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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cardeal Burke sobre a importância da forma extraordinário no contexto atual e o enriquecimento mútuo

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Por meio do New Liturgical Movement chega-nos um artigo do National Catholic Register, onde o Cardeal Raymond Burke fala, entre outros assuntos, sobre liturgia. Mais especificamente, o atual prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica nos fala sobre a importância da forma extraordinária do Rito Romano na recuperação de um verdadeiro sentido litúrgico e sobre o mútuo enriquecimento de ambas as formas do Rito Romano, numa eventual “reforma da reforma”.

Foto: New Liturgical Movement

Segue nossa tradução de trecho do artigo supracitado:

O prefeito do tribunal [Cardeal Burke] também preocupa-se com a liturgia da Igreja, como membro da Congregação para o Culto Divino do Vaticano.

Ele é grato ao Beato João Paulo II e ao Papa Bento XVI por darem à Igreja “uma fonte de direção sólida” em relação ao culto, baseada na visão do Concílio Vaticano II de uma “liturgia centrada em Deus e não no homem”.

Aquela intenção não foi sempre percebida, disse ele, uma vez que o chamado do Concílio para uma reforma litúrgica coincidiu com uma “revolução cultural”.

Muitas congregações perderam seu “sentido fundamental de que a liturgia é o próprio Jesus Cristo agindo, o próprio Deus agindo em nosso meio para nos santificar”.

O Cardeal Burke disse que o maior acesso ao rito tradicional, conhecido como “forma extraordinária” do Rito Romano, tem ajudado a corrigir o problema.

“A celebração da Missa na forma extraordinária é cada vez menos contestada,” observou ele, “e as pessoas estão vendo a grande beleza do rito, como ele era celebrado praticamente desde o tempo do Papa Gregório Magno” no século VI.

Muitos católicos agora vêem que a “forma ordinária” da Santa Missa da Igreja, celebrada em línguas modernas, “pode ​​ser enriquecida por elementos desta longa tradição”.

Com o tempo, o Cardeal Burke espera que as formas antiga e moderna de Missa da Igreja Ocidental sejam combinadas em um rito normativo, um movimento que, segundo ele, o Papa também favorece.

“Parece, para mim, que o que ele [o Papa] tem em mente é que este enriquecimento mútuo aparentaria produzir naturalmente uma nova forma do Rito Romano – a 'reforma da reforma', se podemos chamá-la –, a qual eu acolheria e espero ansioso por seu advento”.

O barrete episcopal em Espanha

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Tradução da amiga e leitora Juliana F. Ribeiro Lima do original em Inter Vestibulum et Altare:

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Outra antiga e interessante particularidade do traje coral prelatício espanhol é a que moldou a forma do seu barrete. Esse típico chapéu eclesiástico que integra o traje coral dos nossos bispos e arcebispos (que hoje nunca sabem se o vestem, se o levam na mão, deixam no palácio ou até se o compram), foi até pouco mais de um século claramente mais distinto na Espanha do que no restante do mundo católico, onde o rígido e quadrado barrete romano tinha chegado, passando por cima das diferenças nacionais, que ficaram limitadas ao numero de pontas do barrete: três ou quatro, e que supunha ser o último estágio evolutivo do mórbido barrete medieval.

Mais semelhante a este último é o que usam os padres espanhóis, que hoje nos faculta imaginar como foi até pouco mais de um século, onde bispos e arcebispos se mostravam orgulhosos de seus tradicionais barretes redondos e de pontas, quase fossilizados na sua forma que remonta ao século XVI. Eram em tudo semelhantes aos de qualquer padre, com exceção da cor das bordas. Pois com exceção dos cardeais que sempre o receberam de Roma – e com a forma romana – de um lindo vermelho púrpura, que evoca o sangue dos mártires, o restante do clero sempre usou o barrete preto. Evidente que houveram usos e abusos, por isso se encontram quadros de bispos com cor roxa, cinza ou azul. A norma geral era que a borda fosse roxa, no caso dos bispos, mas os bispos espanhóis usavam, majoritariamente, a borda verde – típica cor episcopal. Uma reminiscência desse costume é a sobrevivência de idênticos chapéus como parte do traje coral dos cabidos espanhóis, que sempre procuraram imitar, em forma e cor, o traje dos bispos.

Certamente, diante daquelas particularidades do traje coral episcopal (linkar o artigo anterior), que já vimos que sobreviveram até metade do século passado, o barrete espanhol com o século XIX. A presença de um grande grupo de bispos espanhóis no Concílio Vaticano I propiciou a introdução gradual do modelo romano na Espanha, provavelmente muitos dos quais já usavam o barrete com a borda roxa, o que deixaria pronto o terreno para que com a Praeclaro Divinae Gratiae, de 3 de feveireiro de 1898, de Leão XIII, todos os bispos tivessem que trocar, prazerosamente, o barrete negro pelo roxo, terminando assim de extinguir a variante espanhola do barrete episcopal.

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Ilustram esse texto de cima a baixo:

- Retrato de Dom José Florez Osorio, bispo de Cuenca entre 1738 e 1759;

- Dom Pedro Souto Casas, bispo de Plasencia entre 1875 e 1906;

- Dom Federico León Aneiros, que governou a Arquidiocese de Buenos Aires, Argentina, de 1870 a 1894, primeiro como administrador, sendo bispo de Aulón e em seguida como seu segundo arcebispo. Dele também é a imagem, rezando, em cima de seu próprio túmulo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

"Liturgia - Mysterium salutis"

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Acabou de sair, em língua portuguesa, pela Editora Paulus (a princípio, em Portugal) o livro "Mysterium Salutis", do Mestre de Cerimônias do Papa Bento XVI, Monsenhor Guido Marini, "um livro simples e objetivo que aborda elementos muito específicos e atuais referentes à Liturgia. Enfatiza temas referentes ao "espírito" da Liturgia, como a atitude necessária para se celebrar e o significado da Adoração Eucarística. Procura ainda explicar algumas ações litúrgicas reintroduzidas pelo Papa Bento XVI, como a cruz sobre o altar e a comunhão de joelhos. Um excelente subsídio de [verdadeira] atualização e aprofundamento para os que se interessam por Liturgia, sejam leigos ou clérigos."

Valor: €  7,50
N.º Páginas: 64
Edição:
ISBN: 9789723015478
Dimensões: 11 x 20


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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O canto mozárabe

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Do blog do amigo Thiago de Moraes:

 

Num tópico sobre o rito moçárabe que está se desenvolvendo no Orkut, traduzi alguns textos sobre o canto moçarábico, e agora reúno o material aqui.

 

Inicialmente, uma parte de um dos capítulos do livro A Treasury of Early Music. Masterworks of the Middle Ages, the Renaissance and Baroque Era. Compiled and Edited, with Notes by Car Parrish (Dover Publications, INC):

 

A liturgia cristã na Espanha teve uma história estranha, e o antigo canto hispânico permanece praticamente um livro fechado até hoje em dia. Até mesmo o nome dado ao canto – moçarábico – é insatisfatório para muitos estudiosos; ele é derivado de “moçárabe”, isto é, dos cristãos que foram tolerados durante o governo mouro (do oitavo ao décimo-primeiro século) em Aragão, Castela e Leão. Só que o rito, em si mesmo, não mostra nenhum traço de influência árabe. O termo “visigótico” também é aplicado a esse rito e seu canto, em referência às tribos que conquistaram a Espanha vindas do Norte da Europa no quinto século; mas é provável que o canto seja mais antigo, já que a Espanha era cristã antes dos visigodos. A liturgia e seu canto foram supressos no décimo-primeiro século quando o rito romano foi introduzido em Aragão e Castela; em Toledo o rito moçarábico continuou a ser celebrado, mas o canto teve uma história diferente.

A supressão da liturgia moçarábica no final do décimo-primeiro ocorreu num tempo em que a notação neumática rapidamente se tornou comum no Ocidente. Os cantos do rito moçarábico não foram transcritos nesse tipo de notação pelos que sabiam as melodias tradicionais e, conseqüentemente, mesmo com muitos manuscritos ainda existindo, a notação no qual foram escritos resistiu a todas as tentativas de decifração.

Algumas dessas melodias jazem enterradas em livros litúrgicos escritos no décimo-sexto século. Nessa época foi feito um esforço para se restaurar o rito moçarábico; contudo, quando os estudiosos escreveram as melodias, impuseram a elas um caráter rítmico estranho ao original. Pesquisadores atuais restauraram o canto colocando melodias segundo o que eles consideram o ritmo original. 

 

O capítulo continua falando de maneira específica sobre o canto Gaudete Populi, que era um dos oito cantos variáveis usados no rito moçárabe (chamados Ad accedentes - para a aproximação) durante a comunhão dos fiéis (o Gaudete Populi era usado na Páscoa), mas eu não vou postar a minha tradução dessa parte do artigo porque não tenho como escanear a página do canto com sua notação (moderna).

 

Agora, a tradução e adaptação de um verbete retirado da New Catholic Encyclopedia (1967):

 

O repertório de cantos usados na liturgia visigótica da Igreja medieval na Espanha é conhecido como cantos do rito moçarábico. Esse estilo de canto chegou à sua maturidade entre 550 e 650, e foi fixado no tempo da invasão árabe (771). Ele é chamado moçarábico porque o termo descreve um cristão vivendo sobre a dominação árabe ou islâmica (seus manuscritos principais datam dessa época). Os códices mais importantes da liturgia visigótica-moçárabe que chegaram até nós estão preservados na catedral de Toledo; na Abadia de São Domingos, em Silos; na Abadia de São Milão, em Cogolla; na catedral de Leão; e na Universidade de Santiago, em Compostela. Esses códices, copiados nos séculos X e XI, possuem quase todo o repertório musical da igreja visigótica de Toledo, que data dos séculos VI, VII e VIII. O mais precioso deles é o Antifonário de Leão. Segundo os estudiosos, ele é uma cópia do começo do século X do Manuscrito do Rei Wamba escrito para a paróquia toledana de Santa Leocádia em 672. O antifonário começa com a festa de Santo Ascisclus (17 de novembro) e abarca os ofícios e missas de todo o ano eclesiástico.


Notação

O canto moçarábico tinha sua própria notação musical, mas a que está nos códices é ilegível, já que nenhum deles foi copiado sob a orientação de especialistas em música. Enquanto os códices gregorianos sem linhas foram transcritos em códices com linhas no século XI, os músicos espanhóis não fizeram o mesmo com suas melodias. Em conseqüência, as neumas visigóticas-moçárabes são legíveis apenas na extensão do número de suas notas. Não há meio de determinar as relações entre a altura tonal e as notas de uma neuma, nem sua conexão melódica com as neumas precedentes e seguintes. O tesouro melódico contido nas neumas é indecifrável sem a ajuda da posterior notação diastemática. E essa notação só foi achada em 20 das melodias preservadas. Em 12 fólios do manuscrito do Liber Ordinum do mosteiro de São Milão um sistema de notação da Aquitânea foi colocado sobre neumas moçarábicas apagadas. A comparação desses fólios com uma cópia do manuscrito que está no mosteiro de São Domingos em Silos, e que possui as neumas originais, serviu de chave na decifração das poucas melodias que conhecemos hoje. Tais melodias mostram que o canto moçarábico era monódico, com ritmo livre e com modalidade igual a do canto gregoriano. Elas exemplificam um estilo silábico, neumático e melismático.

Existem duas classes de escrita na notação moçárabe: a horizontal e a vertical. A escrita horizontal encontra-se exclusivamente nos códices de Toledo e de maneira muito fragmentada no códice português de Coimbra. Nesses códices as neumas são inclinadas para a direita. O códice de Silos e o Antifonário de Leão são escritos verticalmente. Todas as duas formas, entretanto, se originaram no scriptorium de Toledo.

Difusão

Através dos esforços de Carlos Magno na promulgação da Lex Romana, a França sacrificou sua própria liturgia e seu canto pelo romano. O efeito desse edito na Espanha foi paralelo à reconquista. A Lex Romana não triunfou em Aragão até 1071, e obteve sucesso em Navarra, Castela e Leão apenas em 1076. O rito moçárabe foi finalmente supresso por Roma em 1089, exceto em seis paróquias de Toledo. Ele continuou com muita dificuldade, tornando-se praticamente extinto até que o Cardeal Ximénes de Cisneros se tornou arcebispo. Ele recebeu uma concessão do Papa Júlio II em 1508 para fundar a capela moçarábica de Corpus Christi na catedral de Toledo. Os livros editados pelo Cardeal Cisneros preservaram algumas das melodias moçárabes numa forma corrupta, mas, mesmo assim, os especialistas os consideram de pouco valor em comparação com o tesouro indecifrável das melodias originais.

 

Exemplos de cantos moçárabes: 

 

Beatus vir:

Gloria (retirado do Antifonário de Leão):

Inlatio e Sanctus (equivale ao Prefácio no rito gregoriano):

 

A Inlatio (ou Illatio) moçarábica corresponde ao Prefácio do rito romano; D. Fernand Cabrol no seu A Missa dos Ritos Ocidentais diz o seguinte sobre ela:

 

(…) quase toda Missa tinha a sua própria; algumas delas compreendiam várias colunas de texto, e se fossem cantadas isso levaria pelos menos meia hora. Atualmente tenta-se descobrir quem foram seus autores. Podemos dizer, com segurança, que elas formam uma coleção dogmática essencial para o estudo da história da teologia na Espanha medieval, mas, também temos de confessar, esse estudo ainda é muito incipiente. São páginas que honram o conhecimento, a profundidade e a cultura dos teólogos espanhóis dos séculos V ao IX.

 

Na Catholic Encyclopedia (1911) lemos:

 

llatio ou Inlatio. Essa parte é chamada Prefácio no rito romano e Contestatio ou Immolatio no rito galicano. Com o Pós-Sanctus forma a quinta oração de Santo Isidoro. Exsitem Illationes própria para cada Missa. A forma é similar a do Prefácio romano, só que mais longa e difusa, como no rito galicano. Geralmente é precedida de um diálogo maior que o normal (…) A Illatio pode terminar de muitas maneiras, mas sempre fazendo referência aos anjos que levam ao Sanctus.

A Inlatio que postei (Inlatio da festa de São Tiago, seguida pelo Sanctus) tem uma curiosa referência a uma tradição medieval, registrada na Legenda Áurea, que conta que São Tiago curou um paralítico no caminho para sua execução, o que levou um dos executores, um escriba chamado Josias, a se converter prontamente e ser levado ao martírio junto com ele:

 

(…) per Jesum Christum Filium tuum, Dominum nostrum: in cujus nomine electus Jacobus, cum ad passionem traheretur, paraliticum ad se clamentem curavit, atque hoc miraculo cor illudentis sibi ita compulsit, ut cum sacramentis instinctum fidei faceret ad gloriam pervenire martyrii…

 

Speravit:

O ano litúrgico do rito gregoriano (tridentino)

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Do blog do amigo Thiago de Moraes:

Recentemente, na Apologética Católica do Orkut, o confrade Luis Fernando abriu um tópico intitulado "Guia da Liturgia Tridentina", com o objetivo de debater  sobre o calendário litúrgico do rito romano tradicional. Esse tópico é um espaço onde poderei desenvolver vários temas além da análise do ano litúrgico, mas, sobre o ciclo anual, postei um texto (com modificações no conteúdo e no estilo) retirado de uma apostila do Pe. Claudiomar, liturgista do Administração Apostólica São João Maria Vianney, que reproduzo agora aqui no blog.

Para começarmos a visualizar o ano litúrgico, nada melhor que um esquema que nos mostra ele de relance:

I) Ciclo do Natal:

1 - Tempo do Advento
2 - Tempo Natalício:
2.1 - Tempo do Natal: do Natal ao dia 5 de janeiro
2.2 - Tempo da Epifania: da Epifania ao Batismo de Jesus (6 a 13/01)

→ TEMPUS PER ANNUM (depois da Epifania)

II) Ciclo da Páscoa:

1 - Tempo da Septuagésima
2 - Tempo Quaresmal:
2.1 - Tempo da Quaresma
2.2 - Tempo da Paixão (Semana Santa)
3 - Tempo Pascal:
3.1 - Tempo da Páscoa
3.2 - Tempo da Ascensão
3.3 - Tempo de Pentecostes: festa e oitava

→ TEMPUS PER ANNUM (depois de Pentecostes)

Percebam que, no que se refere à catequese, o ano é dividido em duas grandes seções:

1) Uma primeira, que vai do Advento até Pentecostes, é essencialmente constituída pelos mistérios de Cristo: a Igreja recorda resumidamente os principais estágios da existência terrestre de Seu Esposo. Se nossa alma estiver pronta, essa representação será para nós uma fonte abundante de luz. Dessa viva representação, repetida todos os anos, tiramos um conhecimento profundo e seguro dos mistérios de Cristo, recebendo, na medida de nossa fé, as mesmas graças como se tivéssemos vivido com Nosso Senhor e assistido a todos os Seus mistérios. Assim, podemos nos assemelhar mais a Cristo.

2) A segunda parte é formada pela longa seqüência dos domingos de Pentecostes, o chamado tempo durante o ano, no qual a oração e o ensino da Igreja nos são ministrados com base permanente de sua vida, independente de qualquer circunstância particular. Podemos ver nessa segunda seção a vida da Igreja de sua fundação em Pentecostes até a vinda de Cristo nos últimos tempos.

Claro, no meio dessas duas seções também temos as festas dos santos e da Virgem Santíssima.

I) Ciclo do Natal

1 - Tempo do Advento

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Espiritualidade

A palavra Advento vem do latim, e quer dizer vinda: é o tempo litúrgico de oração e penitência em preparação para a festa do Santo Natal.

As quatro semanas do Advento representam o Antigo Testamento: os séculos nos quais os Santos Patriarcas, Reis e Profetas aspiravam pela vinda do Messias prometido por Deus.

Este tempo litúrgico celebra as três vindas de Nosso Senhor, como explica São Bernardo:

"No primeiro advento, Ele vem em carne e enfermidade; no segundo, Ele vem em espírito e poder; no terceiro, Ele vem em glória e em majestade; e o segundo advento é o meio pelo qual se passa do primeiro ao terceiro."

O primeiro advento já passou: foi o nascimento de Jesus em Belém, fato passado na história; nele, Jesus foi julgado injustamente pelos homens. Atualmente estamos no segundo advento, que é a vinda de Jesus pela graça em nossas almas: Nosso Senhor vem para nos tornar justos. O terceiro advento irá ainda realizar-se, mas não sabemos o dia nem a hora: é o juízo final, no qual Cristo julgará todas as coisas com eqüidade.

Estrutura e normas litúrgicas

a) O tempo do Advento consta de quatro domingos com suas respectivas semanas. Os domingos do Advento são todos de primeira classe, não admitindo nenhuma festa ou comemoração.

b) As férias são de terceira classe: assim, quando não há nenhuma festa dos santos, deve-se celebrar a Santa Missa do tempo, usando os textos do domingo anterior.

c) A partir de 17 de dezembro começam as chamadas férias maiores, que são de segunda classe: já não permitem as festas comuns dos santos (terceira classe).

d) O Advento é tempo de penitência, porém é menos rigoroso que a Quaresma. Nas missas do tempo não se ornamenta o altar com flores, exceto no terceiro domingo, quando se usam paramentos róseos. É muito importante destacar este espírito penitencial durante as funções litúrgicas.

e) Coro e organistas: durante o Advento (salvo o terceiro domingo) não se permite tocar o órgão, a não ser para acompanhar o canto. É importante fazer com que o canto expresse o tempo litúrgico, por isso é bom usar mais os hinos próprios desse tempo.

Celebrações de destaque

a) Festa da Imaculada Conceição (8/12 - primeira classe): é dia santo de guarda e uma das principais festividades marianas. A tradicional novena (que se aconselha fazer em todas as paróquias) começa no dia 29 de novembro.

b) Festa de Nossa Senhora de Guadalupe (12/12 - primeira classe): é a padroeira da América Latina. Embora não seja uma devoção muito popular entre nós, é sempre bom lembrar que se trata de nossa padroeira também.

c) Novena do Santo Natal (16 a 24/12): é a mais tradicional das novenas. É interessante cantar durante elas as "Antífonas Maiores" (também chamadas "Antífonas O") que a liturgia coloca no ofício das Vésperas. Normalmente é para o começo da novena que se monta o Presépio nas igrejas.

d) Vigília do Natal (24/12): é de grande valor restaurar a importância dessa vigília como um dia dedicado mais a oração e penitência, como preparação imediata para o Santo Natal.

2 - Tempo Natalício:
2.1 - Tempo do Natal: do Natal ao dia 5 de janeiro

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Espiritualidade

Depois da preparação de quatro semanas do Advento, chega o grande dia do Natal. A festa do Natal tem um ordenamento litúrgico muito especial: celebram-se três santas missas, tal é a grandeza do mistério. E isso, principalmente, porque Aquele que hoje nasce manifestou-se em três nascimentos. Ele nasce nesta noite da Virgem Bendita; Ele vai nascer por sua graça nos corações dos pastores, que são as primícias de toda a cristandade; Ele nasce eternamente no seio do Pai, nos esplendores dos santos. Este triplo nascimento deve ser honrado com uma tripla homenagem.

Nas três missas podemos ver presentes estes três aspectos do mistério do Natal; porém, podemos assinalar a cada Missa um aspecto principal. D. Guérranger, baseando-se no Evangelho que é lido em cada uma delas, ensinava:

» A Missa da meia-noite honra o nascimento de Jesus segundo a carne, narrado no Evangelho de São Lucas.

» A Missa da aurora honra o segundo nascimento de Cristo: o nascimento da graça e da misericórdia, que se realiza no coração de cada fiel, como aconteceu no coração dos pastores que foram visitar Jesus.

» A Missa do dia honra o nascimento eterno do Filho de Deus no seio do Pai, explicado de maneira maravilhosa no Prólogo do Evangelho de São João.

Estrutura e normas litúrgicas

a) A festa do Natal é de primeira classe, com oitava de segunda classe, sendo o oitavo dia (01/01) de primeira classe. Assim, durante toda a oitava (de 25/12 a 01/01) deve-se ornamentar o altar e a igreja de modo festivo.

b) A imagem do Menino Jesus pode ser exposta sobre o altar do dia 25/12 até o dia 01/01.

c) Coro e organistas: usar os hinos próprios do tempo do Natal. Tocar o órgão com melodias festivas.

d) Depois de 01/01 até a Epifania: são dias feriais comuns (quarta classe).

Celebrações de destaque

a) Durante a oitava do Natal, celebram-se festas de santos de muita devoção na Igreja Universal:

26/12 - Santo Estevão, Protomártir da Igreja

27/12 - São João Evangelista

28/12 - Santos Inocentes

b) Último dia do ano: há o costume de cantar o Te Deum de ação de graças diante do Santíssimo Sacramento exposto (quem participa pode lucrar indulgência planária).

c) O dia 01/01: é a oitava do Natal (primeira classe) e dia santo de guarda: festa da Circuncisão do Senhor e Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.

d) No dia 01/01 celebra-se também o Dia Mundial da Paz, quando o Santo Padre envia sua mensagem de paz ao mundo todo. É interessante aproveitar a ocasião para cantar hinos, fazer orações e até ornamentações alusivas à paz. Há também o costume em muitos lugares de se cantar o Veni Creator, pedindo luzes do Espírito Santo para conduzir o novo ano.

e) Festa do Santo Nome de Jesus: celebra-se no domingo entre 2 e 5 de janeiro, ou, caso não haja domingo, no dia 2 de janeiro.

2.2 - Tempo da Epifania: da Epifania ao Batismo de Jesus (6 a 13/01)

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Espiritualidade

A Epifania (quer dizer aparição, manifestação) é uma festa coletiva de três milagres que manifestaram Nosso Senhor:

"Hoje a estrela conduziu os Magos ao presépio, hoje nas bodas a água se tornou vinho, hoje Cristo quis ser batizado no Jordão para nos salvar" (Ad Vesp. antif. ad Magnificat)

Porém, se considerarmos em detalhe o múltiplo objeto desta solenidade, vemos que a Igreja romana celebra a adoração dos magos com maior destaque. A maior parte dos cantos do Ofício e da Missa o celebra, e os dois grandes doutores da Sé Apostólica, São Leão e São Gregório, falaram quase exclusivamente dos Santos Reis em suas homilias sobre a festa.

Dada esta preferência da Igreja pela primeira manifestação, foi necessário que as outras duas tivessem uma celebração em outros dias.

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Assim, a Igreja escolheu o dia da oitava da Epifania (13 de janeiro) para celebrar a comemoração do Batismo de Nosso Senhor (festa de segunda classe), e no segundo domingo após a Epifania se fixou o Evangelho das Bodas de Caná.

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O dia da manifestação de Jesus aos magos, primeiros pagãos que receberam o anúncio do Seu nascimento, deve nos fazer lembrar e agradecer a Deus o dom da fé. Ao mesmo tempo é ocasião de rezarmos e colaborarmos com a obra missionária da Igreja, para que Cristo se manifeste muito mais nas almas.

Estrutura e normas litúrgicas

a) A festa da Epifania é de primeira classe. Caso o dia 6 caia em dia de semana, pode ser comemorada no domingo seguinte. Ornamentação, cantos e órgão festivo.

b) Os dias que se seguem à festa são dias feriais normais.

Celebrações de destaque

a) Festa da Sagrada Família: celebra-se no domingo seguinte da Epifania. Data importante para destacar a família: fazer um trono para a imagem da Sagrada Família, cantar hinos alusivos à família.

b) Comemoração do Batismo de Jesus: dia 13 de janeiro.

→ TEMPUS PER ANNUM (depois da Epifania)

Espiritualidade

A partir do dia 14 de janeiro entramos no tempo durante o ano depois da Epifania.

Este tempo, que medeia entre os ciclos do Natal e da Páscoa, transcorre independentemente da celebração de qualquer mistério da vida de Nosso Senhor. Nele a Santa Igreja, unindo-nos à sua prece e reconhecendo-nos sua doutrina, vai nos inculcando o seu genuíno espírito.

O tempo depois da Epifania pode ter de um a seis domingos, o que vai depender da data em que cai a Páscoa. Os domingos que não podem ser celebrados quando a Páscoa cai muito cedo, são transferidos para depois do vigésimo terceiro depois de Pentecostes.

Estrutura e normas litúrgicas

a) O tempo durante o ano é o "tempo comum": não apresenta nenhuma norma litúrgica especial.

b) Os dias feriais são de quarta classe. No Ordo aparece sempre a cor litúrgica do tempo: a cor verde. Mas, por serem dias de quarta classe, o sacerdote é livre para celebrar missas votivas (assim a cor dos paramentos varia conforme a Missa escolhida pelo celebrante).

Celebrações de destaque

a) Apresentação do Senhor e Purificação de Nossa Senhora (02/02): dia da Bênção e Procissão das Velas. Ornamentação, canto e órgão festivos. Deve-se destacar o duplo aspecto da festa: o principal é Jesus luz do mundo; conjuntamente a tradição sempre honrou a virgindade e o exemplo de Nossa Senhora. Cerimônia: o celebrante usa capa e pluvial branca. Ajudantes: cerimoniário, dois acólitos e turiferário para a bênção; crucífero e tocheiros para a procissão.

b) O dia 2 de fevereiro também é o Dia Mundial da Vida Consagrada. A narração evangélica da apresentação de Jesus ao Pai no Templo, o exemplo de obediência e pobreza de São José e Nossa Senhora, e ainda a virgindade de Maria, sugeriram transformar este dia em um dia de orações por todos aqueles que se consagram a Deus sob alguma forma de vida religiosa.

II) Ciclo da Páscoa:

1 - Tempo da Septuagésima

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Espiritualidade

O tempo da Septuagésima compreende a duração das três semanas que precedem imediatamente à Quaresma. Ele forma uma das principais divisões do ano litúrgico e é repartido em três seções hebdomadárias: Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima. Como vemos, esses nomes expressam uma relação numérica com o nome Quaresma.

Este tempo foi criado para que nós, católicos, não entremos desprevenidos na Quaresma. Dado que ela é o grande tempo de conversão e renovação da Igreja, era necessário ir avisando os fiéis da sua chegada. Assim, o tempo da Septuagésima é uma espécie de tempo de exame de consciência, ou seja, é um tempo para refletirmos sobre nossos pecados pelos quais deveremos fazer penitência na Quaresma.

O próprio número setenta é simbólico: lembra os setenta anos do cativeiro do povo escolhido na Babilônia, símbolo do cativeiro do pecado, do qual Jesus veio nos libertar.

Estrutura e normas litúrgicas

a) Com a Septuagésima começa o tempo penitencial de preparação para a Páscoa: os paramentos são roxos, omite-se o Glória e o Aleluia em todos os ritos litúrgicos.

b) É um tempo de penitência moderada: pode-se ornamentar o altar com flores, mas é interessante já ir marcando a penitência com adornos mais sóbrios.

c) Coro e órgão: pode-se tocar o órgão, ficando proibidos todos os demais instrumentos (violino, flauta, etc.). Começar a cantar hinos penitenciais.

d) Durante a semana, quando não há festas de santos, são dias feriais normais.

Leitura

Carlos Ramalhete escreveu um texto sobre a Septuagésima:

http://www.salvemaliturgia.com/2011/03/septuagesima.html

2 - Tempo Quaresmal:
2.1 - Tempo da Quaresma

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Espiritualidade

Dá-se o nome de Quaresma ao jejum de quarenta dias pelo qual a Igreja se prepara para celebrar a festa da Páscoa; e a instituição desse jejum solene remonta aos primeiros tempos do cristianismo. O próprio Nosso Senhor inaugurou-o com Seu exemplo, jejuando quarenta dias e quarenta noites no deserto.

O homem é pecador, eis porque, mesmo depois dos mistérios divinos, pelos quais Cristo operou nossa salvação, a expiação faz-se ainda necessária. Por isso os Apóstolos, vindo em socorro da nossa fraqueza, estabeleceram, desde o começo do cristianismo, que a solenidade da Páscoa fosse precedida de um jejum universal. E, fundando-se no exemplo do Salvador, estabeleceram que tal jejum durasse quarenta dias. A instituição apostólica da Quaresma nos é atestada por São Jerônimo, São Leão Magno, São Cirilo de Alexandria, Santo Isidoro de Sevilha e outros.

Como o fervor cristão diminuiu muito através dos séculos, a Quaresma conservou-se como um tempo de penitência, mas o jejum ficou reduzido somente a dois dias: a quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa. Malgrado as variações dos séculos, a disciplina da Igreja conservou como essencial do jejum a redução da alimentação ordinária a uma só refeição por dia, acompanhada da abstinência de carne, alimentação não tão necessária para a vida.

A tradição da Igreja nos mostra a Quaresma como o tempo de praticar a oração, o jejum e a esmola: três grandes armas para alcançarmos de Deus nossa conversão.

E para nos ajudar a isso, a Santa Igreja julgou oportuno abrir a Quaresma pela imposição das cinzas na fronte culpável de seus filhos, repetindo a cada um as terríveis palavras do Senhor que nos condenaram à morte. No entanto, o uso da cinza como símbolo de humilhação e penitência, é bem anterior a esta instituição. O Antigo Testamento nos dá vários exemplos: Jó, Davi depois de seu pecado, os ninivitas, etc. Desde então se via a relação existente entre esta poeira de um ser material visitado pelo fogo, e o homem pecador, cujo corpo deve ser reduzido ao pó, pelo fogo da Justiça Divina. Para salvar pelo menos a alma do fogo da vingança celeste, o pecador recorria à cinza e, reconhecendo sua triste fraternidade com ela, sentia-se mais protegido da cólera d´Aquele que resiste aos orgulhos e perdoa os humildes.

Estrutura e normas litúrgicas

a) Todos os domingos da Quaresma são de primeira classe: não admitem nenhuma festa. As festas de primeira classe que caírem no domingo, devem ser transferidas para a segunda-feira.

b) Todos os dias da Quaresma são de terceira classe: não admitem as festas de santos de terceira classe.

c) A Quaresma é o tempo da grande penitência da Igreja: não se pode ornamentar o altar com flores; deve-se manter um ambiente de austeridade na igreja. – Exceção: no quarto domingo da Quaresma, em que se usam paramentos róseos, pode-se ornamentar o altar com flores.

d) Coro e órgão: Nas missas da Quaresma só se permite o órgão para acompanhar os cânticos. É tempo de cantar hinos penitenciais e alusivos à Paixão de Jesus. - Exceção: no quarto domingo da Quaresma, em que se usam paramentos róseos, pode-se tocar o órgão.

Celebrações de destaque

a) Quarta-feira de cinzas: abertura da Quaresma, dia de jejum e abstinência. Antes da Santa Missa, faz-se a bênção e imposição das cinzas. Para a cerimônia da bênção o celebrante usa pluvial roxo. Ajudantes: dois acólitos, um turiferário e um cerimoniário. Após as orações da bênção, o celebrante impõe incenso, asperge e incensa as cinzas. Em seguida começa a imposição.

b) Festa de São José (19/03 – primeira classe): pode-se tocar o órgão, música e ornamentação festiva. É interessante colocar em destaque a imagem de São José.

c) Festa da Anunciação de Nossa Senhora (25/03 – primeira classe): pode-se tocar o órgão, música e ornamentação festiva.

2.2 Tempo da Paixão

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Espiritualidade

Depois de ter proposto à mediação dos seus fiéis, durante as quatro primeiras semanas da Quaresma, os quarenta dias de jejum de Jesus Cristo, a Santa Igreja consagra à meditação das Suas dores, as duas semanas que ainda nos separam da festa da Páscoa. Ela não quer que seus filhos cheguem ao dia da imolação do Cordeiro Divino sem tê-los preparado pela compaixão aos sofrimentos que Ele suportou em seu lugar.

O tempo da Paixão abrange as duas semanas que precedem a festa da Páscoa. A razão é porque foi justamente duas semanas antes da Páscoa israelítica que teve início a Paixão de Nosso Senhor pelo decreto de morte lançado contra Ele, exequível em qualquer momento. Esta sentença injusta era consequência do milagre da ressurreição de Lázaro.

Muito marcante neste tempo litúrgico, é a cerimônia de velar as imagens de roxo. Segundo o piedoso pensar da Idade Média e da liturgia, a “igreja material” deve tomar parte da penitência da Igreja, Esposa de Cristo. Uma outra razão são as palavras do Evangelho do dia: "Jesus, escondeu-se". Esta cerimônia parece ser de origem galicana. Era conhecida na Gália já no século VII, na Itália por volta do ano 1000. A cruz velada no altar representa o grande mistério de Nosso Senhor que escondeu Sua divindade por nosso amor. Este heroísmo inflama o coração nobre a amar o Redentor, que foi capaz de tanta humilhação para alcançar aos filhos adotivos de Deus a glorificação do Céu.

Estrutura e normas litúrgicas

a) Segue os padrões do tempo da Quaresma: os domingos são de primeira classe e as férias da primeira semana são de terceira classe.

b) As imagens devem ser veladas de roxo na tarde do sábado anterior ao Primeiro Domingo da Paixão.

c) Coro e organista: mesmas normas da Quaresma.

Semana Santa

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Espiritualidade

Incluída dentro do tempo da Paixão, a Semana Santa é o centro, o cume de todo o Ano Litúrgico, por celebrarem-se nela os grandes mistérios da nossa Redenção. Assim sendo, a Santa Igreja, para celebrar dignamente tão santos mistérios, estabeleceu desde muito cedo, cerimônias especiais que deixassem a memória destes bem gravada nos fiéis. Os ritos da Semana Santa são os mais antigos e veneráveis da liturgia católica romana, ocupando um lugar único em todo o ano eclesiástico.

A Igreja vai fazer questão de acompanhar passo a passo os últimos momentos da vida mortal de seu Esposo Divino, buscando recolher os mais abundantes frutos de salvação para seus filhos. A Semana Santa é um tempo de profunda reflexão para todos os fiéis, por isso, mais do que nunca, é tempo de participar o melhor possível de todas as funções sagradas e atos de devoção da Igreja.

Vejamos cada dia da Semana Santa em particular. Para os detalhes das cerimônias consultar as rubricas do Missal de altar ou obras especializadas, como o curso de liturgia que está na biblioteca da comunidade Apologética Católica:

http://www.4shared.com/document/bVaCjYLG/Curso_de_Liturgia_-_Pe_Joo_Bat.html

Domingo de Ramos

Recorda-nos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Neste dia a cerimônia possui duas partes:

a) Benção e procissão dos ramos: é a parte festiva, na qual aclamamos Cristo Rei:

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»Os paramentos são vermelhos e pode-se ornamentar o altar com ramos.

»Coro: além dos cantos litúrgicos, para a procissão pode-se cantar hinos populares em honra de Cristo Rei.

b) Santa Missa da Paixão: é a parte penitencial, que nos fala da Paixão de Jesus, cujo relato se lê no Evangelho de São Mateus.

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Os paramentos são roxos.

De Segunda a Quarta-feira Santa

Estes três dias são de primeira classe: seguem as normas gerais do tempo da Paixão e neles não há nenhuma cerimônia litúrgica especial. São dias centrados na meditação da Paixão de Jesus, que se lê na terça-feira santa segundo o Evangelho de São Marcos, e na quarta segundo São Lucas.

Quinta-feira Santa

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Abertura do Tríduo Sagrado. Neste dia comemoramos a Última Ceia, na qual Jesus nos deu o Mandamento novo da Caridade e instituiu a Santa Missa, a Comunhão e o Sacerdócio Católico.

a) Por ser a instituição da Eucaristia, deve-se ornamentar o altar como em dias festivos. É interessante usar motivos eucarísticos como uvas, trigo... O altar da reposição, onde o Santíssimo ficará para adoração até a meia-noite, deve ser adornado o mais ricamente possível.

b) Coro e órgão: música festiva até o Glória. O órgão é permitido até o fim do Glória, depois será totalmente silenciado até a Missa da Vigília Pascal.

c) Lava-pés: acontece durante a Santa Missa, após a homilia.

Sexta-feira Santa

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Dia do grande luto da Igreja: dia da Paixão e Morte de Nosso Senhor, dia de jejum e abstinência. Neste dia não se celebra a Santa Missa: a Paixão de Jesus é recordada na Solene Ação Litúrgica pós-meridiana (antes da reforma de Pio XII era chamada de Rito dos Pré-Santificados).

a) A cerimônia da Ação Litúrgica tem quatro partes:

I - Leituras e Paixão (paramentos pretos).

II - Orações Solenes nas grandes intenções da Igreja (paramentos pretos).

III - Adoração da Cruz (paramentos pretos).

IV - Comunhão (paramentos roxos).

b) Coro: além dos cantos litúrgicos, hinos em honra da Paixão de Jesus e hinos penitenciais.

Sábado Santo

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É a noite mais sagrada de todo o ano litúrgico, quando a Santa Igreja vela em oração, esperando o triunfo de Nosso Senhor.

a) A Solene Vigília Pascal possui as seguintes partes:

I - Bênção do fogo novo e do Círio Pascal; canto do Precônio (anúncio) Pascal.

II - Leituras das Profecias do Antigo Testamento.

III - Primeira parte da Ladainha de Todos os Santos.

IV - Bênção da Água Batismal (e batizados se houver).

V - Renovação das Promessas do Batismo e aspersão do povo com a água lustral.

VI - Segunda parte da Ladainha.

VII - Solene Missa da Ressurreição.

b) Ornamentação: o altar (atrás da cortina) deve ter a melhor ornamentação do ano: é a Páscoa, triunfo de Nosso Senhor.

c) Coro e órgão: durante a Vigília cantam-se os cantos litúrgicos, não se toca o órgão. Na Santa Missa: órgão e música festiva.

3 - Tempo Pascal:
3.1 - Tempo da Páscoa

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Espiritualidade

Dá-se o nome de Tempo Pascal ao período de cinco semanas que vai desde o Domingo de Páscoa até o sábado depois de Pentecostes. Esta porção do ano litúrgico é a mais sagrada, e para ela converge todo o ciclo litúrgico: é a Ressurreição, a vitória de Cristo Nosso Senhor.

A eternidade feliz é a verdadeira Páscoa. É por essa razão que a Páscoa da terra é a festa das festas, a solenidade das solenidades. O gênero humano estava morto, e Nosso Senhor, ressuscitado, lhe devolve a vida. A Igreja quer, então, que nos olhemos sempre como ressuscitados com Cristo, como já em possessão da vida eterna. Dizem os Santos Padres que os cinqüenta dias do Tempo Pascal são figura da eternidade. Eles são consagrados inteiramente à alegria, e a Igreja não sabe dizer nenhuma palavra a Seu Esposo sem misturá-la com o Aleluia.

A prática do Tempo Pascal se resume na alegria espiritual que este santo tempo deve produzir nas almas ressuscitadas com Cristo, alegria que é um antegozo da felicidade do Céu; o cristão deve manter-se nele, buscando sempre mais ardentemente a vida que está no Divino Mestre, fugindo com energia constante da morte, filha do pecado. Nos diz São Paulo que "Cristo, ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não O dominará. Morto uma só vez, Ele morreu para o pecado; mas, agora Ele vive, e vive para Deus” (Romanos IX, 10). Ora, nós somos membros de Cristo e, portanto, Sua sorte deve ser a nossa.

Estrutura e normas litúrgicas

a) A oitava da Páscoa é toda de primeira classe, não permitido nenhuma outra festividade: toda a semana deve apresentar ornamentação festiva.

b) O Tempo Pascal é todo tempo de alegria. Os dias feriais são comuns, de quarta classe.

c) Círio Pascal: permanece em seu candelabro do lado do Evangelho durante todo o Tempo Pascal. Deve ser aceso nas missas paroquiais e missas cantadas. Pode ser aceso em todas as missas que se celebram com certa solenidade ou até em todas as santas missas. Acende-se primeiro o círio e depois as velas do altar; após a Missa é o contrário, o círio é a último a ser apagado.

Celebrações de destaque

a) Domingo de Páscoa e sua Oitava: são os oito dias de maior festa da Igreja.

b) Ladainhas Maiores (25/04): dia de Procissão com o canto da Ladainha de Todos os Santos.

c) Dia do Bom Pastor: é o segundo domingo depois da Páscoa; dia de orações pelas vocações sacerdotais.

d) Festa de São José Operário (01/05).

e) Ladainhas menores ou Rogações: são celebradas nos três dias que precedem a festa da Ascenção; procissão com o canto da Ladainha de Todos os Santos.

f) Festa de Nossa Senhora Rainha (31/05): deve-se fazer a consagração ao Imaculado Coração de Maria, composta pelo Papa Pio XII.

3.2 - Tempo da Ascensão

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Espiritualidade

A festa da Ascensão pertence às mais antigas da Igreja. Eusébio (+ 339) chama-a um dia soleníssimo. A vigília é do século IV. A solenidade de hoje é o complemento dos mistérios de Nosso Senhor, e é do número das festas instituídas pelos próprios Apóstolos, como diz Santo Agostinho. Por fim, ela veio santificar mais uma vez a quinta-feira, dia já especial pela instituição da Eucaristia.

O dia de hoje respira alegria e triunfo. O triunfo de Nosso Senhor é a causa da alegria de Seus discípulos; por isso diz São Lucas que os discípulos voltaram a Jerusalém “cheios de uma viva alegria”.

Estrutura e normas litúrgicas

a) São as mesmas normas gerais do Tempo Pascal.

b) Na Santa Missa da Ascensão, após a leitura do Evangelho, apaga-se o círio pascal.

Celebrações de destaque

a) Festa da Ascensão (primeira classe): dia de grande solenidade (ornamentação e música festiva).

b) Novena ao Divino Espírito Santo: começa na sexta-feira, dia seguinte à Ascensão. Aconselha-se fazer em todas as paróquias.

c) Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: celebra-se em todo o Brasil desde o domingo depois da Ascensão até o dia de Pentecostes. São dias de orações especiais pela conversão dos cismáticos e hereges, para que haja "um só rebanho e um só Pastor". Recomenda-se celebrar uma Missa votiva pela unidade da Igreja.

3.3 - Tempo de Pentecostes: festa e oitava

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Espiritualidade

Fundado sobre um passado de quatro mil anos às figuras, o Pentecostes cristão, o verdadeiro qüinquagésimo, é do número das festas instituídas pelos próprios Apóstolos. É o dia que celebra a Missão do Divino Espírito Santo, que desceu sobre os Apóstolos no Cenáculo. Sob a ação do Espírito Santo, celebramos também hoje a promulgação da Igreja, que, com a primeira pregação de São Pedro, começa sua missão de levar o Evangelho até os confins da Terra.

A Oitava de Pentecostes é, depois da de Páscoa, a mais solene da Igreja. Todos os seus dias são de primeira classe. Durante toda ela, a Igreja se ocupa em considerar a misteriosa e sublime ação do Espírito Santo nas almas. As epístolas, tiradas dos Atos do Apóstolos, narram a ação do Espírito nas comunidades cristãs, quer pela administração do Batismo, quer mesmo de modo visível e com carismas sobre os fiéis.

Com esta oitava, a sucessiva série dos mistérios e o ciclo móvel da Santa Liturgia chega a seu termo.

Estrutura e normas litúrgicas

a) A festa e oitava de Pentecostes têm as mesmas características da oitava da Páscoa: são de primeira classe e não admitem nenhuma outra festividade.

b) Durante toda a semana: ornamentação, órgão e música festivos.

→ TEMPUS PER ANNUM (depois de Pentecostes)

Espiritualidade

A Santa Liturgia nos introduz agora num período novo, totalmente diverso dos que percorremos até agora. Toda a série dos divinos mistérios se consumou, e nós ainda não chegamos ao meio do ano. Esta última parte do ano não está por isso desprovida de símbolos, mas, em lugar de excitar nossa atenção sobre uma ação que se realiza no tempo, a liturgia nos oferecerá uma sucessão quase que contínua de episódios variados, uns gloriosos, outros tocantes, trazendo cada um seu elemento especial para o desenvolvimento dos dogmas da fé, ou para o progresso da vida cristã.

Para bem compreender a intenção e o alcance desta parte do ano litúrgico, é necessário considerar toda a série dos mistérios que a Igreja celebrou conosco desde o Advento até a Ascenção. Neste período, através das celebrações, segundo expressão de São Paulo, “Cristo formou-se em nós” (Gálatas IV, 19).

Mas, a vinda do Espírito Santo era necessária, para crescer a luz, para aquecer nossas almas num fogo permanente, para considerar e manter em nós a imagem de Cristo. Descendo, este divino Paráclito deu-se a nós, e Ele quer residir em nossa alma e dominar nossa vida regenerada. Ora, esta vida que deve correr conforme a de Cristo e sob direção do Espírito Santo, é figurada e expressada neste tempo depois de Pentecostes.

São dois os objetos que se apresentam a nós durante este período:

a) A Santa Igreja: celebramos a vida da Igreja, que, com o verde da esperança, caminha na Terra desde Pentecostes até o fim do mundo, continuando a obra de Jesus sob a ação do Espírito Santo. Sendo este tempo a celebração da vida eclesial, nele abundam as festas dos santos, frutos da santidade da Esposa de Cristo no mundo.

b) A alma cristã: quanto à alma fiel, cujo destino é como um resumo do da Igreja, sua marcha durante este novo período deve ser análoga à de nossa mãe comum. Ela deve viver e agir segundo Cristo, que a ela se uniu na série de seus mistérios, e segundo o Espírito Santo que ela recebeu. Assim, a alma irá aspirar à consumação n´Aquele que ela conhece, e em cuja possessão entrará por meio da morte.

Estrutura e normas litúrgicas

a) O tempo durante o ano é o “tempo comum”: não apresenta nenhuma norma litúrgica especial.

b) Os dias feriais são de quarta classe. No Ordo aparece sempre a cor litúrgica do tempo: verde. Mas, por serem dias de quarta classe, o sacerdote é livre para celebrar missas votivas e, desse modo, a cor dos paramentos varia conforme a Missa escolhida pelo celebrante.

Celebrações de destaque

É bom lembrar sempre o princípio de destacar as festas segundo sua classe, através da ornamentação e da música. Assim, as de primeira classe devem contar, sempre que possível, de ornamentação e hinos festivos.

1. Festas do Senhor

a) Festa da Santíssima Trindade: primeiro domingo depois de Pentecostes (primeira classe).

b) Festa de Corpus Christi: quinta-feira após o primeiro domingo depois de Pentecostes (primeira classe). Quando a procissão é feita logo após a Santa Missa, deve-se consagrar na hora da celebração a Hóstia que será levada.

c) Festa do Sagrado Coração de Jesus: sexta-feira após a oitava de Corpus Christi (primeira classe). É interessante ornamentar um trono para a imagem do Sagrado Coração. Diante do Santíssimo Sacramento exposto deve-se renovar o Ato de Consagração ao Coração de Jesus (Papa Pio XI).

d) Festa do Preciosíssimo Sangue de Jesus: 01/07 (primeira classe).

e) Festa da Transfiguração de Jesus (Santíssimo Salvador; Senhor Bom Jesus): 06/08 (segunda classe).

f) Festa da Exaltação da Santa Cruz: 17/09 (segunda classe).

g) Festa de Cristo Rei: último domingo de outubro (primeira classe). Diante do Santíssimo exposto deve-se renovar o Ato de Consagração ao Coração de Jesus (Papa Pio XI).

h) Dedicação da Arquibasílica do Santíssimo Salvador (São João de Latrão, em Roma): 09/11 (segunda classe).

2. Festas de Nossa Senhora

a) Visitação de Nossa Senhora: 02/07 (segunda classe).

b) Assunção de Nossa Senhora: 15/08 (primeira classe). É a principal festa mariana do ano.

c) Imaculado Coração de Maria: 22/08 (segunda classe). Nesse dia renova-se a Consagração ao Imaculado Coração de Maria (Papa Pio XII).

d) Natividade Nossa Senhora: 08/09 (segunda classe).

e) Nossa Senhora das Dores: 15/09 (segunda classe).

f) Nossa Senhora do Rosário: 07/10 (segunda classe).

g) Maternidade de Nossa Senhora: 11/10 (segunda classe).

h) Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil: 12/10 (primeira classe).

3. Festas dos Santos

a) Natividade de São João Batista: 24/06 (primeira classe).

b) São Pedro e São Paulo: 29/06 (primeira classe). Neste dia (ou no domingo seguinte) celebra-se o “dia do Papa”, com a tradicional coleta do Óbulo de São Pedro.

c) São Miguel Arcanjo: 29/08 (primeira classe).

d) Todos os Santos: 01/11 (primeira classe).

4. Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos – 02/11

A Igreja não se esquece dos seus filhos que estão sofrendo a dura purificação do Purgatório. Assim, ela reserva um dia especial em seu calendário para rezar por essas almas, é o dia 2 de novembro. Neste dia é tão grande o desejo da Igreja de aliviar as penas de seus filhos padecentes, que a liturgia permite a todos os sacerdotes celebrar três missas, e todo o Ofício Divino recebe uma ordenação especial para sufragar as almas.

5. Jornadas importantes

Há alguns dias que devem ser celebrados de modo especial durante o ano:

a) Aniversário da eleição do Santo Padre (atualmente 19 de abril).

b) Aniversário de ordenação do bispo.

c) Aniversário de ordenação do pároco.

d) Dia Mundial das Missões (penúltimo domingo de outubro): dia de orações e de fazer coleta pelas missões católicas.

e) Semana Nacional da Família (do segundo ao terceiro domingo de agosto): é interessante ornamentar um trono para a imagem da Sagrada Família. Escolher hinos alusivos.

f) Dia do Nascituro (8 de outubro), precedida pela Semana de Defesa e Promoção da Vida. Orações nessas intenções.

OBS: em relação aos dias santos, vale lembrar que as festas do padroeiro da paróquia e do da diocese são de primeira classe, e que, no Brasil, certas festas foram transferidas para o domingo seguinte (o rito gregoriano segue o rito novo nisso), ou, como o caso de Corpus Christi, em parte do Nordeste, as dioceses postergam ou mesmo antecipam a comemoração.

Conclusão

Que estas reflexões nos ajudem a compreender a importância do nosso papel na liturgia da Igreja. Cumprindo bem nossas funções no altar, no coro, no órgão, etc., estamos colaborando para comunicar aos fiéis todos os tesouros dos mistérios que Jesus realizou para nossa salvação.

Cumpramos com amor e espírito sobrenatural nosso papel na celebração do Santo Sacrifício e que nós mesmos sejamos os primeiros a aproveitar as graças que Nosso Senhor quer nos conceder através dos ciclos litúrgicos.

Bibliografia

Congregazione per il Culto Divino - Direttorio su Pietà Popolare e Liturgia (Vaticano, 2002).

Guéranger OSB, Prosper - L´Anné Liturgique.

Missale Romanum - Rubricae Generales.

domingo, 27 de novembro de 2011

Missa Solene (forma extraordinária) em São Gonçalo, RJ

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Missa Solene na Forma Extraordinária do Rito Romano na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, situada no bairro Patronato na cidade de São Gonçalo no RJ - Arquidiuocese de Niterói.

A Santa Missa foi celebrada pelo já nosso conhecido Pe. Anderson Batista, e o francês Pe. Julien Louis, IBP, oficiou como diácono, bem como o brasileiro Diác. Daniel, IBP, como subdiácono.

Foi realizada neste domingo no horário de missa normal da Paróquia: a igreja lotou. A homilia foi feita pelo Padre Julian.

 

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