livro, haverá o direcionamento para a loja em que ele pode ser adquirido.

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The History and the Future of the Roman Liturgy

Denis Crouan

Ignatius Press

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The Organic Development of the Liturgy

D. Alcuin Reid, OSB

Ignatius Press

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The Liturgy Betrayed

Denis Crouan

Ignatius Press

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Ceremonies of the Modern Roman Rite, 2nd Edition – RITO MODERNO

D. Peter Elliott

Ignatius Press

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Ceremonies of the Liturgical Year – RITO MODERNO

D. Peter Elliott

Ignatius Press

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Liturgical Question Box – RITO MODERNO

D. Peter Elliott

Ignatius Press

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La reforma de Benedicto XVI

Mons. Nicola Bux

Ciudadela Libros

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The Ceremonies of the Roman Rite Described – RITO TRADICIONAL

Pe. Adrian Fortescue; Côn. J.B. O'Connell; D. Alcuin Reid, OSB

St. Michael's Press

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Compendio di Liturgia Pratica – RITO TRADICIONAL

Pe. Ludovico Trimeloni

Marietti

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Reform of the Reform?

Pe. Thomas Kocik

Ignatius Press

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The Feast of Faith

Joseph Cardeal Ratzinger

Ignatius Press

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Turning Toward the Lord

Pe. Uwe Michael Lang

Ignatius Press

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Todos os Santos e o canto do Sanctus

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No momento do Prefácio do Sacrifício da Missa, o sacerdote dirige-se a Deus para relembrar seus louvores e suas maravilhas e, no final, exorta os fiéis da Igreja Militante a se unirem ao canto dos anjos e dos santos para cantarem a Santidade do Deus Três vezes Santo. Este momento pode ser vivido de forma muito especial na Liturgida da Missa de Todos os Santos. Lembremos nesse momento que não estamos sozinhos. Ao participarmos da Santa Missa, estamos unidos espiritualmente a todos os santos e anjos no Céu, mesmo aqueles dos quais não conhecemos o nome. No Sanctus, a Igreja canta em toda a sua unidade a Santidade sublime Daquele que a faz Santa e que é a origem e fonte de toda a santidade.

Para ilustrar isso, vejamos abaixo as iluminuras do Sacramentário do rei dos francos Carlos II, o Calvo, datado de c. 870, que decoram as páginas do Prefácio e do Sanctus da Missa.

Na primeira imagem, do Folio 05 nrº, vemos Cristo entronizado nos Céus, acima de um serafim, rodeado por anjos e pelos tetramorfos simbolizando os 4 evangelistas. Aí vê-se representada a santidade e a glória da qual goza o Verbo de Deus humanado, assentado à dextra do Pai nos Céus.


No Folio 05 vº vemos a multidão dos santos prestando adoração ao Senhor que reina nos Céus e se fará presente sobre o Sacramento Santíssimo do Altar. Muitos deles oferecem coroas, lembrando a visão que São João Evangelista teve do Trono de Deus.


No Folio 06 rº vemos novamente o Cristo em Majestade (maiestas Domini) ladeado por dois serafins, acima de duas alegorias, provavelmente representando o Céu e a Terra, repletos de Sua Glória.



Que possamos, pois, nos lembrar sempre dessa excelsa realidade da Comunhão dos Santos e nos unirmos a eles para cantar a Santidade de Deus que nos santifica e nos eleva.

O Sacramentário de Carlos II (do ano 870) pode ser vizualizado completo neste link.

sábado, 13 de outubro de 2012

"Palmas na Santa Missa, pode ou não?"

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Por diversas vezes, já se falou sobre o tema, como pode ser comprovado, por exemplo, AQUI e AQUI. No entanto, é um tema que muitos fiéis ainda questionam a respeito. 

O fato é que têm circulado em diversos sites, blogs e redes sociais imagens como a seguinte:


Isso, baseando-se no seguinte vídeo, onde em diversas línguas, os comentaristas/tradutores do Vaticano pedem aos fiéis presentes na celebração da Santa Missa para não baterem palmas, gritarem, ou agitarem bandeiras para assim, não se perturbar a Ação Litúrgica:


É bom ter claro que, enquanto Papa, Bento XVI nunca disse tais palavras, mas, enquanto Decano dos Cardeais e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em seu livro "Introdução ao espírito da Liturgia", subentendeu-se tal afirmação que, em língua portuguesa, pode ser lida a explicação lógica, histórica, coerente e doutrinal a respeito das palmas durante a Santa Missa, quando trata da dança na Liturgia (grifos e ressalvas entre colchetes nossos):
"A dança não é uma forma de expressão cristã. Já no século III, os círculos gnóstico-docéticos [portanto, uma Heresia!] tentaram introduzi-la na Liturgia. Eles consideravam a crucificação apenas como uma aparência: segundo eles, Cristo nunca abandonou o corpo, porque nunca chegou a encarnar antes da sua paixão; consequentemente, a dança podia ocupar o lugar da Liturgia da Cruz, tendo a cruz sido apenas uma aparência. As danças culturais das diversas religiões são orientadas de maneiras variadas - invocação, magia analógica, êxtase místico; porém, nenhuma dessas formas corresponde à orientação interior da Liturgia do "Sacrifício da Palavra". É totalmente absurdo - na tentativa de tornar a Liturgia "mais atraente" - recorrer a espetáculos de pantomimas de dança - possivelmente com grupos profissionais - que, muitas vezes (e do ponto de vista do seu desígnio com razão), terminam em aplauso. Sempre que haja aplauso pelos atos humanos na Liturgia, é sinal de que a natureza se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero religioso. [...] A Liturgia só pode atrair pessoas olhando para Deus e não para ela própria; deixando-O ingressar e agir."
(RATZINGER, Joseph. Introdução ao espírito da Liturgia. 3ª Edição. Paulinas: Prior Velho, Portugal, 2010. pp. 146 e 147.)

Partindo do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, nos números 1362, 1366, 1382, 1409, a Santa Missa é o "Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor", aqui, procuramos demonstrar claramente que as palmas proibidas são aquelas ritmadas para acompanhar músicas.

Na Liturgia, como em tudo, existe o momento certo e adequado para cada coisa acontecer. Este tipo de acompanhamento (palmas) tem seus momentos específicos, como podemos verificar na celebração dos Sacramentos e Sacramentais, dentro da ou fora Missa, de acordo com as rubricas:

No Ritual do Batismo de Crianças:

76. A assembléia pode manifestar sua alegria com uma salva de palmas. A família acolhe o neobatizado com um beijo ou outro gesto de afeição.

No Ritual do Matrimônio:

65. [Após o Consentimento], O sacerdote convida os fiéis para o louvor a Deus, que respondem “Graças a Deus” ou outra fórmula de aclamação. [Palmas].

Introdução Geral: Ordenação de Diácono, Presbítero e Bispo, nº 11:

Compete às Conferências dos Bispos:

a) Definir o modo como a comunidade vai aprovar a escolha dos candidatos, de acordo com o costume da região (na Ordenação de Bispo, nn. 38 e 74; na Ordenação de Presbíteros, nn. 122, 150, 266 e 307; na Ordenação de Diácono, nn. 198, 266, 264 e 305).

Outros momentos oportunos:

·        Na criação de Cardeais, quando o Papa diz o nome do novo Cardeal, a assembleia na basílica costuma-se aplaudir. Também nalgumas celebrações quando antes dos ritos iniciais, o Ordinário do local dirige uma mensagem ao Papa, em geral se conclui com palmas. 

·        Na posse de Párocos, após a Profissão de Fé e Juramento de Fidelidade e após a alocução do novo pároco à comunidade, os fiéis também podem aclamá-lo com as palmas.

E isso, para se ter em conta que se trata de uma regra universal e válida, inclusive para os grupos que se utilizam das expressões corporais como forma de louvor a Deus e que fazem uso de danças e músicas ritmadas com palmas em suas reuniões. Não há problema que eles usem isso em suas reuniões, o problema é tentar adaptar a Liturgia ao seu grupo, como dito no texto do Cardeal Ratzinger.

Tenha-se claro que não se trata também de uma forma intimista ou uma "característica privada" de grupos; Antes, como uma "Lei" serve para coibir e mesmo alertar os fiéis a respeito de atos errôneos e os modos como evitá-los. Para isso servem as leis. E caso sejam infringidas, existem as penas a serem cumpridas, como a acusação durante a confissão sacramental.

Claro que não se pode entrar em méritos ou desméritos relativistas da contemporaneidade de que, "no fim das contas, o que importa é o coração, é o amor..." Sim! Importa sim o amor e o zelo com que toda ação litúrgica se volta para Aquele que é Amor, como sinal de retorno do dom recebido pelo "Deus-Amor."

Nem sempre questões religiosas podem ser respondidas com "pode" ou "não pode", visto que é algo muito simplista; Aqui não se trata apenas de uma restrição, mas de reflexões do Magistério sobre a Eucaristia. Muitas vezes, por detrás de um "não" que a Igreja dá, existe um valor tentando ser preservado. Às vezes um "não" que se dá em um determinado momento é para tentar corrigir situações que estão erradas, até poder dar um "sim" do jeito acertado. Um "não" bem dito, ajuda em um "sim" melhor acolhido posteriormente.

De toda forma, se nem para o Hino Nacional, em termos cívicos, batem-se palmas, como um ato de respeito, o que se dirá na Santa Missa!

sábado, 15 de setembro de 2012

"Stabat Mater dolorosa..."

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Diversas  imagens e invocações da Virgem Maria salientam o aspecto de sua dor, ao ver o sofrimento e a morte do Filho. Desde muito cedo iniciou-se a devoção a Nossa Senhora das Dores. Sua imagem recorda as palavras do profeta Simeão, no templo de Jerusalém, na apresentação do Menino: "Uma espada transpassará a tua alma".

Ela contemplou Jesus nos momentos de dor - flagelação e crucifixão - e ela mesma viveu muitas dores: a perseguição de Herodes; a fuga para o Egito; a perda do Filho aos 12 anos, na peregrinação a Jerusalém; a morte e seputamento dele. O povo sofrido e constantemente em contato com as "dores" da vida se identifica enormemente com a Virgem Santíssima. Com ela também se consola e fortalece, pois o sofrimento é caminho para a glorificação!

Stabat Mater (do latim "Estava a Mãe") é uma seqüencia do século XIII, atribuído ao franciscano Frei Jacopone de Todi. O poema começa com as palavras Stabat Mater dolorosa ("estava a Mãe dolorosa"), e fala do sofrimento de Maria, mãe de Jesus, durante a crucificação. Existe também o hino "Stabat Mater speciosa" ("estava a Mãe formosa"), atribuído ao mesmo autor, que contempla as alegrias de Maria junto ao presépio.

O poema foi musicado por muitos compositores, como Antonio Vivaldi, Rossini, Dvořák e Pergolesi, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Marc-Antoine Charpentier, Joseph Haydn, Emanuele d'Astorga, Charles Villiers Stanford, Charles Gounod, Krzysztof Penderecki, Francis Poulenc, Karol Szymanowski, Alessandro Scarlatti (1724), Domenico Scarlatti (1715), Pedro de Escobar, František Tüma, Arvo Pärt, Josef Rheinberger, Giuseppe Verdi, Zoltán Kodály, Trond Kverno (1991), Salvador Brotons (2000), Hristo Tsanoff, Bruno Coulais (2005), e mais recentemente Karl Jenkins.

A maioria do que existe escrito sobre o Dolorosa atribui a autoria do hino a Frei Jacopone de Todi, um franciscano que morreu em 1306. A Igreja só aprovou oficialmente seu uso litúrgico em 1727, quando foi incluído no Breviário Romano e no Missal para a Festa das Sete Dores, dividido em Vésperas (Stabat mater dolorosa), Matinas (Sancta Mater, istud agas) e Laudes (Virginum virgo praeclara). Entretanto Georgius Stella, chanceler de Genoa (d. 1420) em seus "Annales Genuenses" diz que ele começou a ser usado pelos Flagellantes em 1388. Em 1399 os Albati e os Bianchi já o cantavam na procissão dos Nove Dias em Provence. Parece que o texto foi roubado da Igreja da Sequência pelos heréticos. Se realmente o hino foi escrito por Frei Jacopone, partiu dos conventos para uso popular diretamente, o que não era comum na época.


O hino já teve como prováveis autores São Gregório Magno (604), São Bernardo de Claraval (1153), Inocêncio III (1216), São Boaventura (1274), Frei Jacopone de Todi (1306), o papa João XXII (1334) e Gregório XI (1378). Destes, os mais prováveis são Inocêncio III e Jacopone. Bento XIV atribui sem dúvida a Inocêncio. Mone e Hurler também fazem essa atribuição. Já Dufield (Latin Hymns Writers and Theyr Hymns) e Mearns in Julian (Dictionary of Hymnology) rejeitam. Gregorovius acha que "o intelecto frio e majestoso do papa" não o tornaria capaz de elaborar um poema com tal doçura e suavidade calorosa. São Tomás de Aquino é quem faz uma referência a um manuscrito do século XIV contendo poemas de Jacopone dentre eles um Stabat. O argumento para Jacopone não é satisfatório.Seus hinos, escritos no dialeto umbriano tornaram-se populares e merecem respeito, mas muitos certamente não são seus (é duvidoso até se ele escreveu algum), ou em todo caso, qualquer coisa melhor que imitações de hinos em latim.

O Concílio de Trento e o Papa Pio VII quiseram abolir seu uso litúrgico, provavelmente devdido à sua popularidade, e de fato em 1570 foi proibido. O Papa Bento XIII em 1727 autorizou seu retorno para a festa das Sete Dores, realizada no dia 15 de Setembro. Este hino ainda hoje é cantado durante a Quaresma, na recitação e meditação da Via Sacra, entre uma estação e outra. Na Liturgia das Horas, está dividido e distribuído para algumas delas.








Stabat Mater dolorosa juxta crucem lacrymosa
Estava a Mãe dolorosa, junto à cruz, lacrimosa,
Dum pendebat Filius.
Da qual pendia o Filho.
Cujus animam gementem, contristatam et dolentem
A espada atravessava
Pertransivit gladius
Sua alma agoniada, entristecida e dolorida.
O quam tristis et afflicta fuit illa benedicta,
Quão triste e aflita estava ali a bendita,
Mater Unigeniti!
Mãe do Unigênito!
Quae moerebat et dolebat et tremebat cum videbat
Quão abatida, sofrida e trêmula via
Nati poenas inclyti.
O sofrimento do Filho divino.
Quis est homo, qui non fleret,
Qual é o vivente que não chora,
Matrem Christi si videret in tanto supplicio?
Vendo a Mãe do Cristo em tamanho suplício?
Quis non posset contristari,
Quem não ficaria triste,
Christi Matrem contemplari dolentem cum Filio?
Contemplando a mãe aflita, padecendo com seu Filho?
Pro peccatis suae gentis vidit Jesum in tormentis
Por culpa de sua gente, ela viu Jesus torturado,
Et flagellis subditum.
Submetido a flagelos.
Vidit suum dulcem natum moriendo desolatum,
Viu o Filho muito amado, morrendo abandonado,
Dum emisit spiritum.
Entregando o seu espírito.
Eja Mater, fons amoris, me sentire vim Doloris
Mãe, fonte de amor, que eu sinta a força da dor
Fac, ut tecum lugeam.
Para poder contigo pranteá-lo.
Fac,ut ardeat cor meum in amando Christum Deum,
Faz arder meu coração devido à partida do Cristo Deus,
Ut sibi complaceam.
Para que o possa agradar.
Sancta Mater, istud agas, crucifix fige plagas
Santa Mãe, dá-me isto: trazer as chagas do Cristo
Cordi meo valide.
Cravadas no coração.
Tui Nati vulnerati, tam dignati pro me pati,
Com teu Filho, que por mim morre assim,
Poenas mecum divide.
Quero o sofrimento partilhar.
Fac me tecum pie flere crucifixo condolere,
Dá-me contigo chorar pelo crucificado
Donec ego vixero.
Enquanto vida eu tiver.
Juxta crucem tecum stare et me tibi sociare,
Junto à cruz quero estar e me juntar
In planctu desidero.
Ao teu pranto de saudade.
Virgo virginum praeclara, mihi jam non sis amara:
Virgem das virgens radiante, não te amargures:
Fac me tecum plangere.
Dá-me contigo chorar.
Fac, ut portem Christi mortem,
Que a morte de Cristo permita,
Passionis fac consortem
Que de sua paixão eu partilhe,
Et plagas recolere.
E que suas chagas possa venerar.
Fac me plagis vulnerari cruce hac inebriari
Que pelas chagas eu seja atingido e pela Cruz inebriado
Ob amorem Filii.
Pelo amor do Filho.
Inflammatus et ascensus per te Virgo sim defensus
Animado e elevado por ti Virgem, eu seja defendido
In die Judicii
No dia do juízo.
Amém.


Publicado originalmente em: Reflexões Franciscanas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Exaltação da Santa Cruz em códice bizantino

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A imagem acima  é uma iluminura do Menologion (uma espécie de livro com o calendário litúrgico usda pela Igreja de rito bizantino) feito sob encomenda do imperador bizantino Basílio II, no século XI. A imagem representa o momento em que o Patriarca de Jerusalém entroniza a Santa e Verdadeira Cruz de Cristo em um púlpito, rodeado pelo clero.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Breve reflexão sobre as duas formas do rito romano e pergunta aos leitores

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Em igualdade de condições, a forma extraordinária "vence". 

Nos casos concretos, imaginemos duas Missas em rito romano, uma na forma ordinária, outra na extraordinária, ambas em latim, versus Deum e sem abusos. A ordinária cantada "supera" a extraordinária rezada. Mas ambas rezadas ou ambas cantadas, se posso escolher, vou à extraordinária. 

Isso não atinge a essência da Missa, que é a mesma sempre, até quando tem abusos. Mas os elementos acidentais da forma extraordinária são mais ricos mesmo quando a forma ordinária é bem celebrada, em latim, versus Deum, com canto gregoriano, incenso, belos paramentos etc. 

Há pontos positivos na reforma de Paulo VI, na forma ordinária, superiores à forma extraordinária? Sim, e por esse motivo - e muitos outros -, o melhor é que, daqui umas décadas, sem canetaço, de modo harmônico, as duas se influenciem mutuamente, a tal ponto que não distingamos uma da outra e tenhamos a unidade no rito: a base seria a forma extraordinária, com toda a sua riqueza milenar, incorporados os elementos da forma ordinária que sejam positivos e tenham "sobrevivido ao período de testes". 

Quais seriam eles? Pessoalmente, e sujeito à apreciação dos amigos, o uso do vernáculo em algumas partes da Missa, a possibilidade de se usar incenso mesmo na Missa rezada, a concelebração em ALGUNS dias especiais (aniversário do Bispo, aniversário da diocese, festa do padroeiro, final de um grande evento etc), a Segunda Leitura nos Domingos e Solenidades, os novos santos do calendário, o lecionário ferial, o maior número de leituras na Vigília Pascal.

O que os leitores pensam?

sábado, 28 de julho de 2012

O que é a Santa Missa?

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Uma excelente explicação - altamente didática - pelo Servo de Deus Dom Fulton Sheen.





segunda-feira, 23 de julho de 2012

Livro litúrgico carolíngio completo em PDF!

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O Sacramentário do Arcebispo Drogo de Metz, filho do Imperador franco Carlos Magno, datado aproximadamente do ano 850, está disponível digitalizado completo em PDF com as capas com baixo-relevos em marfim inclusas. Para baixar, basta acessar o link abaixo, clickar em PDF, esperar carregar o arquivo e salvar uma cópia:


O Site dá uma breve descrição sobre o Sacramentário:

"O sacramentário era um livro litúrgico utilizado nas orações durante a Alta Idade Média, contendo as orações, prefácios e cânones da missa. Drogo (801-55), bispo de Metz, filho de Carlos Magno e renomado patrono em sua época, tinha uma magnífica cópia do sacramentário feito em Metz, por volta de 845-855. O manuscrito, escrito em pergaminho, é uma obra de vários artistas empregados pela corte imperial. Foi composto em uma escrita latina clara e inclui alguns dos mais belos florões já produzidos em Metz. A iluminura é feita de capitulares ilustradas, arcaturas decorativas e letras douradas, e distingue-se tanto pela sutileza e dinamismo das características e pela delicadeza de suas cores verde-esmeralda, azul-celeste, violeta e roxo quanto pelo gosto pronunciado por plantas ornamentais. A iconografia da iluminação é centrada na vida de Cristo e corresponde às placas de marfim da encadernação. Executadas na mesma época e pela mesma oficina do manuscrito, tanto a placa da frente quanto a placa do verso estão divididas em nove plaquetas esculpidas em relevo. As plaquetas ilustram os principais sacramentos (placa superior) e as cenas da liturgia da igreja (placa inferior). O sacramentário teria sido usado na catedral carolíngia de Metz e constitui um precioso registro das práticas e dos apetrechos litúrgicos utilizados na época. No século XVI, as placas foram colocadas de volta no manuscrito sobre veludo verde e as bordas cobertas com um revestimento de prata adornado com folhas de acanto."

domingo, 1 de julho de 2012

Sangue de Cristo: Fonte da Vida

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Hoje, no calendário romano extraordinário é a festa do Preciosíssimo Sangue de Cristo. Trago abaixo, um retábulo encomendado pelo rei Dom Manuel I de Portugal (o mesmo dos tempos do Descobrimento do Brasil) no qual o rei, sua família, o Arcebispo de Lisboa e pessoas ligadas à Santa Casa de Misericórdia para qual o retáublo fora encomendado circundam uma fonte de sangue que escorre do lado do Cristo Crucificado. Na fonte a inscrição Fons vitae - "Fonte da vida", lembrando que o sangue do Redentor é a fonte da Vida Eterna.


Oficina de BAREND VAN ORLEY (?). Fons Vitae. Cerca de 1520. Óleo em madeira de carvalho 267x210. Igreja das Misericórdias do Porto, Portugal.

“(…)Um dos maiores tesouros da pintura flamenga que o Porto possui é o conhecido painel Fons Vitae que se encontra na Santa Casa da Misericórdia daquela cidade. Datada de 1518-1521 e atribuída, pelos estudos mais recentes, ao círculo de Barend Van Orley. A obra, cujo historial permanece desconhecido até Agosto de 1824, altura em que é referido no inventário da Santa Casa da Misericórdia do Porto, foi analisada, sob diversas vertentes, por Pedro Dias. A pintura representa Cristo crucificado, já morto, com o lado direito ferido pela lança do soldado, do qual jorra abundantemente o sangue redentor. É este sangue de Cristo, derramado pela remissão dos pecados da humanidade, que dá nome à pintura: Fonte da Vida. De facto, Cristo afirmara: «quem beber do meu sangue terá a vida eterna» (Jo 6, 54). Representando literalmente esta alusão eucarística, mediante uma iconografia invulgar, o pintor faz com que o precioso sangue do «Cordeiro de Deus» imolado seja recolhido numa taça de enormes proporções no bordo exterior da qual é possível ler as inscrições latinas: Fons Misericordie, Fons Vite, Fons Pietatis (sic). A composição assenta numa rigorosa simetria tendo como eixo central a cruz que emerge do centro da taça. Cristo é ladeado pela sua Mãe e pelo apóstolo São João, presentes no Calvário no momento da sua morte. Ambos expressam dor e comoção pelo fim trágico do Filho de Deus. O drama do acontecimento é reforçado pelas tonalidades sombrias das nuvens que, no momento da morte de Cristo, «envolveram de trevas toda a terra» (Mt 27, 45). Na paisagem longínqua, tratada de forma miniatural à maneira flamenga, vislumbra-se a cidade de Jerusalém palco dos acontecimentos daquela memorável Sexta-feira Santa. Em redor da Fonte da Vida, de joelhos, em atitude de contemplação e adoração, dispõem-se, em círculo, mais de trinta personagens que os historiadores têm vindo a identificar. Assim estão presentes, no primeiro plano, o monarca D. Manuel I e sua mulher, ladeados pelas princesas D. Isabel e D. Beatriz, no lado direito da rainha, enquanto do lado esquerdo de D. Manuel, se encontram os seis infantes. Seguem-se, de ambos os lados, uma série de personagens religiosas e laicas que têm originado alguns ensaios de interpretações e identificações. Todavia o facto de estarem presentes figuras da corte portuguesa, bem como as alterações detectadas no processo construtivo por exames recentes, leva a crer ter existido um acabamento em duas fases, a última das quais já em Portugal altura em que foram concluídas as diversas fisionomias.”  (Luis Alberto Casimiro. Pintura e Escultura do Renascimento no Norte de Portugal. In: Revista da Faculdade de Letras CIÊNCIAS E TÉCNICAS DO PATRIMÓNIO. Porto 2006-2007 I Série vol. V-VI, pp. 87-114. Citado em: http://doportoenaoso.blogspot.com.br/2010/07/uma-visita-ao-porto-com-d-pedro-ii.html )

Para uma análise mais detalhada das personalidades retratadas na obra, vide: http://doportoenaoso.blogspot.com.br/2010/07/uma-visita-ao-porto-com-d-pedro-ii.html

 




sábado, 23 de junho de 2012

A Beleza da Liturgia Mozárabe descrita por um cronista muçulmano

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No século XI grande parte da Península Ibérica estava sob dominação muçulmana. O cronista Almakkari, relata um episódio dessa época: um chanceler de Abd-er-Rahman V, Califa de Córdoba, foi a uma igreja de Córdoba para observar a celebração de uma missa. Naquela época a Liturgia seguia o rito conhecido como Hispano-Moçárabe. Diz o cronista que o dito chanceler ficou encantado com a beleza da celebração:

"[O chanceler] a viu [a igreja] coberta com ramos de murta e suntuosamente decorada enquanto o som dos sinos encantava seu ouvido e o esplendor dos círios deslumbrava seus olhos. Deteve-se relutantemente fascinado com a visão da majestade e da alegria sagrada que emanava do recinto; em seguida, recordou com admiração a entrada do oficiante e dos outros adoradores de Jesus Cristo, revestidos de admiráveis ornamentos; o aroma do velho vinho que os ministros vertiam sobre o cálice, onde o sacerdote molhava seus lábios puros; o modesto vestuário e a beleza dos meninos e adolescentes que ajudavam ao lado do altar; a recitação solene dos salmos e das sagradas orações, todos os ritos, em suma, dessa cerimônia; a devoção e o gozo solene com que se celebrava e o fervor do povo cristão..." (Citado em FONTAINE, Jacques. La España Románica 10. El Mozárabe, p. 45. Extraído de: http://www.arquired.es/users/mrgreyes/ermita/index.htm )
*Detalhe de uma miniatura do Libro de los Testamentos da Catedral de Oviedo, c. 1125. Na ilustração, que representa uma Missa sendo celebrada por um bispo auxiliado por um acólito e um diácono, podemos ter uma idéia dos ornamentos litúrgicos do Rito Moçárabe: O altar, decorado somente com panos bordados e coloridos, é iluminado por lamparinas que pendem do teto. O bispo veste alva, dalmática e casula; o diácono veste uma túnica colorida (semelhante as vestes usadas atualmente pelos acólitos e diáconos no rito bizantino) e uma estola pendurada sobre o ombro esquerdo, tal como ainda em uso entre os bizantinos. O diácono está segurando um livro, provavelmente uma espécie de missal, e o báculo episcopal. O acólito está levando ao altar os vasos litúrgicos. Provavelmente esta pintura representa o momento do Ofertório.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Roma-FSSPX: Resposta do Papa será entregue hoje a D. Fellay

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Rorate Caeli informa que a resposta do Papa a Dom Bernard Fellay, superior da FSSPX, quanto ao reconhecimento canônico e assinatura do preâmbulo doutrinal, será entregue ainda hoje!

Rezemos!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A adoração eucarística é uma invenção medieval?

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Alguns teólogos sustentam que o suposto desvirtuamento da crença eucarística no segundo milênio da era cristã fez com que a Hóstia e o vinho consagrados fossem guardados longe do povo em armários chamados sacrários. É bem verdade que os receptáculos para armazenar a Sagrada Eucaristia, que hoje chamamos de sacrário ou tabernáculo, mudou de forma, material e local conforme os tempos, mas sempre teve o mesmo propósito: o de guardar a Santíssima Eucaristia em locais seguros e dignos.[1]  

O zelo pela Eucaristia era o motivo pela qual os primeiros cristãos muitas vezes calavam ou ocultavam suas celebrações dos pagãos e dos catecúmenos (aos quais era permitido assistirem somente a Liturgia da Palavra): evitar que o conhecimento do mistério eucarístico pelos inimigos da Igreja causasse profanações e sacrilégios contra o santíssimo dom do Corpo e Sangue de Cristo. As espécies eucarísticas eram objeto de adoração direta já nos primeiros séculos da Igreja. Temos o testemunho das disposições de um bispo de Corinto, escritas antes da Pax Constantiniana (313) e recolhidas nos estudos litúrgicos do Cardeal De Bona que permitem a comunhão em casa (haja vista ser difícil pelas circunstâncias das perseguições que todos os fiéis conseguissem tomar parte nas celebrações eucarísticas). O mencionado texto dispõe que o fiel deposite a Eucaristia em um altar (ou mesa comum com toalha, caso não haja oratório em casa), queime incenso, cante o Trisagion (a oração “Santo Deus, Santo Poderoso, Santo Imortal, tende piedade de nós!”), recite o Credo, ajoelhe e, somente depois destes gestos de clara adoração, poderia então comungar do Corpo de Cristo.[2] 

A Liturgia da Igreja sempre procurou incrementar os gestos, palavras e demais elementos externos que pudessem colocar em evidência a presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados. E foi com esse propósito que a Igreja instituiu a festa de Corpus Christi no século XIII.[3]

Desde os primeiros séculos da Igreja, os escritos buscavam realçar a identidade do corpo eucarístico com o corpo de Jesus, que padeceu na cruz.[4] Assim, Cristo está inteiramente presente nas espécies eucarísticas, inclusive com seu corpo e sangue que assumiu ao tomar natureza humana e que foi glorificado em Sua Ressurreição. Devemos, pois evitar a tese de certos teólogos de uma presença vaga e indefinida de Cristo na celebração eucarística, relegando à Eucaristia o aspecto de mera refeição de pacto entre amigos. A Eucaristia é um banquete sacrifical, na qual o pão e vinho transformados no próprio Cristo substituem o cordeiro pascal da Antiga Aliança. Verdadeiro Sacrifício, Sacrifício perfeito. Os ditos teólogos acusam-nos de termos uma crença em uma presença meramente biológica de Cristo na Eucaristia, dizendo que o vocábulo "corpo" usado nos Evangelhos significa a totalidade da Pessoa de Cristo. Ora, se Ele está presente com toda a Sua Pessoa na Eucaristia, não pode estar separado de Seu Corpo glorioso ressuscitado.

Neste Corpus Christi, renovemos nossa fé em que, debaixo das frágeis aparências do pão e do vinho está o próprio Jesus Cristo: o mesmo Jesus que nasceu em Belém sob o reinado de Herodes, que viveu e pregou na Palestina, que padeceu e foi crucificado sob Pôncio Pilatos, que ressucitou dos mortos, que subiu aos Céus com Seu Corpo Glorioso e está sentado à Direita do Deus Pai Todo-Poderoso.


______
Notas de Referência:

[1] Para mais informações sobre a História do Sacrário, vide: DIEHL, Rafael de Mesquita. A História e o sentido do Sacrário na Liturgia. In: http://www.salvemaliturgia.com/2010/07/historia-e-sentido-do-sacrario-na.html

[2] “O cardeal Bona, em seu Rerum liturgicarum, no nº 17, cita o texto das disposições emitidas por um bispo de Corinto, que permitem conhecer o rito de uma comunhão doméstica. “Se vossa casa for dotada de um oratório, depositareis sobre o altar o vaso que contém a Eucaristia. Se faltar o oratório, sobre uma mesa decente. Estendereis um pequeno véu sobre a mesa e lá depositareis as sagradas partículas; queimareis alguns grãos de incenso e cantareis o trisagion [o nosso Sanctus, ndr.] e o Símbolo; então, depois de terdes feito as genuflexões, em sinal de adoração, absorvereis religiosamente o Corpo de Jesus Cristo”.” PIACENZA, Mauro. O receptáculo da Eucaristia. In: Revista 30 Dias. Junho de 2005. In: http://www.30giorni.it/articoli_id_9093_l6.htm?id=9093

[3] "Embora a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, na nossa opinião é justo que, pelo menos uma vez por ano, se lhe reserve mais honra e solene memória. Com efeito, as outras coisas que comemoramos, compreendemo-las com o espírito e com a mente, mas não por isso alcançamos a sua presença real. Ao contrário, nesta comemoração sacramental de Cristo, ainda que seja de outra forma, Jesus Cristo está presente no meio de nós na sua própria substância. Com efeito, quando estava prestes a subir ao Céu, Ele disse: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20)" URBANO IV, Papa. Bula Transiturus de hoc mundo. 11 de agosto de 1264. Citado em: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/porquea-a-festa-do-corpo-de-deus3f

[4] Este texto do Pe. Wagner recolhe diversas citações de várias épocas sobre a Eucaristia como presença real de Cristo: http://pewagner.blogspot.com.br/2010/04/eucaristia-pao-da-vida-em-deus.html


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Padres e Seminaristas da FSSPX – “Um reconhecimento é desejável”

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Do blog da Una Voce Brasil:

 

O canal de comunicação da Conferência Episcopal dos Estados Unidos lançou recentemente um pequeno vídeo no portal “Youtube” com as palavras do Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, Dom Bernard Fellay, onde ele expõe suas considerações sobre Roma, sobre um reconhecimento e uma regularização canônica por parte da Santa Sé e sobre a fraternidade em si. Nesse mesmo vídeo o bispo deixa claro que o movimento vem do Papa Bento XVI e apenas deles, o que nos faz subentender que há dentro do próprio círculo próximo do Papa pessoas que não querem a FSSPX endossadas por Roma.

Ontem, entretanto, o mesmo canal da Conferência Episcopal lançou dois pequenos vídeos. No primeiro temos novamente Dom Fellay, sendo uma pequena continuação do vídeo anterior. Este vídeo mostra que o Superior Geral está consciente do perigo de divisão interna na fraternidade. O segundo vídeo mostra seminaristas de Écône (Suíça) – o primeiro seminário fundado pelo arcebispo Marcel Lefebvre – e padres professores do mesmo seminário dando suas considerações. Neste segundo vídeo vemos que o coração da Fraternidade (Écône) não foi abalado pela divisão e deseja sim um reconhecimento da parte da Santa Sé, que seria uma espécie de satisfação da justiça, uma vez que estes padres foram tratados com extrema hostilidade nessas duas décadas.

A Una Voce Brasil, procurando apresentar informações aos seus membros e leitores, colocou o mais rápido possível estes dois novos vídeos em seu Canal do Youtube (http://www.youtube.com/user/unavocebrasil), traduzidos e legendados para que todos os brasileiros tenham a oportunidade de acompanhar as importantes declarações dos mesmos, já que nenhum conteúdo com mesma qualidade é produzido originalmente em língua portuguesa.

Parte II — Dom Fellay, Roma e divisões internas

 

Seminaristas e Padres falam sobre um reconhecimento da Fraternidade

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