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quarta-feira, 20 de março de 2013

Aclamação ao Evangelho na Quaresma no Início do Pontificado do Papa Francisco


Foto AFP Filippo Monteforte - Rádio Vaticana

Os leitores do Salvem a Liturgia estão familiarizados com o fato de que nas Missas da Quaresma não existe o Alleluia. E já de início sou obrigado a abrir aqui um parêntese e dizer que, escrevendo este texto na Quinta Semana da Quaresma, eu até desejaria nem escrever essa palavra ou, quem sabe, abreviá-la; parece um exagero beirando a superstição, mas ainda assim um reflexo litúrgico num simples texto sobre a própria Liturgia.

Um segundo parêntese: é muito comum ouvirmos perguntar, na Quaresma, por que se canta o Gloria na Missa deste dia. De fato, o Gloria desaparece das Missas dominicais, durante este tempo, mas é cantado (ou recitado), sim, se ocorre uma Solenidade. A celebração de São José tem esse grau de Solenidade, requerendo assim o Gloria. Mas Alleluia, nunca, durante a Quaresma, por mais festiva que seja a celebração.

Existem, na Quaresma, três opções para aquilo comumente chamado “Aclamação ao Evangelho”:

1) Uma peça musical composta sobre a Aclamação dada pelo Missal, constante de um refrão e um versículo bíblico.

2) A peça musical gregoriana prescrita pelo Graduale Romanum, constante unicamente de versículos bíblicos, chamada Tractus.

3) A peça musical gregoriana prescrita pelo Graduale Simplex, constante de versículos bíblicos ou de algum outro texto; algumas delas são “Antífonas de Aclamação”, outras também com a designação Tractus.

Na Missa de Início de Pontificado do Santo Padre o Papa Francisco foi utilizada a primeira opção. A melodia é gregoriana, no modo VIII. A Liturgia foi aquela própria do dia 19 de Março, da Solenidade de São José. O refrão se alterna com o versículo 5 do Salmo 83:

Louvor a vós, ó Cristo, Rei da eterna glória.
Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de vos louvar. (Sl 83, 5)
Louvor a vós, ó Cristo, Rei da eterna glória.

A Aclamação foi cantada em latim, como todo o Próprio da Missa (o Introito, o refrão do Salmo Responsorial, esta Aclamação, o Ofertório e a Comunhão) e também o Ordinário (o Kyrie, o Gloria, o Credo, o Sanctus e o Benedictus). O leitor pode ver abaixo como a Aclamação aparece no livreto da celebração:



Dá-se a partitura gregoriana para o refrão, cantado pela schola (os cantores) e repetido pela assembléia. O versículo é cantado apenas pelos cantores.

O Evangelho foi cantado em grego por um diácono oriental, o que é muito comum nas Missas celebradas pelo Santo Padre. O diácono pode ser visto na primeira foto deste texto, à esquerda, na qual se vêem também o Santo Padre e o Monsenhor Guido Marini. O mais comum é que o Evangelho seja proclamado duas vezes: uma vez em latim, e uma vez em grego. Nesta Missa se o fez somente em grego.

O vídeo abaixo mostra a Aclamação ao Evangelho e o próprio Evangelho. Apesar dos locutores do canal de TV dificultarem um tanto a audição da música, é possível ter uma idéia desta cerimônia de grande beleza.



Eis o texto do Santo Evangelho desta Missa:
Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
Se o leitor desejar ler a homilia do Sumo Pontífice em português, poderá fazê-lo ao visitar este link:

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