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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cardeal Burke: a Liturgia "não é invenção humana, mas um presente de Deus para nós"

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Fonte: Zenit | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
Em entrevista exclusiva a Zenit, o Cardeal Burke fala da importância de estudar a liturgia, da sua relação com a causa pró-vida e dos abusos litúrgicos. 
Os abusos litúrgicos que se seguiram às reformas do Concílio Vaticano II estão "estreitamente relacionados" com uma grande porção de corrupção moral que existe no mundo hoje, diz o cardeal Raymond Leo Burke.
Em uma entrevista exclusiva a Zenit nos bastidores de "Sacra Liturgia 2013", uma grande conferência internacional sobre liturgia ocorrida em Roma no final de junho, o norte-americano mais influente do Vaticano diz que liturgias pobres também levaram a "uma leviandade na catequese" que tem "impactado" e deixado gerações de católicos mal preparadas para lidar com os desafios de hoje.
Em uma ampla discussão, o Cardeal Burke, que é Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, também explica a importância da lei litúrgica, como o Papa Francisco aborda a liturgia e porque a sagrada liturgia é vital para a nova evangelização.
ZENIT: Eminência, quais eram suas esperanças para essa conferência?
Cardeal Burke: Minha esperança para a conferência era um retorno ao ensinamento do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre a sagrada liturgia. Além disso, um aprofundamento e apreciação da continuidade do ensinamento praticado na sagrada liturgia durante a história da Igreja, e que também se reflete no Concílio Ecumênico Vaticano II – algo que foi obscurecido depois do Concílio. Eu acredito que, em grande parte, isso foi alcançado.
ZENIT: Nós estamos saindo desse período agora?
Cardeal Burke: Sim, já o Papa Paulo VI, depois do Concílio, de uma maneira bem intensa, e depois João Paulo II e Papa Bento XVI, trabalharam diligentemente para restaurar a verdadeira natureza da sagrada liturgia como o presente de adoração dado por nós a Deus e que nós prestamos a Deus da maneira que Ele nos ensina a adorar. Então, não é invenção humana, mas um presente de Deus para nós.
ZENIT: Como é importante um bom entendimento da liturgia na Igreja de hoje. Como isso pode ajudar a evangelização?
Cardeal Burke: Para mim, é fundamental. É a mais importante área da catequese: entender a adoração devida a Deus. Os três primeiros mandamentos do Decálogo têm a ver com o relacionamento correto com Deus, especialmente no que diz respeito à adoração. É só quando nós entendemos nossa relação com Deus na oferta da adoração que nós também entendemos a ordem correta de todos os outros relacionamentos que nós temos. Como o Papa Bento XVI disse em seu belo magistério sobre a sagrada liturgia, o qual ele expressou com tanta frequência, consiste nessa conexão entre adoração e conduta correta, adoração e lei, adoração e disciplina.
ZENIT: Alguns argumentam que a liturgia tem mais a ver com estética, e não é tão importante quanto, vamos dizer, boas obras feitas com fé. Qual a sua visão desse argumento?
Cardeal Burke: É um erro de concepção comum. Primeiro, a liturgia tem a ver com Cristo. É Cristo vivo em Sua Igreja, Cristo glorioso vindo ao nosso meio e agindo em nós por meio dos sinais sacramentais, para nos dar o presente da vida eterna para nos salvarmos. É a fonte de qualquer obra verdadeiramente caridosa que realizamos, qualquer boa obra que fazemos. Então, a pessoa cujo coração é cheio de caridade e quer fazer boas obras vai, como Madre Teresa, oferecer seu primeiro propósito à adoração de Deus, a fim de que, quando ele for oferecer caridade para as pessoas pobres ou necessitadas, seja no nível de Deus, e não em um nível humano.
ZENIT: Alguns também dizem que estar preocupado com as normas litúrgicas é ser extremado legalista, que é um sufocamento do espírito. Como uma pessoa pode responder isso? Por que devemos nos preocupar com as normas litúrgicas?
Cardeal Burke: A lei litúrgica nos disciplina, a fim de que tenhamos a liberdade de adorar a Deus; de outro modo, somos sequestrados – nós somos as vítimas ou escravos ou das nossas ideias individuais, ideias relativas disto ou daquilo, ou da comunidade ou de qualquer outra coisa. Mas a lei litúrgica salvaguarda a objetividade da adoração divina e prepara esse espaço entre nós, essa liberdade de adorar a Deus como Ele quer, para que, então, estejamos certos de não estarmos adorando a nós mesmos ou, ao mesmo tempo, como diz Aquinate, falsificando de algum modo o culto divino.
ZENIT: Ela oferece uma espécie de modelo?
Cardeal Burke: Exatamente, é o que disciplina faz em todo aspecto de nossas vidas. A menos que sejamos disciplinados, então não somos livres.
ZENIT: Como um bispo diocesano nos Estados Unidos, qual o estado em que o senhor encontrou a liturgia nas paróquias das quais o senhor esteve encarregado de cuidar? Quais são, na sua visão, as prioridades para a renovação litúrgica na vida diocesana hoje?
Cardeal Burke: Eu encontrei, é claro, vários aspectos bonitos – em ambas as dioceses nas quais servi –, como um forte senso de participação da parte dos fiéis. O que eu também encontrei foram algumas sombras, como o Papa João Paulo II as chamava: a perda da fé na Eucaristia, a perda da devoção eucarística e certos abusos litúrgicos. E, como bispo diocesano, eu precisava enfrentá-los e eu fiz o melhor que pude. Mas, ao enfrentá-los, você sempre tenta ajudar tanto o padre quanto os fiéis a entenderem as razões profundas para a disciplina da Igreja, as razões pelas quais certo abuso não somente não ajuda no culto divino, como, de fato, o bloqueia e o corrompe.
ZENIT: É dito que amar a sagrada liturgia e ser pró-vida andam juntos, que aqueles que adoram corretamente são mais dados a querer trazer crianças para o mundo. Você poderia explicar por que é assim?
Cardeal Burke: É na sagrada liturgia, acima de tudo, e particularmente na Sagrada Eucaristia, que nós olhamos para o amor que Deus tem por cada vida humana sem exceção, sem limites, começando pelo primeiro momento da concepção, porque Cristo derramou sua vida, como ele disse, por todos os homens. E lembre-se que Ele nos ensina que tudo o que tivermos feito ao menor dos nossos irmãos, nós fazemos diretamente a Ele. Em outras palavras, Ele se identifica a si mesmo no sacrifício eucarístico com cada vida humana. Então, se por um lado, a Eucaristia inspira uma grande reverência, respeito e cuidado pela vida humana, ao mesmo tempo inspira uma alegria entre aqueles que são casados de procriar, de cooperar com Deus em trazer uma nova vida humana a este mundo.
ZENIT: "Sacra Liturgia" foi sobre celebração litúrgica, mas também formação. Qual a base de formação litúrgica que precisamos em nossas paróquias, dioceses e particularmente em nossos seminários?
Cardeal Burke: A primeira importante lição que precisa ser ensinada é a de que a sagrada liturgia é uma expressão do direito divino de receber de nós o culto que lhe é devido, e que emana de quem nós somos. Nós somos criaturas de Deus e, então, o culto divino, de um modo bem particular, expressa ao mesmo tempo a infinita majestade de Deus e também nossa dignidade como as únicas criaturas na terra capazes de prestar-lhe culto, de, em outras palavras, elevar a Ele nossas mentes e corações em louvor e adoração. Essa seria a primeira lição. Depois, estudar com atenção como os ritos litúrgicos se desenvolveram ao longo dos séculos e não ver a história da Igreja como uma espécie de corrupção daqueles ritos litúrgicos. Neste sentido, a Igreja, no decorrer do tempo, chegou a um entendimento cada vez mais profundo da sagrada liturgia e expressou isso de várias formas, através das vestes sagradas, dos vasos sagrados, da arquitetura sacra – até o cuidado com os paramentos utilizados na Santa Missa. Todas essas são expressões da realidade litúrgica e devem ser cuidadosamente estudadas, e, é claro, então, deve-se estudar a relação da liturgia com os outros aspectos das nossas vidas.
ZENIT: Você é conhecido por celebrar a Forma Extraordinária do Rito Romano. Por que o Papa Bento XVI tornou-a livremente disponível e que papel isso tem na Igreja do século XXI?
Cardeal Burke: O que o Papa Bento XVI viu e experimentou, também por aqueles que vinham a ele, e que estavam muito ligados ao que chamamos hoje de Forma Extraordinária – a Missa Tradicional – foi que, nas reformas introduzidas depois do Concílio, ocorreu uma incompreensão fundamental: nomeadamente, as reformas foram feitas com a ideia de que havia uma ruptura, de que o modo como a Missa era celebrada até o tempo do Concílio era, de alguma maneira, radicalmente defeituosa e que deveria haver uma mudança violenta, uma redução nos ritos litúrgicos e até na linguagem usada, em todos os aspectos. Então, a fim de restabelecer a continuidade, o Santo Padre deu ampla possibilidade para a celebração dos ritos sagrados tal como eram celebrados até 1962, e então expressou a esperança de que através destas duas formas do mesmo rito – é tudo o mesmo rito romano, pode ser diferente, mas é a mesma Missa, o mesmo Sacramento da Penitência e assim por diante – poderia haver um mútuo enriquecimento. E essa continuidade poderia ser mais perfeitamente expressa no que alguns chamaram de "reforma da reforma".
ZENIT: Papa Francisco é uma pessoa diferente de Bento XVI em vários aspectos, mas é difícil de acreditar que há diferenças substanciais entre eles na importância da sagrada liturgia. Existem algumas diferenças?
Cardeal Burke: Eu não vejo nada disso. O Santo Padre claramente não teve a oportunidade de ensinar com autoridade sobre a sagrada liturgia, mas nas coisas que ele disse sobre a sagrada liturgia eu vejo uma perfeita continuidade com o Papa Bento XVI e com sua disciplina, e é isso o que o Papa Francisco está fazendo.
ZENIT: Essa conferência está refletindo sobre os 50 anos desde a abertura do Concílio Vaticano II, e, há 50 anos, em dezembro, essa constituição sobre a sagrada liturgia foi promulgada. Você já mencionou como a renovação litúrgica não foi como o Concílio desejava, mas como você vê o progresso das coisas no futuro? O que você prevê, especialmente entre os jovens?
Cardeal Burke: Os jovens estão voltando atrás agora e estudando ambos os textos do Concílio Ecumênico Vaticano II com os seus sérios textos sobre teologia litúrgica que permanecem válidos ainda hoje. Eles estão estudando os ritos como eles eram celebrados, se esforçando para entender o significado e vários elementos do dito e há um grande entusiasmo e interesse nisso. Tudo isso, eu acredito, é direcionado a uma experiência mais intensa da presença de Deus conosco na sagrada liturgia. Esse elemento transcendente foi mais tristemente perdido quando a reforma após o Concílio foi, por assim dizer, enviesada e manipulada para outros propósitos – aquele senso de transcendência da ação de Cristo por meio dos sacramentos.
ZENIT: Isso reflete a perda do sagrado na sociedade como um todo?
Cardeal Burke: Reflete, de fato. Para mim, não há dúvidas de que os abusos na sagrada liturgia, a redução da sagrada liturgia a uma espécie de atividade humana, está estreitamente relacionada a muita corrupção moral e a uma leviandade na catequese que tem impactado e deixado gerações de católicos mal preparadas para lidar com os desafios do nosso tempo. Você pode ver isso em toda a gama da vida da Igreja.
ZENIT: O Papa Bento disse certa vez que as crises que vemos na sociedade hoje podem ser associadas aos problemas na liturgia.
Cardeal Burke: Sim, ele estava convencido disso e eu posso dizer que também estou. Era, é claro, mais importante que ele estivesse convencido disso, mas eu acredito que ele estava absolutamente correto.

domingo, 17 de março de 2013

Cardeal Bergoglio sobre a Eucaristia

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O atual Papa Francisco, quando Cardeal, gravou vários programas para a rede católica de Televisão EWTN. Nesse vídeo acima podemos ver sua piedade eucarística em uma curta reflexão aonde o Cardeal fala do desejo que cultivava de receber o Senhor na Eucaristia pela manhã e como fomentava seu louvor e ação de Graças após a Comunhão no longo trajeto de ônibus em seus tempos de seminarista. 

Lembremo-nos de que a Eucaristia pode nos fortalecer ao longo do dia e que comungando com devoção podemos encontrar o Senhor nas tarefas quotidianas sem cair numa mera rotina enfadonha. A mensagem é, naturalmente, um incentivo a salutar prática da Missa e comunhão diária.

Alfaiataria napolitana que confecciona as Casulas do Papa Francisco

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Tradução e adaptação da narração do vídeo, por Cleiton Robsonn.



O Papa Francisco celebrará a Missa de inauguração do seu pontificado na Terça-feira, 19 de Março de  2013, dia consagrado a São José. A veste litúrgica que envergará naquela ocasião, a chamada “Casula”, é confeccionada pela Alfaiataria Serpone de Nápoli. O proprietário, Paolo Serpone, explica: “Utilizamos tecidos desenhados por nós em pano branco e ouro, que representam motivos litúrgicos de alegria, porque, obviamente, é a nomeação de um novo Papa, sobretudo em um momento  difícil não somente para a Igreja mas para o mundo inteiro e, por isso mesmo, é causa de alegria, representados pela videira e as uvas e, claro, tem sempre ao centro do galão a cruz em ouro e seda, para simbolizar que o Papa é o vigário de Cristo na terra, aquele que deve portar sobre a Terra a cruz de Jesus.”
Alinhados com o estilo humilde do Papa Bergoglio, que escolheu o nome de São Francisco de Assis, padroeiro dos pobres, Serpone explica que as vestes que o Pontífice envergará, de modo solene são, na realidade muito baratas. O Alfaiate conclui: “Sendo uma fábrica onde produzimos de tudo, desde os tecidos até as grandes encomendas, tudo é feito inteiramente aqui; os preços são muito menores do que se pode encontrar nas lojas e é por isso que o Vaticano e, no caso específico, a Sacristia Pontifícia, veio até nós para estes trabalhos, porque além de um produto de qualidade, pode-se ter um preço muito acessível.”
Estas casulas serão utilizadas por todos os concelebrantes na Missa de entronização para dar à celebração um sentido [maior] de harmonia e de alegria pela nomeação do novo Papa.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A mão estendida durante a epiclese a consagração

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Um leitor de língua italiana apresentou a seguinte pergunta ao padre Edward McNamara, LC*:

Gostaria de um esclarecimento sobre a mão estendida na concelebração durante a epiclese na eucaristia e nas palavras da consagração do pão e do vinho. Todos os sacerdotes estendem a mão (com a palma para baixo) durante a epiclese sobre as ofertas, mas nem todos os concelebrantes estendem a mão como na epiclese durante as palavras da consagração. Muitos estendem a mão só de modo indicativo para as ofertas. As motivações são várias até mesmo dizer que durante as palavras da consagração se poderia tão somente repetir as palavras da consagração sem nem sequer estender a mão. Chega-se a dizer que a verdadeira transubstanciação acontece durante a epiclese e não ao pronunciar as palavras: "Este é o meu corpo. Este é o meu Sangue ". Qual das duas escolas deve ser seguida? - E.W.V., Suíça

Padre McNamara responde da seguinte maneira: Esta pergunta reflete um antigo debate sobre este gesto, que até agora derramou rios de tinta entre os liturgistas, sem realmente esclarecer ou resolver nada.

Em primeiro lugar, gostaria de salientar que, ao contrário de quando se pronuncia as palavras da consagração, o gesto de estender a mão neste momento também pode ser omitido, e não é necessário para a validade da celebração dos concelebrantes.

A verdadeira questão do debate é a de estabelecer se o gesto de estender a mão é meramente indicativo - uma indicação das sagradas espécies – ou se, ao contrário, é um sinal direto do poder de consagração dos concelebrantes.

O que mais se aproxima a uma declaração oficial a este respeito é a nota de rodapé nº 79 no Cerimonial dos Bispos que afirma: "Na consagração a palma da mão direita esteja voltada para o lado".

Isso parece colocar um fim ao debate em favor da posição lateral. No entanto, alguns especialistas apontam que a fonte desta nota é uma resposta de 1965 da Notitiae, órgão oficial da Congregação vaticana encarregada da reforma litúrgica. A Congregação tinha respondido afirmativamente à seguinte pergunta:

"Se é permitido interpretar a rubrica do Ritus concelebrationis Missae n º 39, c: "As palavras da consagração, com a mão direita... voltada para o pão e o vinho, "de modo que a palma da mão estivesse virada para a esquerda (não para a terra), de modo que o gesto da mão seria entendida como um gesto demonstrativo e de acordo com as palavras:" Isto é ... »?"

Uma coisa é permitir isso como uma interpretação, outra é dizer que ela é a única interpretação possível.

Além disso, em Notitiae 1 (1965) e 2 (1966), o aviso em questão está localizado sobre as respostas: uma solução proposta não assume nenhum caráter oficial. Somente tem um valor de orientação; soluções serão publicadas oficialmente, se o caso o justificar, pela autoridade competente nas Acta Apostolicae Sedis.

Dado que essa resposta nunca foi oficialmente sancionada continua a ser uma opinião válida e respeitável.

Entre aqueles que pensam diferente, foi o falecido estudioso beneditino Cipriano Vagaggini, que realmente contribuiu para a elaboração do novo rito da concelebração. Ele defendeu o gesto epiclético (invocador) das palmas voltadas para baixo da mesma forma que fazem todos os sacerdotes no início do rito da consagração, quando estendem as duas mãos e invocam o Espírito Santo para transformar o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo.

Depois de alguns anos tornou-se claro que a discussão não estava indo a lugar nenhum e, na ausência de uma declaração oficial e última da Santa Sé, todos mais ou menos discordam.

Na prática, no entanto, o gesto voltado para o lado parece cada vez mais se tornar mais ou menos a prática normal.

Isso não significa que quando alguns padres agem de um modo ou de outro modo expressam um profundo desacordo teológico. Provavelmente não reflete nada mais do que a opinião de quem ensinou liturgia no seminário.

Finalmente, em relação à hipótese teológica de uma consagração gradual ou uma consagração durante a epiclese: para usar um eufemismo, esta posição parece aumentar as conclusões de algumas contribuições válidas na teologia eucarística, que procuraram sublinhar o benefício de considerar a oração eucarística no seu conjunto, ao invés de limitar a sua atenção na fórmula da consagração, a fim de alcançar um conceito mais completo e mais rico do mistério eucarístico.

A concentração no momento da consagração tende a privilegiar sobretudo o aspecto da presença real, enquanto que tendo em conta toda a oração eucarística, mostra especialmente outros aspectos, tais como: a Eucaristia como memorial do sacrifício de Cristo, a sua ressurreição e ascensão, o papel do Espírito Santo, o aspecto da mediação, o seu papel na construção da Igreja, etc. Em muitos aspectos, é o procedimento usado pelo Beato Papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia.

O uso deste método, no entanto, não contradiz a teologia tradicional católica segundo a qual existe um momento específico em que o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo durante a consagração (cf. Catecismo, n° 1348-1355, 1376-1377). Não podem haver fases no mistério eucarístico: ou é pão ou é Cristo, não há um meio termo.

Esta verdade também é indicada pelas rubricas da Missa que afirmam explicitamente que o sacerdote se ajoelhe em adoração depois de ter consagrado o pão e de novo depois da consagração do vinho. Não há nenhuma indicação assim depois da epiclese.

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*Legionário de Cristo e professor de Liturgia na Pontifícia Universidade Regina Apostolorum, em Roma.
 
Fonte: Zenit.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

"Cardeal Cañizares: a Missa deve emocionar, mas sem virar espetáculo!"

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[Zenit, grifos nossos] A Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos está preparando um pequeno manual destinado a ajudar os sacerdotes a celebrar devidamente a Santa Missa e também os fiéis a participarem dela com mais proveito. O cardeal Antonio Cañizares adiantou a novidade durante uma conferência na embaixada da Espanha perante a Santa Sé, intitulada “A Liturgia católica a partir do Vaticano II: continuidade e evolução”.

“Estamos preparando. [O manual] vai ajudar a celebrar bem e a participar bem. Eu espero que ele saia ainda este ano, para o verão [no hemisfério norte]”, declarou o purpurado a ZENIT.

O cardeal, durante a conferência, reiterou a importância dada pelo Concílio Vaticano II à Liturgia, “cuja renovação deve ser entendida em continuidade com a tradição da Igreja e não como ruptura”. Ruptura seja por inovações que não respeitam a continuidade, seja por imobilidade que amarra tudo à época de Pio XII, completou Cañizares.

O cardeal recordou em particular a importância que o primeiro documento conciliar, Sacrosanctum Concilium, concede à Sagrada Liturgia, por cujo meio “é exercida a obra da nossa redenção, em especial no Divino Sacrifício da Eucaristia”. “Deus quer ser adorado de maneira concreta e nós não somos ninguém para mudá-la”. Cañizares especificou que, quando se fala de Igreja renovada, não se deve entender uma mera reforma de estruturas, mas uma mudança a partir da liturgia, pois é a partir da Liturgia que se opera a obra da salvação.

Não pode ser esquecido, além disto, o que diz o documento conciliar: “Cristo está sempre presente na sua Igreja, principalmente na ação litúrgica. Ele está presente no sacrifício da missa, seja na pessoa do ministro, 'oferecendo agora pelo ministério dos sacerdotes o mesmo que foi oferecido na cruz', seja nas espécies eucarísticas”.

O cardeal enfatizou que a finalidade da liturgia “é a adoração de Deus e a salvação dos homens”, e que “não se trata de uma criação nossa, mas de uma fonte e ápice da Igreja”. O prefeito da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos criticou abusos existentes, como a espetacularização, mas elogiou os momentos de silêncio, “que são momentos de ação”, já que permitem ao sacerdote e aos fiéis falar com Cristo. A atitude equilibrada “é aquela indicada por São João Batista, quando ele afirma que deseja diminuir para que o Messias cresça”.

Sobre a "animação da Missa" com cantos, Cañizares disse que é necessário priorizar o entendimento do mistério, em vez de transformar a Missa em um show para superar "a monotonia".

Acrescentou que o concílio não falou da missa voltada ao povo, o que permitiu que Bento XVI celebrasse a Missa na Capela Sistina voltado para o altar; isto não exclui que o padre se volte para o povo, em particular durante a palavra de Deus.

Destacou ainda a necessidade da noção do mistério e de alguns particulares interessantes que eram respeitados antes, como o altar voltado para o oriente e a consciência mais clara do sentido da Eucaristia como sacrifício.

Interrogado pela embaixadora do Panamá junto à Santa Sé a respeito da ação das culturas autóctones na Liturgia, o cardeal precisou que “o Concílio fala da adaptação da Liturgia”, respeitando “as legítimas variedades”, sem que elas eliminem os princípios. Recordou, a propósito, uma experiência pessoal que viveu na Espanha, no domingo de Ramos, quando, em uma Missa cigana, um jovem cantou o 'Cordeiro de Deus' no gênero flamenco, “um verdadeiro suspiro da alma que emocionou e fez toda a assembleia participar vivamente”.

Cañizares analisou o fato de em muitas igrejas o Santíssimo ser posto num altar ou capela lateral, fazendo com que “o sacrário desapareça”: com isto, as pessoas conversam antes da Missa e se prepararam menos para ela.

Sobre o caso Lefebvre, o cardeal recordou que Bento XVI ofereceu uma medida de reconciliação à qual eles não corresponderam, e que “pensar que a tradição fica em Pio XII também é ruptura”.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Duas formas litúrgicas, mas a mesma Fé

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[Zenit] Em todos os domingos, às 9hs da manhã, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, na cidade do Rio de Janeiro, celebra-se a Santa Missa Prelatícia na Forma Extraordinária do Rito Romano. 

Mas, o que é a Forma Extraordinária do Rito Romano? Tem aprovação do Papa? É de difícil compreensão e participação? Para responder a essa questão, ZENIT conversou com o Pe. José Edilson de Lima, sacerdote da Administração Apostólica e Juiz auditor do Tribunal arquidiocesano do Rio de Janeiro.


ZENIT: Qual é a diferença entra a missa na forma extraordinária do rito romano e a missa na forma ordinária? Desde quando ela existe?

PE. JOSÉ: A Missa na Forma Extraordinária é fruto de uma antiga tradição recolhida por São Gregório Magno (596-604) para uso em Roma, onda já fixa o cânon. Este cânon permaneceu o mesmo até o Beato João XXIII. Por ser a Liturgia da Igreja de Roma, generalizou-se em todo o Ocidente entre os anos 700 a 1500. Com Carlos Magno passa a ser usada no Império dos Francos e foi enriquecida no contato com as diversas liturgias galicanas e orientais. Com a crise na Igreja e no papado, o Missal, agora franco-germânico, volta para Roma e vai ser a base para a reforma gregoriana no século X. Os ritos foram simplificados para uso interno da Cúria em suas viagens e o Missal Romano passa a ser usado em toda parte. Os franciscanos o adotaram e acabaram por divulgá-lo em todo o Ocidente.

O Concílio de Trento, enfrentando a crise da Igreja na época e as investidas protestantes contra os dogmas eucarísticos, especialmente o valor da Santa Missa, da Eucaristia e do Sacerdócio, ordenou a reforma do Missal e em 1570, com a Bula Quo primum tempore, o Papa São Pio V publicou o Missal Romano, tomando como base o Missal da Cúria e impondo-o como obrigatório em toda a Igreja Latina. Por isso o Missal na forma antiga é chamado erroneamente de São Pio V ou Tridentino. Na realidade é muito mais antigo.

Os Papas posteriores reeditaram o Missale Romanum realizando melhorias na formulação das rubricas, revisão de alguns textos e reformas no calendário. A última reforma das rubricas foi feita pelo Beato João XXIII através do Motu Próprio Rubricarum instructum em 25/07/1960. A última edição conforme as novas Rubricas é do ano 1962. É a chamada hoje pelo Papa Bento XVI Forma extraordinária do Rito Romano. O grande diferencial está na sua história, pois é fruto de uma evolução litúrgica homogênea, e na sua precisão teológica, principalmente no que diz respeito aos dogmas eucarísticos. Aparece mais o sentido do sagrado numa liturgia mais vertical. Pela precisão nas rubricas, está menos sujeita a alterações, o que dá uma certa garantia contra as inovações que podem ocorrer fruto de um mal conhecimento do verdadeiro sentido litúrgico.

ZENIT: O que é a admnistração apostólica São João Maria Vianney? Tem aprovação do Papa?

PE. JOSÉ: A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney é uma circunscrição eclesiástica, equiparada a uma Diocese, segundo os cânones 368 e 371 § 2, erigida canonicamente em 18 de janeiro de 2002, para atender a uma situação particularmente grave que existia na Diocese de Campos. Havia um Bispo e um grupo estável de sacerdotes e de religiosos, com várias comunidades estruturadas, obras sociais e de apostolado e cerca de 30 mil fiéis organizados em torno da Santa Missa e disciplina litúrgica anterior ao Concílio Vaticano II. Formávamos uma União chamada São João Maria Vianney. Era uma situação incômoda para nós, pois sempre amamos a Santa Igreja e o Santo Padre, rezávamos por ele no Cânon da Missa e nunca nos consideramos outra Igreja, e sim Católicos romanos. Pedimos ao Santo Padre sermos reconhecidos como Católicos e podermos continuar com a Liturgia na forma antiga. Sua solicitude atendeu o nosso pedido e criou uma Administração Apostólica Pessoal.


Com o decreto da Congregação para os Bispos Animarum bonum, a União São João Maria Vianney foi transformada em Administração Apostólica Pessoal dentro dos limites da Diocese de Campos, tendo à frente um Administrador Apostólico que a governa em nome do Sumo Pontífice. Na verdade, são duas circunscrições eclesiásticas dentro do mesmo território, uma territorial, a Diocese de Campos com o seu Bispo próprio, e a Administração Apostólica Pessoal para os fiéis ligados à antiga forma do Rito Romano, hoje chamada Forma extraordinária. No mesmo território, duas formas litúrgicas, mas a mesma fé e a mesma submissão aos legítimos pastores da Igreja. A criação da Administração Apostólica acabou com uma divisão que havia em Campos e foi um fator de enriquecimento para a Igreja, não só em seus limites mas em todo o Brasil, mostrando que é possível conviverem as duas formas litúrgicas em perfeita harmonia, sem detrimento da unidade.

ZENIT - Que tipo de formação precisa o fiel que queira participar dessa missa?

PE. JOSÉ: Embora muitos que procuram a Santa Missa na forma extraordinária o façam devido a uma certa formação litúrgica, na verdade qualquer fiel bem disposto pode participar. Temos esta experiência em nossas inúmeras igrejas e paróquias. Pessoas muito simples, às vezes semi-analfabetas ou até crianças, acompanham e participam da Missa na Forma extraordinária sem problemas. Talvez se sinta alguma dificuldade no início, como poderia acontecer em qualquer rito desconhecido. No caso da Forma extraordinária, o rito é o mesmo.

É de muita utilidade o uso do Missal apropriado contendo os textos em latim e vernáculo. Caso não seja possível, que se tenha ao menos o texto do Ordinário da Missa para que o fiel possa acompanhar os diversos momentos da liturgia. Irá percebendo quando começam as orações ao pé do altar até o Glória e Coleta um caminhar em direção de Deus. Em seguida, Deus se volta para os assistentes com sua Palavra. Depois de professarmos nossa Fé, vamos mais uma vez ao Pai, oferecendo-nos ao Pai com a Vítima divina. São belíssimas as orações do ofertório e datam do século XIII. Deus recebe nossos dons e vem a nós, dando-nos agora o seu próprio Filho. Há, pois um duplo movimento, um ascendente e um descendente: nós vamos a Deus e Ele vem a nós. Isto fica bem claro a qualquer fiel, mesmo que não consiga compreender o teor de cada palavra dita em latim. 

No Brasil, há muitas dioceses onde a Missa na forma extraordinária é celebrada e são muitas as pessoas que a procuram. Muitos procuram nossa Administração Apostólica para aprenderem a celebrar. Temos feito um encontro anual para reunir os sacerdotes ligados à Forma extraordinária, ajudando-os com formação teológica, espiritual e litúrgica. O grande fruto é não só um conhecimento maior da Forma antiga, mas uma melhor celebração, com mais respeito e dignidade da Forma ordinária em suas paróquias de origem, como deseja o Santo Padre.


quarta-feira, 7 de março de 2012

Museu de Arte Sacra de São Paulo: entrevista com Pablo Neves

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Pablo Neves
O Museu de Arte Sacra de São Paulo conserva uma das mais importantes coleções de arte sacra do Brasil. Mas o que caracteriza a arte sacra? Segundo o designer especialista em arte sacra, Pablo Neves [leitor e colaborador do Salvem a Liturgia!], a arte só é considerada sacra "quando interage diretamente com o que é divino, ou seja, quando serve ao culto sagrado”. Ele ainda complementa que "o objeto em si não é sagrado, mas a divindade com a qual ele se envolve é que o sacraliza”.

Confira abaixo a entrevista com Pablo Neves: 
Qual a diferença entre arte sacra e arte religiosa?

PN: Tanto a arte, quanto a arquitetura e o design são definidos como sacros quando tangenciam ou interagem diretamente com o que é divino, ou seja, quando servem ao culto sagrado. Logo, não é o objeto em si que é sagrado, mas sim a divindade com a qual ele se envolve que o sacraliza. Um cálice usado para Santa Missa só é um objeto sacro porque nele será colocado o verdadeiro e preciosíssimo sangue de Cristo, presente naquele sangue em Corpo, Alma e Divindade. Já a arte religiosa é aquela que de fato possui relação com a fé, conduz a uma espiritualidade ou a uma mensagem sagrada, mas que não tangencia diretamente o divino em si. A arte religiosa pode muitas vezes também expressar a forma de ver o sagrado por parte do artista, sua opinião pessoal, o que não necessariamente será condizente com a Tradição da Igreja e, obviamente, poderá não ser adequada para servir à liturgia.
 
Dentro da arte, o que é sagrado?
 
PN: Como disse, é sagrado tudo aquilo que é santificado pelo que é realmente santo. O contato com o divino sacraliza a arte, fazendo-a tomar parte das realidades do céu. Uma imagem, um altar ou um crucifixo, por exemplo, não são sacros simplesmente por seus elementos formais e simbólicos, mas por tornarem-se parte direta da presença de Deus entre nós, de Sua vontade e de seu Amor.
 
Quais são os maiores nomes da arte sacra?
 
PN: Gostaria de citar o primeiro, mas talvez não tão conhecido como tal: São Lucas, evangelista, que segundo a Tradição, foi o primeiro a escrever um ícone de Nossa Senhora. Mas a arte se fez sagrada do oriente ao ocidente, com destaque aos grandes mestres iconógrafos como Teófanes, o grego e o monge Andreij Rublev, além é claro, de mestres ocidentais como Michelangelo e Caravaggio. Mas faço questão de destacar ainda os grandes artistas sacros brasileiros, como Mestre Ataíde e Aleijadinho, além de nosso contemporâneo Cláudio Pastro.
 
Quais são as maiores obras da arte sacra?
 
PN: A Europa obviamente abriga as mais grandiosas e ricas obras de arte e arquitetura sacras da humanidade, em igrejas como a basílica de São Pedro, no Vaticano e Notre Dame na França. Contudo, seria tolice não citar a basílica de Santa Sofia, na Turquia ou a catedral de São Basílio, na Rússia. O fato é que toda obra verdadeiramente sacra é grandiosa e única, não pelo ouro nela contido ou pela técnica ou estilo empregado, mas pelo conteúdo simbólico a ela atribuído e ao seu serviço à liturgia.
  
Como é feita a conservação das obras de arte sacra?
 
PN: É um trabalho demorado, difícil e que exige grande aprimoramento técnico. Seja por seu valor histórico quanto por seu valor sagrado, as obras de arte sacra antigas passam por tratamentos químicos, controle de exposição à luz até o restauro de partes danificadas. Vale lembrar que tão importante quanto conservar o antigo, é garantir que as obras contemporâneas de arte também durem muito tempo, sendo importantes meios de espiritualidade por gerações.
 
O que pode ser feito e o que não pode ser feito numa restauração de arte sacra? Existe alguma regra para isso?
 
PN: Tecnicamente, as regras são as mesmas para qualquer obra de arte. Profissionais qualificados, instrumentos adequados, matérias primas precisas e zelo, muito zelo durante o trabalho. Há também a parte espiritual, pois vale lembrar que a arte sacra não é meramente decorativa, mas sim uma forma de alcançar o sagrado. Em outras palavras, temos que entender que as pessoas vão interagir com esses objetos, vendo, sentindo e vivenciando neles verdadeiros sinais de Deus em suas vidas. Particularmente, durante meu trabalho, costumo ficar em oração, agradecendo a Deus por me permitir servi-Lo e rogando para que meu trabalho possa, por menor que seja, ser um auxílio na construção do Reino de Deus. Tenho plena consciência de que estou lidando com algo muito maior do que meu próprio entendimento pode atingir.
 
Existe algum modelo, estilo ou referência que caracterize a arte sacra?
 
PN: Não. Esse é um questionamento comum durante os cursos e palestras que ministro e talvez deva-se ao fato das pessoas ainda ligarem a Arte Sacra a algo antigo, pertencente a um outro tempo. A Igreja, inclusive, fez questão de frisar isso durante o Concílio Vaticano II, na constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, onde diz que "a Igreja nunca considerou um estilo como próprio seu”. No documento, que traz um capítulo dedicado somente à arte sacra, a Igreja afirma respeitar e valorizar a arte de todas as épocas e todos os povos, bem como as exigências dos vários ritos litúrgicos. Incentiva ainda a arte de nosso tempo, mas adverte que a arte só é válida "desde que sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados”.
 
O que compõe a arte sacra (música, moda, esculturas etc.)?
 
PN: Eis outra feliz pergunta. Há, é claro, aquilo que é clássico: pintura, escultura e música. Mas dentro deste contexto, há variáveis como o mobiliário, fundição de metais, o trabalho com as vestes sagradas, dentre outros. Hoje, com tantas novidades, sobretudo na arquitetura, projetos de iluminação e de design de móveis e objetos são exemplos de grandes parceiros para a arte sacra.
 
Qual foi a melhor época da arte sacra, para você? Por que?
 
PN: No oriente, desde o primeiro milênio, a arte sacra alcança seu potencial máximo através da iconografia bizantina. Uma verdadeira teologia em imagens tão sagrada que até hoje é a arte característica de todas as igrejas orientais, sejam católicas ou ortodoxas. No ocidente, vejo o gótico como o ápice do fazer artístico sacro. Realeza, leveza, pureza, claridade por todos os lados, linhas que nos fazer olhar para o alto e almejar o céu, enfim, a arte gótica é, no contexto ocidental, a arte sacra católica por excelência na minha opinião.
 
Quais religiões são as maiores produtoras de arte sacra?
 
PN: Praticamente todas as religiões possuem uma forte relação com a arte, pois o apelo visual e o simbolismo são elementos fortes na percepção humana. No catolicismo, assim como na ortodoxia oriental, a arte funde-se com a liturgia, a ponto de praticamente uma não existir sem a outra. Não é a toa que a Igreja pronuncia-se oficialmente sobre a arte sacra desde o segundo concílio de Nicéia, em 787 d.C. regulando a veneração às imagens e condenando os iconoclastas. Outras religiões, sobretudo as orientais, como o budismo, também utilizam da arte como elemento simbólico de suas crenças e de relação com suas divindades.
 
No seu artigo "O caráter sacro do design” você fala sobre a identificação de particularidades conceituais que definem a arte sacra. Que particularidades são essas?
 
PN: Tais particularidades estão ligadas às questões simbólicas dadas pela liturgia aos objetos sacros. Por exemplo: um altar é uma mesa? Sim, é uma mesa. Nele realiza-se o banquete pascal. Porém, neste banquete não se come qualquer alimento ou se ingere qualquer bebida. Comemos e bebemos verdadeiramente do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, entregue por Amor na cruz para remissão de nossos pecados. Note que o altar, ainda que seja uma mesa, não é um mero apoio para que pessoas se alimentem, como as mesas de jantar comuns. O altar é então mesa de partilha, mas é sobretudo local de sacrifício, pois em cada Missa é atualizado o Santo Sacrifício de Cristo na cruz, pelas mãos do sacerdote, que age na pessoa de Cristo. Veja, analisando todo esse contexto, podemos compreender o porquê de um altar não poder ser visto como uma mesa qualquer. O artista deve então, na concepção de sua obra, trabalhar elementos que conduzam os fiéis à compreensão dessas realidades, para que algo tão divino como a liturgia não seja confundida com coisas comuns ou até mundanas.
 
Para realizar uma obra sacra é necessário utilizar um símbolo religioso, para caracterizá-la?
 
PN: Sempre. A arte sacra é sempre objetiva, quer sempre dizer algo concreto, quer sempre transmitir a mensagem evangélica. Qualquer obra, por mais bela que seja, mas que não tenha nenhum simbolismo relacionado à liturgia, não tem lugar dentro da Igreja. A igreja valoriza a arte "não sacra”, mas não pode dentro do espaço sagrado utilizar elementos que de alguma forma desviem o sentido e o olhar dos fiéis àquilo que é o centro da liturgia, que é o próprio Cristo na Eucaristia.
 
Saiba mais sobre Museu de Arte Sacra na reportagem de Paloma Maroni para a edição impressa da revista Ave Maria de março/2012
         Publicação original disponível AQUI.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Missa do Crisma e dos Santos Óleos, em Niterói, RJ

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O leitor Hernan Gouveia nos manda fotos e um relato, com uma breve entrevista:

Na terça - feira Santa, 19 de abril de 2011, aconteceu na Arquidiocese de Niterói a Missa dos Santos Óleos, onde ocorre a benção dos Óleos para os Sacramentos e a Renovação das promessas Sacerdotais, celebrada pelo Arcebispo Dom Frei Alano Maria Pena, OP, concelebrada pelo Bispo auxiliar Dom Robert Francisco e pelo clero da arquidiocese, no ginásio do Colégio dos Salesianos, Santa Rosa - Niterói. O canto de ação de graças e o "Cordeiro de Deus" foram feitos em Latim. Abaixo temos as fotos e a entrevista com o Padre Antonio Paes, que é sacerdote desde 22 de setembro de 2007. Atulamente é administrador paroquial da Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no Rio do Ouro, em São Gonçalo e também Diretor Espiritual do seminário e Auxiliar para as Celebrações Litúrgicas da Arquidiocese.

Hernan Gouveia - Qual o Sentido da Terça- Feira Santa?

Pe. Antonio - No novo rito recorda-se a traição e Judas pelas leituras e também ocorre a continuação dos cânticos do servo sofredor. E por ser Terça-Feira da Semana Santa aproxima-se cada vez mais do Sagrado Tríduo Pascal. Ontem, Segunda-feira Santa meditou-se a generosidade de Maria de Betânia, hoje a mesquinhez de Judas.

Hernan Gouveia - Qual o sentido da Missa dos Santos Óleos?

Pe. Antonio Paes - Primeiro a renovação das Promessas Sacerdotais, onde em torno do nosso Bispo manifestamos nosso deseo de servir a Igreja como quer ser servida, e depois ocorre a benção do Santos Óleo, especiamente o Santo Crisma.

Hernan Gouveia - Porque em nossa Arquidocese a Missa dos Santos Óleos é na Terça Santa, se o costume das outras Igrejas Particulares é de ser na Quinta Santa?

Pe. Antonio Paes - O motivo é pelo fato de grande extensão de nossa Arquidiocese, e pelos deveres pastorais. De forma que facilite a que todos os Sacedotes de nossa Arquiiocese participem do Santo Sacrifício em que renovarão as suas promessas Sacerdotais, a Igreja permite que se faça em outra data, portanto e nossa arquidiocese é na Terça Feira Santa.

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