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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Uso de estola cruzada e do manípulo no Novus Ordo

Publicamos para a apreciação dos leitores do Salvem a Liturgia uma interessante resposta do Padre John Zuhlsdorf a um sacerdote, acerca do uso da estola cruzada e do manípulo no Novus Ordo.
De um sacerdote leitor:

“Tento trazer para o Novus Ordo tantos elementos do rito antigo quanto sejam permitidos. Minha pergunta: é lícito para um sacerdote ao celebrar a Missa de acordo com o novo rito cruzar sua estola, como no rito antigo? Similarmente, é válido usar um manípulo ao celebrar a Missa de acordo com o novo rito?”

Trata-se do costume imemorial de os padres cruzarem suas estolas, a direita sobre a esquerda, ao usar casula e capa na Missa. Padres no ocidente cruzam suas estolas desde o século VII, apesar de o costume ter se difundido depois no período medieval. Bispos e abades não fazem isso. O simbolismo de traçar uma cruz sobre o coração é óbvio.

Sobre o Novus Ordo, a IGMR 340 diz:

340. Stola defertur a sacerdote circa collum et ante pectus pendens; a diacono vero ab umero sinistro per transversum super pectus ducitur ad partem dexteram corporis, ibique retinetur.

Esse parágrafo diz que a estola do sacerdote fica pendendo diante do peito e em torno do pescoço enquanto a do diácono cruza o peito a partir do ombro. Não diz nada a respeito de a estola pender em linha reta de cada lado. Uma estola cruzada permanece pendente diante do peito.

Você pode cruzar a estola de sacerdote no Novus Ordo.

Para falar a verdade, eu recomendo vivamente que você faça isso, especialmente ao usar a pianeta, a casula Romana. A estola cruzada serve também para “preencher” parte da abertura na frente. É uma razão prática, uma razão estética, mas mesmo assim uma boa razão.



As rubricas do Novus Ordo silenciam a respeito do manípulo. Mais uma vez, é um costume de bem mais de mil anos que o manípulo seja usado no Rito Romano. É uma veste Romana que remonta ao século VI.

Nunca foi abolido.

Já chegou a ser obrigatório para a Missa, mas não é mais (cf. 1967 Tres abhinc annos, 25.).

Um dos consultores do Escritório de Cerimônias Pontifícias, Pe. Mauro Gagliardi, disse durante uma entrevista à ZENIT que:

“O manípulo é uma peça de veste litúrgica usada na celebração da Santa Missa na forma extraordinária do Rito Romano. Caiu em desuso nos anos da reforma pós-conciliar, apesar de nunca ter sido ab-rogado.”

Penso que Gagliardi está correto. Para o Novus Ordo, use-o ou não, da maneira como preferir.

Minha prática é que, havendo um manípulo disponível, eu o uso. Se não há um manípulo, não me preocupo. Manípulos não são mágicos (apesar de algumas pessoas acharem que são... talvez porque tenham dado a eles grande significância em resposta ao iconoclasmo litúrgico pós-conciliar).



Penso que são elementos muito bons – cruzar a estola, usar o manípulo – para serem trazidos para o Novus Ordo. Eles podem representar algo da “atração gravitacional” que o uso expandido da forma tradicional do Rito Romano terá em nosso culto litúrgico em geral.

Não é uma só uma questão de manípulos, por assim dizer. Esses detalhes contribuem de alguma forma com a autoconsciência do sacerdote sobre seu papel na ação sagrada. Os detalhes chamam a atenção do sacerdote e apontam para sua identidade. Alguns podem dizer que ele não deveria precisar de ponteiros deste tipo. Eu respondo, “Não mesmo?” Alianças de casamento não mudam seu estado civil, mas são sinais para você e para os outros sobre quem você é. Todos nós, não sendo anjos, nos beneficiamos dessas lembranças. Esses detalhes também enviam sinais para os fiéis, dizendo que o que está acontecendo não é mundano. Algo especial está acontecendo. Todos eles são parte da ars celebrandi.

Tradução: Fabiano Rollim.
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