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quinta-feira, 19 de abril de 2012

O padre que canta

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Fala-se muito da participação dos fiéis na Missa. É interessante perceber que também o sacerdote pode ampliar a sua participação na Sagrada Liturgia, e de maneira que tanto soleniza as ações sagradas que se aumenta também o fruto colhido pelos fiéis.

É disto que fala este importante texto de Jeffrey Tucker, publicado no dia 12 de Abril passado, no Chant Café, e aqui traduzido pelo Salvem a Liturgia.

Creio que será de grande interesse para todos, e especialmente para os sacerdotes.

Notas do tradutor aparecem entre colchetes, em vermelho. Quando o leitor encontrar a palavra chant, trata-se da palavra inglesa que, significando "canto", refere-se não a qualquer canto, mas aqui ao canto litúrgico autêntico da Liturgia. Todo canto é singing, mas nem todo singing é chant.

Se o leitor quiser ler o original, poderá encontrá-lo neste link: http://www.chantcafe.com/2012/04/singing-priest.html

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Todo mundo sabe que o católico comum tem um problema com o canto. Não importa quantas palestras sejam dadas, nem quanto o cantor mexa com os braços, o canto numa paróquia católica é sempre mais baixo do que em qualquer congregação protestante. 
Não estou entre aqueles que acham que isso seja um problema central da liturgia a ser consertado. Da minha parte, acho irritante, quando visito uma paróquia e canto, que algumas pessoas me encarem como se dissessem “ei, aqui não fazemos isso!”. No final, o que importa na Missa não é que todos cantem com o máximo de sua voz, mas o movimento interior de oração e contemplação. 
Quanto ao canto, um problema muito mais sério se refere ao celebrante. Suas partes devem ser cantadas tanto quanto possível, e com a maior frequência possível. Aqui temos um problema. Quando as partes não são cantadas, o povo não canta os diálogos (“O Senhor esteja convosco” – “Ele está no meio de nós”) [que, traduzindo do original latino, é mais exatamente  “O Senhor esteja convosco”  -  “E com o teu espírito”] e estas partes são as mais fáceis e mais comumente cantadas. Quando os diálogos são falados, a estrutura litúrgica é desestabilizada porque o único canto vem do coro, e isso reforça a ideia de que a música é mero pano de fundo para entretenimento, como simples apresentação artística. 
Em 2007, a USCCB [a “CNBB” dos Estados Unidos] emitiu um documento chamado “Sing to the Lord” (“Cantai ao Senhor”). Sobre a necessidade de o sacerdote cantar, eis o que ele diz: 
“Nunca é demais enfatizar a importância da participação do sacerdote na Liturgia, especialmente por meio do canto. O sacerdote canta as orações presidenciais e diálogos da Liturgia de acordo com suas capacidades, e encoraja a participação cantada na Liturgia por seu próprio exemplo, juntando-se assim ao canto da assembleia... Seminários e outros programas de formação sacerdotal devem treinar os sacerdotes para que cantem [chant] com confiança as partes da Missa que lhe competem. Os sacerdotes capazes devem ser treinados na prática de cantar [chant] o Evangelho em ocasiões mais solenes nas quais não esteja presente um diácono. No mínimo, todos os sacerdotes devem cantar com segurança as partes da Oração Eucarística que lhe competem, cuja notação musical consta do Missal Romano.” 
Apesar da linguagem desajeitada e sem imaginação, a mensagem está correta. Ainda assim, de novo, a exortação permanece sem efeito. Por quê? Eis minha teoria. Nossa cultura trata a noção de “canto” como algo feito por especialistas, artistas, estrelas pop, e sempre para deleitar o público. American Idol. Cantar é isso. O sacerdote nota o contraste entre si mesmo e essas pessoas, e chega à conclusão inevitável: não sou cantor. Sério, vocês não querem ouvir a minha voz. Eu não consigo cantar nem mesmo uma melodia simples. Portanto, não vou cantar a liturgia. Estou poupando vocês dessa dor. 
Sabe o que é pior? Essa noção errada sobre o canto é reforçada pela presença da música pop na Missa. Música pop estimula o ethos de apresentação artística. Acordes típicos de linguagem jazzística e uma sensibilidade de balançar com a cabeça ao som da música força essa ideia de que o canto é só para aqueles que querem ser amados e admirados por seus grandes talentos. Grupos de música que fazem esse tipo de música aumentam a falta de envolvimento do sacerdote no canto. 
Não é à toa que poucos bispos, nos Estados Unidos, cantam suas partes. É porque estão muito acostumados à música pop e ao ethos pop que está dominando a Missa. Do mesmo modo que uma pessoa muito falante não deixa você balbuciar sequer uma palavra, este estilo de música não gosta que o celebrante murmure uma nota sequer. Esta música deixa de fora o canto litúrgico simples [chant]. O celebrante acaba acreditando que não há espaço para ele na Missa. 
Deveria haver uma palavra diferente para designar o que realmente se requer do celebrante. Não se requer dele tornar-se uma estrela, nem entreter ninguém. Não está em busca de um canal no Pandora, nem tentando vender downloads no iTunes. Não está tentando vencer uma competição. Na concepção que a Igreja tem do canto do sacerdote não há muita diferença entre o canto e a fala. Esse canto é uma fala com um tom de voz um pouco diferente, em que uma nota “decola” do chão que é o nível comum de conversa e coloca as palavras em voo. É um simples deslocamento que faz uma diferença enorme no modo com que as palavras se transmitem. 
Pessoalmente, nunca ouvi um sacerdote que não pudesse cantar as partes que lhe é pedido cantar. Eu vou mais longe e digo que o sacerdote mais qualificado é precisamente aquele que pensa que não é. Isto implica em certa humildade, necessária para se cantar na Liturgia. 
O primeiro passo, que qualquer sacerdote pode dar já nesta semana, é encontrar uma nota e enunciar as palavras da Missa nessa mesma nota, ao invés de simplesmente dizê-las. Mantenha o ritmo da fala. Não há necessidade de mudar de nota, no início. Apenas escolha uma nota, aleatoriamente, que seja confortável, e vá adiante com o texto da Missa. Já estará cumprindo o que a Igreja pede com este pequeno ato. 
Conheço um padre que passou pelo seminário e pelos seus primeiros anos de sacerdócio sem cantar uma única nota. Estava convencido de que não sabia fazer isso. Ele não era cantor e se recusava a cantar. Sem negociação. Era assim. 
Um dia esse sacerdote ouviu esse conselho, essa observação: cantar a Liturgia não é como cantar na Broadway ou fazer um teste para um musical. Uma nota é suficiente no começo. Então ele tentou isso na Liturgia. E o que houve? Ele foi simplesmente brilhante. Foi fantástico. As palavras ficaram muito claras e o texto foi enobrecido e elevado. Ele gostou muito porque soube imediatamente o que essa pequena ação fez à Liturgia. Ela mudou todo o ambiente, que se tornou mais solene e mais belo. E isto foi só o começo. Nas semanas seguintes, ele tentou mais. Logo havia superado seus medos e redefinido a si mesmo e suas próprias habilidades. 
A Missa em que eu o ouvi fazer isto era, antes, cheia de cantos da schola cantorum e do povo, que cantavam [chant] as partes da Missa sem acompanhamento. Isto tudo facilitou sua primeira tentativa de se integrar a uma estrutura estética que já existia. Talvez tivesse sido diferente se o coro cantasse jazz ou rock ou se houvesse um grande solista que impressiona o público. Crendo que um simples canto seria algo deslocado, ele poderia nunca ter tentado. 
A solução, pois: o coro deve cantar [chant]. É o que dá ao sacerdote a confiança para tentar cantar suas partes. E ele é capaz, sem nenhuma dúvida. Então começaremos a ver mudanças nos fiéis em sua participação no canto [chant].

terça-feira, 17 de abril de 2012

Primeira Missa Crismal do Ordinariato Anglicano

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Tradução: Salvem a Liturgia

Um comunicado de imprensa foi emitido pelo Ordinariato Pessoal Nossa Senhora de Walsingham ontem [02 de abril de 2012]:
ORDINARIATO CELEBRA PRIMEIRA MISSA CRISMAL

Na última segunda-feira o Ordinariato Pessoal Nossa Senhora de Walsingham celebrou sua primeira Missa Crismal na bela Igreja londrina de São Tiago, Spanish Place (com a gentil permissão do reitor).

A Missa foi celebrada pelo Núncio Apostólico para o Reino Unido, Sua Excelência Reverendíssima Dom Antonio Mennini, a pedido do Ordinário do Ordinariato, Dom Keith Newton.

Dom Newton, que recebeu a Renovação das Promessas Sacerdotais e pregou a homilia durante a Missa, disse “A jurisdição a mim dada, diferentemente da dos bispos diocesanos católicos, é vicariante, em nome do Romano Pontífice. Por isso, é particularmente apropriado que nossa Missa de Crisma deve ser celebrada pelo representante do Santo Padre para a Grã Bretanha, particularmente neste tempo em que nós celebramos o 30º aniversário de relações diplomáticas plenas entre o governo britânico e a Santa Sé”.

Por volta de 60 clérigos, incluindo cinco ex-bispos anglicanos, concelebraram a Celebração Eucarística, com centenas de leigos de diversos grupos de todo o Reino Unido.

Falando sobre o Sacerdócio – que é um dos temas centrais da Missa de Crisma, Dom Newton disse: “Nenhum homem possui o sacerdócio, assim como ninguém possui o batismo ou o matrimônio. Eles são coisas compartilhadas. Você não pode se casar por conta própria, e você não pode viver a vida de batizado à parte dos outros cristãos. Não, é o sacerdócio que nos possui. É uma vida. É uma forma particular de viver a vida cristã. Mas ela não é para nós próprios, mas para Cristo e seu povo santo. É uma vida de sacrifício. Embora muito tenha sido escrito sobre o sacerdócio, ele é de longe muito complexo para ser reduzido em afirmações simples que podemos facilmente compreender porque não é nada menos do que uma partilha particular no sacerdócio eterno de Cristo. Esta partilha está expressa visivelmente hoje, à medida que nos reunimos ao redor do altar para celebrar esta Missa”.


Esta semana vê o crescimento contínuo da oferta do Papa Bento aos anglicanos, com mais de 200 membros da Igreja da Inglaterra e da Comunhão Anglicana Tradicional sendo recebidos na plena comunhão da Igreja Católica. 
Um conjunto completo de fotos foi disponibilizado pelo Ordinariato. Seguem algumas fotos (créditos © Mazur/catholicnews.org.uk).







terça-feira, 6 de março de 2012

Primeira Missa do Pe. Gian Paulo Ruzzi

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O Pe. Gian é amigo do Salvem a Liturgia desde que formamos o apostolado, e amigo de vários membros de nossa equipe faz muitos anos, antes mesmo de nosso blog estrear. Estudou no Seminário Maria Mater Ecclesiae (o mesmo do Sem. Pedro Ravazzano, da nossa equipe, e onde estudou o Sem. Wendell Mendonça, também da nossa equipe), mantido e dirigido pelos Legionários de Cristo para a formação de sacerdotes diocesanos, e é incardinado na Diocese de Campo Limpo, em São Paulo, SP.

Ficamos, pois, muito felizes com sua ordenação, ocorrida sábado, dia 3.

Já sua primeira Missa, cujas fotos seguem abaixo, se deu no dia 4, Domingo, na Igreja Santa Inês, às 8h. O Pe. Gian é vigário paroquial da Santa Inês, paróquia que fica em Embu das Artes, SP. O coro do Seminário Maria Mater Ecclesiae gentilmente cantou na Missa.

Um detalhe “reforma da reforma”, além do uso do barrete, é a presença do presbítero-assistente ou padre-capelão, comum nas Primeiras Missas do rito antigo. Neste caso, serviu como padre-capelão o Pe. Alessandro Carvalho de Faria, amigo do Salvem também (e que me visitou, neste longínquo rincão do extremo sul do RS, abençoando minha casa e minha família). O Pe. Alessandro, como capelão, não concelebrou: assistiu em capa pluvial e pregou a homilia, além de auxiliar o neo-sacerdote nos detalhes cerimoniais.

Concelebraram o Pe. Paulino Gomes Castro, o Pe. Santiago Artero, LC, e o Pe. Alejandro de la Garza, LC.

Para as músicas, o neo-sacerdote procurou alternar entre cantos populares litúrgicos e gregorianos:

Entrada: Marcha da Igreja
Kyrie em grego
Ofertório: Que Poderei Retribuir ao Senhor por Tudo Aquilo que Ele me Deu, e Doa a tua Vida como Maria aos Pés da Cruz
Pai Nosso em latim
Comunhão: Ubi Caritas e Quando o Pai Revelou o Segredo a Maria
Despedida: Alma missionária (do grupo mexicano Jaire, formado por membros do Regnum Christi)

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cardeal Ratzinger: “A grandeza da liturgia fundamenta-se exatamente na sua não-arbitrariedade”

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Citação do Cardeal Joseph Ratzinger comentada por Sua Excelência Reverendíssima Dom Henrique Soares da Costa:
A propósito da “reforma pós-conciliar”, Ratzinger explica: “Depois do Concílio Vaticano II generalizou-se a idéia de que o Papa poderia fazer aquilo que desejasse em matéria litúrgica, sobretudo agindo em nome de um concílio ecumênico. Desse modo, aconteceu que a idéia da liturgia como algo que nos precede e não pode ser ‘fabricada’ segundo nossa própria vontade, foi desaparecendo em larga escala na consciência difusa do Ocidente [1]. No entanto, de fato, o Concílio Vaticano I [2] não quis de modo algum definir o Papa como um monarca absoluto, mas, ao contrário, como o primeiro guardião da obediência em relação à Palavra transmitida: o seu poder é ligado à Tradição da fé e isto vale também no campo da liturgia [3]. Se se abandonam as intuições fundamentais da Igreja antiga, chegar-se-á realmente à dissolução dos fundamentos da identidade cristã. A liberdade do Papa não é ilimitada; ela está a serviço da santa Tradição. Menos ainda se pode concordar com uma genérica liberdade de fazer que, desse modo, transformar-se-ia em arbitrariedade para com a essência da fé e da liturgia. A grandeza da liturgia – deveremos ainda repetir muito freqüentemente – funda-se exatamente na sua não-arbitrariedade” [4]. (Do livro Introduzione a Ratzinger, de Dag Tessore) 
[1] Ocidente, aqui, é a Igreja latina, a nossa Igreja de rito latino, ao contrário das igrejas católicas de ritos orientais unidas a Roma ou as igrejas ortodoxas separadas de Roma.
[2] Esse Concílio definiu solenemente, como dogma de fé católica, o poder do Papa sobre toda a Igreja, bem como sua infalibilidade em assuntos de fé e moral.
[3] O Papa não é o dono da Igreja. Ele é o primeiro que deve obedecer e ensinar seus irmãos a fazerem o mesmo. Um Papa infiel à fé e à Tradição da Igreja já não seria Papa, seria um herege.
[4] A intuição de Ratzinger é perfeita: a Liturgia não pode ser fabricada por nós nem pela comunidade que celebra. Se assim fosse, a tal comunidade somente celebraria a si própria, seus sentimentos e sua subjetividade! A comunidade - e cada cristão -, é chamada a sair de si mesma para entrar no âmbito de Deus, que é Mistério Santo que se nos dá através de Cristo na potência do Espírito. Somente assim a Liturgia será uma perene novidade, capaz de renovar efetivamente a nossa vida. Fora disso, a celebração será somente auto-celebração e não celebração do Mistério de Cristo, tornando-se um ridículo e cansativo teatrinho de mau gosto, um pobre programa de auditório.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Por Ele, com Ele e nEle: a penumbra do Mistério do Santo Sacrifício da Missa

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Do Zelo Zelatus Sum publicamos um belíssimo trecho do livro JESUS, REI DE AMOR, do Pe. Mateo Crawley-Boevey, SS. CC. 

Alguns pontos a comentar:
  • a expressão "por Ele, com Ele e nEle" é uma tradução mais fiel aooriginal latino "per ipsum, et cum ipso, et in ipso", que, na tradução vigente no Brasil, aparece como "por Cristo, com Cristo e em Cristo";
  • a rubrica das cinco cruzes que o sacerdote realiza pertence ao Missal tridentino, atual Forma Extraordinário do Rito Romano.
Eis o trecho em questão (os grifos são da fonte original):
Para que se compreenda bem a imponente majestade da Missa, evocarei agora, cheio de emoção, um gesto do celebrante que resume admiravelmente todo o ideal de glorificação da Trindade pelo admirável Pontífice e Mediador da Santa Missa. Parece-me que nesse momento, mil vezes sublime, os nove coros dos Anjos, toda a assembléia dos Santos, e o Purgatório, circundando de perto o celebrante, bebem suas palavras e ficam suspensos a seus gestos, impregnados de divina majestade.
Pouco depois da consagração, o sacerdote, tendo na mão direita a Hóstia divina, traça com Ela cinco cruzes sobre o Preciosíssimo Sangue, dizendo: “Por Ele, com Ele e n’Ele, a Ti, Deus Pai Onipotente, na unidade do Espírito Santo, damos toda honra e glória!” e, com essas palavras, eleva ao Céu a Hóstia e o Cálice juntos.
Sublinhemos com ardor a grandeza inexprimível desse gesto, divino entre todos…
O próprio genial São Paulo, descendo do terceiro Céu, teria tido a eloquência necessária para explicar-nos toda a majestade dessa fórmula litúrgica, de infinita riqueza de significado?
Por Ele, o Homem-Deus de Belém, do Tabor e do Calvário, realmente presente nas mãos do padre, tal como estava presente nas mãos de Sua Mãe Santíssima…
Com Ele, o Homem-Deus crucificado, morto e ressuscitado… que subiu aos céus e está sentado, como Deus à direita do Pai, e a quem o Pai conferiu todo poder no céu e na terra…
N’Ele, o Homem-Deus, por Quem e para Quem tudo foi criado, que foi constituído Rei imortal, e que virá sobre as nuvens do céu, como Juiz, a julgar os vivos e os mortos…
Sim: por Ele, com Ele e n’Ele, glória infinita à Trindade adorável e augusta!
Se neste momento lhe fora milagrosamente revelado, em clarão divino, toda a significação desse gesto, morreria o celebrante, não de temor, porém de emoção e júbilo!
Somente à Virgem-Mãe coube o insigne privilégio de antecipar-se ao padre, mediante a oblação por Ela feita do Filho ao Pai, em Belém, no templo de Jerusalém, e no Calvário.
Não é, pois, exato ser a Santa Missa o hino oficial de glória, único digno da Trindade augusta?
E nessa ordem de idéias, saboreemos deliciosamente a magnífica estrofe desse hino, pelo próprio Cristo ensinando aos apóstolos, e tal como Ele o canta no Altar, pela voz e liturgia da Igreja: “Pai nosso que estais no céu… Pai santificado seja o Vosso nome!… Pai, venha a nós o Vosso reino!… Pai, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu!…”
Consideremos que o orante que assim reza é o próprio Verbo Encarnado, o Filho de Deus e de Maria Santíssima, que no Altar exalta a glória d’Aquele que é Seu Pai e nosso Pai!
Podemos pois afirmar que a criação do Universo, tirado do nada, é apenas pálida centelha de glória, quando comparada à glória que Jesus, Grão-Sacerdote, rende no Altar às Três Pessoas da Trindade augusta.
E agora, fixos o olhar e o coração no Gólgota do Altar, façamos uma audaciosa hipótese, legítima e verossímil criação de nossa fantasia… o próprio Senhor a utilizou para pintar os inimitáveis quadros de Seus discursos figurados e de Suas incomparáveis parábolas.
Suponhamos que, desde os tempos dos imperadores romanos Augusto e Tibério, já tivessem sido descobertos e vulgarizados os maravilhosos aparelhos de televisão, com aperfeiçoamento ainda maior que os de hoje. (Como atualmente, diria o Pe. Mateo). E suponhamos que César, informado por seus agentes acerca da emoção produzida na Palestina pela prédica de Jesus, e sobre a resolução do Sinédrio de fazê-Lo morrer, houvesse ordenado a Pilatos o envio a Roma, juntamente com os autos do processo, de um filme do drama da crucifixão do pretenso Rei dos Judeus.
Qual não seria nossa indizível emoção se esse filme sonoro-visual, reprodução exata, fotográfica, do deicídio da Sexta-feira Santa, nos fosse exibido nas igrejas, antes do Santo Sacrifício da Missa! Tal filme seria uma visão autêntica, de ordem natural e científica, do divino drama da nossos altares. Ele nos permitiria ouvir as sete palavras de Jesus, e também as blasfêmias pronunciadas pelos inimigos diante da vítima adorável. Veríamos com os próprios olhos o que viram as três testemunhas fiéis, Maria, João e Madalena, desde o meio-dia até as três horas da tarde.
Pois bem: infinitamente maior do que tudo isto é a maravilhosa realidade que, através do fino e transparente véu, nos mostra a Fé, incapaz de nos enganar, quando, bem instruídos e piedosos, assistimos ao Santo Sacrifício! o filme teria apresentado um fato passado, tal como o santo sudário de Turim, ao passo que a Santa Missa nos oferece uma realidade atual e presente!
Essa mesma Missa, renovada, reproduzida, prolongada, através do tempo, constitui essencialmente nossa Missa quotidiana… Mais uma vez insistimos: não se trata de um belo símbolo religioso, ou de um filme admirável tirado, digamos, pelos Anjos: trata-se da admirável e divina realidade do Calvário, exatamente reproduzida no Altar, exceto a dor e o derramamento de sangue, pois a Vítima eucarística é hoje impassível, porque gloriosa.
É nesses princípios que se baseia o Concílio de Trento ao declarar que o Santo Sacrifício realiza, antes de tudo, uma obra de estrita justiça, resgatando as nossas faltas com o “Sangue do Cordeiro que apaga os pecados do mundo”.
É fato verificado, de ordem sobrenatural, que o Santo Sacrifício nos salva, aplacando a Justiça divina quando oferece, no Cálice, o preço já oferecido no Calvário. Sem tal resgate – único adequado – não teriam remissão os nossos delitos. Felizmente para nós, porém, Jesus morreu exclamando: “Pai, perdoa-lhes!”
Uma vez consumada a obra de rigorosa justiça, irrompe a misericórdia como sol fulgurante. Firma-se a reconciliação entre o céu e a terra revoltada… Deus, porém, exige a constante aplicação do Sangue redentor às cicatrizes de nossas almas pecadoras, o qual, derramado outrora no Calvário, enche agora o Cálice do Santo Sacrifício!
É de toda conveniência salientar com nitidez a diferença entre o Gólgota de Jerusalém e o Calvário de nossos Altares. Este é um Tabor glorioso, embora sempre purpureado de um sangue adorável… Digo, “glorioso” pois a Vítima que se imola é o Homem-Deus ressuscitado, vencedor da morte na madrugada do Domingo de Páscoa.
Ao mesmo tempo que Tabor, o Altar é também legítimo Calvário, radioso porque revestido dos esplendores da Ressurreição.
Ah! se não existisse o véu discreto do Mistério, nem mesmo o Santo Cura d’Ars teria ousado celebrar o Santo Sacrifício… e Santa Teresinha de Lisieux teria hesitado em aproximar-se da Mesa Santa, de tal modo a glória do Senhor ofusca, aos olhos dos Anjos, o celebrante e os fiéis. Assim, graças a penumbra do Mistério, torna-se o Altar acessível, e até convidativo, embora esteja muito mais perto do Céu que o próprio Sinai.
Assim compreendida, a oração oficial do Cristo Mediador durante a Missa é a única que tem o poder de atravessar as nuvens, indo atingir e empolgar o Coração do Pai… Esta súplica é verdadeiramente uma onipotência, pois que jorra do próprio Coração de Jesus, Mediador todo-poderoso. É Ele mesmo quem no-lo declara: “O Pai me ouve sempre!” Quando Ele reza, Ele ordena. Sua palavra realiza o que pede, pois Ele é Deus! Eis porque nossa primeira oração espontânea, nas visitas ao Santíssimo Sacramento, na adoração eucarística ou quando fazemos adoração noturna no lar, e sobretudo quando assistimos ao Santo Sacrifício, deveria ser sempre o “Cânon” da Missa, fórmula litúrgica mil vezes sagrada e venerável, por seu conteúdo dogmático e por sua antiguidade. Poderíamos desta forma unir-nos, em todas as horas do dia e da noite, aos milhares de celebrantes que elevam, como rutilante arco-íris, a Hóstia e o Cálice… E por meio deste tão simples impulso do coração, realizaríamos esplendidamente o “Glória a Deus nas alturas” dos Anjos, na noite de Natal.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Missa tridentina com assistência pontifical, pelos dez anos de ordenação do Pe. Everaldo, em Campos, RJ

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A Missa ocorreu na Igreja de Nossa Senhora do Carmo (da Administração Apostólica São João Maria Vianney) em Ação de Graças pelos dez anos de sacerdócio do Pe. Everaldo. Dom Fernando Rifan, que fez a homilia, assistiu-a pontificalmente.

Pe. Everaldo recebeu o sacramento da Ordem há 10 anos na Paróquia de São Geraldo pelas mãos de Dom Licínio, e é Diretor Espiritual do Seminário Imaculada Conceição da Adm. Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, e também reitor da Igreja do Carmo (Campos).

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