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sexta-feira, 23 de março de 2012

Don Mauro Gagliardi concede entrevista ao Salvem a Liturgia

Don Mauro Gagliardi, professor do Ateneo Pontificio Regina Apostolorum e consultor da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e ainda do Ofício de Celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice concedeu-nos uma entrevista exclusiva. Don Mauro foi meu professor de Introdução à Teologia e de Cristologia e Soteriologia.


No dia de ontem, Don Mauro lançou a nova edição revista e ampliado do seu livro "Introduzione al Mistero Eucaristico, Dottrina, Liturgia, Devozione" pela Editora Lindau.

Obrigado, Pe. Gagliardi pela gentileza de conceder uma entrevista para o nosso blog “Salvem a Liturgia”.

O senhor já o conhecia? Que pensa ser o mais importante num trabalho como o nosso de resgatar os valores litúrgicos?

Eu não conhecia anteriormente o vosso blog, mas penso que os blogues possuem um indubitável valor no contexto atual. É necessário, como em todos os outros meios de comunicação social, utilizá-lo com responsabilidade. Se usado deste modo pode dar frutos abundantes para a Igreja. No caso específico de um blog sobre liturgia posso dizer que o que mais importa neste momento é informar os leitores com precisão. A informação hoje é abundante, mas geralmente imprecisa e em certos casos refletem a influência de varias ideologias. Um blog sobre liturgia deveria hoje informar os leitores de modo sintético, mas também criterioso sobre os conteúdos gerais da ciência litúrgica, e em particular o movimento que vive atualmente a Igreja,  o ponto vital do Culto Divino.

O senhor acredita que este tipo de apostolado virtual em defesa da liturgia repercute realmenteentre os fiéis?
E entre os Sacerdotes e Bispos?

Eu sou convicto que os blogues são muito seguidos também entre os sacerdotes e bispos e não somente entre os fiéis leigos. Sem dúvida podem haver repercussões reais. Por isto é importante que sejam geridos com responsabilidade, para que informem e não deformem, e sobretudo que tenham um grande amor à Igreja! Não se trata de prevalecer uma certa visão, mas de sustentar o caminho da Igreja, naquilo que compete a nós;

Como alcançar mais pessoas? Despertando-os para um maior amor à liturgia bem celebrada em conformidade com as rubricas, respeitando a tradição do rito romano?

Sou do parecer que não devemos nos preocupar de alcançar mais pessoas e que o celebrar de modo correto não é em vista disto, de um maior “sucesso”. É necessário celebrar segundo o rito previsto pela Igreja porque isto é justo em si, porque este é o modo no qual a Mãe Igreja nos ensina a dar culto a Deus. Penso que depois o Senhor poderá premiar esta fidelidade despertando nos fiéis um maior amor à liturgia. Nós devemos procurar antes de tudo o Reino de Deus e a sua justiça e o restante nos será dado em acréscimo. Celebramos bem porque Deus o  merece, porque a Igreja nos manda, porque é justo fazer assim e é errado fazer diversamente, não porque nós esperamos uma contrapartida. Mas penso que, se somos fiéis, essa virá igualmente.

O memorável Papa, Beato João Paulo II na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia falou de sombras no modo em qual se celebra a Missa. Como interpretar esta frase?

João Paulo II falou sobre este assunto também em outros textos. No que se refere as “sombras” o significado é evidente: os abusos litúrgicos.

Como se portar diante de bispos, sacerdotes e leigos que mesmo depois do Summorum Pontificum  insistem em não consentir que grupos que grupos que desejam  tenham acesso à liturgia segundo os livros de 1962?

Nao vejo como os leigos poderiam impedir a celebração segundo o Missal de 1962. No que resguarda as ministris ordenados: se for sacerdotes se recorra ao Ordinário Diocesano. Nos casos nos quais pelo contrário é este último que impõe obstáculos seja o Motu Proprio “Summorum Pontificum” ou  Instrução “Universiae Ecclesiae” estabeleceram que se pode recorrer à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei quando não se é possível resolver as contraversias, de modo amigável e ao mesmo tempo justo, em nível local.

O senhor tem escutado que a distância estética, teológica e espiritual entra a forma ordinária e a extraordinária do Rito Romano é inferior à forma ordinária bem celebrada (segundo as rubricas) e à mal celebrada (com a manipulação e os abusos que cometem). Isto é verdade?

Este é um argumente sobre o qual é difícil pronunciar-se de modo adequado em uma simples entrevista, porque corre-se o risco de imprecisões e de juízos sintéticos. Deste modo, limito-me a recordar que o Santo Padre deseja uma recíproca influência entra as duas formas do Rito Romano. Isto parece sugerir que há qualquer coisas entra ambos que podem ser perfeccionados e o desejo é realmente este.

Para combater os abusos que alguns fazem na Missa somente a promoção do rito tradicional é suficiente? Em outras palavras a causa do problema é o “novo rito” em si?

Não se pode dizer com uma sentença lapidar que o novo Missal é a causa do fenômeno dos abusos litúrgicos. Este fenômeno depende de diversos fatores entre os quais está a crise de autoridade e de obediência verificada na sociedade a partir dos anos cinqüenta do século passado radicalizada na segunda metade dos anos sessenta e que certamente se investiu também na Igreja, se bem que em medida menor que na sociedade.
É verdade, porém, que o novo Missal, de qualquer modo, deixou abertas as portas para uma certa criatividade como disse o então Cardeal Ratzinger em uma conferência há alguns anos.
O Missal mais antigo de fato, prescreve exatamente aquilo que o celebrante deve fazer em cada momento da celebração. Isto existe também no novo Missal, porém usa geralmente uma formula do tipo: “o sacerdote com estas palavras ou outras similares...” ou ainda: “o sacerdote diz: ou: ... ou: ...”. Depois as Conferências Episcopais acrescentaram nas tradições em línguas nacionais outros elementos variáveis. Tudo isto, em certo modo, faz emergir a idéia que se pode dizer isso ou aquilo, que se pode fazer assim ou de outro modo. E das formas previstas muito facilmente se passa a outras, inventadas pelo próprio celebrante ou por qualquer outro grupo litúrgico. Talvez, para contrastar com o fenômeno dos abusos litúrgicos não seja suficiente somente restituir em uso mais amplo o Missal antigo, mas de certo modo é uma grande contribuição. Celebrando com este Missal o sacerdote aprende de novo que o rito não está à sua disposição, que ele o recebe da Igreja. O sacerdote redescobre o seu papel de ministro, isto é de servo e não de gestor do Culto Divino.

Como responder  àqueles que querem promover a Missa Antiga, mas que fazem em base a um ódio à Missa nova?
A resposta se encontra seja no Motu Proprio “Summorum Pontificum” quer na Instrução “Universiae Ecclesiae”. Não se trata de criar contraposições, mas de favorecer a reconciliação na Igreja. Bento XVI escreveu que não se pode seguir princípios contrários à celebração com o novo Missal. É por demais absurdo falar de ódio pela nova forma de celebração da Missa: como pode odiar a Missa? Significaria de qualquer modo odiar o sacrifício de Cristo renovado sobre o Altar! Compreendo que se podo preferir uma à outra forma, mas o Católico não pode odiar à Missa, quando esta é verdadeiramente Missa. A forma de Celebração aprovada por Paulo VI é certamente válida, então não católico pode odiá-la.
No Brasil é muito comum o uso pelos fiéis dos “folhetos” com o próprio o ordinário  em vez do Missal dos fiéis, estes folhetos são repletos de comentários não apropriados e algumas vezes inadequados. Como o senhor vê isso? O que seria melhor para incentivar a publicação e o uso do Missal dos fiéis para um contato maior com a liturgia também em casa?
  
 
Também na Itália o uso dos Missais dos fiéis é quase inexistente, pelo menos no formato de livro – e são muito freqüentes os folhetos da Missa. Também na Itália geralmente os textos são acompanhados por comentários discutíveis. Escutei várias vezes comentários negativos da parte dos fiéis a esse respeito. Algumas vezes também as orações dos fiéis são compostas de posicionamentos bem individuais e em certos casos se referem a acontecimentos políticos da atualidade, o que escandaliza alguns, porque se utilizam da oração como meio para convencer os fiéis à certas idéias. Ultimamente tenho percebido que diversas editoras dos folhetos começaram a não imprimir mais o Credo Niceno-Constantinopolitano e sim o Credo conhecido como “dos Apostólos”, não somente na Quaresma, mas sempre. Talvez fazem assim para uma maior brevidade, mas bastarua pregar dois minutos menos, ou melhor dar um aviso a menos, para ter todo o tempo necessário para se rezar o Credo mais longo, mais completo do ponto de vista doutrinal. Finalmente, seria belo se incentivar os fiéis a adquirir o missal, possivelmente bilíngüe (latim e língua nacional).

Também no caso do Brasil, como o senhor percebe as intervenções do povo durante a Oração Eucarística? Não existem absolutamente precedências na tradição romana e ainda mais não existem em nenhum outro país?

Não estudei bem o caso do Brasil e, portanto não posso me pronunciar com precisão. Porém, é verdade que a um primeiro olhar parece algo de singular, sobre isto seria melhor voltar a fazer uma reflexão, a começar pela Conferência Episcopal Brasileira.

No Brasil ainda não foi terminada a tradução da Terça Edição Típica do Missal Romano. O senhor acredita que Roma pedirá que esta tradução seja mais fiel ao Latim? Expressões como “Ele está no meio de nós”, como resposta ao “O Senhor esteja convosco” poderá ser susbtituída por “E com o teu espírito”?  Como também o “sacrifício meu e vosso” no Orate Fratres, que no Brasil se tornou “o nosso Sacrfício” reduzindo a diferença essencial entre o sacerdócio hierárquico e o sacerdócio dos fiéis?

Eu não me sinto capaz de responder a estas questões em detalhe. A única coisa que possodizer agora é que, graças à Instrução  "Liturgiam authenticam" de 2001, que tem o desejo de que as traduções em línguas nacionais sejam mais fiéis ao texto latino da"editio typica". O novo missal em Inglês é de fato melhor do que o anterior quanto à tradução, assim, conseqüentemente, o norte-americano. Eu poderia dar outros exemplos. Portanto, em geral, a tendência é exigir mais do que nunca no que diz respeito as traduções.
No passado, os tradutores que trabalharam para preparar os missais em língua nacional, muitas vezes se basearam no princípio de que, ao invés de traduzir os textos, era necessário interpretá-los. A interpretação foi feita, como é óbvio, a partir de um ângulo particular, muitas vezes correspondendo a uma teologia caracterizada por opções precisas. Isso não deve acontecer de novo hoje: é preciso traduzir e não trair os textos .Esta é precisamente a arte do bom tradutor. Devemos permitir que o texto expresse o que elas significam, e não acrescentar neles o nosso pensamento.
Sobre a comunhão de joelhos e diretamente na boca, o que o senhor pode dizer? Algumas pessoas começam a render-se conta que esta é a posição mais sagrada e mais tradicional e que devia ser restaurada. O que o senhor pensa sobre esta recuperação na forma de receber a sagrada comunhão conceder uma maior sacralidade à Celebração da Santa Missa?

Tenho repetidamente expressado em diversos escritos a minha crença que a melhor maneira de distribuir e receber a Sagrada Comunhão é aquela em que o sacerdote coloca a hóstia diretamente na boca dos fiéis, que estão de joelhos. Por outro lado,  além dos muitos argumentos que podem ser invocados, e dos textos que se podem ser citados basta-nos recordar o exemplo que nos dá o Santo Padre Bento XVI, que, a partir do "Corpus Domini" de 2008, distribui a Comunhão somente desta maneira. Ele explicou, no livro entrevista "Luz do Mundo"  que com esta escolha ele queria colocar um ponto de exclamação sobre a presença real de Cristo na hóstia consagrada. E de fato é urgente hoje bater mais sobre este importantíssimo ponto da nossa fé. A recepção da Comunhão na boca enquanto está ajoelhado não é a única coisa a fazer, isso é claro. Mas eu estou convencido que ajuda muitíssimo. Não é preciso dizer tantas palavras, os fiéis que são ensinados que só assim se pode comungar, serão levados a entender que o que ele recebe não é um alimento qualquer.  Um alimento qualquer se come sentado ou em pé, mas a Eucaristia não, porque devemos adorá-la antes de comê-la, como São Paulo e Santo Agostinho ensinou, assim como muitos outros santos Padres e Doutores. Um alimento qualquer eu mesmo o porto a minha boca, mas este, pelo contrário, eu o recebo diretamente da Igreja... Mas é claro que para fazer isso teria que ser revisto o atual regime de indulto quase geral que permite de receber a Comunhão também na mão.
E quando um sacerdote ou um ministro nega a comunhão diretamente na boca e de joelhos o que podemos fazer?

Eu sempre recomendo as intervenções graduais. A primeira coisa é tentar dizer aopadre o seu erro, chamando-o de lado e falando com grande respeito e amor.  Então mostra-se os textos magisteriais que afirmam o direito de os fiéis a receber a comunhão desta forma, se assim o desejarem (por exemplo a Instrução “Redemptionis Sacramentum). Não é uma concessão do sa sacerdote: é um direito dos fiéis. Se o sacerdote permanece surdo a estas exortações, se pode recorrer ao Bispo, o qual deverá providenciar uma solução. Em casos extremos, se pode recorrer aos competentes dicastérios da Santa Sé, mas em geral, não deveria ser necessário chegar a este nível. Em todas as fases é necessário agir com verdadeira caridade e paciência, com amor pela Igreja e não somente para uma conquista do ponto de vista humano,  Todavia, fazer valer um próprio direito não é contrário à caridade, não se viola com isto o preceito do amor evangélico. Tudo aconteça, porém, com respeito amor e compreenão e não por um simples espírito de luta.
 E sobre a orientação “versus Deum” na forma Ordinária? É possível que na Missa no rito moderno esta forma seja também aplicada como um bem?
Como foi resultado também de uma resposta oficial da Congregação para o Culto Divino, é certamente possível celebrar a Missa de Paulo VI também sobre um altar fixado junto à parede, que não permitem a celebração “versus popolum”. Se pode ainda usar um altar separado da parede e celebrar como se diz vulgarmente e com grave falta de exatidão, “de costas ao povo”
Celebrar “versus Dominum” não é nunca algo ilícito, qualquer sacerdote pode fazê-lo sempre, em qualquer tipo de altar que tenha à disposição.

Qual a importância do latim nas celebrações litúrgicas? E o canto gregoriano?

Sou convicto que o latim ajuda muito. Em dois dos meus libros, sustentei a opinião qie a Liturgia da Palavras deveria ser de norma em língua nacional e que nas outras partes da Missa deveria ser mais bem mais generoso o uso do latim. Em particuçar, durante a Liturgia Eucarística e, sobretudo, na Oração Eucarística. O latim não torna uma celebração mais válida que uma em língua nacional, mas ajuda sacerdote e fiéis a perceber que duranre a Missa não estamos simplesmente desenvolvendo uma atividade quotidiana qualquer. Nos faz entender de modo prático que estamos em contato com o Cèu. Além disso, o latim é a língua oficial da Igreja Católica, então a língua de todos os fiéis católicos.
Geralmente se celebra Missas internacionais nas quais se usam duas, três, quatro ou mais línguas, para resultar que os fiéis compreendam ao menos uma parte da Missa. Não seria melhor que os fiéis fossem capazes de compreender as partes do Ordinário da Missa em latim e também de responder? Isto ajudaria muito na participação ativa deles nestas ocasiões. Sobretudo, daria um sentido vivo da catolicidade da Igreja; um fiel se vai a New Iork, Roma, ou Tóquio pode encontrar a mesma Missa, celebrada com as mesmas palavras escutadas do sacerdote na sua pátria, então se sente em qualquer lugar como em sua casa: encontrou os seus irmãos na fé também em terras estrangeiras. É estrangeiro, porém encontrou a sua família. Eis a catolicidade concreta. O mesmo vale para o canto gregoriano, o qual se recomenda também por uma outra característica, que deve ser a regra para todos os cantos de uso na liturgia: isto é, no gregoriano o texto é muito mais importante que a melodia. O cântico de adapta ao texto e não as palavras à música; Isto é muito importante, por isso os documentos magisteriais, antes, durante e depois o Vaticano II, sempre recomendaram o latim e o canto gregoriano.

O que o senhor pode nos dizer sobre a centralidade do Sacrário no presbitério?
  
O caso das Igrejas Catedrais deve ser tratado a parta, coisa que aqui não podemos fazer. Nas outras igrejas, porém, como no caso das paróquias, eu vejo muito nem a presença do Sacrário no centro. A Igreja é certamente casa do Povo de Deus, mas antes disto é casa de Deus. Se nós acreditamos verdadeiramente na Presença Real, não compreendo como se pode dizer a Deus, o Dono da casa que está no Tabernáculo: se coloque de lado, porque o Senhor atrapalha as celebrações! Para mim isto é incompreensível. Muitos dizem que o sacrário não pode mais estar ao centro porque se celebra “de frente para o povo” e então por reverência se deve evitar que o sacerdote quando celebra lhe dê as costas.
Mas podemos perguntar:  Porque não se ptovidenciou qualquer arranjo arquitetônico, como se fez construindo os novos altares? Poderia-se por exemplo ter elevado o Sacrário a um lugar mais alto, mesmo deixando ao centro, de modo que, também quando celebra, o sacerdote não lhe dê as costas. Ou ainda, se pode colocar o tabernáculo à direito ou a esquerda dos novos altares, por exemplo sobre uma coluno, mas deixando bem visível sobre o presbitério. E esta segunda opção em diversos casos foi a escolhida. Me parece um compromisso aceitável.
Ao contrário não me parece muito bem, colocar fora o tabernáculo em uma capela lateral, e em casos mais extremos, até mesmo fora da Igreja (uma vez na França vi que colocavam o Santissimo Sacramento em um armário da sacristia, provavelmente porque assim se fazia em certos lugares no Século IX!) Se é também sostentada geralmente a idéia que o sacrário não pode estar onde está o altar, porque não teria sentido celebrar a Missa e produzir a Presença Reaç, quando esta Presença estaria já ali durante toda a Missa.
Esta tese não somente contradiz um ensinamento de Pio XII que falava da inseparabilidade entre o tabernáculo e o altar, mas sobretudo não leva em conta o fato de que certamente a Missa produz a Presença Real, mas é também o Sacrifício de Cristo! Também se durante a Missa tem já a Presença Real no tabernáculo, não tem porém a atuação do Sacrifício sacramental, que coincide com a celebração da Eucaristia. Então mantém todo o seu sentido celebrar a Missa também na presença do Sacrário. Em conclusão, penso que o pensamente que rege a escolha de retirar os sacrários do presbitério seja um pensamento liturgico reduzido, prá dizer o menos.

No Rito Romano existem as chamadas “danças litúrgicas”? E as palmas como acompanhamento rítmico nas canções, como alguns membros da renovação carismática católica fazem, pertence à tradição litúrgica romana e podem ser utilizadas na Missa?

A tradição litúrgica não prevê a dança. Em alguns países, por exemplo a África, se permite os “movimentos”, que são gestos diferentes de uma verdadeira e própria dança. Nas normas litúrgicas atuais não são previstas as palmas, seja o aplauso de aprovação ou rítmico. É possível admitir em momentos de oração ex-traliturgicos, se verdadeiramente é necessário, porem não na liturgia.

Não seria considerado um abuso da parte de alguns clérigos e leigos, o fato do “uso ordinário” de ministros que são justamente chamados “extraordinários” da Comunhão? Qual a posição que a Congregação à qual o senhor é membro têm sobre este argumento?

As disposições para o participação dos ministros extraordinários dizem claramente que esses não podem substituir os ministros ordinários, se estes são em numero suficiente e hábeis a distribuir a santa comunhão. Em poucas palavras: o sacerdote não pode sentar-se e deixar que apenas os ministros extraordinários distribuam a comunhão. Esses devem servir de ajuda ao sacerdote em caso de verdadeira necessidade e não substituírem o sacerdote. É necessário entender o momento que é realmente necessária esta ajuda. Se na Igreja participam mil pessoas que querem comungar, provavelmente é necessária, mas se são apenas trezentos? Sobre este ponto, as normas não entram em detalhes.

As mulheres brasileiras em alguns lugares retornaram o uso do véu, não apenas na Missa no Rito Romano Extraordinário, mas  também na missa segundo o Novo Rito. Como o senhor ver este movimento? V. Reverendíssima recomenda o uso do véu por parte das mulheres na Missa Católica e nos atos de piedade?

O uso do véu é tão antigo quanto à Igreja, dado que se encontra mensionado em uma carta de São Paulo Apóstolo. Pessoalmente digo que não vejo como um elemento de grande importância. Porém, já que se encontra nas Sagras Escrituras, talvez fosse prudente permanecer o uso. É certo o fato que ele não causa problemas, ao contrário, pode ser edificante. Pode ajudar às mulheres, por algumas vezes tentadas pela vaidade mais que os homens, a cultivarem a virtude da modéstia. E pode ajudar aos homens, por muitas vezes tentados mais que as mulheres de não se distraírem durante os sagrados ritos, recordando que pelo menos durante a liturgia devem volver os corações apenas para Deus.

Porém, o uso do véu é proibido? E permitido ou apvovado? Permanece obrigatório?

Não conheço disposições precisas sobre esta matéria.

Se uma mulher que faz uso do véu, mas é envergonhada por ser a única na paróquia, que conselho V. Reverência daria?

No recente livro-entrevista “Luz do Mundo”, Bento XVI fala do véu das mulheres: não aquele das mulheres católicas, mas sim da burca islâmica. Ele diz que se as mulheres mulsumanas são constrangidas ao uso, isso não é justo, mas se livremente estas decidem de endossar-lo, não se tem motivos para impedir. “Mutatis mutandis”, aplicarei mesmo princípio ao véu das nossas mulheres católicas: se uma mulher quer usa-lo espontaneamente, quem pode impedir? Se a mulher que o senhor fala têm o desejo de usar o véu, será por uma razão. Qual problema poderia existir?

O senhor acredita que existe um verdadeiro e próprio “novo movimento liturgico”? Que coisa se pode fazer em prática para promove-lo?

Não se se já temos um novo movimento litúrgico, porém penso que já esta sendo construído. O Cardeal Ratzinger no ínicio do seu livro “Introdução ao Espírito da Liturgia” desejou o nascimento deste. Penso que para promovê-lo necessita antes de tudo crescer no amor à Deus, à Cristo, à Igreja e ao Santo Padre. Não pode ser apenas uma nova questão ideológica, para contrapor outras ideologias. Necessita estudar muito e rezar muito. Necessita pedir a Deus o espírito de discernimento e de equilíbrio. Depois se deve trabalhar, seja com os escritos, que com a catequese em todas as suas formas, com grande amor pela glória de Deus e pela salvação das almas. A única razão válida para reformar a liturgia da Igreja é para fazer de uma forma que essa dê mais glórias a Deus e ajude melhor as almas a salvarem-se. Qualquer outra razão, sem ser estas, é ideologia, tanto de direita como de esquerda.


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