Pois é, padre, se o senhor gostou, então por que em Roma tem incenso e em sua paróquia não? Se o senhor gostou, então por que em Roma há canto gregoriano e polifonia sacra e em sua paróquia só música religiosa popular, muitas vezes de péssimo gosto estético e letras pobres e fracas? Se o senhor gostou, então por que em Roma a Missa foi em latim e em sua paróquia nem mesmo um “Dominus vobiscum” se ouve? Se o senhor gostou, então por que em Roma o Papa distribuiu a Sagrada Comunhão exclusivamente na boca e com os fiéis de joelhos e em sua paróquia não só essa postura não é incentivada, como, muitas vezes, vista com maus olhos? Se o senhor gostou, então porque na Missa celebrada pelo Santo Padre, ele foi ajudado por diáconos e acólitos, e em sua paróquia o senhor insiste em colocar “ministros extraordinários da Comunhão” para fazer um papel que não lhes compete? Se o senhor gostou, então por que na Basílica de São Pedro o silêncio, a sacralidade, a solenidade e a sobriedade reinaram, e em sua paróquia o que se viu foi palmas ritmadas acompanhando as músicas, teatrinhos no lugar da homilia, cantos com melodias nada sacras? Se o senhor gostou, então por que o Papa fez um sermão espiritualmente profundo e ricamente teológico e em sua paróquia a homilia foi melosa, romântica e sem conteúdo? Se o senhor gostou, então por que o Romano Pontífice usou alva, cíngulo, amito, estola, dalmática e casula, e em sua paróquia o senhor usa apenas uma túnica protestantizada com uma estola por cima?
A Missa celebrada pelo Papa é o modelo de todas as Missas. É nela que devem os sacerdotes se espelhar. Não se pode ter medo de latim, de canto gregoriano, de polifonia sacra, de silêncio, de paramentos belíssimos, de Comunhão de joelhos. Evitar isso, que se vê abundantemente na Missa do Papa, é ter medo não do latim, do canto gregoriano etc, mas do catolicismo; é substituir a liturgia católica por qualquer coisa que é um seu arremedo.
Senhor padre, o povo não tem receio da tradição litúrgica, nem do latim, nem da piedade, nem da sacralidade ou do silêncio. Talvez alguns não saibam apreciar tudo isso, mas é questão de educá-los. Vamos abolir as letras apenas porque existem analfabetos? Ou vamos ensinar-lhes o significado?