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Nestes últimos momentos do Advento, quando o Menino Deus, já encarnado no seio da Virgem Santíssima, está prestes a sair de seu ventre imaculado, trago algumas palavras de um artigo que li recentemente, de autoria de Marcelo Câmara:
O artigo, intitulado "Advento – Memória, Vigília e Mística", pode ser lido na íntegra aqui.«07. Parece ser mais simples meditarmos os mistérios já ocorridos na História da Salvação, como a encarnação do Verbo de Deus, Jesus Cristo, do que aqueles mistérios cuja a realização ainda está por concretizar-se [refere-se aqui à segunda vinda de Cristo]. Não podemos, entretanto, deixar de entendê-los no contexto único que eles compõem. É inegável, de qualquer forma, que a proximidade do Natal torna mais presente a imagem do Menino Jesus, de modo que se faz mais freqüente a nossa reflexão sobre o grande amor de Deus manifestado no nascimento de Seu filho unigênito, cheio de graça e de verdade, para dar ao mundo uma nova vida. Quão grande é o amor de Deus! Perfeito em si mesmo, assume a forma humana – bem como muitas de suas decorrências: nossas necessidades, doenças, sofrimentos, lágrimas(!) – para resgatar-nos de nossas profundas imperfeições. Deus verdadeiro e homem verdadeiro, participante da natureza humana e divina simultaneamente, Jesus Cristo veio divinizar a humanidade e derrotar justamente aquele mal que nos aflige e não O aflige: veio ser o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Em sua Epístola aos Filipenses, São Paulo nos fala de maneira muito profunda sobre a encarnação de Jesus Cristo: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tomando a semelhança humana”. Esvaziar-se. Trata-se de uma palavra-chave neste ponto da reflexão. Imagine o infinito tomando uma forma finita, imagine o todo-poderoso assumindo a fragilidade de uma criança, imagine aquele para quem todas as coisas foram feitas acomodado na simplicidade extrema de uma manjedoura. Bondade tamanha, por amar “até o extremo”, só poderíamos mesmo encontrar em Deus! Colocando-se entre suas criaturas, na forma tão singela de um menino, Jesus Cristo – Deus que assume a natureza humana – começa a dar seu testemunho de amor pela humanidade. Entre José e Maria, dois Santos, na pobreza da manjedoura, ele dá seu primeiro grande testemunho de amor na qualidade de Deus encarnado. Entre os dois ladrões, no alto do Calvário, pendendo em uma cruz, ele dá seu último testemunho de amor antes de ser glorificado pela ressurreição. Em ambos os testemunhos, um esvaziamento inefável. Jesus Cristo, na manjedoura e no Calvário, oferta provas irrefutáveis de seu amor sem fim e deve ser por todos amado, adorado e glorificado.«08. Há um lugar especial no qual Jesus quer ser acolhido, sendo que o Advento e o Natal são sempre propícios para fazermos memória disto: no coração de cada homem – independente de qualidades, condição social, raça, língua – Jesus quer estabelecer morada. São Bernardo foi o responsável pela associação desta “segunda vinda do Senhor” – a primeira é a natividade e terceira é a Sua volta – ao período litúrgico do Advento. Esta vinda intermediária tem natureza espiritual, concerne ao tempo presente – ao hoje –, depende do nosso sim e compõe o significado místico do Advento e do Natal. Melhor deixar a palavra com o próprio São Bernardo: “Esta vinda intermediária é como entrada que conduz da primeira para a última vinda. Na primeira, Cristo foi a nossa redenção, na segunda, surgirá como nossa vida; nesta vinda intermediária ele é o nosso repouso e o nosso consolo”. Há belos textos, nas Sagradas Escrituras, que falam desta vinda do Senhor ao coração do homem, e que denotam o sentido de comunhão que deve reger a relação entre Deus e o fiel. Exemplo disto está no livro do Apocalipse: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo”. Alguns bem-aventurados abrem-se de tal forma a Cristo que são capazes de afirmar, em um testemunho cristão sem igual, que sua relação com o Ele já tomou conta de todo o seu viver: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo quem vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Que o Advento e o Natal deste Ano Santo possam produzir em cada cristão frutos espirituais abundantes, fortalecendo nossa relação com o Mestre de Nazaré, nascido pobre em Belém, que nos revela a face invisível de Deus Pai Criador e nos envia o Espírito Santo Paráclito.»
Marcelo Henrique Câmara, autor deste artigo, foi um jovem da Arquidiocese de Florianópolis que, embora tenha passado pouco tempo por esta vida, viveu-a intensamente, preparando-se para a vida eterna, onde, com as graças de Deus e da Virgem Santíssima - assim esperamos -, já se encontra contemplando a Deus face-a-face.
Testemunhos de graças recebidas já aparecem em seu túmulo. Também por isso, foi aprovada uma oração para devoção privada a ele. Esta, bem como sua biografia e testemunhos, podem ser vistos no sítio aberto com o propósito de divulgar sua vida.