Por ocasião da organização futura dos Ordinariatos para os anglicanos que se convertem à fé católica, haverá, ao que tudo indica, uma disciplina litúrgica apropriada, possivelmente recolhendo a boa experiência do Anglican Use e seu Book of Divine Worship, talvez complementada com pelas antigas versões do Book of Common Prayer e do Anglican Missal.
Um tema que não se vê comentar, entretanto, é o do uso dos paramentos tradicionais anglicanos, que possuem uma leve diferenciação em relação aos católicos.
É certo que na High Church - de que formam parte os grupos anglo-católicos da Comunhão Anglicana e as províncias da Traditional Anglican Communion -, os clérigos usam, no que chamam de Missa, paramentos semelhantes aos nossos, quando não os mesmos: alva, cíngulo, amito, estola, casula, dalmática. E, celebrando o Ofício Divino de modo solene, usam o pluvial. As cores são geralmente as mesmas.
Todavia, embora improvável, é perfeitamente possível que setores da Low Church e da Broad Church se convertam, pela via da Anglicanorum Coetibus, e esses grupos, como se sabe, não costumam primar pela manutenção de paramentos sofisticados: para seus clérigos, tanto na Missa quanto no Ofício, basta que usem a batina, a sobrepeliz e o típete (e, quando Bispos, a quimera).
Mesmo os da High Church usam a quimera e o típete, quando celebram o Ofício Divino de modo menos solene, e, ainda que seja solene, por vezes no Ofício da Manhã e no da Noite. Há ainda o colarinho de pregação, também chamado peitilho ou colarinho genebrino, que os clérigos utilizam para assistir os Ofícios e a Missa como parte de sua veste coral, ou sobre a batina em sermões extralitúrgicos.
Toda essa variedade deve ser levada em conta ao estabelecer as normas litúrgicas dos anglicanos convertidos ao catolicismo.
Uma sugestão é que se adotem todos os padrões rigorosos da High Church, por serem mais próprios do que se poderia chamar tradicional. Se o que se deve preservar, segundo o ethos da Anglicanorum Coetibus, é o patrimônio tradicional anglicano, e sabemos que a Broad Church e a Low Church não enfatizam esse patrimônio na esfera da liturgia, o natural é que busquemos na High Church - até por ser mais exteriormente católica - a inspiração.
Assim, para a Missa, os clérigos anglicanos católicos adotariam a mesma padronização dos católicos latinos: alva, amito, cíngulo, estola, com a casula aos sacerdotes e a dalmática aos diáconos. Já é assim para os anglo-católicos. E os Bispos utilizariam as mesmas insígnias: báculo, anel, mitra. O uso do "conjunto Low Church", só com o típete ou a quimera, e batina com sobrepeliz, restaria descartado para a Missa.
Para o Ofício de Vésperas rezado de modo menos solene, batina, sobrepeliz, típete e, quando Bispos, a quimera por cima. Para as Vésperas Solenes, batina, sobrepeliz, estola, pluvial e, se Bispos, a mitra. Os demais Ofícios, solenes ou não, com a batina, sobrepeliz, típete e, quando Bispos, também a quimera.
Ao celebrar os sacramentos fora da Missa, dar bênçãos solenes e distribuir a Comunhão também fora da Missa, usariam batina, sobrepeliz, típete e, quando Bispos, igualmente a quimera.
Como veste coral, para assistir aos ritos sagrados, batina, sobrepeliz (ou roquete para os Bispos), típete e, quando Bispos, também a quimera. O colarinho de pregação poderia ser usado, dependendo do costume local.
O leitor instituído, quando faz uma leitura na Missa, usa, em cima da sobrepeliz e batina, ou da alva, um típete azul.
Para os ritos que admitem a quimera, ou como veste coral suplementar, ao Bispo seria facultado o uso da chamarra.
A batina dos Bispos anglicanos também é somente a violeta, nunca a preta com faixa violeta.
Para melhor visualização dos leitores não-acostumados aos paramentos específicos do anglicanismo - que, na verdade, eram usados, smj, pelo clero católico romano medieval na Inglaterra -, damos algumas imagens abaixo: