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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A celebração do Te Deum nas Repúblicas latino-americanas

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A maioria dos países de língua espanhola da América adotou a forma de governo republicana logo após a independência. Apesar da influência maçônica nos movimentos de independência e na política desses países bem como de leis que restringiam os bens e a influência da Igreja, as instituições republicanas impregnaram-se também de traços da tradição católica desses povos latino-americanos.

Quando o Brasil se tornou independente em 1822, adotou um governo monárquico, sob a dinastia de Bragança (a mesma família reinante de Portugal) e o início do reinado de seus imperadores era marcado pela cerimônia de coroação do Pontifical Romano, oficiada por um bispo na Capela Imperial do Paço da Cidade do Rio de Janeiro. Como a instituição do regime republicano no Brasil foi feito sob influência da ideologia positivista (contrária à influência das instituições religiosas na sociedade), nossa República não tem nenhuma cerimônia de origem católica que marque o início do mandato presidencial ou o dia da independência (as chamadas Festas Pátrias).

Em vários países da América de língua espanhola, é costume a celebração litúrgica do hino de ação de graças Te Deum laudamus para marcar o início do mandato do Presidente da República e/ou para celebrar o dia da Independência do país. Na Argentina e Paraguai, celebra-se uma Liturgia com o canto do Te Deum na posse do Presidente da República, bem como no dia da Independência. Na Colômbia, celebra-se a Liturgia da Palavra e o canto do Te Deum em presença do Presidente da República e autoridades maiores da nação no dia da Independência. No Peru, o Presidente da República assiste a uma missa de ação de graças com o canto do Te Deum no final da celebração no dia da Independência do país. No Chile, a posse de um novo Presidente da República e a celebração do dia da Independência é marcado por uma celebração ecumênica com o canto do Te Deum.

A tradição do Te Deum remonta às guerras de Independência, quando os generais dos exércitos Patriotas (pró-Independência)assistiam missa e ordenavam um canto do Te Deum para comemorar a libertação de um território dos exércitos Regalistas (a serviço do Rei da Espanha). Atualmente, essas cerimônias tem sido atacadas por defensores do laicismo, que acham que uma cerimônia pública de ação de graças feita pela Igreja Católica em conjunto com as autoridades civis atenta contra a separação entre Igreja e Estado.

A existência da cerimônia de Te Deum em países republicanos mostra que a Igreja não possui uma única forma de governo e também que se adapta às diferentes culturas, impulsionando com seus ritos os povos e seus governantes a buscarem em conjunto louvar a Deus e buscar a justiça e o bem comum.

Abaixo, alguns vídeos de celebrações do Te Deum em posses e Festas Pátrias.


Colômbia - celebração da Independência (20 de julho):



Peru - Missa e Te Deum no dia da Independência (28 de julho):




Chile - celebrações do dia da Independência (18 de setembro):




Argentina - celebrações da Independência (9 de julho) e da Revolução de Maio (25 de maio) e início de mandato:






sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A Coroa do Advento: no presbitério ou fora dele?

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Um costume de Advento que ganhou destaque nos últimos anos é o da Coroa do Advento. Por conta de sua rápida disseminação, já foi inclusive introduzida na liturgia da Santa Missa da maioria das paróquias.

Tais introduções, contudo, geralmente revelam-se inapropriadas por ferir o espírito da sagrada Liturgia. É salutar nestes casos que certas reflexões e questionamentos sejam feitos, a fim de que o desenvolvimento orgânico da Liturgia se mantenha de modo salutar, diferentemente do que ocorreu nas últimas décadas.

É por este motivo que trago este pertinente artigo do especialista no rito romano Louis Tofari, cuja tradução ao português pode ser lida abaixo.

* * *

A Coroa do Advento deveria situar-se no presbitério?

Por Louis Tofari
Publicado em Romanitas Press
Traduzido por Daniel Pereira Volpato
Com a devida permissão do autor

Durante os tempos litúrgicos da Igreja, testemunhamos uma variedade de costumes que nos ajudam a animar nossa Fé, tanto através da sagrada liturgia como dos costumes observados em casa — ou tradições domésticas.

Um tal costume doméstico é a Coroa do Advento, uma ornamentação de folhagem sempre-verde [*] circular enfeitada com quatro velas que contam as semanas do Tempo do Advento para a Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A presença desta coroa em casa também serve de lembrete à necessidade de nos prepararmos espiritualmente durante o Advento, para o Nascimento do Salvador.

Entretanto, é importante que percebamos que a Coroa do Advento é meramente um costume doméstico, não uma prática litúrgica. Isto é evidenciado pelo fato de que as velas da coroa não são consideradas "velas de cultus" — isto é, velas usadas com um propósito ritualístico no contexto da sagrada liturgia[1]. Também nenhum rubricista ou manual de referência litúrgica sobre velas ou decoração de igrejas (como o Candles in the Roman Rite) mencionam a Coroa do Advento como uma prática possível dentro do presbitério (muito menos da igreja).

A prática da Coroa do Advento não é mencionada como litúrgica porque, estritamente falando, é tão somente um costume doméstico. Assim como pendurar as meias para a visita de São Nicolau de Bari. Ou o andar das imagens dos Três Magos pela casa desde o Primeiro Domingo de Advento até a Festa da Epifania, quando finalmente chegam ao Cristo Menino na manjedoura. Todas essas práticas domésticas são muito boas, mas, de novo, elas não têm nenhum lugar dentro de uma igreja [2].

Agora, dentro do presbitério, são os ornamentos litúrgicos que deveriam primeiramente trazer à nossa mente a preparação penitencial ao Advento, tais como as vestimentas roxas sobre o altar (e.g. o frontal, o conopeu e o véu do suporte do missal[3]), e alguns lugares podem até seguir a louvável prática de usar velas de altar feitas de cera crua. Por outro lado, uma Coroa de Advento iluminada no presbitério pode causar um certo distraimento dessas decorações oficiais e até mesmo tornar-se o foco do próprio altar.

Alguns poderiam objetar que o Círio Pascal também pode distrair-nos do altar, mas deve ser recordado que esta é uma vela litúrgica oficial (ou de cultus), e da mais suprema importância. Solenemente abençoada e acesa com o Fogo Pascal, representa o próprio Nosso Senhor e o triunfo de Sua Ressurreição. Assim, não pode haver comparação entre a presença da doméstica Coroa do Advento e do litúrgico Círio Pascal no presbitério.

Ainda estritamente falando, somente velas de cultus deveriam ser usadas dentro do presbitério (e.g. sobre o altar, na vela do Santíssimo, ou seguradas por acólitos ou ceroferários). Tais velas de cultus incluem ainda o uso de velas adicionais para solenizar uma ocasião tal como uma festa maior ou para mostrar dignidade adicional a Nosso Senhor, quando exposto no Santíssimo Sacramento (e.g. velas normais ou candelabros), bem como para mostrar respeito aos falecidos (e.g. velas do catafalco). Naturalmente, há ainda o uso de velas votivas — as quais, como o nome diz, são dedicadas a um cultus específico —, e mesmo estas situam-se usualmente fora do recinto do presbitério. Em todos estes casos, estas velas adicionais são mencionadas nas rubricas ou por autoridades litúrgicas com um propósito de cultus.

Ouvi alguns objetarem à presença da Coroa do Advento no presbitério por sua origem protestante. Pessoalmente, acredito que este é um argumento bastante fraco, uma vez que a Igreja Católica pode (e tem) adotado e batizado muitas práticas não-cristãs como suas para a liturgia sagrada, como a forma de latim hierático Itala Vetus, usada no Cânon Romano [4]. Portanto, é minha opinião que o argumento mais forte para não exibir uma Coroa de Advento no presbitério é o litúrgico, ou de cultus.

Mesmo se fosse verdade que a Coroa do Advento tem origem protestante — embora eu acredite que esta afirmação não é de todo historicamente precisa —, o fato é: este ornamento integra indiscutivelmente os símbolos católicos, como será explicado abaixo. Além disso, hoje o costume da Coroa do Advento tende a ser efetivamente mais associado ao catolicismo do que ao protestantismo, pois seu uso nos lares católicos tem sido tradicionalmente encorajado por autoridades como o Pe. Francis X. Wieser, autor do Handbook of Christian Feasts & Customs [5]. Assim, ao passo que a Coroa do Advento não é uma prática litúrgica e, portanto, não deveria estar presente no presbitério, por outro lado, é muito recomendável como um costume para os católicos observarem em seus lares.

Talvez durante os últimos parágrafos é provável que muitos leitores tenham estado esperando ansiosamente para ler se a Coroa de Advento poderia ou não ser exibida em qualquer outro lugar da igreja, digamos, na nave ou no pórtico. Em minha opinião a resposta é sim, e tenho visto exemplos edificantes desta prática (e.g. suspendendo uma grande coroa do teto). Mas, novamente, seria de se perguntar qual o benefício geral em fazê-lo, uma vez que, liturgicamente falando, o Advento já é — e oficialmente — representado na igreja pelos arranjos no presbitério e pelas vestimentas dos ministros sagrados, sem mencionar o próprio da Missa. Outro obstáculo é que tal ornamentação deve ser situada de modo a não interferir na visão do presbitério ou do altar.

Para concluir este artigo sobre a Coroa do Advento, vamos examinar brevemente seus simbolismos e, assim, melhor entender a mensagem que ela deve nos dar no conforto de nossos lares católicos, enquanto nos preparamos para a vinda de nosso Divino Menino Salvador.

Os ramos sempre-verdes [*] têm sido há muito usados decorativamente, desde os tempos antigos, para significar a esperança e a vida eterna, bem como a alegria festiva. No contexto da Coroa do Advento, o sempre-verde nos lembra de termos esperança na vinda do Cristo Salvador — o Messias —e a redenção da vida eterna que Ele  nos obterá (particularmente através de graças especiais que o tempo litúrgico do Natal nos concederá). Isso, por sua vez, nos conferirá a alegria sobrenatural que somente Cristo pode dar.

Além disso, o aroma dos ramos sempre-verdes (e.g. de pinheiro ou abeto) proporciona um odor limpo e refrescante, incutindo ainda mais em nós, através dos sentidos, a importância de purificação de nossas almas durante o Advento.

A coroa circular significa a eternidade da Santíssima Trindade e, até se poderia dizer, a eternidade do tempo, no qual a vinda — ou advento — do Filho Unigênito do Pai para a redenção da humanidade sempre esteve na mente de Deus Todo-Poderoso.

As quatro velas significam as quatro semanas preparatórios, ou Domingos, do Advento. Hoje estas velas são frequentemente coloridas, três roxas e a quarta rosa. A vela cor-de-rosa é para o III Domingo do Advento, também chamado de "Domingo Gaudete" por conta de seu Intróito, que nos exorta: "rejubila-te pois o Senhor está perto". A vela rosa também indica um costume romano único para este Domingo, quando vestimentas cor-de-rosa são usadas ao invés das roxas, significando uma sensação de alegria subjugada porque nossa penitência durante o Advento e a expectativa pelo Natal está quase no fim.

É interessante notar que, originalmente, quatro velas brancas — ou mesmo de cera crua — eram usadas na Coroa do Advento. Enquanto em outros lugares ainda uma quinta vela, maior, era colocada no centro da Coroa — significando o nascimento de Cristo —, a qual era acesa durante a Oitava do Natal, para mostrar a realização dos preparativos do Advento.

Outra decoração comumente incluída na folhagem sempre-verde era a presença frutos de árvore, como maças, pinhas ou nozes. Estas "frutas" representam as doces bençãos adicionais (como significado por uma fruta como a maça) — ou desenvolvimento futuro da graça santificante (como significado pelas pinhas carregando suas sementes ou nozes) — que esperamos com expectativa obter do nascimento de Cristo e durante o Tempo do Natal que o segue.

Notas de rodapé


[1] Em latim, a palavra cultus se refere a uma forma oficial de prática religiosa (ou rito). Pode também ser usada para se referir ao "culto aos santos", significando a forma de veneração ou devoção dada a eles pela Igreja Católica.

[2] No que diz respeito à Cena da Natividade ou presépio vista erigida costumeiramente nas igrejas durante os tempos do Natal e Advento, duas distinções devem ser notadas. Primeiro, este é uma prática católica romana imemorial e antiga (que até mesmo predata o famoso incidente de São Francisco de Assis em 1223 — leia mais [em inglês] sobre a história do presépio aqui), e, segundo, idealmente esta peça não-litúrgica não deveria situar-se dentro do presbitério (embora possa ser colocada numa capela lateral).

Além disso, há frequentemente alguma cerimônia habitual atrelada à cena da manjedoura, como uma procissão pela igreja antes ou depois da Missa do Galo, com o celebrante trazendo uma figura do Divino Infante, e, após deitá-lo solenemente no berço, incensar o Cristo Menino — esta prática em particular é derivada da cerimônia observada no verdadeiro local de nascimento de Nosso Senhor em Belém.

Outro exemplo é uma prática litúrgica de fato (sancionada pela Sagrada Congregação dos Ritos) em que o Divino Menino é colocada sobre o altar em conjunto com a cruz do altar, e é incensado à parte durante a Missa (e.g. antes do Intróito e durante o Ofertório), junto com a cruz do altar.

[3] Mais sobre estes apontamentos pode ser lido nos livros The Liturgical Altar e A Guide for Altar and Sanctuary.

[4] Para mais informação a respeito deste aspecto fascinante sobre um dos dois tipos de latim litúrgico usado na Missa Romana (o outro sendo a Vulgata de São Jerônimo), veja o excelente livro do Dr. Christine Morhmann, Liturgical Latin, Its Origins and Character.

[5] Primeiramente publicado em 1958. Uma versão deste inestimável livro foi impressa pela TAN Books em 1998 sob o título Religious Customs in the Family: The Radiation of the Liturgy into Catholic Homes, e está disponível em Christianbook.com.

[*] (NdT.:) Também conhecida por folha persistente, folha perene ou perenifólia.

terça-feira, 22 de março de 2016

O mito do Evangelho Dialogado com o povo

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A Semana Santa. Certamente a mais bela semana que a Liturgia nos propicia, com seus ritos diferenciados e solenes, marcados por profundo significado simbólico e que procuram, a seu modo, repetir certos gestos e passagens de Nosso Senhor para atualizá-los, torná-los presentes.

(Foto: New Liturgical Movement)
A inabitualidade destes ritos, aliada a sempre habitual e exagerada "criatividade" das equipes de Liturgia, permite que surjam abusos litúrgicos mesmo naquelas comunidades onde isto acontece raramente nas demais celebrações do ano.

Um destes abusos, amplamente difundido, trata-se de certo diálogo entre povo e leitores durante a Proclamação do Evangelho da Paixão do Senhor no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão do Senhor. 

Este artigo, portanto, pretende demonstrar, citando extensa legislação litúrgica, que o povo não toma parte na proclamação da História da Paixão, não devendo proferir nenhuma fala.

A Proclamação do Evangelho na Liturgia

Primeiramente, recordemos que a Proclamação do Evangelho na Liturgia compete, por prioridade, ao diácono, ao sacerdote concelebrante ou ao próprio sacerdote celebrante:
"Por tradição, o ofício de proferir as leituras não é função presidencial, mas ministerial. As leituras sejam pois proclamadas pelo leitor, o Evangelho seja anunciado pelo diácono ou, na sua ausência, por outro sacerdote. Na falta, porém, do diácono ou de outro sacerdote, o próprio sacerdote celebrante leia o Evangelho; igualmente, na falta de outro leitor idôneo, o sacerdote celebrante proferirá também as demais leituras."
(Instrução Geral sobre o Missal Romano, 3ª ed., n. 59; grifos meus)

"A tradição litúrgica  assinala a função de proclamar as leituras bíblicas na celebração da missa a ministros: leitores e diácono. Mas se não houver diácono nem outro sacerdote, o celebrante deve ler o Evangelho, e no caso em que não haja leitor, todas as demais leituras.

"Na liturgia da palavra da missa, cabe ao diácono anunciar o Evangelho, fazer de vez em quando a homilia, se parecer conveniente, e propor ao povo as intenções da oração universal."
(Proêmio do Lecionário, n. 49-50; grifos meus)

A Proclamação da História da Paixão

A proclamação da Paixão, contudo, trata-se de caso à parte, apresentando regras próprias, como veremos a seguir. Uma de suas características únicas é que a leitura é tradicionalmente dividida em três partes. A motivação, penso eu, é pastoral, devido a seu longo tamanho. 
"A história da Paixão reveste-se de particular solenidade. É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que representam a parte de Cristo, do cronista e do povo."
(Congregação para o Culto Divino. Paschalis Sollemnitatis sobre a preparação e celebração das festas pascais, n. 33)
Esta divisão (um leitor para as falas de Nosso Senhor, outro serve de Narrador e o último faz as vezes dos demais personagens) não é casual. O próprio lecionário já a apresenta.

Então, sim, pode-se dizer que se trata de um Evangelho dialogado. Porém, quem pode exercer o ofício da sua leitura são primeiramente os diáconos e depois os sacerdotes; somente na falta destes é que leigos podem fazê-la.
"Começando o canto antes do Evangelho, todos, com exceção do Bispo, se levantam. Não se usa incenso nem velas durante a história da Paixão. Os diáconos que vão ler a história da Paixão pedem e recebem a bênção, como ficou dito acima no n. 140. Em seguida, o Bispo tira a mitra, levanta-se e recebe o báculo: e lê-se a história da Paixão. Omite-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre o livro.

"Depois de anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham, e faz-se uma breve pausa. No fim, diz-se: Palavra da salvação, mas não se beija o livro."
(Cerimonial dos Bispos. Domingo de Ramos, na Paixão do Senhor, n. 273; grifos meus)
A seção do Cerimonial dos Bispos que trata da Celebração da Paixão do Senhor apresenta termos idênticos: "Os diáconos que vão ler a história da Paixão" (n. 319)

"A Paixão é cantada ou lida pelos diáconos ou sacerdotes ou, na falta deles, pelos leitores; neste caso, a parte de Cristo deve ser reservada ao sacerdote. A proclamação da paixão é feita sem os portadores de castiçais, sem incenso, sem a saudação ao povo e sem o toque no livro; só os diáconos pedem a bênção do sacerdote, como noutras vezes antes do Evangelho.

"Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem."
(Congregação para o Culto Divino. Paschalis Sollemnitatis sobre a preparação e celebração das festas pascais, n. 33; grifos meus)
A seção da Paschalis Sollemnitatis que trata da Celebração da Paixão do Senhor referencia o ponto anterior: "A história da paixão do Senhor segundo João é cantada ou lida, como no domingo precedente (cf. n. 33)"

"O leitor leigo pode mesmo ser chamado, na falta de ministros ordenados, a proclamar uma parte do Evangelho da Paixão do Senhor, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão do Senhor.

Na falta de um, dois ou três diáconos ou presbíteros, o Evangelho da Paixão e da Morte do Senhor pode ser proclamado por outros clérigos, ou mesmo por leigos, vestidos porém com vestes litúrgicas»."
(O Evangelho da Paixão (25/03/1965) apud Textos sobre o leitor litúrgico nos documentos da Igreja a partir do Vaticano II, n. 3; grifos meus)

Conclusão

Como se pode observar a partir da legislação litúrgica citada, ainda que a divisão tradicional em três partes não seja utilizada, não há menção alguma a participação do povo assumindo uma das partes da Proclamação da Paixão. (Aliás, não fosse a presença de retroprojetores ou projetores digitais em muitos de nossos templos, tal prática seria inviável.)

Para tornar mais claro um possível ordenamento para a Proclamação da Paixão, apresento um resumo abaixo, em ordem de preferência:
  1. Três diáconos;
  2. Na falta de um ou mais, sacerdotes (um deles faz a parte de Cristo);
  3. Na falta de um ou mais, leitores instituídos (clérigos ou leigos);
  4. Na falta de um ou mais, leitores extraordinários.
Uma configuração mínima seria o próprio celebrante lendo as falas de Nosso Senhor e dois leigos, leitores extraordinários, fazendo os papéis de narrador e dos demais interlocutores.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A origem da coroa do advento, por Pe. Paulo Ricardo

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O Revmo. Pe. Paulo Ricardo publicou recentemente uma de suas "respostas católicas" a respeito da origem da Coroa do Advento.

O vídeo, de pouco mais de 6 minutos, pode ser visto aqui.

De acordo com as pesquisas do padre, a origem estaria na igreja luterana:
Pode parecer surpreendente, mas a sua origem está ligada à religião luterana. O seu uso começou em 1839, por iniciativa de um pastor chamado Johann Wichern. Ele cuidava de uma casa de auxílio social a crianças pobres. Nas proximidades do Natal, as crianças, ansiosas, sempre perguntavam quando era a festividade. Então, para marcar a sua chegada, ele fez uma roda com uma vela para cada dia do Advento, de forma que havia velas pequenas para os dias da semana e quatro maiores para simbolizar o domingo. Vários pastores começaram a fazer o mesmo em suas comunidades, simplificando o enfeite para quatro velas. Depois, juntou-se a essa ideia a já tradicional guirlanda natalina.
A coroa do advento proposta pelo pastor Wichern (Fonte: Wikimedia Commons)
Aos interessados, há outra pesquisa sobre o assunto, desta vez de autoria de Frei Alberto Beckhäuser, que já publicamos aqui.



sábado, 15 de novembro de 2014

Cerimônia de investidura - Paróquia de Nossa Senhora do Rosário do Novo Guararapes em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco

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Cerimônia de investidura realizada no dia 07/09/2014, na paróquia de Nossa Senhora do Rosário do Novo Guararapes em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, Brasil, paróquia sob a administração do Padre Fábio Potiguar. A cerimônia foi realizada de acordo com o rito de consagração de novos acólitos, e foram consagrados para o altar 26 adolescentes, com idades entre 12 e 34 anos, meninos e meninas, sendo entre estes 8 cerimoniários. A celebração contou com a presença da comunidade e de acólitos vindos de paróquias vizinhas. As vestes foram confeccionadas em um atelier especializado em costura para a Igreja Católica, e escolhemos batinas pretas e sobrepeliz branca, com detalhes em linha desfiada e costura com fios dourados para os cerimoniários e cinza para os demais acólitos.


Fotos enviados pelo nosso leitor: Alexandre Joventino.

















domingo, 12 de outubro de 2014

Rito e Santa Missa de Posse do novo Arcebispo Militar do Brasil, Dom Fernando José Monteiro Guimarães

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(Clique nas Fotos para ampliá-las)

A Arquidiocese Militar.

A Arquidiocese Militar responde pelo atendimento pastoral das Capelanias militares católicas espalhadas por todo o território brasileiro, tendo como seus diocesanos os militares católicos pertencentes às Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e às Forças Auxiliares (Polícias Militares estaduais e Corpos de Bombeiros Militares), juntamente com os seus familiares, não excetuados os militares da reserva remunerada e reformados, com seus respectivos dependentes. O Clero da Arquidiocese é constituído por padres e diáconos pertencentes às próprias Forças Armadas ou Forças Auxiliares, como também por padres e diáconos civis, que prestam serviço nas Capelanias. Possui também seu quadro próprio de seminaristas.

A Constituição brasileira de 1988 prevê, no art. 5, inciso VII, que é “assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. A Lei 6.293, de 29 de junho de 1981, alterada pela Lei 7.672, de 23 de setembro de 1988, organizou o Serviço de Assistência Religiosa (SAR) nas Forças Armadas, que tem por finalidade prestar assistência religiosa e espiritual aos militares e aos civis das organizações militares e às suas famílias, bem como atender a encargos relacionados com as atividades de educação moral realizadas nas Forças Armadas.

O Ordinariado Militar do Brasil foi erigido a 6 de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII, como Vicariato Castrense do Brasil. Por força da Constituição Apostólica Spirituali Militum Curae, de 21 de abril de 1986, passou a ser Ordinariado Militar, depois do acordo diplomático entre a Santa Sé e a República Federativa do Brasil, assinado em 23 de outubro de 1989. O atual estatuto da Arquidiocese Militar brasileira foi homologado pelo Vaticano, com o decreto “Cum Apostolicam Sedem”, de 2 de janeiro de 1990, emanado pela Congregação para os Bispos.

O Arcebispo deve ser brasileiro nato e está vinculado administrativamente ao Estado-Maior das Forças Armadas, sendo nomeado pelo Papa, após consulta ao Governo brasileiro.

O novo Arcebispo Militar.

Filho de Antônio Monteiro Guimarães e Judith Bacelar Guimarães, Fernando José Monteiro Guimarães, foi batizado aos 27 de outubro de 1946 na Igreja da Torre, em Recife. Em 1958 ingressou no Seminário Menor dos Redentoristas em Garanhuns, onde permaneceu até 1961; no ano seguinte, até 1963 completou os estudos no Seminário Redentorista de Campina Grande. Depois do noviciado, emitiu a profissão religiosa na Congregação do Santíssimo Redentor no dia 25 de janeiro de 1965, cursando posteriormente as faculdades de Filosofia e Teologia no Seminário Maior Redentorista em Juiz de Fora, até 1969.
Foi ordenado presbítero aos 15 de agosto de 1971 no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na cidade de Campos. De 1972 a 1980 exerceu o seu sacerdócio na Arquidiocese do Rio de Janeiro como assessor do Cardeal Dom Eugênio Sales; foi ainda membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral da Arquidiocese.
Em 1980 chamado a Roma desempenhou diversas funções na Santa Sé. Em 1989 obteve o doutorado em Teologia Moral pelo Instituto Alfonsianum de Roma, e o mestrado em Direito Canônico pelo Ateneo Romano della Santa Croce. A partir do ano 2000 foi chefe do Departamento responsável pelo setor que se ocupa da vida e do ministério dos presbíteros no mundo da Congregação para o Clero, no Vaticano. Foi perito no Sínodo dos Bispos de 1990, sobre a Formação sacerdotal nas atuais circunstâncias.


Em 12 de março de 2008, foi nomeado Bispo de Garanhuns, pelo Papa Bento XVI. Foi ordenado bispo em 31 de março de 2008 pelas mãos do Cardeal Cláudio Hummes,OFM,  Prefeito da Congregação para o Clero, na Igreja de Santo Afonso de Ligório na Via Merulana em Roma. Foram concelebrantes dessa cerimônia o Cardeal Crescenzio Sepe, Arcebispo de Nápoles e Dom Mauro Piacenza, Secretário da Congregação para o Clero. Tomou posse na Diocese de Garanhuns no dia 1 de junho de 2008.
No dia 25 de janeiro de 2010, o Papa Bento XVI, nomeou Dom Fernando José membro do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Também exerce as seguintes funções: é membro da Comissão Especial para o estudo das causas de declaração de nulidade da Sacra Ordenação e da dispensa das obrigações do diaconato e do presbiterato; é consultor da Congregação para as Causas dos Santos e é juiz externo do Tribunal de Apelação do Vicariato de Roma.
No dia 06 de agosto de 2014, foi nomeado Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, pelo Papa Francisco.

O Brasão e lema Episcopal.


COR NOSTRUM ARDENS (Nosso coração ardia): O lema é tirado do Evangelho de São Lucas, que descreve o encontro de dois discípulos com o Ressuscitado, no caminho de Emaús. Após ter Jesus se revelado na partilha da Palavra e na fração do Pão, os discípulos se interrogaram e constataram que seu coração ardia pelo caminho enquanto ele conversava conosco (nonne cor nostrum ardens erat in nobis, dum loqueretur nobis... Lc 24, 32). A escolha destas palavras identifica a experiência pascal que o Bispo é chamado a viver como pastor: caminhar com a sua Igreja, partilhando a Palavra e repartindo a Eucaristia, revelando a presença do Cristo ressuscitado, que percorre conosco as estradas da vida, até o Emaús do céu. O coração da Igreja deve arder, porque Ele caminha conosco!
O coração ardente é, também, uma referência a Santa Teresinha, que escreveu: No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor (Ms B, 3v).
BRASÃO: O Brasão azul, com escalão de prata, carregado com três rosas vermelhas, acompanhado por um monte de três cumes de ouro e uma estrela de sete pontas, de ouro, no cantão direito.
1. O azul simboliza o caminho das Virtudes que, através da renúncia ao que passa, impulsionam a Igreja rumo à realidade do Céu, dando testemunho da transcendência de Deus e da eternidade à qual somos todos chamados. Vejamos os elementos do Brasão:
2. O escalão é uma figura heráldica antiga que provavelmente simbolizava a trave principal do teto do edifício sob o qual se reunia a coletividade. Para os cristãos, ele representa a Igreja. O escalão é de prata, cor da transparência e, portanto, símbolo da Verdade revelada, transmitida pela Igreja. As três rosas simbolizam Santa Teresinha do Menino Jesus. Colocadas no centro do escalão, recordam as palavras da Santa: no coração da Igreja eu serei o Amor.
3. O monte é tirado do escudo da Congregação dos Missionários Redentoristas, na qual Dom Fernando Guimarães emitiu sua profissão religiosa. É de ouro, o metal mais nobre, símbolo portanto da Fé. Com efeito, é graças à Fé que podemos compreender a mensagem de Amor e de Redenção que brota do Monte Calvário.
Sobre todo o escudo esplende radiosa a estrela da Virgem Maria, nossa Mãe Celeste, cuja luz ilumina o caminho da Igreja. A estrela de sete pontas encontra-se no véu que cobre a cabeça da Virgem, no ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, entregue pelo Beato Papa Pio IX aos Missionários Redentoristas. À proteção desta Mãe, Dom Fernando confia o seu ministério pastoral e a sua Diocese.

Os preparativos.
Desde a nomeação, o Arcebispo Emérito, seu auxiliar, o clero castrense, seminaristas, forças militares e demais fiéis empenharam-se em receber o seu novo Pastor com todo afeto e dignidade que lhe é devido. Para tanto, na data escolhida para a posse, 07 de Outubro de 2014 - Memória de Nossa Senhora do Rosário - a Catedral Militar Nossa Senhora Rainha da Paz, no Eixo Monumental, em Brasília, estava repleta de fiéis, que acorreram pressurosos para a acolhida bendita daquele que veio em nome do Senhor.
Catedral Militar Nossa Senhora Rainha da Paz
Foram convidados muitos Bispos, muitos deles, amigos de longa data de Sua Excelência Reverendíssima, Dom Fernando Guimarães, bem como Sacerdotes que lhe são próximos e queridos, assim como todo o clero militar e alguns Padres de sua ex-Diocese, Garanhuns. Da mesma forma, estiveram presentes muitos outros religiosos, como Monges Beneditinos, Franciscanos Conventuais, Menores e Capuchinhos, da Imaculada, entre outros. Sacerdotes famosos como o Padre Eduardo Dougherty, SJ (Edward John Dougherty), da Associação do Senhor Jesus (TV Século 21), Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior e, do próprio clero militar, Padre Alessandro Campos, o famoso "Padre Cowboy".

Os Bispos que estiveram presentes:

Dom Adair José Guimarães, Diocese de Rubiataba-Mozarlândia-GO.
Dom Augustinho Petry, Diocese de Rio do Sul-SC.
Dom Bernardino Marchió, Diocese de Caruaru-PE.
Dom Francisco Canindé Palhano, Diocese de Bonfim-BA.
Dom Frei João Wilk, OFMConv., Diocese de Anápolis-GO.
Dom Frei Magnus Henrique Lopes, OFMCap., Diocese de Salgueiro-PE.
Dom Frei Mário Marquez, OFMCap., Diocese de Joaçaba-SC.
Dom Genival Saraiva de França, Emérito da Diocese de Palmares-PE.
Dom Gil Antônio Moreira, Arquidiocese de Juiz de Fora-MG.
Dom Jaime Vieira Rocha, Arquidiocese de Natal-RN.
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, Auxiliar da Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos, Auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza-CE.
Dom Karl Josef Romer, Auxiliar Emérito da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ.
Dom Marcony Vinícius Ferreira, Auxiliar da Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom Roque Costa Souza, Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ.
Dom Valdir Mamede, Auxiliar da Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom Washington Cruz, CP, Arquidiocese de Goiânia-GO.
Dom Frei José Ruy Gonçalves Lopes, OFMCap., Diocese de Jequié-BA.
Dom Mathias Tolentino Braga, OSB, Abade do Mosteiro de São Bento-SP.
Dom Messias dos Reis Silveira, Diocese de Uruaçu-GO.
Dom Fernando Arêas Rifan, Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, Campos-RJ
Dom Antônio Fernando Saburido,OSB, Arquidiocese de Olinda e Recife-PE.
Dom Sergio da Rocha, Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom Osvino José Both, Emérito da Arquidiocese Militar do Brasil.
Dom José Francisco Falcão de Barros, Auxiliar da Arquidiocese Militar do Brasil.
Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil.

Os paramentos utilizados (casulas) foram os confeccionados para o XVI Congresso Eucarístico Nacional, ocorrido em Brasília, em 2010, sob a guarda da sacristia da Arquidiocese de Brasília. O Mestre de Cerimônias principal foi o Padre-Major Júlio César Silva Mônaco.
Casulas para os Bispos Concelebrantes
Paramentos (da esq. para a dir.) para Dom José Francisco Falcão de Barros,
Dom Giovanni d'Aniello, Dom Fernando José Monteiro Guimarães e
Dom Osvino José Both.
Mitra Pretiosa, de Dom Fernando José Guimarães.
Detalhe do seu brasão nas ínfulas da Mitra.
Credência
Cálices
 
Presbitério e Altar
Nova Cátedra, com o Brasão esculpido em madeira e pintado de bronze-dourado 
O Comentarista, Capitão Medeiros, solenemente fardado a caráter
com as indumentárias da Ordem Equestre Pontifícia de São Gregório Magno,
da qual é Cavaleiro.
Na Sacristia, enquanto o Arcebispo Emérito e seu Auxiliar recepcionavam os Bispos que chegavam, outros concediam entrevistas à imprensa presente.

Dom Osvino e Dom Rifan
Dom Karl Josef Romer e Dom Osvino
Pe. Wendell Mendonça, Dom Giovanni d'Aniello, Dom Messias dos Reis e Dom Rifan
Dom José Francisco Falcão
Dom Giovanni d'Aniello
Dom Gil Antônio Moreira, Ordinário de Juiz de Fora-MG,
aproveitando o tempo na sacristia para rezar o Terço.
Na nave da Catedral, os Sacerdotes já aguardam o início do Ritual de Posse e Santa Missa
No lado oposto, militares das três forças armadas, devidamente fardados
e sentados hierarquicamente, também aguardam o início da Cerimônia
Fora da Catedral, Comandantes das três forças armadas,
o Arcebispo Emérito e o Auxiliar, aguardam a chegada do novo Ordinário Militar
Dom Osvino e Dom José Francisco

A chegada à sua nova igreja Catedral.

Conforme a referência nº 6, do artigo 94, do Decreto nº 70.274, de 09 de Março de 1972, sobre as Normas do Cerimonial Público e Ordem Geral de Precedência, como Arcebispo Militar (ou Castrense), Dom Fernando Guimarães, detém as seguintes patentes militares e, pelas quais, recebe a devida continência ou auto:


Vale afirmar que o Arcebispo do Ordinariado Militar não é remunerado e não usa farda, diferentemente dos Capelães. 

Às 15:50hs, Dom Fernando Guimarães chegou à sua nova Catedral, recebendo as devidas honras militares. 

© Créditos desta foto: Ministério da Defesa
A Guarda Presidencial, os Dragões da Independência, lhe formam cortejo
Dom Fernando passa em revista à Guarda, que lhe presta continência solene
Dom Fernando é recepcionado por seu Predecessor, Dom Osvino Both
Recepcionado e saudado calorosamente por seu Bispo Auxiliar,
Dom José Francisco Falcão
Os três Bispos Militares sobem a rampa, para adentrarem na igreja Catedral
Desde a chegada e o encontro dos três Bispos, até sua entrada na Catedral,
a Banda Marcial da Marinha toca o Hino Pontifício

Exatamente conforme prescreve o Cerimonial dos Bispos, nº 1142, o Arcebispo foi recebido à porta da igreja Catedral pela primeira dignidade do cabido, ou, no caso, não havendo cabido, pelo reitor da mesma igreja, revestido de pluvial (Padre Silas Viana). Este, apresentou-lhe o Crucifixo para beijar, e a seguir, o aspersório da água benta, com o qual o Bispo aspergiu a si mesmo e aos presentes. Depois, foi conduzido ao Santíssimo Sacramento, que adorou, de joelhos, por alguns momentos. Em seguida, dirigiu-se para a sacristia, onde o mesmo Bispo, presbíteros concelebrantes, diáconos e restantes ministros se paramentaram para a Santa Missa, que foi celebrada segundo o rito estacional.


O Pároco da Catedral, Pe. Silas Viana, recebe Dom Fernando,
de Pluvial e lhe oferece o Crucifixo para ser osculado

 

Após o beijo do Crucifixo, aspersão com água benta
Dentro da Catedral, é acolhido pelo Núncio Apostólico no Brasil
Um breve momento de adoração ao Santíssimo Sacramento

A Paramentação.

Auxiliado pelo Seminarista castrense Matheus Fellipe, o novo Arcebispo foi revestido com os paramentos que lhe são próprios, exceto a Dalmática, da qual não fez uso, por não haver uma do conjunto da casula.















"A casula prateada e galão em veludo azul foram confeccionados pela alfaiataria D&A Paramentos. A mitra, segundo a classificação do rito antigo, é 'preciosa', dada a composição.

O prateado (e o dourado), na Liturgia, não é cor litúrgica ordinária, mas substitui o branco, o verde e o vermelho nos dias mais festivos. Esta foi a cor dos paramentos em virtude da memória de Nossa Senhora do Rosário. Por isso o azul no galão da casula, cor restrita no Brasil a detalhes porque o país não detém o privilégio papal de usá-la integralmente nos paramentos.

Devido ao fato de o Arcebispo Militar não ser Metropolitano, ou seja, não possuir dioceses sufragâneas, não solicita ao Papa o Pálio pastoral e, portanto, não o usa. Isto fica mais claro quando se observa seu brasão, que é desprovido deste." (Colaboração textual, deste trecho, de Erick Marçal / Direto da Sacristia).

Depois de paramentado, o Bispo concedeu uma brevíssima entrevista aos repórteres presentes, na qual falou dos sentimentos que tinha naquele momento, ao assumir o Ordinariado: "de alegria por servir a Igreja e a Pátria, em obediência ao Papa".


Enquanto Dom Fernando concedia a entrevista, Dom Osvino falava ao Núncio Apostólico
sobre a história do Báculo que foi utilizado naquela Missa
O Rito de Posse.

Por volta das 16:08hs, teve início a procissão para o rito de Posse do novo Arcebispo Militar. Trata-se de uma liturgia à parte da Santa Missa, prevista no Cerimonial dos Bispos, dos números 1143 ao 1148. O ritual foi presidido pelo Núncio Apostólico, que o empossou.





O 3º Cerimoniário dá as orientações práticas aos Bispos
de como procederem após a procissão e chegada aos devidos lugares
 



Detalhe: Apenas 3 Bispos usaram a Mitra correta para a Concelebração:
a Simples, toda Branca, sem adorno algum.



Após a acolhida do Núncio Apostólico e a Proclamação da Palavra de Deus, deu-se a leitura das "Letras Apostólicas", isto é, da Bula de Nomeação canônica.

Proclamação da Palavra de Deus
(At 20,17-18a.28-32.36)
Apresentação e Leitura das Letras Apostólicas, pelo
encarregado dos Negócios da Nunciatura Apostólica no Brasil
Seguiram-se as palavras (discursos), respectivamente: do Núncio Apostólico, do Arcebispo Militar Emérito, do Excelentíssimo representante do Ministro de Estado da Defesa, do representante do clero do Ordinariado Militar do Brasil e do Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB.

O Núncio expressou sentimentos de "Gratidão, Alegria, Amizade, Sinceridade e Amor", por tê-lo como amigo desde  o tempo em que era secretário da Nunciatura Apostólica no Brasil, há alguns anos. Também se referiu a Dom Fernando como "um Pastor que tem o cheiro de sua grei" e concluiu sua fala com o desejo "Ad Majorem Dei Gloriam!" (Para a Maior Glória de Deus!)
Em sua fala, Dom Osvino recordou os bons momentos à frente do Ordinariado Militar, pediu perdão pelos erros cometidos e que, por alguns destes, ter ocasionado o afastamento de algumas de suas ovelhas, também se desculpou por seu temperamento e por tudo que pôde afastar as pessoas da presença de Deus. Concluiu sua fala, como o Papa Francisco costumeiramente faz, pedindo: "rezem por mim!"
Representando o Ministro de Estado da Defesa Celso Amorim, coube ao secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa, General Joaquim Silva e Luna, dar as boas vindas a Dom Fernando. Em sua fala, o secretário lembrou que marinheiros, soldados e aviadores são homens de fé em suas missões, inclusive, com o sacrifício de suas próprias vidas. E terminou  enfatizando que a profissão de fé do militar é a mesma do Centurião romano, isto é, de reconhecer verdadeiramente Jesus Cristo, como o Filho de Deus.
Coube ao Padre Adilson da Costa, como representante do clero militar, dar as  boas vindas a Dom Fernando, em nome de todos os Capelães militares do Brasil. Afirmou que "Dedicação e Alegria" são as duas palavras que resumem o ministério de Dom Osvino, enquanto seu ex-Pastor e concluiu com a mesma fala do Núncio: "Ad Majorem Dei Gloriam!" (Para a Maior Glória de Deus!)
O Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB, Dom Messias dos Reis Silveira, Ordinário de Uruaçu-GO,  enfatizou que Dom Fernando "chegou como que enviado por Deus a cada um de nós, sendo bendito, pois vem em nome do Senhor!"

Durante as falas, Dom Fernando Guimarães e todos os demais presentes, ouviram atentamente cada palavra, que expressaram o tamanho apreço e prestígio que ele tem de cada um. 







Estiveram também presentes, o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, José Elito Siqueira, os Comandantes da Marinha, Almirante Julio Soares de Moura Neto; do Exército, General Enzo Martins Peri; o Brigadeiro Luiz Carlos Teciotti (todos na foto acima), representando o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito; além de oficiais e generais das Forças Armadas, militares das Forças Auxiliares (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros), e demais autoridades civis e eclesiásticas.      © Créditos desta foto: Ministério da Defesa 
Entrega do Báculo Pastoral.

O Báculo foi utilizado por todos os Arcebispos que precederam o novo Ordinário em seu Pastoreio Militar, isto é, por Dom José Newton de Almeida Baptista, Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, Dom Osvino José Both e agora por Dom Fernando José Monteiro Guimarães, como 4º Arcebispo Castrense do Brasil.


 
Um momento simbólica e liturgicamente belo:
a transmissão do Pastoreio, por meio do Báculo


© Créditos desta foto: Ministério da Defesa 
Dom Fernando José Monteiro Guimarães,
4º Arcebispo Militar (ou Castrense) do Brasil
Cumprimento dos Arcebispos e Bispos ao novo Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil.

Como em todos os ritos, há um momento de saudação e alegria. Aqui, os que são iguais no Episcopado, saúdam a este que acabara de desposar a Igreja Militar no Brasil como sua Esposa.


Palavras de Dom Fernando José Monteiro Guimarães.

As palavras do novo Ordinário Militar foram breves e diretas:
"Venho, em obediência e alegria e peço a todos que rezem por mim!"
Leitura da Ata de Posse Canônica e Assinatura da Ata.

Seguiu-se a leitura da Ata de Posse Canônica, assinada por todos os Arcebispos e Bispos presentes, assim como pelos chefes maiores de Estado Militar, das três Forças Armadas.


Mesa preparada à frente do altar, para as assinaturas,
como deveria acontecer por ocasião de Matrimônios, isto é,
nada se assina sobre o altar.
 




Terminadas as assinaturas, Dom Fernando proferiu a oração de conclusão do rito e a bênção final, com a qual fez também a despedida. Com o canto final, ficou claro para todos que não se tratava ainda da Santa Missa, que foi celebrada em seguida.

A Santa Missa.

Com o canto "Imaculada, Maria de Deus", teve início a Santa Missa, em ação de graças pelo novo Arcebispo Militar, celebrando a memória de Nossa Senhora do Rosário, data oportunamente bem escolhida por Dom Fernando para o início do seu pastoreio militar, pois em 1571, quando aconteceu a "batalha de Lepanto", foi justamente um fato militar. Além do mais, o modo como celebra (e celebrou) demonstrou seu estilo de pastoreio que ora se inicia.

Como é o correto e seu costume, fez tudo como tinha que ser: ato penitencial completo e em ordem: Confesso a Deus..., Absolvição, Senhor, Cristo, Senhor, tende piedade e, por fim, o Glória. Toda a Liturgia da Palavra foi própria da Mãe de Deus. 

Proclamação do Evangelho
(Lc 1, 26-38)
 

Em sua Homilia (que pode ser lida integralmente AQUI), Dom Fernando abraçava a todo instante o seu Báculo, ora para suster-se, ora para manifestar claramente que ele é o Pastor deste seu novo rebanho. Falou da importância dos Padres que gastaram suas vidas lhe formando e, dirigindo-se ao seu novo clero, disse: "Somos chamados à santidade de vida! Prossigam comigo pelas vias da santificação sacerdotal! Sejam castos, homens de oração e guias seguros do povo de Deus, na vida militar!" Suas palavras eram imbuídas de firmeza e doçura de uma paternidade que gera vida. E afirmou: "As melhores vocações deverão brotar do próprio ambiente militar, quero dizer, o militar evangelizará os militares".
Dom Fernando proferindo sua Homilia
Dirigindo-se aos Diáconos Permanentes e Seminaristas, disse: "A vocação é exigente. Ela exige tudo de nós: o amadurecimento, a doação do nosso coração e da nossa existência." Citava os Concílios de Trento e Vaticano II com a maestria, que lhe é própria. E continuava: "A autêntica renovação da Igreja passa pelo Seminário, porque o Seminário deve estar no centro das atenções do Bispo!"

Ao recordar-se de seu pai, chorou, não de forma contida, mas com um quê de saudade e um sentimento de que ele cumpriu sua missão paterna, ao lembrar de sua história e do desejo que seu pai tinha que ele fosse um militar. E falou em plural majestático: "Nós precisamos ter sempre a lembrança de que nos pequenos e simples, Deus realiza grandes coisas." Finda a homilia, deu sequência à Santa Missa.

Após as preces, a Liturgia Eucarística teve início, normalmente, com o canto da procissão das oferendas. Há que se notar a preparação piedosa dos dons e do oferecimento destes mesmos, por Dom Fernando:

O Mestre de Cerimônias, Pe. Mônaco,
orienta Dom Fernando sobre as próximas ações
 



Sobre o modo de incensação, Dom Fernando fez jus à forma do Rito Tradicional, como pode ser vista e baixada AQUI.






O Prefácio - que foi cantado - foi o I da Virgem Maria e a Oração Eucarística III, com a leitura do seu nome já como Ordinário, nas intercessões. Observe-se que no início do diálogo no Prefácio, o Mestre de Cerimônias  (ou, na falta dele, o Diácono, apesar da norma reger o oposto) retira o solidéu do Arcebispo e convida os concelebrantes principais a se aproximarem do altar e colocarem-se à volta dele, como prevê o Cerimonial dos Bispos, no número 153. 



No memento pelos defuntos, uma curiosidade do mundo militar: um trompetista entoou a "Marcha fúnebre", enquanto todos permaneciam em silêncio.

Ao canto do Sanctus, uma procissão com 6 candelabros, turíbulo, naveta e Diácono, adentraram em marcha e, sincronizadamente, se puseram, cada qual do seu lado, prontos para a elevação do Corpo e Sangue do Senhor. Como prevê o Cerimonial dos Bispos (número 391 c, seguindo a tradição de "acompanhar com velas o Santíssimo Sacramento"). "As luzes foram consideradas desde sempre como um tributo de honra prestado às personagens ilustres. Os imperadores romanos nos cortejos triunfais faziam-se preceder de sete círios acesos. Este costume foi adotado pela Igreja na sua Liturgia. Os sete círios que antigamente abriam o cortejo pontifical eram colocados diante do altar durante o Sacrifício." (Dom António Coelho, Curso de Liturgia Romana. Braga: 1943. p. 217).





É o Diácono quem incensa durante a consagração. Somente na falta dele é que o turiferário incensa (Cerimonial dos Bispos, nº 155 c; Instrução Geral do Missal Romano, nº 179 b).




Na elevação do Cálice, após a Consagração, a banda marcial, de fora da catedral, tocou uma música em adoração... Outra curiosidade do mundo militar.

Após a Consagração os que levavam as tochas, permaneceram em frente ao altar, até o final da Doxologia.



O Abraço da Paz foi sem canto e brevíssimo. O Cordeiro, rezado.

Pós-Comunhão
 

Após a Oração Depois da Comunhão, seguiram-se algumas falas de homenagens e agradecimentos finais, como a do Padre Marcelo, representante do clero de Garanhuns e de Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife, em nome do Regional Nordeste 2, do qual Dom Fernando Guimarães fazia parte.

Dom Fernando Guimarães ouvindo as palavras do Pe. Marcelo, da
Diocese de Garanhuns-PE.
Pe Marcelo: "Dom Fernando é um verdadeiro Bispo, pai, amigo e 'chorão'!"
Dom Fernando Guimarães ouvindo as palavras de Dom Fernando Saburido
Dom Fernando Saburido: "...além de tudo, Dom Fernando Guimarães é um grande canonista!"
Por volta das 18:50hs, deu-se a bênção final da Santa Missa e seguiu-se um coquetel para os convidados, no salão de festas do Hotel de Trânsito dos Oficiais do Exército, no Quartel próprio.

Bênção Final
O "Bendigamos ao Senhor!"
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Fotos e reportagem: Cleiton Robsonn.





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