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sábado, 28 de setembro de 2013

"A criatividade nunca esteve presente na Liturgia cristã" - Dom Henrique Soares da Costa

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Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
Criatividade. Este conceito nunca esteve presente na Liturgia cristã. É-lhe totalmente estranho!

Na antiguidade mais primitiva, não havia ainda textos litúrgicos formados. É natural, é claro: a Igreja não nascera feita! Fundada pelo Cristo-Deus, foi plasmada pelo Seu Santo Espírito, conforme Sua própria promessa.
Mesmo não havendo ainda textos fixos para o rito liturgico, havia, no entanto, esquemas fixos, que os ministros sagrados deveriam seguir à risca. Portanto, cada ministro, tanto quanto pudesse, uns mais, outros, menos, compunham as orações. Em geral, escreviam-nas antes. Mas, dentro de um esquema fixo. A palavra chave nunca foi criatividade, mas fidelidade à Regra de Fé da Igreja e à lex orandi, isto é, à norma de oração da Igreja.

Logo cedo, os primeiros formulários litúrgicos foram sendo colocados por escrito e fixados. Finalmente, no século IV, com a liberdade de culto concedida aos cristãos, surgiram os grandes textos litúrgicos no Oriente, como a estupenda liturgia de São João Crisóstomo, e do Ocidente (pense-se na antiquissíma Tradição Apostólica de Hipólito de Roma). No Ocidente, a formação dos grandes textos foi mais complexa por vários motivos históricos e culturais. Em todo caso, no séculos VI e VII já se tinham os grandes formulários litúrgicos e a soleníssima Missa Estacional romana, que influenciaria toda a liturgia da Missa da Igreja latina (a Igreja do Ocidente, da qual o Bispo de Roma é o Patriarca, além de Papa de toda a Igreja do Oriente e Ocidente).

Em toda esta complexa e rica evolução histórica nunca se teve em mira a criatividade, mas a ortodoxia. Aliás, a palavra ortodoxia significa reta fé (reta opinião) e também reto louvor, reta glorificação de Deus! Assim, na Celebração litúrgica, o importante, a finalidade é o reto louvor ao Senhor Deus, exprimindo a reta fé pelos ritos sagrados que tornam autuantes na vida de cada crente e de toda a Igreja a salvação celebrada. A criatividade como ideal, objetivo e valor em si simplesmente não faz parte da realidade litúrgica, ao menos não nos vinte e um séculos de história da Igreja do Ocidente e do Oriente. Sendo assim, cedo ou tarde, com a graça de Deus, a ideologia da criatividade litúrgica desaparecerá do horizonte da Igreja, pois não faz parte do genuíno sentir eclesial. É questão de tempo...

Para fins de ilustração, trago alguns exemplos que exemplificam o problema da criatividade e como ela termina por retirar o culto a Deus do centro da Liturgia:

"Missa Mágica"
"Missa fantoche"


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Vestimentas de um bispo segundo a Igreja Ortodoxa Russa.

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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os ritos, o homem e a Liturgia - Dom Henrique Soares da Costa

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Missa no rito dominicano (Fonte: New Liturgical Movement)
Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
No cristianismo, o rito litúrgico tem um sentido profundo, santíssimo e bem claro: na força do Espírito Santo, aqueles gestos, palavras e símbolos tornam realmente presente o mistério da nossa redenção: colocam no PRESENTE da nossa existência com toda a sua força salvadora os santos mistérios salvíficos ocorridos no PASSADO e já nos antecipa a plenitude da salvação que manifestar-se-á sem véus nem limitações no FUTURO.

Portanto, na Liturgia cristã não há cerimônias; há ritos sagrados; não há coreografias, há gestos salvíficos.

Mas, até mesmo do ponto de vista simplesmente humano, cultural, os ritos são necessários! Eis o que disse hoje o intelectual ex-presidente Fernando Henrique, ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras:

"Agradeço, comovido, a honra de me sentar em tão ilustre companhia. Não fosse eu algo treinado em antropologia e não houvesse sido casado por tantas décadas com destacada antropóloga, poderia talvez desconsiderar a importância dos ritos que conformam a existência humana, que são elemento insubstituível na tessitura da memória, a que nos agarramos na medida em que o tempo nos consome."

Pois é: sem rito não há memória, não se colhe a transcendência das ações humanas, dos momentos, dos valores que norteiam a existência. Sem ritos, o homem se desumaniza... O rito permeia a nossa existência:
rito para o namoro, para o noivado, rito para o casamento, rito à mesa, rito na sedução, rito na morte, no funeral, no luto, nos pêsames, rito na guerra e na paz. O homem e ser capaz de rito porque é ser capaz de dar significado às coisas e aos acontecimentos...

Isto se dá ao máximo no Rito Sagrado da Liturgia quando o Evento salvífico torna-se ritualmente presente, tornando atuante na nossa vida a presença salvadora do Deus Uno e Trino: os ritos litúrgicos são ação do Filho que traz a salvação do Pai na potência operante do Espírito para que os filhos dos homens participem da vida de filhos de Deus!

Brincar com isso é matar na alma o cristianismo, esvaziar a missão da Igreja de ser sacramento da salvação e diminuir o homem na sua humanidade! É para pensar!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A origem e o sentido das Vestes Litúrgicas no Rito Latino

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Texto originalmente publicado na página pessoal no Facebook de Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju-SE. 

As roupas utilizadas pelos ministros sagrados nas celebrações litúrgicas são derivadas das vestimentas gregas e romanas. Nos primeiros séculos, a forma de vestir das pessoas de uma determinada classe social (os honestiores) foi também adotada para o culto cristão, e esta prática foi mantida na Igreja, mesmo após a paz de Constantino. Como contado por alguns escritores eclesiásticos, os ministros sagrados usavam suas melhores roupas, provavelmente reservadas para a ocasião.

Enquanto que na antiguidade cristã as vestimentas litúrgicas diferiam das de uso cotidiano não pela forma particular, mas apenas pela qualidade dos tecidos e decoração particular, no curso das invasões bárbaras, os costumes, e com eles também a forma de vestir dos novos povos, foram introduzidos no Ocidente, levando a mudanças na moda profana. A Igreja, ao contrário, manteve essencialmente inalteradas as roupas usadas pelos sacerdotes nos cultos públicos; foi assim que as vestimentas de uso cotidiano acabaram por se diferenciar das de uso litúrgico. Na época carolíngia, finalmente, os paramentos próprios de cada grau do sacramento da ordem foram definitivamente definidos, assumindo a aparência que conhecemos hoje.

Além das circunstâncias históricas, os paramentos sacros têm uma função importante nas celebrações litúrgicas: primeiramente, o fato deles não serem usados no cotidiano, tendo assim um caráter cultual, ajuda-nos a romper com o cotidiano e suas preocupações, no momento da celebração do culto divino. Além disso, as formas largas das vestimentas, como por exemplo da casula, põem em segundo plano a individualidade de quem as veste, enfatizando seu papel litúrgico. Pode-se dizer que a “ocultação” do corpo do ministro sob as vestes, em certo sentido, despersonaliza-o, removendo o ministro celebrante do centro, para revelar o verdadeiro Protagonista da ação litúrgica: Cristo. A forma das vestes, portanto, lembra-nos que a liturgia é celebrada in persona Christi, e não em próprio nome.

Aquele que exerce uma função de culto não atua como indivíduo por si mesmo, mas como ministro da Igreja e como instrumento nas mãos de Jesus Cristo. O caráter sagrado dos paramentos provém também do fato de que são vestidos conforme prescreve o Ritual Romano.

1) À lavagem das mãos se segue a vestidura propriamente dita.

2) Inicia-se com o amito, um pano retangular de linho dotado de duas fitas, que repousa sobre os ombros junto ao pescoço. O amito destina-se a cobrir, ao redor do pescoço, a vestimenta utilizada diariamente, ainda que se trate do hábito do sacerdote. Nesse sentido, é preciso lembrar que o amito também é usado quando se está vestido com roupas de estilo moderno, que muitas vezes não apresentam uma grande abertura em torno do pescoço. De qualquer forma, portanto, as roupas comuns permanecem visíveis e por isso é preciso cobri-las também, nestes casos, com o amito.


No Rito Romano, o amito é vestido antes da alva (túnica). Ao vesti-lo, o sacerdote recita a seguinte oração:


Impone, Domine, capiti meo galeam salutis, ad expugnandos diabolicos incursus.


(Colocai, Senhor, na minha cabeça o elmo da salvação para que possa repelir os golpes de Satanás)


Com referência à carta de São Paulo aos Ef 6,17, o amito é interpretado como "o elmo da salvação”, que deve proteger o portador das tentações do demônio, em especial de pensamentos e desejos malévolos durante a celebração litúrgica. Este simbolismo é ainda mais evidente no costume seguido desde a Idade Média pelos monges beneditinos, franciscanos e dominicanos, entre os quais o amito era posicionado sobre a cabeça e deixado recair sobre a casula ou a dalmática.

3) A alva consiste na veste longa e branca utilizada por todos os ministros sagrados, e que representa a nova veste imaculada que todo cristão recebe mediante o batismo. A alva é portanto um símbolo da graça santificante recebida no primeiro sacramento, e é considerada também um símbolo da pureza de coração necessária para o ingresso na graça eterna da contemplação de Deus no céu (cf. Mt 5,8). Isso é expresso na oração recitada pelo sacerdote enquanto veste a peça, oração que se refere ao Ap 7,14:

Dealba me, Domine, et munda cor meum; ut, in sanguine Agni dealbatus, 
gaudiis perfruar sempiternis.


(Revesti-me, Senhor, com a túnica de pureza, e limpai o meu coração, para que, banhado no Sangue do Cordeiro, mereça gozar das alegrias eternas).

4) Sobre as vestes, na altura da cintura, é colocado o cíngulo, um cordão de lã ou outro material apropriado, que é usado como cinto.

Todos os oficiantes que portam a alva devem também portar o cíngulo (esta prática tradicional é hoje frequentemente ignorada).


Para diáconos, sacerdotes e bispos, o cíngulo pode ser de cores diferentes, de acordo com o tempo litúrgico ou a memória do dia. No simbolismo das vestes litúrgicas, o cíngulo representa a virtude do auto-controle, que São Paulo enumera entre os frutos do Espírito (cf. Gl 5,22). A oração correspondente, como na 1Pd 1,13 diz:


Praecinge me, Domine, cingulo puritatis, et exstingue in lumbis meis humorem libidinis; ut maneat in me virtus continentiae et castitatis.


(Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui nos meus rins o fogo da paixão, para que resida em mim a virtude da continência e da castidade)

5) O manípulo é um paramento litúrgico usado nas celebrações da Santa Missa segundo a forma extraordinária do Rito Romano; caiu em desuso nos anos da reforma litúrgica, embora não tenha sido abolido. É semelhante à estola, mas de menor comprimento, inferior a um metro, e é fixado por meio de presilhas ou fitas como as da casula. Durante a Santa Missa em sua forma extraordinária, o celebrante, o diácono e subdiácono o portam sobre o antebraço esquerdo. É possível que este paramento derive de um lenço (mappula) utilizado pelos romanos amarrado ao braço esquerdo. Uma vez que era utilizado para enxugar as lágrimas e o suor da face, escritores eclesiásticos medievais atribuíram ao manípulo um simbolismo associado às fadigas do sacerdócio. Esta leitura também está presente na oração de sua vestidura:

Merear, Domine, portare manipulum fletus et doloris; 
ut cum exsultatione recipiam mercedem laboris.


(Fazei, Senhor, que mereça trazer o manípulo do pranto e da dor, para que receba com alegria a recompensa do meu trabalho).


Como se vê, no início da oração mencionam-se as lágrimas e a dor que acompanham o ministério sacerdotal, mas a segunda parte do texto refere-se aos frutos do próprio trabalho. Não será fora de propósito recordar a passagem de um salmo que pode ter inspirado esta segunda simbologia referente ao manípulo, visto que a Vulgata assim apresentava o Sl 125,5-6: " Qui seminant in lacrimis in exultatione metent; euntes ibant et flebant portantes semina sua, venientes autem venient inexultatione portantes manipulos suos".

6) A estola é o elemento distintivo de um ministro ordenado e é sempre usada na celebração dos sacramentos e sacramentais. É uma faixa de tecido, em geral bordado, cuja cor varia de acordo com o tempo litúrgico ou o dia santo. Ao vesti-la, o sacerdote recita a seguinte oração:

Redde mihi, Domine, stolam immortalitatis, quam perdidi in praevaricatione primi parentis; et, quamvis indignus accedo ad tuum sacrum mysterium, merear tamen gaudium sempiternum.


(Restitui-me, Senhor, a estola da imortalidade, que perdi na prevaricação do primeiro pai, e, ainda que não seja digno de me abeirar dos Vossos sagrados mistérios, fazei que mereça alcançar as alegrias eternas).


Dado que a estola é um paramento de suma importância, indicando mais do que qualquer outro a condição de ministro ordenado, não se pode deixar de lamentar o abuso, já largamente difundido, por parte de alguns sacerdotes, que não a usam em conjunto com a casula.

7) Finalmente, veste-se a casula ou planeta, a vestimenta característica daqueles que celebram a Santa Missa. Os livros litúrgicos usavam as duas palavras, em latim casula e planeta, como sinônimos. Enquanto o nome planeta foi usado em particular em Roma e acabou por permanecer na Itália, o nome casula deriva da forma típica da vestimenta, que originalmente circundava todo o corpo do ministro sagrado que a portava. O uso da palavra “casula” também é encontrado em outros idiomas: "Casulla”, em espanhol, “Chasuble” em francês e em Inglês, "Kasel" em alemão. Oração para vestidura da casula remete ao convite de Cl 3,14: “Sobretudo, revesti-vos do amor, que une a todos na perfeição”. E, de fato, a oração com a qual se veste a casula cita as palavras do Senhor contidas em Mt 11,30:

Domine, qui dixisti: Iugum meum suave est, et onus meum leve: fac, ut istud portare sic valeam, quod consequar tuam gratiam. Amen.


(Senhor, que dissestes: O meu jugo é suave e o meu peso é leve, fazei que o suporte de maneira a alcançar a Vossa graça. Amém).


"Em conclusão, espera-se que a redescoberta do simbolismo associado aos paramentos e suas orações incentive os sacerdotes a retomar a prática da oração durante a vestição, de modo a se preparar com o devido recolhimento à celebração litúrgica. Se é verdade que é possível rezar com diferentes orações, ou ainda simplesmente elevando a mente a Deus, por outro lado, os textos da oração de vestição trazem a brevidade, a precisão de linguagem, a inspiração da espiritualidade bíblica e o fato de que são rezados pelos séculos por um número incontável de ministros sagrados. Estas orações são recomendadas ainda hoje, para a preparação da celebração litúrgica, e também realizadas de acordo com a forma ordinária do Rito Romano".

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O nome da virgem era Maria

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Hoje celebramos a festa do Santíssimo Nome de Maria. Para melhor viver esta data litúrgica, trago a transcrição de uma meditação do Pe. Georges Chevrot:
O NOME DE MARIA

Maria. O anjo Gabriel, ao saudar Nossa Senhora, não a chama imediatamente pelo nome, evidentemente temendo surpreender por tamanha familiaridade vinda de um visitante desconhecido. Contudo em seguida diz: Não temas, Maria (Lc 1, 30). São Lucas não espera o fim do diálogo para informar, o evangelista parece impaciente em fornecer seu nome, logo no início diz: o nome da virgem era Maria (Lc 1, 27).

Quem não fica feliz em repetir com frequência o nome de um ente querido? Recordar o nome provoca um sentimento de presença da pessoa ausente. É muita estu­pidez criticar os católicos por venerar o nome de Maria. A Igreja aprovou tal prática, no século XVI instituiu uma festa em honra deste nome bendito. O costume é muito antigo, anterior ao Cristianismo. No Antigo Testamento, era habi­tual usar nome para se referir à própria pessoa, nos salmos encontramos muitos exemplos. Nosso Senhor ensinou a rezar: Santificado seja o teu nome. O apóstolo São Pedro proclama que o nome de Jesus é o único que pode salvar: Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu ne­nhum outro nome foi dado aos homens (At 4,12). Eviden­temente que se refere à pessoa do Salvador.

A leitura da Bíblia leva a outra consideração. Observa­mos que os nomes também indicam características das pes­soas. Eva significa mãe dos viventes; Deus muda o nome de Jacó para Israel, que significa mais forte que Deus. Por ordem divina, o precursor do Senhor deverá receber o nome de João, que significa Deus foi favorável. José recebe a ordem de colocar no menino o nome de Jesus, que significa Deus salva.

Joaquim e Ana escolheram chamar a filha de Mariam, nome muito comum naquele tempo. Pela providência podemos acreditar que o nome escolhido foi de inspiração divina. Um excelente autor espiritual escreveu:

Somente Deus podia escolher um nome para sua mãe. Como no batismo, quando a criança é nomeada em voz alta é gerada para a vida da graça, assim também aconte­ceu no instante em que Deus criou a alma da Virgem San­tíssima, a augusta Trindade nomeou Maria em voz alta diante do coro dos anjos. Deus já havia nomeado-a desde a eternidade. Para Deus, conceber ou nomear é a mesma coisa. [1]

O padre Broise concorda com a ideia:

Vemos muitos exemplos na Escritura em que Deus nomeia seus servidores, então podemos piamente acreditar que o nome de sua mãe não foi escolhido aleatoriamente ou por vontade humana. [2]

O nome é pouco utilizado na história antiga de Israel. Na forma mais primitiva o nome Myriam é encontrado ape­nas na irmã de Moisés. Seria de origem egípcia, e significaria Amada de Deus. Na pronúncia Mariam, tanto no aramaico como no sírio tem vários significados. Um sábio jesuíta ale­mão recorreu pacientemente a todas as etimologias que se derivaram da palavra e encontrou 67 variações. As inter­pretações comumente aceitas harmonizam-se com a mis­são da Santíssima Virgem. No aramaico primitivo Mariam significa a iluminadora, que procede do invisível. Mariam evoca também a ideia de amargura. O sentido seria: amar­go, mirra. A tradução proposta por São Jerônimo teve muita receptividade: gota do mar. Depois Stilla marís (gota do mar) se transformou em Stella maris (estrela do mar) por um erro de copista ou porque os camponeses romanos pronunciavam as vezes desta forma. A ligeira confusão valeu um dos títulos mais clássicos da piedade mariana e um dos hinos mais belos Ave maris stella, composto por São Bernardo.

Outra tradução seria soberana, princesa, senhora. Este último é o mais utilizado pela tradição cristã. Jesus é Nosso Senhor, Maria é Nossa Senhora.

As explicações do nome de Mariam correspondem aos mistérios do Rosário, colocando em destaque as três principais funções que Deus confiou a Maria.

Nos cinco mistérios gozosos, Maria aparece como a iluminadora de uma terra pecadora. Nela, o Verbo, luz dos homens, se encarnou; através dela santifica João Batista; então, no meio da noite, a luz se levanta sobre o mundo; depois, Maria apresenta no Templo aquele que deve ilu­minar todos os povos. A primeira parte da missão esta concluída: Jesus agora deve dedicar-se aos assuntos do Pai. Passam-se os anos. Voltamos a encontrar Maria traspassada pela espada da dor, associando-se ao sacrifício de Nosso Redentor. A dor é a gota mais amarga do cálice que Jesus recebe em Getsêmani e que oferece na cruz pela redenção da humanidade.

Porém seu Filho não podia permanecer cativo da morte. Na Igreja nascente, que canta a glória do ressus­citado, Nossa Senhora reza com os discípulos, que aguar­dam a descida do Espírito Santo. Então, devolve a Deus o Filho que havia lhe sido confiado; em breve, como Rainha do Céu, compartilhará ao seu lado o triunfo, intercedendo por cada um de nós.

Ave Maria. Que seu nome seja nossa luz quando a dúvida envolve e a tentação ataca! Que a recordação da paixão do calvário alivie as dores, quando estamos deses­perados! Devemos invocar o nome de Maria em nossas an­gústias, porque ela é nossa soberana protetora. No caminhar de cada dia, elevemos o olhar para a Estrela do mar.

Quando se levantam os ventos das tentações, quando se tropeça nas pedras da tribulação, olhe para a estrela e chame por Maria. Quando se agitam as ondas da soberba, da ambição e da inveja, olhe para a estrela e chame por Maria. Quando a ira, a avareza e a Impureza assaltam violentamente a alma, olhe para Maria. Quando perturbado pela memória dos pecados, confuso pela fealdade da consciência, temeroso pela ideia do Juízo, mergulhado no abismo do desespero, pense em Maria, invoque Maria. Nunca afaste Maria dos lábios e do coração; nunca se afaste dos exemplos e das virtudes de Nossa Senhora. Não se extravia quem a segue, não se desespera quem pede sua ajuda, não se perde quem pensa nela. Ninguém cai quando está segurando a mão de Maria. Quando se está sob a proteção da Virgem Santíssima, nada a temer. Não se canso quem a tem por guia; quem é amparado por ela chega felizmente ao porto seguro. Assim se compreende pela própria experiência o que foi escrito: o nome do virgem era Maria. [3]
[1] Monsenhor Gay, Elevações.
[2] De la Broise, A Santíssima Virgem.
[3] São Bernardo de Claraval, Segunda homilia sobre Missus est. 
Fonte: CHEVROT, Georges. Ave Maria: história e meditação. São Paulo, Factash Editora, 2011, pp. 32-39.

Para mais informações sobre a evolução histórica desta celebração litúrgica, que havia sumido no Rito Romano moderno e foi restaurada na terceira edição do Missal Romano, em 2002, recomendo o excelente artigo publicado hoje por nosso parceiro, Associação Redemptionis Sacramentum.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Tradição e Juventude Combinam?

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Missa Pontifical na Forma Extraordinária do Rito Romano, durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013



Normalmente ouvimos dizer que os jovens são rebeldes, querem “romper” com a tradição, que consideram anacrônica e retrógrada. Talvez não seja bem assim, talvez o jovem só rejeite o que não compreende.

Recentemente, uma jovem de minha comunidade fez 15 anos, e teve uma festa de aniversário muito bonita, estilo debutante, com direito a troca de vestidos, valsa, tudo o que tem direito. 

Essas festas, que surgiram como um rito de passagem para as meninas, em que eram apresentadas à sociedade (e estavam, a partir daí, disponíveis para serem paqueradas, namorarem e casarem), são bem antigas, remontando, no Brasil, ao tempo de D. Pedro I, e na Europa, segundo algumas fontes, anteriores à Revolução Francesa. 

As tradições e o roteiro da festa pouco mudaram: a debutante inicia a festa com um vestido mais delicado, mais infantil, para, à meia-noite, aparecer com um vestido mais sofisticado, receber jóias das mãos do pai, que também faz a troca dos sapatos por saltos altos, num visual mais adulto. Depois é a hora da valsa com o pai, com o avô, o irmão, o padrinho, enfim, a(s) figura(s) masculina(s) presente(s) em sua vida, a primeira dança em um evento social. 

Se na década de 80, o “cool” era recusar a festa, trocando-a por um presente, uma viagem, ou fazendo uma festa de aniversário simples, sem conotação de debutante (meu caso), a partir da década de 90 as festas de debutantes ressurgiram com força total. Algumas meninas chegavam a contratar cantores famosos ou galãs de novela para dançar a valsa, e faziam questão de um cerimonial completo. 

Em 2013, a tradição das festas de debutante está mais viva que nunca. As meninas tomam a frente das escolhas, ditam como querem os vestidos, os sapatos, decidem qual será a valsa, enfim, são pró-ativas, sem deixar de lado a tradição. 

Os jovens – não só as aniversariantes, mas também os seus amigos – compreendem os elementos da tradição que lá estão: a passagem de “menina” para “mulher”, nos sinais exteriores do vestido, jóias, sapatos; a valsa, o destaque para a debutante, que é o centro das atenções da festa. Apreciam-lhes a beleza e o significado, porque através de memórias, fotos e da vivência, aprenderam a valorizar os ritos. 

O que consigo concluir de tudo isso é que tradição e juventude não se opõem. O jovem é atraído pela beleza, ainda mais quando ela é plena de significação. Se quando vivencia a tradição, lhe explicam o sentido dos ritos, é capaz de lhes compreender a profundidade e de participar deles com a correta disposição de alma.

Creio que com a liturgia da Santa Missa não é diferente. Nossos jovens são perfeitamente capazes de apreciar a beleza do rito tridentino, assim como compreender o significado dos vários elementos da forma extraordinária. Sem dúvida, poderão se beneficiar muito da vivência, “afinando” a sua sensibilidade para o Sagrado e o transcendente. 

Entendo que conhecer a forma extraordinária do rito romano - a partir de um correto ponto de vista, sem vínculos com grupos sectários - pode levar os jovens a uma melhor compreensão do sentido sacrificial da Missa, e, posteriormente, trazendo esta disposição de alma para a forma ordinária, podem os jovens participar dela com maior reverência. 

Ninguém ama o que não conhece. Pais, Párocos, catequistas e coordenadores de grupos jovens, não tenham medo de apresentar a Missa Tridentina aos seus jovens. Essa Missa é um tesouro de nossa fé e identidade católica, da qual eles serão os guardiões. Para que nossos jovens possam amar e assumir essa fé e identidade, devemos providenciar que conheçam o que celebram. 

A Sagrada Liturgia diz respeito ao culto a Deus prestado pelo próprio Jesus Cristo, e a Santa Missa é a própria história da salvação que se desenrola diante de nós na celebração, já que nela se atualiza (torna presente) tudo o que Deus realizou ao longo dos séculos para salvar os homens. Cabe aqui, ainda, destacar as palavras da Constituição Sacrosanctum Concilium: “Toda celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo e do seu corpo, que é a Igreja, é ação sacra por excelência” (n.7). 

Por fim, importante lembrar que, durante séculos, muitos se santificaram por esta forma da Missa, inclusive São Padre Pio e Santa Teresinha do Menino Jesus, santos tão populares entre nossos jovens atualmente. Se corretamente instruídos e motivados, nossos jovens com certeza têm tudo para abraçar a Sagrada Liturgia, conservando a integridade dos ritos e seu desenvolvimento orgânico. 

Então, voltando à reflexão inicial, “tradição e juventude combinam?”, creio que a resposta é: SIM! Nossos jovens são especiais, disseram o seu “sim” a Cristo e à Igreja, querem plenitude de significação, do Sagrado, de Graça. Cabe a nós apresentar a Liturgia Tradicional de maneira que o jovem a conheça, compreenda e ame, transportando seus significados para a vivência litúrgica e eclesial em sua paróquia. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

4ª Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria

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“Por Maria Jesus Cristo vem a nós, e por Ela devemos ir a Ele.” (São Luis Maria Grignion de Montfort)
“Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Coração Imaculado. Se fizerdes o que vos digo, muitos almas se salvarão e terão paz. (…) Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará.” (Nossa Mãe Santíssima em Fátima, 1917).


Desde 2010, iniciamos uma série de Campanhas Nacionais de Consagrações à nossa Mãe Santíssima, pelo método que São Luis Maria Montfort nos ensina no seu maravilhoso “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.

Seguimos os passos do Bem-Aventurado Papa João Paulo II, agora já providencialmente elevado à Glória dos Altares, tendo sido Beatificado pelo Santo Padre Bento XVI, e cuja a canonização já está confirmada.
O “Tratado” foi o livro de cabeceira de João Paulo II, que sob lema “Totus Tuus” (“Todo Teu”, Todo de Maria…), tão bem viveu e testemunhou esta Consagração!
É uma Devoção Cristocêntrica, diz o Beato João Paulo II, pois “por Maria, vamos a Jesus” (São Luis Montfort).
Em 2012, celebramos os 300 anos do “Tratado”, e esta Obra de São Luis Maria Montfort passa ser mais conhecida entre os católicos do Brasil. Dezenas de milhares de pessoas fizeram esta Consagração nos últimos anos, em nossas Campanhas. E muitos que se consagram tornam-se também Apóstolos da Consagração.

Por isso, multiplicam-se os Encontros “Consagra-te”, bem como os grupos de preparação para Consagração, em muitas cidades do Brasil (abaixo, trazemos toda a relação).
Neste ano de 2013, queremos nos unir especialmente aos demais países da América Latina, continente herdeiro das promessas da Virgem Maria em sua aparição em Guadalupe (México) ao índio São Juan Diego. Nos unimos também aos demais países de língua portuguesa e de língua espanhola, alguns dos quais relacionamos em nossa lista de contatos (abaixo, trazemos toda a relação).

A Consagração

 

Neste ano de 2013, o Papa Francisco, após consagrar o seu Pontificado a Nossa Senhora de Fátima no dia 13 de Maio (96 anos da 1a aparição da Virgem em Fátima), no dia 13 de Outubro próximo (96 anos da última aparição em Fátima), consagrará o mundo ao Imaculado Coração de Maria.
Agora, cabe a cada um de nós precisa tomar posse, pessoalmente, dessa Consagração, e consagrar-se à Virgem Maria.

Por isso convidamos todos os católicos a se unirem conosco nesta Campanha, fazendo também a sua Consagração Total pelo método de São Luis Montfort, ou renovando a sua Consagração, no dia 08 de Dezembro de 2013 (Solenidade da Imaculada Conceição).
A preparação e a Consagração poderão ser feitas em qualquer lugar, já que é um ato interior e espiritual. Porém, São Luis recomenda que se faça a Consagração durante a Santa Missa. É um ato significativo as Consagrações serem feitos de forma pública e comunitária.

São Luis recomenda que se faça 30 dias de preparação, com algumas orações simples, que poderão ser feitas individualmente ou em grupo, a começar no dia 08 de Novembro de 2013. As orações são indicadas no próprio “Tratado” (n. 227, 233), e indicamos também abaixo em nosso “Material de Apoio”.

Leitura do Livro



De forma geral, recomendamos que não se Consagre, e nem mesmo que se inicie os 30 dias de preparação sem a leitura completa do “Tratado”, pois como poderá preparar-se bem para a Consagração, sem a conhecê-la?

Temos abaixo, em nosso “Material do Apoio”, o “Tratado”, em versão PDF, impressa ou em  áudio.

Grupos de Preparação: como organizar?

 

Recomendamos que aqueles que puderem, participem de um grupo de preparação para a Consagração, que se reúna para estudar o “Tratado” e rezar juntos.
Este grupo poderá ser formado espontaneamente, por iniciativa de pessoas que desejam se consagrar, ou pessoas que já se consagraram e desejam ajudar a preparar outras para também se consagrar (é importante a participação dos que já se consagraram no grupo, pelo seu testemunho a ser partilhado).
Temos Representantes que estão à frente da nossa Campanha em várias cidades do Brasil e Portugal, e poderão ir formando Grupos de preparação à medida que forem procurados para isso. Os contatos dos nossos Representantes divulgamos abaixo, ao final desta postagem.
Em relação à formação dos grupos, algumas sugestões:
  •  É importante que participem deste grupo somente pessoas que já tenham uma fé católica e uma busca de vivência cristã, caso contrário, o grupo poderá se tornar um local de debate e se afastar do seu objetivo, atrapalhando as pessoas que querem se Consagrar (é claro que o diálogo é importante, mas há outros locais para isso).
Aqui não importa o número, e sim, aqueles que a Virgem enviar. Três pessoas já é um grupo!
  • A frequência dos encontros do grupo poderá ser feita conforme a disponibilidade: semanal ou quinzenal. Como o nosso tempo é relativamente curto, sugerimos que durante o mês de Setembro, organizem-se os grupos. Para que na primeira semana de Outubro iniciem-se encontros semanais, para no dia 08 de Novembro iniciarmos as orações de preparação.
  • O local da reunião poderá ser em residências ou, na medida do possível, em paróquias, comunidades, seminários, casas religiosas, etc.
  • O encontro poderá iniciar com a Oração do Santo Terço, seguida de um estudo de um ou mais capítulos do Tratado.
  • Conforme o tempo disponível e o número de encontros, pode-se dividir para que em cada encontro se estude um ou mais capítulos do Tratado (o livro tem 8 capítulos, mais a Introdução).
  • Há várias opções para a organização dos encontros:
a.  Em forma de palestras, com pessoas preparadas para isso (principalmente nos grupos maiores).

b. Em forma de partilhas (principalmente nos grupos menores), onde todos possam ler antes do encontro o(s) capítulo(s) estudado(s), e em cada encontro algumas pessoas do grupo fiquem responsáveis em conduzir um momento partilha, comentando sobre os pontos que mais lhe chamaram atenção, e oportunizando que todos do grupo comentem também. O fato de pessoas diferentes ficarem responsáveis pela condução propicia mais a participação e envolvimento de todos, e incentiva a própria leitura do Tratado.

c. Em forma da apresentação de vídeos, com as 4 aulas do Pe. Paulo Ricardo, explicando o Tratado parte por parte, que podem ser assistidas via internet (ver abaixo, em nosso material de apoio) ou adquiridas em DVD.
  • No dia 08 de Dezembro de 2013, a Consagração poderá ser feita em grupo (com ou sem Santa Missa)
  •  

Consagração dos jovens

 

Neste ano de 2013, com a realização da “Jornada Mundial da Juventude” e a visita do Papa Francisco ao Brasil, nosso olhar se volta com mais intensidade para os jovens. Foi inspiração do Beato João Paulo II, o Papa de Maria, a Jornada Mundial da Juventude, levando pelo mundo a cruz e o ícone da Virgem Maria.

Vamos por isso, de uma maneira especial neste momento histórico que vive a juventude católica no Brasil, nos esforçar especialmente para que a Consagração seja conhecida e vivida pelos jovens.

Para que também a Consagração, enquanto meio para renovação e vivência plena do nosso Batismo, possa suscitar santas e numerosas vocações ao Sacerdócio, à Vida Consagrada, à Vida Missionária e famílias santas que possam gerar filhos santos para Deus!

É a Virgem Maria Quem gera o Cristo em nós, e por isso Ela é também a Mãe da Vocações.

Consagração das Crianças




Incentivamos que os pais formem também seus filhos para se consagrarem totalmente a Virgem Maria, e que se façam grupos para a preparação das crianças para a Consagração.

Pois, se a Santíssima Virgem pode purificar nossas obras, oferecê-las a Deus (como fala no “Tratado”, n. 146-150), e com isso muitos se salvarem pela entrega, oração e penitência de uma pessoa, mesmo sendo nós tão pecadores, o que Ela não poderá fazer com a pureza da Consagração de uma criança?

Lembrando que em Fátima (Portugal, 1917), Lourdes (França, 1858), La Salette (França, 1846) e outros lugares, a Virgem apareceu para crianças!

A preparação das crianças, é claro, se dá por um material especial preparado para elas, que é o livro “Crianças na Escola do Imaculado Coração”, podendo ser adquirido abaixo.

Material de Apoio

 

Perguntas e respostas sobre a Consagração Total

 

As dúvidas mais comuns estão respondidas em:
As dúvidas que ainda restarem poderão ser respondidas também por este e-mail:


Representantes da Campanha no Brasil e nos  países de língua portuguesa e espanhola

 

Dispomos aqui os contatos das pessoas que estão à frente das nossas Campanhas em várias cidades do Brasil e nos países de língua portuguesa e língua espanhola; essas pessoas poderão ir formando os Grupos de Preparação, a medida que forem procuradas para isso pelos que desejarem. Temos também o nosso grupo e nossa página no facebook.

Divulgação desta postagem

 

 

Pedimos que esta postagem seja divulgada nos diversos sites e blogs católicos, bem como listas de e-mails, Facebook, Twitter, e assim por diante… para formarmos uma grande rede de Consagração à Santíssima Virgem!

Importante – Envio dos dados!

 

Os que desejam participar da nossa Campanha, fazendo a Consagração ou sua Renovação, em qualquer local, deverão se cadastrar clicando no link abaixo:



 






Livro-chave da Reforma da Reforma agora em tradução brasileira

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O clássico da Reforma da Reforma, "Introdução ao Espírito da Liturgia", foi finalmente publicado em tradução brasileira.

O famoso livro do então Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) - já foi citado diversas vezes em nosso site - é certamente o livro-base do novo movimento litúrgico iniciado pelo Papa Bento XVI.

Esperamos que esta tradução, publicada pelas Edições Loyola, sane alguns problemas de tradução da edição portuguesa.

Mais informações no site da editora.






segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Série de aulas ao vivo sobre o missal de Paulo VI, por Pe. Paulo Ricardo

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O Pe. Paulo Ricardo vêm realizando uma série de aulas ao vivo a respeito do Missal de Paulo VI. Trata-se de uma análise séria, crítica é verdade, mas com o propósito de colaborar com a reforma da reforma do Papa Bento XVI.

Pretendo fazer alguns comentários sobre estas aulas em breve. Deixo, por ora, os links para as aulas que já aconteceram.


A primeira delas teve como tema "O missal de Paulo VI e a reforma da reforma litúrgica de Bento XVI", com a seguinte descrição:
O pontificado de Bento XVI deu uma atenção especial à chamada “reforma da reforma”. O foco era corrigir as imprecisões e aberturas do Missal de Paulo VI, que dão espaço a interpretações protestantes da Celebração Eucarística. Mas quais são essas aberturas e como elas surgiram? E qual deve ser a posição dos católicos frente a esses problemas?
Semana passada (27 de agosto) ocorreu a segunda aula desta série, intitulada "O Missal de Paulo VI e a hermenêutica da continuidade":
Após o programa da semana passada, muitas pessoas questionaram se havia alguma solução válida para coibir os abusos litúrgicos, decorrentes de uma interpretação protestante do Missal de Paulo VI. Para Bento XVI, sim, há uma solução: a hermenêutica da continuidade.
As aulas vêm ocorrendo nas noites de terça-feira, a princípio semanalmente. Mais informações no site do Pe. Paulo Ricardo.

***

Atualização (03/09/2013):

O Pe. Paulo Ricardo publicou a seguinte carta, com o intuito de tornar mais clara sua posição sobre o Missal de Paulo VI e sanar eventuais dúvidas e mesmo manipulações de suas palavras:

Várzea Grande, 3 de setembro de 2013.
Salve Maria!
Alguns alunos pediram o costumeiro resumo dos conteúdos de meus dois programas ao vivo a respeito de O Missal de Paulo VI e a "reforma da reforma". Decidi fazê-lo pessoalmente para evitar quaisquer equívocos, devido à delicadeza da matéria.
Os dois vídeos são fruto de uma longa reflexão pessoal, que iniciou com a leitura do livro Introdução ao Espírito da Liturgia, do então Cardeal Ratzinger. É de conhecimento comum que o referido livro desencadeou um movimento litúrgico no mundo inteiro. O providencial pontificado do Papa Bento XVI aumentou ainda mais a amplitude e profundidade de seu alcance.
De forma brevíssima poderíamos resumir assim os dois vídeos:
  1. Vídeo 1 – O conteúdo do Missal de Paulo VI é católico, mas, por causa de sua linguagem ecumênica, não toma as precauções que impediriam a manipulação de uma leitura protestante. No século XVI, este tipo de manobra conduziu a Igreja da Inglaterra à perda da fé na Eucaristia.
  2. Vídeo 2 – O tipo de artimanha descrita no vídeo anterior tem feito um mal imenso à Igreja graças à militância de maus teólogos. Devemos seguir o exemplo de Bento XVI e usar as possibilidades que o Missal de Paulo VI nos dá de celebrá-lo de uma forma mais tradicional. Ao mesmo tempo, a liturgia antiga deve ser possibilitada amplamente. Ao Espírito Santo caberá nos conduzir e determinar o futuro do Rito Romano.
Penso que estes dois curtos parágrafos transmitem com fidelidade a substância do que eu desejei transmitir através dos programas.
Espero que isto também seja um instrumento para desmascarar a distorção sensacionalista de alguns resumos que circulam pela internet e que gostariam de interpretar estes dois programas como se fossem uma condenação do Missal de Paulo VI e do Concílio Vaticano II. A estas pessoas eu gostaria de responder com as palavras usadas pelo próprio Cardeal Ratzinger para defender o movimento litúrgico que desejava iniciar:
[Que] se crie a impressão de que nada no Missal jamais poderá ser mudado, como se qualquer reflexão a respeito de possíveis reformas futuras fosse necessariamente um ataque ao Concílio – a uma tal ideia eu só poderia dar o nome de absurda.
(Cardeal Joseph Ratzinger, "Réponse du Cardinal Ratzinger au Père Gy". in La Maison-Dieu 230.2 (2002) 113-20).
Peço aos amigos que divulguem amplamente estes resumos. É um auxílio ao debate sadio das ideias ali enunciadas e uma caridade para com algumas pessoas que não têm tempo ou disposição para assistir os dois longos vídeos. Algumas delas, aliás, de forma imprudente, não se abstém de opinar levianamente a respeito de um assunto sobre o qual não se deram o trabalho de sequer colher as informações preliminares (pedir a estas pessoas uma meditação séria e uma honesta busca da verdade é querer colher uvas de um espinheiro...).
Devido à importância da matéria, pediria também aos sacerdotes e aspirantes ao sacerdócio que acolhessem estas minhas reflexões como um convite ao estudo e ao desapaixonado e objetivo debate do tema.
Peço a Deus que este modesto serviço sirva para o crescimento de sua Santa Igreja, da qual me confirmo filho devotado e obediente,
In Iesu et Maria,
Padre Paulo Ricardo

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