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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Ofício romano do séc. VI aos nossos dias. Continuidade ou ruptura? Um ensaio de avaliação crítica

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Recebi do Pe. Jean-Pierre Herman e sacerdote da diocese de Namur (Bélgica).  Ele nasceu em 1959.  Exerceu até hoje diversos ministérios em Europa, nos Estados Unidos e no Brasil.  É autor de diversos artigos em língua francesa sobre a história da liturgia.

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O Ofício romano do séc. VI aos nossos dias

Continuidade ou ruptura?

Um ensaio de avaliação crítica

Pe Jean-Pierre Herman


Ofício Romano. Um breve percurso histórico

Em 1971 apareceu a primeira edição da Liturgia Horarum juxta ritum romanum[1], que substituiu o venerável Breviarium romanum. Um dos objetivos dos reformadores do Vaticano II era restituir ao Ofício divino seu estatuto de oração do povo de Deus. Hoje as edições em vernáculo do novo Ofício[2] são amplamente difundidas e utilizadas para a oração comunitária e individual dos cristãos, clérigos ou laicos. Pareceu-nos, contudo, conveniente arriscar uma avaliação após quarenta anos de prática. Apresentaremos aqui, portanto, duas questões cruciais: por um lado «O Ofício divino atual é realmente o digno herdeiro do Breviário romano, ou ele marca uma ruptura com uma tradição secular?» e de outro: «Os reformadores, preocupados em restituir ao povo cristão a oração das horas, alcançaram seu objetivo?» A breve reconstrução histórica a seguir ajudar-nos-á a responder.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Cardeal Ratzinger: "Liturgias diferentes. Uma riqueza para a única Igreja" (excerto do recém-publicado "Ser Cristão na Era Neopagã")

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Recentemente foi lançado pela Editora Ecclesiae o primeiro volume de "Ser Cristão na Era Neopagã", trazendo material do então Cardeal Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, nunca antes publicado no Brasil. Trata-se de discursos, homilias, debates e entrevistas concedidas pelo cardeal à revista italiana 30 giorni nella Chiesa e nel mondo (30 dias na Igreja e no mundo).


Organizado por meu amigo Rudy Albino de Assunção, ratzingeriano de carteirinha*, que também escreveu a apresentação do livro e a maioria das notas que introduzem cada artigo, este primeiro volume reúne diversos discursos e homilias de Ratzinger. O terceiro volume, composto por entrevistas, será de especial interesse dos nossos leitores, trazendo inúmeras menções à Reforma Litúrgica que seguiu ao Concílio Vaticano II.

Rudy, que acompanha este nosso apostolado em defesa da sagrada Liturgia, teve a bondade de enviar-nos - com a devida permissão da Editora Ecclesiae, a quem desde já agradecemos - um trecho em que Ratzinger fala do que se convencionou chamar de as duas formas do Rito Romano.

É interessante notar como Ratzinger já havia refletido ali sobre muitos dos pontos relacionados à Forma Extraordinária os quais tocaria durante seu pontificado, a saber: o reconhecimento do zelo apostólico das comunidades ligadas ao rito antigo; as dificuldades que muitas dessas comunidades enfrentaram (e continuam enfrentando!), fruto do preconceito e de um entendimento errôneo e ideológico de unidade; a falta de diferenciação entre o Concílio e a Reforma Litúrgica que o seguiu; e, por fim, a aplicação excessiva de criatividade em boa parte das missas segundo o rito moderno.


* * *



LITURGIAS DIFERENTES.
UMA RIQUEZA PARA A ÚNICA IGREJA**
(Novembro de 1998)

No dia 02 de julho de 1998 a Pontifícia Comissão Ecclesia Dei completava 10 anos de sua criação por parte do papa João Paulo II. Ela for criada para facilitar a comunhão com todos aqueles que estavam ligados de alguma maneira com Monsenhor Marcel de Lefebvre e também de possibilitar que os bispos fossem mais abertos a dar o indulto para a celebração da missa segundo o Missal de São Pio V. Na época se deram muitas comemorações, inclusive uma grande peregrinação a Roma de milhares de sacerdotes e fiéis tradicionalistas. Mas aliada à peregrinação, foi promovida uma mesa redonda no hotel Erfige, com a presença de Gérard Calvet, Camille Perl, Michael Davies, Robert Spaemann e do Cardeal Ratzinger, que fez a conferência de abertura. O que se segue é o texto da conferência de Ratzinger .
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Que balanço podemos fazer hoje, há dez anos da publicação do motu proprio Ecclesia Dei? Creio que antes de tudo seja uma ocasião para expressar o nosso agradecimento. As várias comunidades que surgiram graças a este documento pontifício presentearam a Igreja com um grande número de vocações sacerdotais e religiosas que com zelo e alegria e em comunhão profunda com o Papa trabalham pelo Evangelho nesta época histórica. Graças a elas muitos fiéis reforçaram ou conheceram pela primeira vez a alegria de poder participar da liturgia e do amor para com a Igreja. Em numerosas dioceses espalhadas pelo mundo elas servem à Igreja colaborando ativamente com os bispos e instaurando um relacionamento positivo e fraterno com os fiéis que se sentem à vontade na forma renovada da liturgia. Tudo isso hoje merece todo o nosso agradecimento.
Todavia seria irrealista calar sobre os muitos lugares onde não faltam dificuldades, então como agora, porque alguns bispos, sacerdotes e fiéis consideram o apego à antiga liturgia (a dos textos litúrgicos de 1962) como um elemento de divisão que perturba a paz da comunidade eclesial e deixa supor uma certa reserva na aceitação do Concílio e, mais em geral, na obediência devida aos pastores legítimos da Igreja. Portanto, as perguntas que devemos nos colocar são as seguintes: como se podem superar estas dificuldades? Como podemos criar o clima de confiança necessário para fazer com que os grupos e as comunidades ligadas à antiga liturgia se insiram pacificamente e proficuamente na vida da Igreja? Porém, estas questões subentendem uma outra; qual é a razão profunda desta desconfiança ou, até mesmo, da recusa do prosseguimento da antiga liturgia? Sem dúvida há razões pré-teológicas ligadas ao temperamento de cada indivíduo, ao contraste entre os diversos caráteres, ou a outras circunstâncias externas. Mas certamente existem outras causas, mais profundas e menos fortuitas.
Há duas razões que se apresentam com maior frequência: a não obediência ao Concílio que reformou os textos litúrgicos e a ruptura da unidade derivante da existência de formas de liturgia diferentes. É relativamente simples contradizer ambos os raciocínios. Não foi propriamente o Concílio quem reformou os textos litúrgicos, ele apenas ordenou a sua revisão e, para tal fim, ficou algumas linhas fundamentais. O Concílio deu principalmente uma definição de liturgia que fixa a medida interna de cada uma das reformas e, contemporaneamente, estabelece o critério válido para cada celebração litúrgica legítima. A obediência ao Concílio seria violada no caso em que não fossem respeitados tais critérios fundamentais internos e fossem colocadas à parte as normae generales, formuladas nos números 34-36 da Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium). É necessário julgar as celebrações litúrgicas segundo estes critérios, sejam elas baseadas em velhos ou em novos textos. Com efeito, o Concílio, como já foi acenado, não prescreveu ou aboliu textos, mas deu normas de base que todos os textos devem respeitar. Neste contexto, é útil recordar o que foi declarado pelo Cardeal Newman: a Igreja no decorrer da sua história, nunca aboliu ou proibiu formas ortodoxas de liturgia, por que isso seria alheio ao próprio espírito da Igreja. Uma liturgia ortodoxa, ou seja que é expressão da verdadeira fé, de fato, jamais é uma simples reunião de cerimônias diferentes feita em bases a critérios pragmáticos, das quais pode-se dispor de maneira arbitrária, hoje de um modo, amanhã de outro. As formas ortodoxas de um rito são realidades vivas, nascidas do diálogo de amor entre a Igreja e o seu Senhor. São expressões da vida da Igreja, nas quais se condensam a fé, a oração e a própria vida das gerações e nas quais encarnaram-se numa forma concreta e num momento a ação de Deus e a reposta do homem. Estes ritos podem se extinguir se historicamente desaparece o sujeito que foi o seu portador ou se este sujeito está inserido com a sua herança num outro contexto de vida. Em situações históricas diferentes, a autoridade da Igreja pode definir e limitar o uso dos ritos, mas jamais os proíbe tout-court. Assim, o Concílio ordenou uma reforma dos textos litúrgicos e, consequentemente, das manifestações rituais mas não abandonou os velhos livros. O critério expresso pelo Concilio é, ao mesmo tempo, mais amplo e mais exigente: ele convida todos a um exame de consciência.
Mais tarde voltaremos a falar sobre este ponto. Por enquanto é necessário examinar um outro assunto, o da – pressuposta – ruptura da unidade. Sobre este propósito, é preciso distinguir na questão o aspecto teológico do prático. No que se refere a componente teorética e fundamental, devemos constatar que sempre existiram mais formas no rito latino que foram progressivamente caindo em desuso devido à unificação dos espaços de vida na Europa. Até a época do Concílio, ao lado do rito romano, conviviam o ambrosiano, o moçárabe de Toledo, o rito dos Dominicanos, e talvez muitos outros que eu não conheço. Jamais alguém se escandalizou pelo fato de que os Dominicanos, muitas vezes presentes em nossas paróquias, não celebrassem a missa como os párocos, mas seguissem um seu próprio rito. Todos nós sabíamos que o rito dele era católico assim como o romano e éramos orgulhosos da riqueza de tantas tradições diferentes. Além disso, não se pode esquecer que muitas vezes abusa-se da liberdade de espaço que o novo Ordo Missae deixa à criatividade e que a diferença entre os vários modos em que a liturgia é colocada em prática e celebrada nos diferentes lugares em base aos novos textos, muitas vezes é maior do que entre a antiga e a nova liturgia. Um cristão destituído de uma cultura litúrgica particular pouco distingue de uma missa cantada em latim segundo o velho Missal de uma cantada em latim segundo o novo, enquanto que pode ser enorme a diferença entre uma liturgia celebrada respeitando fielmente os ditames do Missal de Paulo VI e as várias formas de celebrações litúrgicas em língua viva amplamente difusas, que deixam grande espaço à criatividade e à imaginação. [...]

* * *
Para mais informações, visite o site da editora.

* Não deixem de visitar o site Ratzinger Brasil.
** RATZINGER, Joseph. Ser cristão na era neopagã. Campinas, Ecclesiae, 2014, pp. 183-186.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Convite: Dom Athanasius Schneider em lançamento de livro no Brasil

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Já falamos aqui do livro "CORPUS CHRISTI: A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja", publicado originalmente pela editora do Vaticano e traduzido ao português de Portugal, de autoria de Dom Athanasius Schneider.

Dom Athanasius, um dos grandes nomes do atual movimento litúrgico, e apoiador deste nosso humilde apostolado, estará em São Paulo no próximo dia 27 para o lançamento de seu livro em nosso país.  Não percam!

Mais informações no convite abaixo:


Por fim, agradeço ao leitor José Tadeu Hoe pela indicação.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O tesouro da arte e liturgia católicas

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O Pe. Fernando Antonio, SJ, português e jesuíta da pura cêpa inaciana, nos manda esse belo artigo de sua autoria, publicado no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Conferência Episcopal lusa.

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O tesouro da arte e liturgia católicas

Habituámo-nos a olhar quase com inveja e com um estranho e injustificado sentimento de inferioridade as tradições litúrgicas orientais… quando nós, Católicos Romanos, temos uma tradição litúrgica belíssima, feita sobretudo de Pão e de Vinho e da Palavra de Deus, gestos e palavras que herdámos de Cristo, pelos Apóstolos, e que unem Céu e terra pela nova Árvore da Vida, a Cruz de Cristo.

A nossa liturgia é feita de luz e de fogo, de treva e de silêncio, de gesto e de repouso… É feita do mais puro incenso e do óleo perfumado do Crisma, e daqueles gestos que foram exprimindo na nossa história e na nossa cultura a presença consoladora de Deus entre nós: «Eu estarei convosco todos os dias…».

A nossa tradição produziu textos belíssimos, herdados dos nossos primeiros pais na fé, na era dos mártires, e escritos por grandes Padres da Igreja e autores eclesiásticos como S. Leão Magno, S. Agostinho, S. Tomás de Aquino…

A nossa tradição ergueu a maioria dos mais belos edifícios sagrados construídos na história da humanidade, onde trabalharam os melhores arquitetos, os melhores escultores, os melhores pintores, e tudo isto para o culto divino... E na Casa de Deus sempre encontraram o conforto do lar paterno os filhos de Deus, ricos e pobres, santos e pecadores... e mesmo os filhos pródigos...

E que dizer da música inspirada que ao longo da história os compositores escreveram para a nossa liturgia… desde o Canto Gregoriano, continuando com Palestrina, Byrd, Mozart… e por tantos outros contemporâneos?…

E tudo isto, puro dom de Deus que, pela Igreja, foi sendo comunicado, vivido e realizado de geração em geração, e que agora, como tesouro precioso e imerecido é depositado na fragilidade das nossas mãos pobres, feridas e pecadoras…

Como acontece, por exemplo, com “Ave verum corpus”, hino eucarístico de William Byrd (1543-1623), grande compositor inglês que manteve a sua fé católica mesmo no meio das perseguições, interpretado aqui pelo coro britânico Tallis Scholars, dirigido por Peter Phillips.

«Ave verum corpus natum de Maria Virgine. Vere passum, immolatum in cruce pro homine. Cuius latus perforatum unda fluxit et sanguine. Esto nobis praegustatum mortis in examine. O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae. Miserere mei. Amen.»
(«Avé, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria. Padeceu verdadeiramente, imolado na cruz pelo Homem. De cujo lado trespassado fluiu água e sangue. Faz que nós Te possamos saborear na prova suprema da morte. Ó doce Jesus, ó piedoso Jesus, ó Jesus filho de Maria. Tem misericórdia de mim. Ámen»)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Reforma (não "deforma"!) arquitetônica: o caso da igreja de São João Batista em Nitéroi

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Por este Brasil afora vemos exemplos de reformas em igrejas que acabam suprimindo àqueles elementos da arquitetura sacra que mais contribuem para criar um espaço celebrativo adequado ao culto litúrgico. Tais reformas pautam-se geralmente por optar pelo minimalismo além de apropriar-se de conceitos próprios da arquitetura moderna, como a arte abstrata. Na raiz da questão, segundo a proposta do arquiteto suíço Le Corbusier, está o entendimento do templo como uma máquina. Não a "máquina para morar", como ele pretendia suas casas, mas a máquina para o culto litúrgico. Esta máquina, portanto, seria desprovida de alma, tornando-se um espaço frio, seco, sem vida: assim são muitas das igrejas construídas nas últimas décadas.

Na contramão desta indevida apropriação da arquitetura moderna para o templo católico, num movimento que já tem muita força me outros países, começam a surgir, também aqui, alguns exemplos de boa combinação dos elementos arquitetônicos modernos com nossa tradição litúrgica.

Trago aqui o exemplo da Paróquia São João Batista, em Tenente Jardim, Niterói, onde é pároco nosso já conhecido Pe. Demétrio Gomes. Vejam a reforma do presbitério e dos objetos litúrgicos que esta pequena comunidade conseguiu realizar em apenas dois meses:


Por que este presbitério é mais apropriado que o anterior?, poderia perguntar-se o caro leitor. Tento tratar de alguns pontos:
  • Como já mencionei, conseguiu-se pegar elementos arquitetônicos modernos, do nosso tempo, e usá-lo em consonância com a tradição litúrgica católica. Percebe-se, por exemplo, que o estilo é mais limpo, sem muitos detalhes nas paredes, contudo sem cair no minimalismo. Temos colunas, arcos, alguns relevos e outros detalhes que destacam certos elementos, como a cruz ao fundo do presbitério e as imagens nas laterais. Em seu modo, é uma aplicação arquitetônica da nobre simplicidade a que o Concílio Vaticano II se refere.
  • O presbitério antigo, por seu formato cúbico e pelas paredes vazadas, acabava colocando ambão e altar visualmente em uma mesma linha, por mais que fisicamente não estivessem assim. Isto causa uma certa perda de profundidade e de movimento, o que traz grande perda psicológica e espiritual (cf. JOHNSON, Cuthbert; JOHNSON, Stephen. O espaço litúrgico da celebração: Guia litúrgico prático para a reforma das igrejas no espírito do Concílio Vaticano II. 2006. Editora Loyola).
  • Agora são três os degraus da nave para o presbitério, segundo o costume do rito latino.
  • Também um degrau para o altar, que ganha mais destaque pela elevação.
  • Não é iconoclasta. Muitas reformas atuais substituem as imagens por ícones ou simplesmente removem-nas. Nada contra os belíssimos ícones, mas na Igreja Latina, ocidental, não sabemos ler e rezar com os ícones como os orientais, ao passo que as imagens nos transmitem uma sensação de familiaridade e proximidade. Além de seu uso ser incentivado pela Sacrosanctum Concilium.
  • E, finalmente, a reforma ficou harmoniosa com o restante da igreja, a transição da nave para o presbitério é gradual e não há um choque de estilos. É bem comum encontrarmos reformas que ficaram belas quando olhadas isoladamente, porém não combinam com o restante da igreja.
Há certamente outros pequenos detalhes que não percebi, mas estes me parecem suficientes para responder à pergunta.

Na Missa de Natal, quando se inaugurou o novo presbitério

Finalizo com as palavras do pároco, Pe. Demétrio Gomes, a respeito do novo presbitério:
Há três meses assumi o pastoreio de minha primeira paróquia. Naquela ocasião dissemos que o centro de nosso ministério seria a Santíssima Eucaristia. Não poderia ser distinto, pois dEla vive a Igreja.
No primeiro mês já tínhamos conseguido restaurar e adquirir todos os objetos litúrgicos, e lançamos uma proposta de um novo presbitério para acolher o Senhor em Seu Natal. Coisas de padre jovem e louco...
Nossa paróquia é pobre e não conta com muitos recursos, mas a fé dos fiéis superou as limitações materiais.
Compartilho com vocês o presente que, em apenas dois meses, conseguimos dar ao Senhor. Que esta obra seja apenas um reflexo da obra interior que queremos que o Divino Paráclito realize em cada um de nós!
Num dos comentários, o padre deu mais detalhes do acontecido, mostrando também o efeito pastoral de um presbitério mais apropriado:
"Todas as pessoas que frequentam a paróquia estão mais do que felizes com o novo presbitério. O número de fiéis multiplicou. Posso garantir-lhe que os fiéis sentem-se muito melhor acolhidos que antes! São pobres, mas têm fé e com muito bom grado dão o seu melhor para Deus. Precisava ver a alegria e as lágrimas de emoção nos rostos dos fiéis na noite de Natal!

O padre não impôs nada, apenas propôs e todos deram do seu pouco com muita alegria, e estão santamente orgulhosos, sentindo-se valorizado depois de anos…

O presbitério não tem nada de caro, não tem ouro nem nada precioso a não ser o Santíssimo Sacramento. Simplicidade não significa desleixo e mal trato com as coisas sagradas, muito menos com o Corpo do Senhor!

Além do mais, não há verdadeiro amor aos pobres sem a primazia do amor a Deus. Quando se inverte a ordem, deixa-se de amar a Deus, e o suposto amor aos pobres se converte em uma perversa ideologia que além de não comunicar-lhes o Evangelho, engana-lhes prometendo um paraíso terrestre.

Nunca vi uma paróquia que trate sem zelo as coisas de Deus cuidar dos seus pobres. O contrário? Tenho muitíssimos exemplos..."
É... salvar a liturgia é salvar o mundo, é salvar a fé!!!


E você, conhece outros exemplos de belas reformas arquitetônicas? Não deixe de comentar ou nos enviar as fotos para divulgação.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Papa Francisco: o Templo, onde se celebra o sacrifício, é local de adoração

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Na sua homilia da sexta-feira da XXXIII Semana do Tempo Comum, o Papa Francisco fez algumas colocações que considero interessantes e que, por isso, ressalto aqui. Refiro-me a este trecho transcrito pela seção brasileira da Rádio Vaticana:

Fonte: Rádio Vaticana
Para a sua homilia, o Papa se inspirou no trecho litúrgico do Antigo Testamento, em que Judas Macabeu reconsagra o Templo destruído pelas guerras. “O Templo – observou o Pontífice – é o ponto de referência da comunidade, do povo de Deus”, para onde nos dirigimos por vários motivos, mas um deles em particular:

O Templo é o local onde a comunidade vai rezar, louvar o Senhor, dar graças, mas sobretudo adorar: no Templo se adora o Senhor. E este é o ponto mais importante. Isso é válido também para as cerimônias litúrgicas: o que é mais importante? Os cantos, os ritos? O mais importante é a adoração: toda a comunidade reunida olha para o altar, onde se celebra o sacrifício, e adora. Mas, eu creio – humildemente o digo – que nós cristãos talvez tenhamos perdido um pouco o sentido da adoração.

O Papa então se pergunta: “Os nossos templos são locais de adoração, a favorecem? E as nossas celebrações?”. Citando o Evangelho de hoje, Francisco recordou que Jesus expulsa os vendedores que usavam o Templo como um local de negócios, mais do que para a adoração.
Numa época em que se prefere, em muitos lugares, ressaltar o aspecto comunitário da Liturgia, o Papa recorda-nos aquele que considera o aspecto mais importante e que acabamos perdendo: a adoração. Vamos ao Templo para adorar ao Senhor.

Sim, ali estamos todos reunidos e também manifesta-se o espírito de fraternidade que une a assembléia dos fiéis, mas se não estivermos ali fraternalmente reunidos para adorar o Senhor, algo de primordial estará faltando.

Adoração da Trindade (1511) - Albrecht Dürer
Mas e os ritos e cânticos, estará o Papa dizendo que não importam? Muito pelo contrário. Se uma das finalidades principais da Liturgia é adorar a Deus, estes importam na medida em que conduzem à adoração. É neste espírito que devem ser sentidos. E aí os ritos deixam de ser entendidos como algo que tolhe a liberdade do Povo de Deus. Através dos ritos litúrgicos, todos os católicos do mundo, todo o Corpo Místico de Cristo, unimo-nos para adorar a Deus.

Outro ponto a ser destacado, e que talvez passe sem ser notado por muitos, é que o Papa ressalta o caráter sacrifical da Liturgia e sua ligação com o altar. "O altar da nova aliança é a cruz do Senhor, da qual brotam os sacramentos do mistério pascal. Sobre o altar, que é o centro da igreja, se faz presente o Sacrifício da Cruz sob os sinais sacramentais" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1182).

Agnus Dei (1635-1640) - Francisco de Zurbar
E por que importa-nos participarmos deste sacrifício e adorá-lo? É o que recorda este outro ponto do Catecismo:
"Tendo Cristo passado deste mundo ao Pai, dá-nos na Eucaristia o penhor da glória junto dele: a participação no Santo Sacrifício nos identifica com o seu coração, sustenta as nossa forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e nos une já à Igreja do céu, à santa Virgem Maria e a todos os santos." (n. 1419)
Se perdemos a adoração, a finalidade do Templo, e o sentido de sacrifício - na Liturgia e fora dela, em nossas vidas -, convém recuperá-los. Fazemos todos juntos este exame de consciência juntamente com o Santo Padre: “Os nossos templos são locais de adoração, a favorecem? E as nossas celebrações?”
"A Igreja e o mundo precisam muito do culto eucarístico. Jesus nos espera neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para ir encontrá-lo na adoração, na contemplação cheia de fé e aberta a reparar as faltas graves e os delitos do mundo. Que a nossa adoração nunca cesse!" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1380)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A grandeza na Liturgia aponta para a Beleza de Deus

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Os sinais externos da sagrada Liturgia não são um insulto à pobreza material dos filhos da Igreja, mas um incentivo à piedade dos fiéis



O venerável Papa Pio XII, em sua encíclica sobre a sagrada Liturgia, explicava que "todo o conjunto do culto que a Igreja rende a Deus deve ser interno e externo". Esta realidade decorre da própria constituição humana, ao mesmo tempo física e espiritual, e da vontade do Senhor, que "dispõe que pelo conhecimento das coisas visíveis sejamos atraídos ao amor das invisíveis".

Este ensinamento explica porque os atos litúrgicos da Igreja sempre foram realizados em templos majestosos, com materiais tão nobres e paramentos trabalhados com inúmeros detalhes. Assim é, não porque a Igreja esteja apegada aos bens materiais ou preocupada em entesourar riquezas, mas porque ao Senhor deve ser oferecido sempre o melhor e o mais belo.

Assim pensava São Francisco, o poverello de Assis. Ele passou toda a sua vida como um pobre entre os pobres, mas, quando falava de Jesus eucarístico, condenava o desprezo e o pouco caso com que muitos celebravam os santos mistérios. Em uma carta aos sacerdotes, Francisco pedia a eles que considerassem dentro de si "como são vis os cálices, os corporais e panos em que é sacrificado" muitas vezes nosso Senhor. E insistia: "Onde quer que o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo for conservado de modo inconveniente ou simplesmente deixado em alguma parte, que o tirem dali para colocá-lo e encerrá-lo num lugar ricamente ordenado" [01]

Na França do século XIX, os lojistas comentavam entre si: "No campo há um pároco magro e mal arranjado, com ares de não ter um centavo no bolso, mas que compra para sua igreja tudo o que há de melhor". Era São João Maria Vianney, que vivia em pobreza extrema, mas não hesitava em ornar a casa de Deus com o mais nobre e o mais digno. Em 1820, escreveu ao prefeito de Ars: "Desejaria que a entrada da igreja fosse mais atraente. Isso é absolutamente necessário. Se os palácios dos reis são embelezados pela magnificência das entradas, com maior razão as das igrejas devem ser suntuosas" [02].

Toda esta preocupação do Cura d’Ars mostrava um verdadeiro amor a Deus e às almas. Ele encheu a igreja de sua cidade com belíssimas imagens e pinturas, porque, dizia ele, "não raro as imagens nos abalam tão fortemente como as próprias coisas que representam". O santo francês compreendia mais do que ninguém como não só era possível, mas também salutar, que o material e o terreno apontassem para as realidades celestes.

No entender do cardeal Giovanni Bona, um monge cisterciense do século XVII citado por Pio XII, "Se bem que, com efeito, as cerimônias, em si mesmas, não contenham nenhuma perfeição e santidade, são todavia atos externos de religião que, como sinais, estimulam a alma à veneração das coisas sagradas, elevam a mente à realidade sobrenatural, nutrem a piedade, fomentam a caridade, aumentam a fé, robustecem a devoção, instruem os simples, ornam o culto de Deus, conservam a religião e distinguem os verdadeiros dos falsos cristãos e dos heterodoxos." [03]

Percebe-se, deste modo, como pondera mal quem diz que a beleza das igrejas do Vaticano e o esplendor dos vasos e ornamentos sagrados deveriam ser renunciados, como se, com isto, a Igreja estivesse se exibindo indevidamente ou ofendendo os mais pobres.

Quem pensa desta forma ainda não compreendeu o que é verdadeiramente a Liturgia e qual é o seu verdadeiro tesouro. Não entendeu que até os sinais externos das ações litúrgicas, manifestados especialmente na Santa Missa, devem indicar Aquele que é a Beleza. E não pense que, persistindo nesta mentalidade, diverge em um ponto pouco importante da fé da Igreja. Nunca é tarde para recordar o anátema do Concílio de Trento: "Se alguém disser que as cerimônias, as vestimentas e os sinais externos de que a Igreja Católica usa na celebração da Missa são mais incentivos de impiedade do que sinais de piedade — seja excomungado".



sábado, 28 de setembro de 2013

"A criatividade nunca esteve presente na Liturgia cristã" - Dom Henrique Soares da Costa

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Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
Criatividade. Este conceito nunca esteve presente na Liturgia cristã. É-lhe totalmente estranho!

Na antiguidade mais primitiva, não havia ainda textos litúrgicos formados. É natural, é claro: a Igreja não nascera feita! Fundada pelo Cristo-Deus, foi plasmada pelo Seu Santo Espírito, conforme Sua própria promessa.
Mesmo não havendo ainda textos fixos para o rito liturgico, havia, no entanto, esquemas fixos, que os ministros sagrados deveriam seguir à risca. Portanto, cada ministro, tanto quanto pudesse, uns mais, outros, menos, compunham as orações. Em geral, escreviam-nas antes. Mas, dentro de um esquema fixo. A palavra chave nunca foi criatividade, mas fidelidade à Regra de Fé da Igreja e à lex orandi, isto é, à norma de oração da Igreja.

Logo cedo, os primeiros formulários litúrgicos foram sendo colocados por escrito e fixados. Finalmente, no século IV, com a liberdade de culto concedida aos cristãos, surgiram os grandes textos litúrgicos no Oriente, como a estupenda liturgia de São João Crisóstomo, e do Ocidente (pense-se na antiquissíma Tradição Apostólica de Hipólito de Roma). No Ocidente, a formação dos grandes textos foi mais complexa por vários motivos históricos e culturais. Em todo caso, no séculos VI e VII já se tinham os grandes formulários litúrgicos e a soleníssima Missa Estacional romana, que influenciaria toda a liturgia da Missa da Igreja latina (a Igreja do Ocidente, da qual o Bispo de Roma é o Patriarca, além de Papa de toda a Igreja do Oriente e Ocidente).

Em toda esta complexa e rica evolução histórica nunca se teve em mira a criatividade, mas a ortodoxia. Aliás, a palavra ortodoxia significa reta fé (reta opinião) e também reto louvor, reta glorificação de Deus! Assim, na Celebração litúrgica, o importante, a finalidade é o reto louvor ao Senhor Deus, exprimindo a reta fé pelos ritos sagrados que tornam autuantes na vida de cada crente e de toda a Igreja a salvação celebrada. A criatividade como ideal, objetivo e valor em si simplesmente não faz parte da realidade litúrgica, ao menos não nos vinte e um séculos de história da Igreja do Ocidente e do Oriente. Sendo assim, cedo ou tarde, com a graça de Deus, a ideologia da criatividade litúrgica desaparecerá do horizonte da Igreja, pois não faz parte do genuíno sentir eclesial. É questão de tempo...

Para fins de ilustração, trago alguns exemplos que exemplificam o problema da criatividade e como ela termina por retirar o culto a Deus do centro da Liturgia:

"Missa Mágica"
"Missa fantoche"


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os ritos, o homem e a Liturgia - Dom Henrique Soares da Costa

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Missa no rito dominicano (Fonte: New Liturgical Movement)
Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
No cristianismo, o rito litúrgico tem um sentido profundo, santíssimo e bem claro: na força do Espírito Santo, aqueles gestos, palavras e símbolos tornam realmente presente o mistério da nossa redenção: colocam no PRESENTE da nossa existência com toda a sua força salvadora os santos mistérios salvíficos ocorridos no PASSADO e já nos antecipa a plenitude da salvação que manifestar-se-á sem véus nem limitações no FUTURO.

Portanto, na Liturgia cristã não há cerimônias; há ritos sagrados; não há coreografias, há gestos salvíficos.

Mas, até mesmo do ponto de vista simplesmente humano, cultural, os ritos são necessários! Eis o que disse hoje o intelectual ex-presidente Fernando Henrique, ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras:

"Agradeço, comovido, a honra de me sentar em tão ilustre companhia. Não fosse eu algo treinado em antropologia e não houvesse sido casado por tantas décadas com destacada antropóloga, poderia talvez desconsiderar a importância dos ritos que conformam a existência humana, que são elemento insubstituível na tessitura da memória, a que nos agarramos na medida em que o tempo nos consome."

Pois é: sem rito não há memória, não se colhe a transcendência das ações humanas, dos momentos, dos valores que norteiam a existência. Sem ritos, o homem se desumaniza... O rito permeia a nossa existência:
rito para o namoro, para o noivado, rito para o casamento, rito à mesa, rito na sedução, rito na morte, no funeral, no luto, nos pêsames, rito na guerra e na paz. O homem e ser capaz de rito porque é ser capaz de dar significado às coisas e aos acontecimentos...

Isto se dá ao máximo no Rito Sagrado da Liturgia quando o Evento salvífico torna-se ritualmente presente, tornando atuante na nossa vida a presença salvadora do Deus Uno e Trino: os ritos litúrgicos são ação do Filho que traz a salvação do Pai na potência operante do Espírito para que os filhos dos homens participem da vida de filhos de Deus!

Brincar com isso é matar na alma o cristianismo, esvaziar a missão da Igreja de ser sacramento da salvação e diminuir o homem na sua humanidade! É para pensar!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Livro-chave da Reforma da Reforma agora em tradução brasileira

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O clássico da Reforma da Reforma, "Introdução ao Espírito da Liturgia", foi finalmente publicado em tradução brasileira.

O famoso livro do então Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) - já foi citado diversas vezes em nosso site - é certamente o livro-base do novo movimento litúrgico iniciado pelo Papa Bento XVI.

Esperamos que esta tradução, publicada pelas Edições Loyola, sane alguns problemas de tradução da edição portuguesa.

Mais informações no site da editora.






sábado, 24 de agosto de 2013

"Manual da Santa Missa", novo livro de nosso Diretor Geral

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A Editora Humanitas Vivens publicou recentemente o mais novo livro do Dr. Rafael Vitola Brodbeck, Diretor Geral do Apostolado Salvem a Liturgia!.

Manual da Santa Missa pode ser adquirido pelo site da editora. O prefácio, que segue transcrito abaixo, é do estimado Prof. Felipe Aquino:

É com satisfação que escrevo o prefácio desse livro do Dr. Rafael Vitola Brodbeck sobre a Santa Missa. Antes de tudo quero louvar a sua iniciativa e disponibilidade em colocar ao público católico um Manual detalhado e bem redigido sobre o ato mais importante da nossa fé católica, a celebração da Sagrada Eucaristia.

Infelizmente a maioria do povo católico ainda não compreende até o fundo o grande significado desta Celebração, e, por isso, não participa dela com mais frequência e ardor, deixando de receber seus frutos. 
Este Manual, muito bem elaborado pelo Dr. Rafael, lastreado na "sã doutrina da fé" (Tt 1, 9), pela Sagrada Tradição da Igreja, e nas normas emitidas pela Santa Sé, traz uma explicação detalhada e minuciosa da Santa Missa em todos os seus aspectos: teológico, litúrgico, pastoral.

O Código de Direito Canônico da Igreja se refere à santa Missa como as palavras:

"Augustíssimo sacramento é a santíssima Eucaristia, na qual se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O sacrifício eucarístico, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas obras de apostolado da Igreja se relacionam intimamente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam." (Cânon 897)

Essas palavras da Igreja condensam toda a importância da Santa Missa; e, portanto, os fiéis católicos, bem como os sacerdotes, diáconos, ministros extraordinários, acólitos, etc., devem se esmerar ao máximo para a correta celebração do Augusto "Mistério da Fé". 

Este Manual ajuda o fiel a compreender a grandeza e todo o significado da Santa Missa, desde sua prefiguração nos sacrifícios do Antigo Testamento até a celebração da Nova e Eterna Aliança por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele torna fácil para os fiéis compreenderem as várias dimensões da Missa: sacrifício, banquete, sacramento, bem como suas finalidades e seus frutos. 

Por outro lado, podem os fiéis aprender neste Manual como participar bem da celebração, e ver respondidas muitas perguntas que o povo faz sobre a mesma. Por quem se pode oferecer a Santa Missa? Quem pode celebrar a Santa Missa? Somos obrigados a assistir a Santa Missa? Em que dias? Por quais motivos? Por que razão as regras quanto à celebração da Missa devem ser fielmente observadas? Onde estão descritas as regras litúrgicas do rito romano? Tais regras podem ser mudadas pelo padre e pelo Bispo? Em que língua deve ser celebrada a Santa Missa? Como deve ser o altar? Pode o sacerdote celebrar mais de uma Santa Missa por dia? Pode o sacerdote celebrar a Santa Missa sem ninguém assistindo?

Da mesma forma o Manual explica em detalhes as partes da Santa Missa: Ritos Iniciais, a Entrada, a Saudação, o Ato Penitencial, o Kyrie, o Asperges, o Glória, a Coleta (Oração do Dia), a Liturgia da Palavra, as Leituras, o Salmo Responsorial, a Sequencia, a Aclamação ao Evangelho, a Homilia, a Profissão de Fé, a Oração Universal, a Liturgia Eucarística, a Preparação do Altar, o Ofertório, a Oração sobre as Oferendas, a Oração Eucarística, a Doxologia, o Pai Nosso, o Rito da Paz, os cantos, o Cordeiro de Deus, a distribuição da Comunhão, etc.

O Manual apresenta ainda uma detalhada explicação sobre os ministros extraordinários da Comunhão, os paramentos usados, os gestos e os objetos usados na celebração.

Por tudo isso, e muito mais que o Manual apresenta, seu valor é grande e muito oportuno, pelo que parabenizo o Dr. Rafael por sua iniciativa. Espero em Deus que lançado na internet possa se propagar rapidamente e se tornar um importante instrumento para que os fiéis católicos possam compreender melhor a Santa Missa, "centro e ápice da nossa fé", como disse o querido e saudoso Papa João Paulo II. 

Rogo ao Senhor da Glória, que instituiu tão grande Sacramento, e a Sua Santíssima Mãe, a que mais cooperou para a nossa salvação, abençoem este Manual e seu autor, para que possam dar muitos frutos de salvação. 

Felipe Aquino
Lorena, 14 de Setembro de 2008
Na Festa da Exaltação da Santa Cruz

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A Concelebração Eucarística

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É com muita alegria que trago a notícia da publicação para o Brasil de uma importante obra de estudo sobre a Concelebração Eucarística. Trata-se da tradução feita pelo querido amigo Pe. José Eduardo sobre a relativamente recente obra do Pe. Guillaume Derville, publicada pela Editora Canção Nova.



A seguir, o texto de uma conferência feita pelo Pe. José Eduardo para a apresentação do livro:

APRESENTAÇÃO DO LIVRO

CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA, 

DO SÍMBOLO À REALIDADE


O Concílio Vaticano II, cujo cinquentenário comemoramos neste Ano da fé, foi anunciado pelo Beato João XXIII em 25 de janeiro de 1959 sem que se tivesse definido um tema específico sobre o qual se debruçaria. Sua fase preparatória, por isso, foi marcada por um certo debate nas Conferências episcopais acerca de qual matéria deveria ser especialmente focalizada pelos padres conciliares.

O card. Ratzinger, numa conferência pronunciada no ano 2000, narrou um fato interessante:

Entre os membros da Conferência Episcopal Alemã, portanto, prevalecia amplamente um consenso sobre o fato de que a Igreja devesse ser o tema. O velho bispo Buchberger, de Regensburg, (…) pediu a palavra - assim me contava o Arcebispo de Colônia - e disse: caros irmãos, no Concílio deveis sobretudo falar de Deus. Este é o tema mais importante. Os Bispos ficaram impressionados; não podiam furtar-se à gravidade destas palavras (…). Algo de análogo se pode, aliás, dizer a propósito do primeiro texto que o Vaticano II produziu - a Constituição sobre a Sagrada Liturgia. O fato de que ela se situasse no início tinha em princípio motivos pragmáticos. Mas retrospectivamente se deve dizer que na arquitetura do Concílio isto tem um sentido preciso: no início está a adoração. E portanto Deus. Este início corresponde à palavra da Regra beneditina: Operi Dei nihil praeponatur[1].

De fato, a Constituição Sacrosanctum Concilium teve como principal finalidade mostrar-nos que “a Liturgia é simultâneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força”[2], pois, pela “Liturgia (...) ‘se opera o fruto da nossa Redenção’”[3], e “esta obra da redenção dos homens e da glorificação perfeita de Deus, prefigurada pelas suas grandes obras no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal”[4]. “Portanto, a liturgia (...) faz com que a graça divina, que deriva do Mistério pascal (...), santifique todos os passos da vida dos fiéis”[5].

O desejo do Concílio Vaticano II, no que tange à Sagrada Liturgia, era, então, o de fazer com que todos os fiéis nos introduzíssemos de modo mais profundo no mistério pascal e dele hauríssemos, juntamente com nossa vida pessoal de piedade, toda a graça da nossa santificação. Esta foi a razão última de todas as disposições conciliares para a reforma litúrgica. Os aspectos práticos são decorrentes destes princípios que, portanto, são essenciais para a correta hermenêutica daqueles.

Como afirmava o Card. Ratzinger,

a maior parte dos problemas ligados à aplicação concreta da reforma litúrgica tem relação com o fato de que não se teve suficientemente presente que o ponto de partida é a Páscoa. Prestou-se demasiada atenção às coisas puramente práticas, com o risco de perder de vista aquilo que está no centro. Me parece essencial retomar esta orientação como critério de renovação e aprofundar, assim, no que o Concílio unicamente tinha querido esboçar[6].

A respeito da concelebração, o texto da Sancrosanctum Concilium afirma: “a concelebração, que manifesta bem a unidade do sacerdócio, tem sido prática constante até ao dia de hoje, quer no Oriente quer no Ocidente. Por tal motivo, aprouve ao Concílio estender a faculdade de concelebrar”[7].

É aqui que se insere a primeira utilidade do livro que hoje temos o prazer de apresentar. A disciplina da concelebração não foi propriamente uma novidade inserida pelo Concílio, mas, mais exatamente, uma prática já existente, agora oportunamente ampliada pela autoridade da Igreja.

Nesta obra, Mons. Guillaume Derville, com invejável erudição, nos apresenta uma documentação vasta sobre o uso da concelebração na história da Igreja, no Ocidente e no Oriente, dando-nos uma visão panorâmica de tudo aquilo que, na mais pura tradição eclesial, sempre se entendeu a respeito. Conhecê-lo me parece vital para se compreender com precisão o espírito com o qual o Concílio quis ampliar sua possibilidade.

Na sequencia, o livro nos apresenta uma minuciosa exposição dos documentos pós-conciliares para aplicação da reforma litúrgica, inclusive textos pouco conhecidos, e tantas outras disposições canônicas, que nos fornecem as condições para percebermos com clareza em quais limites o Magistério quis balizar a disciplina concernente a esta prática.

Todas estas determinações destinam-se, contudo, àquela finalidade principal alegada como motu da reforma conciliar: urge que concorramos à sagrada liturgia como via de acesso ao mistério pascal. A isto, também, devem servir as concelebrações.

Por isso, especial relevo têm as riquíssimas considerações teológicas feitas pelo autor relativamente ao tema, começando pelo profundo sentido da unidade do presbitério, mostrando que suas raízes sacramentais são permanentes, radicadas no sacramento da ordem, e, portanto, prévias à própria concelebração, antes, são um seu pressuposto necessário. Em outras palavras, o fundamento da fraternidade sacerdotal é a presença de Cristo no sacerdote e, portanto, a concelebração não pode ser reduzida a um mero sinal desta fraternidade, pois, como ele mesmo afirma, “todo o mistério da Eucaristia manifesta a unidade da Igreja, haja ou não a concelebração”[8].

Ademais, o autor apresenta uma interessantíssima reflexão acerca da peculiar identificação do sacerdote com Cristo, colocando em evidência que, em determinadas situações, o que está em jogo é a reta distinção entre o sacerdócio ministerial e o sacerdócio comum de todos os fieis, a própria compreensão da natureza do ato sacramental dos concelebrantes no ato celebrativo, e a autoconsciência do concelebrante como um autêntico celebrante, sendo de vital importância, assim, a clareza do sinal na ação litúrgica: como, por exemplo, a nitidez da pronúncia da fórmula da consagração, a correta repetição dos gestos e palavras de Cristo, a relevância do lugar em que o concelebrante se encontra relativamente à distância do altar, a importância dos paramentos, entre tantos outros elementos. Estes aspectos, sem dúvida, embora pareçam secundários, podem ser importantes quando um sacerdote avalia a possibilidade de concelebrar ou não, ressalvando-se sempre o direito que tem de abster-se.
A este respeito, vale a pena recordar que, no sínodo da Eucaristia, os Padres sinodais reconheceram o alto valor das concelebrações, especialmente aquelas presididas pelo Bispo com seu presbitério, os diáconos e os fiéis. Contudo, solicitaram aos organismos competentes que estudassem melhor a prática da concelebração quando o número dos celebrantes for muito elevado[9].
Recolhendo esta proposta, o Papa Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, afirmou que
a assembleia sinodal deteve-se a analisar a qualidade da participação nas grandes celebrações que têm lugar em circunstâncias particulares e nas quais se encontram, para além dum grande número de fiéis, também muitos sacerdotes concelebrantes. É fácil, por um lado, reconhecer o valor destes momentos, especialmente quando preside o bispo rodeado do seu presbitério e dos diáconos; mas, por outro, em tais ocasiões podem verificar-se problemas quanto à expressão sensível da unidade do presbitério, especialmente na Oração Eucarística, e quanto à distribuição da sagrada comunhão. Deve-se evitar que estas grandes concelebrações criem dispersão; providencie-se a isto mesmo por meio de adequados instrumentos de coordenação, e organizando o lugar de culto de tal modo que permita aos presbíteros e aos fiéis uma plena e real participação. Entretanto, é preciso ter presente que se trata de concelebrações com índole excepcional e limitadas a situações extraordinárias[10].
Parece evidente, pelo próprio teor dos textos magisteriais, dos quais faz eco fiel o brilhante estudo que apresentamos, que, no que diz respeito às concelebrações, precisamos nos examinar: quando concelebro, sou consciente de que estou realmente celebrando, confeccionando a Eucaristia?, esforço-me por envolver-me no ato celebrativo com a mesma compenetração de quando sou o celebrante principal?, minha autoconsciência, enquanto concelebro, é de estar exercendo, efetivamente, um ato sacramental, ou sinto-me como um fiel a mais, paramentado, no meio da assembleia?, quando concelebro, faço oração, ou melhor, entro na oração de Cristo na Igreja desde a minha condição de sacerdote in actu sacramental?

São perguntas que saltam aos nossos olhos na leitura deste texto, com tantas outras considerações que nos beliscam interiormente, pondo em relevo a importância fundamental de nossa intimidade com Cristo na ação litúrgica, de nos confundirmos com ele enquanto agimos in persona Christi, de O tocarmos nas espécies sacramentais, de O contemplarmos desde uma perspectiva única, privilegiada, instransferível.

Hoje, apresentamos ao público de língua portuguesa esta obra de inestimável valor, com a consciência de que ninguém sairá intacto de sua leitura. Certamente, este estudo mudará o nosso modo de encarar a concelebração eucarística e, sobretudo, nos ajudará a aproveitarmos melhor nossas próprias celebrações, pelo rico conteúdo de doutrina e espiritualidade com o qual estão carregadas estas páginas.

Como afirmava o Papa Bento XVI, “celebratio é oração e diálogo com Deus:  Deus conosco e nós com Deus. Portanto, a primeira exigência para uma boa celebração é que o sacerdote entre realmente neste diálogo”[11].



[1] Ratzinger, Joseph, A Eclesiologia do Concílio Vaticano II, Roma 2000.
[2] Concílio Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 10.
[3] Ibidem, n. 2.
[4] Ibidem, n. 5.
[5] Ibidem, n. 61.
[6] Ratzinger, Joseph, I 40 anni della Costituzione sulla Sacra Liturgia in Opera Omnia, pp. 775-776.
[7] Concílio Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 57 § 1.
[8] Derville, Guillaume, Celebração Eucarística, do símbolo à realidade, Canção Nova, São Paulo 2013, Cap. II.
[9] Cf. Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, Propositiones, n. 37.
[10] Bento XVI, S.S, Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, n. 61.
[11] Bento XVI, S.S,  Discurso ao clero de Albano.
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