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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Maneiras de inovar a santa missa

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Trazemos hoje um texto leve e descontraído do nosso amigo e membro do Salvem a Liturgia Lucas Cardoso. O texto é em especial para aqueles que insistem em inovar a santa missa. Segue texto abaixo: 

Você é da equipe de liturgia da sua paróquia, e está querendo inovar um pouco na celebração da Missa, para sair da mesmice? Seus problemas acabaram! Segue aqui um resumo de várias ideias para tornar a celebração eucarística diferente de tudo o que já se viu.



Em primeiro lugar, você sabia que pode escolher qualquer parte -- isso mesmo, qualquer parte -- da Missa para ser rezada ou cantada em latim? Isso mesmo, a Missa não precisa ser inteira em latim ou inteira em vernáculo. Você pode escolher apenas algumas partes, como os cantos fixos: Kyrie, Glória, Santo ou o Cordeiro de Deus. E, melhor ainda, você pode alternar essas partes quantas vezes quiser! Assim, se estiverem enjoados de cantar o Santo em latim, podem no mês seguinte cantar apenas o Cordeiro de Deus. Aposto que você não sabia disso!

O padre e os cantores não sabem latim? Sem problemas! É possível adquirir um livro que contém 17 -- isso mesmo, dezessete -- textos diferentes para o Ato Penitencial, com as tríplices invocações a Cristo para serem usadas conforme os diferentes tempos litúrgicos, memórias ou festas. Esse livro possui uma capa vermelha e chama-se Missal Romano! E ainda traz dois extras: duas fórmulas especiais para o Ato Penitencial, chamadas de "Confiteor" e "Miserere". Essas fórmulas são pouco conhecidas, mas acredite em mim, elas podem SEMPRE ser usadas, em qualquer Missa, segundo a total liberdade e originalidade da equipe! Por essa você não esperava, não é mesmo?

E a coisa não para por aí: nos Domingos, é possível substituir o Ato Penitencial pelo rito da Aspersão, que geralmente conhecemos no Tempo Pascal. Mas o que eu aposto que você não sabia é que este rito pode ser usado em QUALQUER DOMINGO DO ANO! Não é o máximo? E ainda há uma parte opcional do rito em que se pode misturar sal abençoado à água, com uma oração muito bonita e piedosa!

O altar também pode ser decorado de diversas maneiras. Você sabia que pode mexer à vontade no número de velas a serem colocadas ao seu redor? Podem ser duas, quatro ou até seis! E não se preocupe sobre onde colocá-las: você pode, um dia, colocá-las ao lado do altar, na parte lateral, ou, em outro dia, todas à frente do altar, e, se quiser realmente inovar e surpreender a todos, experimente colocar todos os castiçais SOBRE o altar. Sim, isso é totalmente permitido!

Até mesmo o padre que celebra a Missa poderá inovar: ele provavelmente não sabe, mas existe um modelo alternativo de casula, bastante confortável, principalmente nos dias quentes, chamada casula romana. Não, não existe nenhuma regra especial que restrinja seu uso a determinados dias. Ela pode ser usada SEMPRE, mesmo nos dias de semana! Tenho certeza que ele adoraria receber uma de presente!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Beleza e liturgia

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Publicamos hoje um excelente texto do professor e amigo do Salvem a Liturgia Joathas Soares Bello sobre liturgia e  a sua beleza. 

Dois erros: o esteticismo de quem confunde a Missa (liturgia) com a missa (forma musical), e o legalismo conceitualista e minimalista de quem diz "o que importa é que haja as palavras da consagração e, assim, o sacrifício de Cristo".



O cristão vai à missa para adorar o Pai junto com Cristo, oferecendo-se com Ele no seu sacrifício perfeito (eucarístico, laudatório, impetratório e expiatório), em comunhão com os irmãos. Ok.

Mas a arte sacra tem um papel pedagógico insubstituível. A beleza é, como ensina S. Tomás, "a visibilidade do bem", ou, como diz Platão, "o que é feito à imagem da verdade".

A inteligência humana é "senciente", como ensina Zubiri -que é um esclarecimento da doutrina aristotélico-tomista da "abstração"-, ou seja, o homem não pode, ordinariamente, conhecer a realidade sem a mediação da sensibilidade.

A exceção é a experiência do conhecimento místico, que apreende diretamente as realidades espirituais (e não meros conceitos lógicos, atenção!). Quem conhece o "significado" de algo que nunca viu, pode acreditar/confiar em outrem e, assim, comungando com a experiência dos que viram, conhecer a realidade crida (é a fé, presente em toda forma de conhecimento, e não só na religiosa).

A arte sacra [como a vida do santo] é o que possibilita ao fiel cristão o "ver" antecipadamente as realidades espirituais nas quais crê, e isto permite um melhor entendimento da fé e uma maior confiança. Isso é o que não entende o conceitualista acima (e que julga, em seu nominalismo teológico, que tem um saber mais "profundo"...).

Imaginar que a simples compreensão do significado é algo "mais inteligente" do que ver este significado realizado, concretizado (na música ou na escultura sacra, por exemplo), é ignorar absolutamente o que é "abstrair" ou entender simplesmente.

A beleza (artística ou moral, das "belas ações", como fala Platão) é o que -retomando as referências acima- torna visível a Verdade e o Bem. O que supõe que o artista sacro deve ter uma profunda experiência espiritual, que intui algo das verdades eternas, e que é capaz de plasmá-las na sua música, na sua pintura, etc., permitindo que os fiéis, participando desta experiência através da contemplação e da audição, entenda melhor a doutrina e comungue mais profundamente do amor.

Isso é que os esteticistas e os legalistas ignoram: a beleza na liturgia está a serviço da santificação dos fiéis, e não de um deleite sensível ou de uma alegria legítima, porém acessória.

Em uma missa barulhenta, mal celebrada, etc., Cristo estará igualmente presente, porém de maneira mais velada. E isso não significa alguma vantagem! Pois isso é supor uma capacidade ascética e mística que a média dos fiéis não tem, e esconder um tesouro que deveria ser distribuído com mais abundância.

terça-feira, 22 de março de 2016

O mito do Evangelho Dialogado com o povo

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A Semana Santa. Certamente a mais bela semana que a Liturgia nos propicia, com seus ritos diferenciados e solenes, marcados por profundo significado simbólico e que procuram, a seu modo, repetir certos gestos e passagens de Nosso Senhor para atualizá-los, torná-los presentes.

(Foto: New Liturgical Movement)
A inabitualidade destes ritos, aliada a sempre habitual e exagerada "criatividade" das equipes de Liturgia, permite que surjam abusos litúrgicos mesmo naquelas comunidades onde isto acontece raramente nas demais celebrações do ano.

Um destes abusos, amplamente difundido, trata-se de certo diálogo entre povo e leitores durante a Proclamação do Evangelho da Paixão do Senhor no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão do Senhor. 

Este artigo, portanto, pretende demonstrar, citando extensa legislação litúrgica, que o povo não toma parte na proclamação da História da Paixão, não devendo proferir nenhuma fala.

A Proclamação do Evangelho na Liturgia

Primeiramente, recordemos que a Proclamação do Evangelho na Liturgia compete, por prioridade, ao diácono, ao sacerdote concelebrante ou ao próprio sacerdote celebrante:
"Por tradição, o ofício de proferir as leituras não é função presidencial, mas ministerial. As leituras sejam pois proclamadas pelo leitor, o Evangelho seja anunciado pelo diácono ou, na sua ausência, por outro sacerdote. Na falta, porém, do diácono ou de outro sacerdote, o próprio sacerdote celebrante leia o Evangelho; igualmente, na falta de outro leitor idôneo, o sacerdote celebrante proferirá também as demais leituras."
(Instrução Geral sobre o Missal Romano, 3ª ed., n. 59; grifos meus)

"A tradição litúrgica  assinala a função de proclamar as leituras bíblicas na celebração da missa a ministros: leitores e diácono. Mas se não houver diácono nem outro sacerdote, o celebrante deve ler o Evangelho, e no caso em que não haja leitor, todas as demais leituras.

"Na liturgia da palavra da missa, cabe ao diácono anunciar o Evangelho, fazer de vez em quando a homilia, se parecer conveniente, e propor ao povo as intenções da oração universal."
(Proêmio do Lecionário, n. 49-50; grifos meus)

A Proclamação da História da Paixão

A proclamação da Paixão, contudo, trata-se de caso à parte, apresentando regras próprias, como veremos a seguir. Uma de suas características únicas é que a leitura é tradicionalmente dividida em três partes. A motivação, penso eu, é pastoral, devido a seu longo tamanho. 
"A história da Paixão reveste-se de particular solenidade. É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que representam a parte de Cristo, do cronista e do povo."
(Congregação para o Culto Divino. Paschalis Sollemnitatis sobre a preparação e celebração das festas pascais, n. 33)
Esta divisão (um leitor para as falas de Nosso Senhor, outro serve de Narrador e o último faz as vezes dos demais personagens) não é casual. O próprio lecionário já a apresenta.

Então, sim, pode-se dizer que se trata de um Evangelho dialogado. Porém, quem pode exercer o ofício da sua leitura são primeiramente os diáconos e depois os sacerdotes; somente na falta destes é que leigos podem fazê-la.
"Começando o canto antes do Evangelho, todos, com exceção do Bispo, se levantam. Não se usa incenso nem velas durante a história da Paixão. Os diáconos que vão ler a história da Paixão pedem e recebem a bênção, como ficou dito acima no n. 140. Em seguida, o Bispo tira a mitra, levanta-se e recebe o báculo: e lê-se a história da Paixão. Omite-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre o livro.

"Depois de anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham, e faz-se uma breve pausa. No fim, diz-se: Palavra da salvação, mas não se beija o livro."
(Cerimonial dos Bispos. Domingo de Ramos, na Paixão do Senhor, n. 273; grifos meus)
A seção do Cerimonial dos Bispos que trata da Celebração da Paixão do Senhor apresenta termos idênticos: "Os diáconos que vão ler a história da Paixão" (n. 319)

"A Paixão é cantada ou lida pelos diáconos ou sacerdotes ou, na falta deles, pelos leitores; neste caso, a parte de Cristo deve ser reservada ao sacerdote. A proclamação da paixão é feita sem os portadores de castiçais, sem incenso, sem a saudação ao povo e sem o toque no livro; só os diáconos pedem a bênção do sacerdote, como noutras vezes antes do Evangelho.

"Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem."
(Congregação para o Culto Divino. Paschalis Sollemnitatis sobre a preparação e celebração das festas pascais, n. 33; grifos meus)
A seção da Paschalis Sollemnitatis que trata da Celebração da Paixão do Senhor referencia o ponto anterior: "A história da paixão do Senhor segundo João é cantada ou lida, como no domingo precedente (cf. n. 33)"

"O leitor leigo pode mesmo ser chamado, na falta de ministros ordenados, a proclamar uma parte do Evangelho da Paixão do Senhor, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão do Senhor.

Na falta de um, dois ou três diáconos ou presbíteros, o Evangelho da Paixão e da Morte do Senhor pode ser proclamado por outros clérigos, ou mesmo por leigos, vestidos porém com vestes litúrgicas»."
(O Evangelho da Paixão (25/03/1965) apud Textos sobre o leitor litúrgico nos documentos da Igreja a partir do Vaticano II, n. 3; grifos meus)

Conclusão

Como se pode observar a partir da legislação litúrgica citada, ainda que a divisão tradicional em três partes não seja utilizada, não há menção alguma a participação do povo assumindo uma das partes da Proclamação da Paixão. (Aliás, não fosse a presença de retroprojetores ou projetores digitais em muitos de nossos templos, tal prática seria inviável.)

Para tornar mais claro um possível ordenamento para a Proclamação da Paixão, apresento um resumo abaixo, em ordem de preferência:
  1. Três diáconos;
  2. Na falta de um ou mais, sacerdotes (um deles faz a parte de Cristo);
  3. Na falta de um ou mais, leitores instituídos (clérigos ou leigos);
  4. Na falta de um ou mais, leitores extraordinários.
Uma configuração mínima seria o próprio celebrante lendo as falas de Nosso Senhor e dois leigos, leitores extraordinários, fazendo os papéis de narrador e dos demais interlocutores.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Reforma (não "deforma"!) arquitetônica: o caso da igreja de São João Batista em Nitéroi

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Por este Brasil afora vemos exemplos de reformas em igrejas que acabam suprimindo àqueles elementos da arquitetura sacra que mais contribuem para criar um espaço celebrativo adequado ao culto litúrgico. Tais reformas pautam-se geralmente por optar pelo minimalismo além de apropriar-se de conceitos próprios da arquitetura moderna, como a arte abstrata. Na raiz da questão, segundo a proposta do arquiteto suíço Le Corbusier, está o entendimento do templo como uma máquina. Não a "máquina para morar", como ele pretendia suas casas, mas a máquina para o culto litúrgico. Esta máquina, portanto, seria desprovida de alma, tornando-se um espaço frio, seco, sem vida: assim são muitas das igrejas construídas nas últimas décadas.

Na contramão desta indevida apropriação da arquitetura moderna para o templo católico, num movimento que já tem muita força me outros países, começam a surgir, também aqui, alguns exemplos de boa combinação dos elementos arquitetônicos modernos com nossa tradição litúrgica.

Trago aqui o exemplo da Paróquia São João Batista, em Tenente Jardim, Niterói, onde é pároco nosso já conhecido Pe. Demétrio Gomes. Vejam a reforma do presbitério e dos objetos litúrgicos que esta pequena comunidade conseguiu realizar em apenas dois meses:


Por que este presbitério é mais apropriado que o anterior?, poderia perguntar-se o caro leitor. Tento tratar de alguns pontos:
  • Como já mencionei, conseguiu-se pegar elementos arquitetônicos modernos, do nosso tempo, e usá-lo em consonância com a tradição litúrgica católica. Percebe-se, por exemplo, que o estilo é mais limpo, sem muitos detalhes nas paredes, contudo sem cair no minimalismo. Temos colunas, arcos, alguns relevos e outros detalhes que destacam certos elementos, como a cruz ao fundo do presbitério e as imagens nas laterais. Em seu modo, é uma aplicação arquitetônica da nobre simplicidade a que o Concílio Vaticano II se refere.
  • O presbitério antigo, por seu formato cúbico e pelas paredes vazadas, acabava colocando ambão e altar visualmente em uma mesma linha, por mais que fisicamente não estivessem assim. Isto causa uma certa perda de profundidade e de movimento, o que traz grande perda psicológica e espiritual (cf. JOHNSON, Cuthbert; JOHNSON, Stephen. O espaço litúrgico da celebração: Guia litúrgico prático para a reforma das igrejas no espírito do Concílio Vaticano II. 2006. Editora Loyola).
  • Agora são três os degraus da nave para o presbitério, segundo o costume do rito latino.
  • Também um degrau para o altar, que ganha mais destaque pela elevação.
  • Não é iconoclasta. Muitas reformas atuais substituem as imagens por ícones ou simplesmente removem-nas. Nada contra os belíssimos ícones, mas na Igreja Latina, ocidental, não sabemos ler e rezar com os ícones como os orientais, ao passo que as imagens nos transmitem uma sensação de familiaridade e proximidade. Além de seu uso ser incentivado pela Sacrosanctum Concilium.
  • E, finalmente, a reforma ficou harmoniosa com o restante da igreja, a transição da nave para o presbitério é gradual e não há um choque de estilos. É bem comum encontrarmos reformas que ficaram belas quando olhadas isoladamente, porém não combinam com o restante da igreja.
Há certamente outros pequenos detalhes que não percebi, mas estes me parecem suficientes para responder à pergunta.

Na Missa de Natal, quando se inaugurou o novo presbitério

Finalizo com as palavras do pároco, Pe. Demétrio Gomes, a respeito do novo presbitério:
Há três meses assumi o pastoreio de minha primeira paróquia. Naquela ocasião dissemos que o centro de nosso ministério seria a Santíssima Eucaristia. Não poderia ser distinto, pois dEla vive a Igreja.
No primeiro mês já tínhamos conseguido restaurar e adquirir todos os objetos litúrgicos, e lançamos uma proposta de um novo presbitério para acolher o Senhor em Seu Natal. Coisas de padre jovem e louco...
Nossa paróquia é pobre e não conta com muitos recursos, mas a fé dos fiéis superou as limitações materiais.
Compartilho com vocês o presente que, em apenas dois meses, conseguimos dar ao Senhor. Que esta obra seja apenas um reflexo da obra interior que queremos que o Divino Paráclito realize em cada um de nós!
Num dos comentários, o padre deu mais detalhes do acontecido, mostrando também o efeito pastoral de um presbitério mais apropriado:
"Todas as pessoas que frequentam a paróquia estão mais do que felizes com o novo presbitério. O número de fiéis multiplicou. Posso garantir-lhe que os fiéis sentem-se muito melhor acolhidos que antes! São pobres, mas têm fé e com muito bom grado dão o seu melhor para Deus. Precisava ver a alegria e as lágrimas de emoção nos rostos dos fiéis na noite de Natal!

O padre não impôs nada, apenas propôs e todos deram do seu pouco com muita alegria, e estão santamente orgulhosos, sentindo-se valorizado depois de anos…

O presbitério não tem nada de caro, não tem ouro nem nada precioso a não ser o Santíssimo Sacramento. Simplicidade não significa desleixo e mal trato com as coisas sagradas, muito menos com o Corpo do Senhor!

Além do mais, não há verdadeiro amor aos pobres sem a primazia do amor a Deus. Quando se inverte a ordem, deixa-se de amar a Deus, e o suposto amor aos pobres se converte em uma perversa ideologia que além de não comunicar-lhes o Evangelho, engana-lhes prometendo um paraíso terrestre.

Nunca vi uma paróquia que trate sem zelo as coisas de Deus cuidar dos seus pobres. O contrário? Tenho muitíssimos exemplos..."
É... salvar a liturgia é salvar o mundo, é salvar a fé!!!


E você, conhece outros exemplos de belas reformas arquitetônicas? Não deixe de comentar ou nos enviar as fotos para divulgação.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

E chamam a isso “liturgia”!

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Trazemos hoje um excelente texto postado por Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracaju, em sua página pessoal no Facebook, sobre as palavras do Cardeal Arcebispo Emérito de Bruxelas, Cardeal Godfried Danneels logo após o Sínodo sobre a Eucaristia:

O cardeal, afirma: “A indicação mais útil surgida no Sínodo foi a recomendação de celebrar bem a Missa. A primeira obra de evangelização é a própria liturgia. Se ela é bem celebrada, exerce uma força de atração e é já uma evangelização em si mesma. Não é necessário acrescentar coisas... O que é belo, atrai e desarma. Muitos bispos africanos e asiáticos falaram-me dos ‘prosélitos de porta’... aqueles pagãos que chegam à porta das igrejas atraídos pela beleza da liturgia. Sentem que algo importante acontece ali...”



O Cardeal recordou que a Eucaristia não é um simples banquete festivo, mas é primeiramente o Sacrifício de Cristo: “Depois do Concílio, colocou-se a ênfase na Eucaristia como banquete. Mas, a última ceia não foi simples banquete. Foi um banquete ritual e ao mesmo tempo sacrifical. Os apóstolos e Jesus não se encontraram no cenáculo somente para comer juntos... Reuniram-se para fazer memorial da ceia pascal dos judeus e comemorar a obra da salvação realizada por Deus no Egito”.

Daneels está certíssimo! Nunca esqueçamos que a Celebração eucarística não é uma folia, um teatro, uma invenção da cabeça de padre espertinho e de uma comunidade “criativa” em inventar modas! A Missa não é um festa – pelo menos não uma festa no sentido corrente do termo! Não é isso e nunca será isso!

A Missa é um sacrifício sagrado, santíssimo na forma ritual de banquete. Um rito não deve ser mudado, inventado, adulterado! O rito é algo sagrado e santo: deve ser simplesmente recebido e celebrado! Participar do rito não é inventar coisas, fazer coisinhas, pequenas atividades, mas sim deixar-se tomar por ele, invadir por ele: pelo silêncio, pelas palavras, pelos gestos sagrados, pela gravidade, pela piedade, pelo senso do mistério santo... Participa bem e frutuosamente do rito quem, invadido por ele e nele mergulhado, encontra o Santo, o Eterno, o Senhor tão íntimo, tão próximo e tão santo e aí, por Ele colhido e tocado, é transformado! Por isso mesmo, Jesus seguiu à risca o rito judaico e estabeleceu um novo rito, o rito eucarístico, que devemos celebrar com reverência, unção e respeito amoroso.

O Cardeal também ficou muito contente com a ênfase na adoração eucarística: “Vejo que tantos jovens a descobrem como uma coisa nova. Viu-se isso em Colônia e na adoração silenciosa dos meninos de primeira comunhão (com Bento XVI), na Praça de São Pedro. Os jovens apreciam uma fé anunciada sem enfeites, sem intermináveis preâmbulos e truques de pré-evangelização (ou seja, aquelas coisas que querem tornar a fé mansinha, fácil e agradável ao mundo). Eles são abertos a quem testemunha a sua fé cristã na liberdade, sem procurar convencer-lhes fazendo pressão sobre eles...”

O Cardeal está coberto de razão! Basta pensar em João Paulo II e Bento XVI... O Santo Padre Francisco, quando celebra, não faz gracinha para ninguém: celebra os santos mistérios e pronto: com gravidade e reverência.



Veja ainda o que ele diz: “Os sacramentos são gestos concretos, que utilizam sinais materiais. O sinal é sempre visível, mas é sempre apenas um sinal de “algo” invisível, a realidade mesma do sacramento, que nos é dada através do sinal. É aqui que está a força da liturgia! Este “algo” não é perceptível quando a liturgia se torna um teatro, uma autocelebração inventada por nós mesmos. Quando acontece isso, a liturgia torna-se algo pesado. Não tem sentido sair de casa para assistir todo Domingo à mesma peça teatral!”

Veja que a afirmação do Cardeal é perfeita. Se a liturgia for inventada pelo padre ou pela comunidade, não passa de um teatro chato e de mau gosto! Liturgia inventada é coreografia, é autocelebração que cedo ou tarda, cansa, mata de monotonia! O rito repetido sempre é mistério santificante; a coreografia é gesto humano que sempre tem que ser renovado pela criatividade e, ainda, assim, acaba enfadando! A liturgia somente encanta se for maior que o padre e que a comunidade, se for sagrada, se nos der a presença santíssima e misteriosa do Senhor Jesus, o Enviado do Pai!




E pensar que no nosso Brasil a gente tem que suportar cada celebração, cada invenção, cada criatividade! É dança “litúrgica”, é um palavreado vazio, é uma inflação de comentários, é um repertório de cânticos que não tem nada de litúrgico nem ligação alguma com o tempo litúrgico e o mistério celebrado, é aviso que não acaba mais, é palma pra lá e pra cá, é o mau gosto na ornamentação, é a bagunça nos paramentos inventados, é a falta de respeito ao texto do missal... E chamam a isso “liturgia”!

sábado, 28 de setembro de 2013

"A criatividade nunca esteve presente na Liturgia cristã" - Dom Henrique Soares da Costa

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Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
Criatividade. Este conceito nunca esteve presente na Liturgia cristã. É-lhe totalmente estranho!

Na antiguidade mais primitiva, não havia ainda textos litúrgicos formados. É natural, é claro: a Igreja não nascera feita! Fundada pelo Cristo-Deus, foi plasmada pelo Seu Santo Espírito, conforme Sua própria promessa.
Mesmo não havendo ainda textos fixos para o rito liturgico, havia, no entanto, esquemas fixos, que os ministros sagrados deveriam seguir à risca. Portanto, cada ministro, tanto quanto pudesse, uns mais, outros, menos, compunham as orações. Em geral, escreviam-nas antes. Mas, dentro de um esquema fixo. A palavra chave nunca foi criatividade, mas fidelidade à Regra de Fé da Igreja e à lex orandi, isto é, à norma de oração da Igreja.

Logo cedo, os primeiros formulários litúrgicos foram sendo colocados por escrito e fixados. Finalmente, no século IV, com a liberdade de culto concedida aos cristãos, surgiram os grandes textos litúrgicos no Oriente, como a estupenda liturgia de São João Crisóstomo, e do Ocidente (pense-se na antiquissíma Tradição Apostólica de Hipólito de Roma). No Ocidente, a formação dos grandes textos foi mais complexa por vários motivos históricos e culturais. Em todo caso, no séculos VI e VII já se tinham os grandes formulários litúrgicos e a soleníssima Missa Estacional romana, que influenciaria toda a liturgia da Missa da Igreja latina (a Igreja do Ocidente, da qual o Bispo de Roma é o Patriarca, além de Papa de toda a Igreja do Oriente e Ocidente).

Em toda esta complexa e rica evolução histórica nunca se teve em mira a criatividade, mas a ortodoxia. Aliás, a palavra ortodoxia significa reta fé (reta opinião) e também reto louvor, reta glorificação de Deus! Assim, na Celebração litúrgica, o importante, a finalidade é o reto louvor ao Senhor Deus, exprimindo a reta fé pelos ritos sagrados que tornam autuantes na vida de cada crente e de toda a Igreja a salvação celebrada. A criatividade como ideal, objetivo e valor em si simplesmente não faz parte da realidade litúrgica, ao menos não nos vinte e um séculos de história da Igreja do Ocidente e do Oriente. Sendo assim, cedo ou tarde, com a graça de Deus, a ideologia da criatividade litúrgica desaparecerá do horizonte da Igreja, pois não faz parte do genuíno sentir eclesial. É questão de tempo...

Para fins de ilustração, trago alguns exemplos que exemplificam o problema da criatividade e como ela termina por retirar o culto a Deus do centro da Liturgia:

"Missa Mágica"
"Missa fantoche"


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Espiritualidade pagã e espiritualidade cristã

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Todos nós conhecemos as críticas de Nosso Senhor Jesus Cristo aos fariseus por tratarem muitas vezes a observância da Lei cerimonial do Antigo Testamento de forma ritualista, supervalorizando o exterior e descuidando do interior. Creio eu que essa espiritualidade exterior possa ter sido influenciada pelo paganismo. Mas para isso, é necessário retrocedermos um pouco...

Em finais do século V a. C., o profeta Malaquias anunciava a indignação de Deus com relação ao desleixo dos sacerdotes judeus com o culto do Templo de Jerusalém (ofereciam pães profanados, animais coxos, enfermos ou com ossos quebrados, contrariando as prescrições levíticas do Pentateuco mosaico).  Logo após a repreensão, o Senhor anuncia, pela boca de Malaquias, uma nova e pura oblação. Os Padres da Igreja interpretaram essa oblação pura anunciada (a ser oferecida do nascer ao por do Sol em todo o lugar) como a Celebração Eucarística, a Santa Missa. Não é nosso objetivo nesse momento analisar a superioridade e plenitude do Sacrifício eucarístico da Nova Aliança com os sacrifícios da Lei antiga. O erro condenado por Deus na Profecia de Malaquias refere-se ao desleixo nos aspectos exteriores do culto, que muitas vezes torna-se reflexo do desleixo interior ou de uma compreensão errada da Misericórdia Divina e do dever de se fazer as coisas com empenho. Esse delito recorda-nos as banais oferendas de frutos de Caim, diferentes de Abel que buscava oferecer a Deus os melhores cordeiros de seu rebanho. A Deus devemos oferecer o que temos de melhor, sendo as pequenas coisas e as coisas exteriores reflexos de uma adoração interior.


Nos tempos de Jesus, ao que parece, o desleixo litúrgico havia decaído, sobrando talvez como centelha deste fenômeno apenas o comércio e câmbio monetário dentro dos átrios do Templo de Jerusalém. Flávio Josefo relata como o povo e os sacerdotes conservavam o silêncio durante os sacrifícios. No mundo pagão sob o Império de Roma, as coisas não pareciam estar tão diferentes: na passagem do séc. I a.C. para o I d.C. Otaviano César Augusto havia reformado a liturgia dos sacrifícios, restaurando os usos da tradição do povo romano, apoiando-se no caráter ritualista. O culto dos gregos e romanos (e de muitos povos idólatras com quem os judeus tiveram contato no Antigo Testamento) era ritualista, ou seja, baseava-se unicamente na perfeita execução dos elementos exteriores, dos ritos, nos seus mínimos detalhes (um único erro invalidava o sacrifício, tornando necessária sua completa repetição desde o início). Para isso é necessário que entendamos que na religião greco-romana a relação do home com a divindade era em sua essência uma relação de troca: o homem busacava agradar os deuses com sacrifícios, oferendas, libações, jogos, etc em troca de favores. A moral e as normas de conduta não integravam a religião, tendo sido objeto de reflexão dos filósofos e suas escolas. A religião era apenas mais um dos diversos departamentos da vida, tendo um aspecto doméstico (os deuses e ancestrais protetores da família e da casa) e o público (os deuses do universo, responsáveis pelo funcionamento do universo e de vários aspectos da vida). A religião pública era considerada um dos componentes das autoridades e magistrados, que legislavam sobre os ritos e sacrifícios, além de auxiliar materialmente a construção e preservação dos templos, santuários e altares públicos.

 
A mentalidade religiosa pagã pode ter penetrado com maior força entre os judeus sob o reinado de Herodes, o Grande. Herodes era filho de mãe judia e pai idumeu (os idumeus eram uma tribo árabe que havia sido submetida ao judaísmo sob a dinastia dos reis Asomneus) e parece não ter sido extamanete o que chamaríamos de um judeu convicto: quando esteve em Roma e recebeu a coroa da Judeia das mãos do triúnviro romano Marco Antônio, Herodes subiu ao templo do Monte Capitólio onde ofereceu um sacrifício a Júpiter. Embora Herodes tenha eliminado grande parte da aristocracia judaica que compunha o Sinédrio, conseguiu controlar o cargo de Sumo Sacerdote do Templo judaico o que fizeram também depois os governadores nomeados por Roma. Assim, a aristocracia do Templo era bastante influenciada pelos pagãos. Por outro lado, os fariseus buscavam acentuar a identidade judaica, pregando uma observância rigorista da Lei mosaica. Trata-se, naturalmente, do segundo erro extremo concernente ao culto: a supervalorização dos elementos exteriores em detrimento da vida interior. Opondo-se a isso, Nosso Senhor fala da verdadeira adoração como sendo "em espírito e verdade". A adoração deve refletir uma vida de santidade. 

A Lei mosaica era composta de dois elementos: prescrições morais (princípios de conduta com relação a Deus e ao próximo, do qual o centro é o Decálogo, os 10 mandamentos) e prescrições cerimoniais (alguns costumes, hábitos e formas de celebrar o Culto). Contudo, o historiador Paul Veyne aponta que o Cristianismo fora recebido no mundo romano com um certo ar de novidade ao combinar uma religião (relação homem-Deus, culto) com uma filosofia de vida (moral, normas de conduta). Tal fato pode nos levar a corroborar a veracidade das críticas de Jesus aos fariseus, corrente predominante nas diversas comunidades judaicas então espalhadas pelo Império. Ao mundo romano, a observância farisaica da Lei pode ter sido visto de forma muito semelhante a sua forma ritualista de encarar a religião. Basta lembrarmos que os Césares ordenavam oferecer em seu nome ocasionalmente sacrifícios no Templo de Jerusalém.

A liturgia deve estar unida a nossa vida: os ritos exteriores devem ser executados com amor e cuidado, mas sendo esse amor e cuidado um gesto de amor e carinho para com Deus, tal como um filho que prepara com toda dedicação um presente para seus pais, ainda que dentro de suas limitações. Tal como as nossas boas obras obras devem ser reflexo de uma Fé reta, a celebração da Sagrada Liturgia da Igreja deve ser um reflexo de uma vida santa de seus membros. No Ofertório da Missa, oferecemos nossos trabalhos, obras, orações, sacrifícios, afetos, intenções e nosso ser por inteiro juntamente com o Sacrifício de Cristo que se torna presente debaixo das aparências do Pão e do Vinho eucarístico
s. São Josemaría Escrivá escreveu que deveríamos amar a Santa Missa como sendo o centro de nosso dia, onde oferecêssemos nosso trabalho, apostolado, obras, intenções e ações de graças e onde nos muniríamos das graças necessárias para continuar nossos afazeres e dar testemunho cristão durante o dia, de forma que o dia tornasse um prolongamento da Missa celebrada. Tal pensamento vale igualmente para os que assistem missa diária quanto para os que assistem somenta a missa dominical.


Porventura não agem às vezes muitos cristãos como os maus sacerdotes do Antigo Testamento, desprezando o aspecto exterior do culto? Não agem outros no extremo contrário, achando que rendas e brocados e o barroco em larga escala converterão o mundo? Em nossas orações e participação da Missa não agimos muitas vezes com uma mentalidade de troca? Não estão em muitas almas as devoções corrompidas por essa barganha pagã? Que façamos essas perguntas em nosso exame de consciência e possamos cada vez mais ao participarmos da Liturgia unirmo-nos às intenções de toda a Igreja, buscando como Jesus no jardim das oliveiras aquele desejo de que "faça-se a Tua vontade e não a minha". E que esse participação ativa seja também frutuosa, refletindo em uma santificação de todas as nossas atividades cotidianas e de nossa relação com o próximo.


quarta-feira, 27 de março de 2013

Latim e Atabaque

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Nos três vídeos que se seguem podemos ver um belo exemplo de inculturação. Antes, contudo, é necessária uma breve contextualização. Os Missionários de Nossa Senhora da África, mais conhecidos como Padres Brancos, foram fundados pelo Cardeal Lavigerie com o intuito de evangelizar o continente africano. O Fundador, até como reflexo da sua estima pelos ritos orientais, levava em consideração as facetas culturais próprias dos povos evangelizados. Historicamente os Padres Brancos sempre foram liturgicamente flexíveis, sem que isso fosse visto como sinônimo de banalização da celebração. Muitos deles celebram em outras formas, como no rito malabar, no rito copta-etíope, no rito bizantino etc. 

Na África houve a necessidade de se adaptar alguns aspectos acidentais da celebração à sensibilidade típica. É importante destacar, entretanto, que esse processo de amadurecimento litúrgico não pode ser visto como uma negociação. O que está em jogo é a centralidade do mistério celebrado e, ao mesmo tempo, a milenar sabedoria da Igreja ao tratar das normas que regem a liturgia. Foi assim que os Padres Brancos começaram a introduzir instrumentos típicos africanos na Santa Missa, já bem antes do Concílio Vaticano II, sem que os ritmos distorcessem o ethos próprio.


Ademais, é importante destacar que nessa discussão a respeito da inculturação estamos tratando da cultura em seu aspecto mais essencial, isto é, como fundamento do modo como o homem se relaciona consigo e com o outro. Vale destacar, além disso, que o processo de adaptação cultural na liturgia, usando da chave de leitura apontada pela fenomenologia das religiões, parte da força simbólica de expressões do sagrado. Por isso que, para exemplificar, as palmas que em certas tribos africanas estão acrescidas de um marca sacral, no Brasil não passam de um gesto banal e cotidiano. O mesmo vale para instrumentos, como a percussão em geral. 


Tendo em vista todo esse o processo, os cantos em latim acompanhados de ritmos africanos, como os que podem ouvir nesses vídeos, são expressões singulares da inculturação. Não apenas existe um natural processo de inter-relação cultural entre os povos locais e os missionários estrangeiros, mas há,e muito principalmente, a elevação da cultura local em Cristo. Destarte, a inculturação não pode ser dissociada do reconhecimento das sementes do Verbo.


sábado, 13 de outubro de 2012

"Palmas na Santa Missa, pode ou não?"

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Por diversas vezes, já se falou sobre o tema, como pode ser comprovado, por exemplo, AQUI e AQUI. No entanto, é um tema que muitos fiéis ainda questionam a respeito. 

O fato é que têm circulado em diversos sites, blogs e redes sociais imagens como a seguinte:


Isso, baseando-se no seguinte vídeo, onde em diversas línguas, os comentaristas/tradutores do Vaticano pedem aos fiéis presentes na celebração da Santa Missa para não baterem palmas, gritarem, ou agitarem bandeiras para assim, não se perturbar a Ação Litúrgica:


É bom ter claro que, enquanto Papa, Bento XVI nunca disse tais palavras, mas, enquanto Decano dos Cardeais e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em seu livro "Introdução ao espírito da Liturgia", subentendeu-se tal afirmação que, em língua portuguesa, pode ser lida a explicação lógica, histórica, coerente e doutrinal a respeito das palmas durante a Santa Missa, quando trata da dança na Liturgia (grifos e ressalvas entre colchetes nossos):
"A dança não é uma forma de expressão cristã. Já no século III, os círculos gnóstico-docéticos [portanto, uma Heresia!] tentaram introduzi-la na Liturgia. Eles consideravam a crucificação apenas como uma aparência: segundo eles, Cristo nunca abandonou o corpo, porque nunca chegou a encarnar antes da sua paixão; consequentemente, a dança podia ocupar o lugar da Liturgia da Cruz, tendo a cruz sido apenas uma aparência. As danças culturais das diversas religiões são orientadas de maneiras variadas - invocação, magia analógica, êxtase místico; porém, nenhuma dessas formas corresponde à orientação interior da Liturgia do "Sacrifício da Palavra". É totalmente absurdo - na tentativa de tornar a Liturgia "mais atraente" - recorrer a espetáculos de pantomimas de dança - possivelmente com grupos profissionais - que, muitas vezes (e do ponto de vista do seu desígnio com razão), terminam em aplauso. Sempre que haja aplauso pelos atos humanos na Liturgia, é sinal de que a natureza se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero religioso. [...] A Liturgia só pode atrair pessoas olhando para Deus e não para ela própria; deixando-O ingressar e agir."
(RATZINGER, Joseph. Introdução ao espírito da Liturgia. 3ª Edição. Paulinas: Prior Velho, Portugal, 2010. pp. 146 e 147.)

Partindo do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, nos números 1362, 1366, 1382, 1409, a Santa Missa é o "Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor", aqui, procuramos demonstrar claramente que as palmas proibidas são aquelas ritmadas para acompanhar músicas.

Na Liturgia, como em tudo, existe o momento certo e adequado para cada coisa acontecer. Este tipo de acompanhamento (palmas) tem seus momentos específicos, como podemos verificar na celebração dos Sacramentos e Sacramentais, dentro da ou fora Missa, de acordo com as rubricas:

No Ritual do Batismo de Crianças:

76. A assembléia pode manifestar sua alegria com uma salva de palmas. A família acolhe o neobatizado com um beijo ou outro gesto de afeição.

No Ritual do Matrimônio:

65. [Após o Consentimento], O sacerdote convida os fiéis para o louvor a Deus, que respondem “Graças a Deus” ou outra fórmula de aclamação. [Palmas].

Introdução Geral: Ordenação de Diácono, Presbítero e Bispo, nº 11:

Compete às Conferências dos Bispos:

a) Definir o modo como a comunidade vai aprovar a escolha dos candidatos, de acordo com o costume da região (na Ordenação de Bispo, nn. 38 e 74; na Ordenação de Presbíteros, nn. 122, 150, 266 e 307; na Ordenação de Diácono, nn. 198, 266, 264 e 305).

Outros momentos oportunos:

·        Na criação de Cardeais, quando o Papa diz o nome do novo Cardeal, a assembleia na basílica costuma-se aplaudir. Também nalgumas celebrações quando antes dos ritos iniciais, o Ordinário do local dirige uma mensagem ao Papa, em geral se conclui com palmas. 

·        Na posse de Párocos, após a Profissão de Fé e Juramento de Fidelidade e após a alocução do novo pároco à comunidade, os fiéis também podem aclamá-lo com as palmas.

E isso, para se ter em conta que se trata de uma regra universal e válida, inclusive para os grupos que se utilizam das expressões corporais como forma de louvor a Deus e que fazem uso de danças e músicas ritmadas com palmas em suas reuniões. Não há problema que eles usem isso em suas reuniões, o problema é tentar adaptar a Liturgia ao seu grupo, como dito no texto do Cardeal Ratzinger.

Tenha-se claro que não se trata também de uma forma intimista ou uma "característica privada" de grupos; Antes, como uma "Lei" serve para coibir e mesmo alertar os fiéis a respeito de atos errôneos e os modos como evitá-los. Para isso servem as leis. E caso sejam infringidas, existem as penas a serem cumpridas, como a acusação durante a confissão sacramental.

Claro que não se pode entrar em méritos ou desméritos relativistas da contemporaneidade de que, "no fim das contas, o que importa é o coração, é o amor..." Sim! Importa sim o amor e o zelo com que toda ação litúrgica se volta para Aquele que é Amor, como sinal de retorno do dom recebido pelo "Deus-Amor."

Nem sempre questões religiosas podem ser respondidas com "pode" ou "não pode", visto que é algo muito simplista; Aqui não se trata apenas de uma restrição, mas de reflexões do Magistério sobre a Eucaristia. Muitas vezes, por detrás de um "não" que a Igreja dá, existe um valor tentando ser preservado. Às vezes um "não" que se dá em um determinado momento é para tentar corrigir situações que estão erradas, até poder dar um "sim" do jeito acertado. Um "não" bem dito, ajuda em um "sim" melhor acolhido posteriormente.

De toda forma, se nem para o Hino Nacional, em termos cívicos, batem-se palmas, como um ato de respeito, o que se dirá na Santa Missa!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A adoração eucarística é uma invenção medieval?

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Alguns teólogos sustentam que o suposto desvirtuamento da crença eucarística no segundo milênio da era cristã fez com que a Hóstia e o vinho consagrados fossem guardados longe do povo em armários chamados sacrários. É bem verdade que os receptáculos para armazenar a Sagrada Eucaristia, que hoje chamamos de sacrário ou tabernáculo, mudou de forma, material e local conforme os tempos, mas sempre teve o mesmo propósito: o de guardar a Santíssima Eucaristia em locais seguros e dignos.[1]  

O zelo pela Eucaristia era o motivo pela qual os primeiros cristãos muitas vezes calavam ou ocultavam suas celebrações dos pagãos e dos catecúmenos (aos quais era permitido assistirem somente a Liturgia da Palavra): evitar que o conhecimento do mistério eucarístico pelos inimigos da Igreja causasse profanações e sacrilégios contra o santíssimo dom do Corpo e Sangue de Cristo. As espécies eucarísticas eram objeto de adoração direta já nos primeiros séculos da Igreja. Temos o testemunho das disposições de um bispo de Corinto, escritas antes da Pax Constantiniana (313) e recolhidas nos estudos litúrgicos do Cardeal De Bona que permitem a comunhão em casa (haja vista ser difícil pelas circunstâncias das perseguições que todos os fiéis conseguissem tomar parte nas celebrações eucarísticas). O mencionado texto dispõe que o fiel deposite a Eucaristia em um altar (ou mesa comum com toalha, caso não haja oratório em casa), queime incenso, cante o Trisagion (a oração “Santo Deus, Santo Poderoso, Santo Imortal, tende piedade de nós!”), recite o Credo, ajoelhe e, somente depois destes gestos de clara adoração, poderia então comungar do Corpo de Cristo.[2] 

A Liturgia da Igreja sempre procurou incrementar os gestos, palavras e demais elementos externos que pudessem colocar em evidência a presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados. E foi com esse propósito que a Igreja instituiu a festa de Corpus Christi no século XIII.[3]

Desde os primeiros séculos da Igreja, os escritos buscavam realçar a identidade do corpo eucarístico com o corpo de Jesus, que padeceu na cruz.[4] Assim, Cristo está inteiramente presente nas espécies eucarísticas, inclusive com seu corpo e sangue que assumiu ao tomar natureza humana e que foi glorificado em Sua Ressurreição. Devemos, pois evitar a tese de certos teólogos de uma presença vaga e indefinida de Cristo na celebração eucarística, relegando à Eucaristia o aspecto de mera refeição de pacto entre amigos. A Eucaristia é um banquete sacrifical, na qual o pão e vinho transformados no próprio Cristo substituem o cordeiro pascal da Antiga Aliança. Verdadeiro Sacrifício, Sacrifício perfeito. Os ditos teólogos acusam-nos de termos uma crença em uma presença meramente biológica de Cristo na Eucaristia, dizendo que o vocábulo "corpo" usado nos Evangelhos significa a totalidade da Pessoa de Cristo. Ora, se Ele está presente com toda a Sua Pessoa na Eucaristia, não pode estar separado de Seu Corpo glorioso ressuscitado.

Neste Corpus Christi, renovemos nossa fé em que, debaixo das frágeis aparências do pão e do vinho está o próprio Jesus Cristo: o mesmo Jesus que nasceu em Belém sob o reinado de Herodes, que viveu e pregou na Palestina, que padeceu e foi crucificado sob Pôncio Pilatos, que ressucitou dos mortos, que subiu aos Céus com Seu Corpo Glorioso e está sentado à Direita do Deus Pai Todo-Poderoso.


______
Notas de Referência:

[1] Para mais informações sobre a História do Sacrário, vide: DIEHL, Rafael de Mesquita. A História e o sentido do Sacrário na Liturgia. In: http://www.salvemaliturgia.com/2010/07/historia-e-sentido-do-sacrario-na.html

[2] “O cardeal Bona, em seu Rerum liturgicarum, no nº 17, cita o texto das disposições emitidas por um bispo de Corinto, que permitem conhecer o rito de uma comunhão doméstica. “Se vossa casa for dotada de um oratório, depositareis sobre o altar o vaso que contém a Eucaristia. Se faltar o oratório, sobre uma mesa decente. Estendereis um pequeno véu sobre a mesa e lá depositareis as sagradas partículas; queimareis alguns grãos de incenso e cantareis o trisagion [o nosso Sanctus, ndr.] e o Símbolo; então, depois de terdes feito as genuflexões, em sinal de adoração, absorvereis religiosamente o Corpo de Jesus Cristo”.” PIACENZA, Mauro. O receptáculo da Eucaristia. In: Revista 30 Dias. Junho de 2005. In: http://www.30giorni.it/articoli_id_9093_l6.htm?id=9093

[3] "Embora a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, na nossa opinião é justo que, pelo menos uma vez por ano, se lhe reserve mais honra e solene memória. Com efeito, as outras coisas que comemoramos, compreendemo-las com o espírito e com a mente, mas não por isso alcançamos a sua presença real. Ao contrário, nesta comemoração sacramental de Cristo, ainda que seja de outra forma, Jesus Cristo está presente no meio de nós na sua própria substância. Com efeito, quando estava prestes a subir ao Céu, Ele disse: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20)" URBANO IV, Papa. Bula Transiturus de hoc mundo. 11 de agosto de 1264. Citado em: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/porquea-a-festa-do-corpo-de-deus3f

[4] Este texto do Pe. Wagner recolhe diversas citações de várias épocas sobre a Eucaristia como presença real de Cristo: http://pewagner.blogspot.com.br/2010/04/eucaristia-pao-da-vida-em-deus.html


terça-feira, 29 de maio de 2012

Arcebispo de Goiânia chama à fidelidade litúrgica e proíbe "orações de cura" durante a Missa

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Do site da CNBB:

Arcebispo de Goiânia não permite inserção de"orações de cura" na Missa  
O arcebispo de Goiânia (GO), Dom Washington Cruz, assinou decreto, no início de abril último, não permitindo a inserção de "orações de cura" durante a celebração da missa. O arcebispo lembra, no Decreto, que as orações de cura litúrgicas se celebrem segundo o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum.
Dom Washington Cruz
Veja a íntegra do Decreto:
Considerando 
• a Instr. Ardens felicitatis, da Congregação para a Doutrina da Fé (14 de setembro de 2000), na qual se afirma que «a própria Igreja na sua liturgia pede ao Senhor pela saúde dos enfermos» (n. 2); 
• o documento n. 53 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (27 de novembro de 1994), no qual se estabeleceu que «Nas celebrações, observe-se a legislação litúrgica [ ..] Não se introduzam elementos estranhos à tradição litúrgica da Igreja ou que estejam em desacordo com o que estabelece o Magistério ou aquilo que é exigido pela própria índole da celebração» (n. 40); 
• a competência do Bispo diocesano de «dar normas relativas à liturgia, às quais todos são obrigados» (cân. 838, § 4),

DECRETA 
- que as orações de cura litúrgicas se celebrem segundo o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum;
- que o uso de instrumentos de comunicação social, durante as orações de cura, tanto litúrgicas como não litúrgicas, seja submetido à vigilância do Bispo, conforme o cân. 823; 
- que não se insiram orações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, na celebração da Santíssima Eucaristia, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas. 
Consciente que "A intervenção da autoridade do Bispo diocesano é obrigatória e necessária, quando se verificarem abusos nas celebrações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, em caso de evidente escândalo para a comunidade dos fiéis ou quando houver grave inobservância das normas litúrgicas e disciplinares» (art. 10, Instr. Ardens felicitatis), estabelece que o presente decreto seja publicado e notificado no território da Arquidiocese. 
Dado em Goiânia, na sede da Cúria Metropolitana, aos 05 dias do mês de abril de 2012. 
Dom Washington Cruz
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
**

Que mais e mais bispos possam, como nossos pastores que são, repetir esta bela atitude de Dom Washington. Vivemos num tempo em que se tornou comum ouvir falar de "missa de cura", "missa disso" e "missa daquilo". Mas a Santa Missa não é entretenimento, e o centro da Liturgia deve ser Cristo. Essa corrida pela "(pseudo-)criatividade" litúrgica já levou a que padres disputem fiéis um com o outro. Isso é um fato!

Cristo deve voltar a ser o centro e, para que isso aconteça de forma mais eficaz, precisamos mortificar nossa vontade de atrair os fiéis de outras formas que não pelo próprio Cristo presente no Santo Sacrifício da Missa. Basta que sirvamos a Igreja como ela quer ser servida!

sábado, 14 de abril de 2012

Mulheres no “Lava-Pés”: Pode isso, Arnaldo?

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Missa do Lava Pés Papa Bento XVI 2011

 

Na Tradição da Igreja, desde o século V, quando se iniciou a memória do ato do lava-pés, mas ainda não formuladamente na quinta-feira santa, por se tratar da recordação da Instituição do Sacerdócio, do dom do serviço, por meio de HOMENS escolhidos pelo próprio Jesus, já se faz tal memória. Desde então, passou-se para a história como sendo um "ato de amor e serviço" d'Aquele que é o Pastor (o Papa, os Bispos) de um rebanho específico (Sacerdotes) que cuidam das ovelhas (os fiéis). Ainda perpassando a história da Igreja, por meio dos Concílios, sobretudo com Trento e Vaticano II, reforçou-se a salvaguarda de tal memória, para ressaltar e o caráter da "sucessão apostólica", primeiramente feita aos Bispos e, por conseqüência a todos os Sacerdotes que, em grego, recebem o nome de "Presbíteros", que significa "Ancião que serve". Por isso que se trata de um "Ato" - do latim, "actus", isto é, que ATUALIZA aquele primeiro feito.

Portanto, o lava-pés é a grande celebração do servir ao outro; do cumprimento do Grande Mandamento: "... e ao próximo...”. A repetição dos mesmos atos durante séculos tem um sentido místico e pedagógico profundo, não devendo ser introduzidas inovações no ato (como a utilização de mulheres e crianças e de colocar jarro e água para que fiéis lavem os pés de quem eles quiserem).

sábado, 24 de março de 2012

Existe Glória nas Missas da Quaresma?

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Continua sendo comum, quando estamos na Quaresma, que algumas pessoas perguntem se o Glória é proibido na Quaresma, ou se é permitido; ou então, surge algum relato de que o Glória foi usado em algum lugar, neste tempo litúrgico, e a dúvida sobre a licitude deste fato.

Afinal, qual é o procedimento correto?

Primeiro, estabeleçamos que o Glória não é exatamente proibido nem permitido; ele é usado ou omitido, de acordo com a indicação do Missal; temo que a ideia de "proibição" e "permissão" dê uma ideia de que o Glória possa ser usado à vontade ou omitido à vontade.

Isto não é verdade.

Na Quaresma, o Glória desaparece. No Tempo Comum, todo Domingo o fiel ouvirá o Glória; mas na Quaresma ele some.

Ninguém pode decidir colocar o Glória nas Missas da Quaresma. Faz parte da Liturgia da Igreja.

Entretanto, se ocorrer uma Solenidade ou Festa, o Glória reaparece. Por exemplo: a Solenidade de São José, em 19 de Março, sempre acontece no meio da Quaresma. Mesmo assim, tem o Glória.

Mas nos outros dias, não. Nem nos Domingos.

Li há poucos dias um relato de que em algum lugar se usou o Glória num Domingo da Quaresma: completamente errado. Importante ressaltar que o Glória não é usado nem mesmo no chamado Domingo "da alegria", o Domingo Laetare, 4º da Quaresma.

Em resumo: o Glória não se usa na Quaresma; exceto em caso de Festa ou Solenidade.

O Alleluia, por sua vez, desaparece completamente na Quaresma, sem exceção. Tal palavra fica completamente ausente da Liturgia (inclusive do Ofício Divino).Na Forma Extraordinária do Rito Romano (a Missa Tridentina), desaparece um pouco antes, no tempo litúrgico chamado Septuagésima.

Em resumo: Quaresma não tem Alleluia. Nunca. Sem exceção.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Podemos bater palmas nas Missas da Quaresma? - e outras questões

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O Salvem a Liturgia recebeu na caixa de comentários a seguinte mensagem, enviada por uma leitora, da qual constam algumas perguntas:

Gostaria de receber esclarecimentos com relação à palmas: neste momento que vivemos, o período da quaresma (sabemos que é um período de conversão e introspecção), em que situações pode-se tolerá-las (palmas)?

Porque já vi ministros (em outras situação, que não a quaresma) iniciarem as palmas em pleno canto de ato penitencial (um absurdo!).
Ontem, na saudação à Santíssima Trindade foi feito um canto em que foram suprimidas as palmas (... para louvar, e agradecer, bendizer e adorar... te aclamar(foi retirado pra não ter as palmas)... e foi emendado com " ...estamos aqui,Senhor, ao teu dispor" (pra finalizar o canto)") e uma bendita ministra, acredito que por enlevação, começou umas palmas bem fortes. Fiquei meio sem graça, pois foi dado a entender que eu tinha errado o canto. E agora, o que fazer da próxima vez?:
1-Canta-se o canto inteiro e como a gente aprendeu, independe de ser quaresma? (resultando nas palmas)
2 - Canta-se outro canto?
3-Ou continua-se com o canto, suprimindo as palmas?
Aproveitamos esta mensagem para esclarecer algumas questões, ainda que já tenham sido abordadas. Não podemos deixar de agradecer a confiança depositada em nosso apostolado.

Na Missa não se batem palmas nunca. Não importa quão festivo seja o dia.

Na Quaresma não paramos de bater palmas, simplesmente porque nunca começamos. Em nenhum tempo litúrgico se batem palmas na Missa. Nem mesmo na Páscoa.

Bater palmas no Ato Penitencial é absurdo, mas no Gloria também, no Sanctus, no Introito etc. As palmas são absurdas em qualquer parte da Missa.

A Santa Missa é o Sacrifício do Calvário tornado presente, e bater palmas em tal momento é simplesmente absurdo.

É de mau gosto e incorreto bater palmas ritmadamente para acompanhar música. Trata-se de mais uma influência de programas de auditório na Sagrada Liturgia.

O mesmo se aplica à bateria: temos visto com freqüência comentários sobre não usar instrumentos de percussão na Quaresma, o que inclui a bateria.

A autêntica música litúrgica não usa bateria nunca; este instrumento está tão ausente da Quaresma quanto do Tempo Pascal, do Tempo Comum, do Advento e do Natal e de qualquer celebração litúrgica.

Finalmente, o Sinal da Cruz não deve ser substituído por música. Deve ser simplesmente "Em nome do Pai..." pronunciado pelo sacerdote, com a resposta "Amém" pelos fiéis.

Portanto, fazemos um apelo no sentido de pararem de usar, no lugar do Sinal da Cruz, a música que usa este texto:
Em nome do Pai
Em nome do Filho
Em nome do Espírito Santo
Estamos aqui.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar, estamos aqui, Senhor, a teu dispor.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar, te aclamar, Deus trino de amor.
Este texto não é litúrgico, trata-se de invenção e acréscimo indevidos. Esta peça musical não deve ser usada.

Em resumo:

1 - Não se batem palmas ritmadas na Missa. Nunca. Em nenhum tempo litúrgico.

2 - Não se usa bateria na música litúrgica.

3 - Não se substitui o Sinal da Cruz por música nenhuma.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Prof. Carlos Ramalhete e a Missa das Crianças

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Criança não racionaliza, consegue perceber melhor que a gente não só o Mistério dos ofícios solenes, como o paternalismo insultante das "missas para criança". Criança odeia ser tratada como imbecil.

Aliás, das duas uma: ou eles ao ficar prestando atenção em musiquinha e palminha-bate e vão ignorar o Mistério, ou vão perceber o Mistério e ficar irritados com palminha-bate e tatibitate.

A melhor Missa pra criança é a mais solene, com canto gragoriano, incenso, trocentos acólitos, sinos que parecem vir de todos os lugares ao memso tempo, etc.

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