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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Missa e Ofício de Defuntos em códices medievais e renascentistas

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Seguem abaixo algumas imagens extraídas de livros litúrgicos dos séculos XV e XVI mostrando cenas ligadas ao Ofício e à Missa dos Defuntos (notem especialmente o uso dos paramentos negros e também de vestimentas de luto negras por parte dos fiéis):


Irmãos Limbourg. Missa dos defuntos. As Três ricas Horas do Duque de Berry. França, c. 1410.

Irmãos Limbourg. Missa de exéquias de Raymond Diocres. As Três Ricas Horas do Duque de Berry. França, c. 1410.

Anônimo. Missa de exéquias. Edição francesa de 1410 do Rationale Divinorum Officiorum de Guillaume Durand.


Jan van Eyck. Missa de exéquias. Livro de Horas de Turim-Milão, c. 1440.






Anônimo. Ofício dos Defuntos em uma igreja de Lisboa. Livro de Horas do rei Dom Manuel I de Portugal. Portugal, c. 1500.


Gerard Horenbout. Vigília junto a um defunto. Livro de Horas de Spinola, c. 1515.















segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Altar de Nossa Senhora Aparecida em Roma

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Na Basílica de São Joaquim em Roma, encontra-se um Altar dedicado à Nossa Senhora do Brasil, padroeira do Brasil. A Igreja foi construída em homenagem ao Papa Leão XIII no seu 50º aniversário de Ordenação Sacerdotal. Oxalá que se espalhassem pelo Brasil réplicas deste Altar!




(No Vitral acima se encontra o Anjo da Guarda do Brasil cultuado e festejado solenemente durante o período do Brasil Monárquico) 















quarta-feira, 1 de setembro de 2010

I Seminário Internacional de Arte Sacra

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Segue as informações que recebemos por e-mail:


Release
1º Seminário Internacional de Arte Sacra

Estão abertas até o
dia 14 de setembro as inscrições para o 1º Seminário Internacional de Arte
Sacra, a ser realizado entre os dias 13 e 17 de setembro de 2010.

Organizado pela Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro, o seminário
contará com a participação de professores, historiadores, conservadores,
restauradores, museólogos, arquitetos, colecionadores, estudantes e demais
interessados no tema, reunidos em conferências e mesas-redondas, possibilitando
o intercâmbio de profissionais e pesquisadores do Brasil e do exterior.

Segundo os organizadores, o evento, pioneiro no país, além da
apresentação e publicação de trabalhos acadêmicos inéditos, permitirá o
incentivo à reflexão e valorização do acervo religioso.

A abertura será
no dia 13 de setembro de 2010, segunda-feira, às 19 horas, na Igreja do Mosteiro
de São Bento, com canto gregoriano, seguido do concerto Música nas Igrejas, com
Cristina Braga Trigo. Haverá também o lançamento do Inventário da Arte Sacra
Fluminense.

As vagas são limitadas. Confira a programação e faça sua
pré-inscrição no site da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro
www.faculdadesaobento.org.br

domingo, 22 de agosto de 2010

Missa na Capela privada do Papa

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Segue abaixo um vídeo, trecho de um documentário, que mostra como é uma Missa celebrada pelo Papa na capela privada do Palácio Apostólico. O papa celebra Missa nessa capela todas as manhãs. Atente-se para a sobriedade litúrgica e pelo decoro desta celebração simples. Note-se também a beleza da capela, que é um exemplo de arte sacra moderna decente, sem modernismos e estéticas de ruptura.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A função da beleza na religião

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A recentes discussões em nosso blog sobre a suposta superficialidade dos adornos e demais sinais de decoro nos locais sagrados e nas celebrações litúrgicas me recordou uma reflexão sobre o escritor católico alemão Dietrich von Hildebrand (1889-1977) acerca da função da beleza no culto religioso. O texto abaixo é um trecho do livro "Cavalo de Tróia na Cidade de Deus", de autoria do próprio Dietrich von Hildebrand, e encontra-se disponível também neste link: http://philocalia.com.br/pastoralis/?p=634

"A beleza desempenha importante papel no culto religioso. O ato mesmo de adoração à divindade encerra o desejo de envolver o culto com a beleza. Estigmatizar a preocupação com o belo no culto religioso como “esteticismo” — como fizeram recentemente, com crescente acrimônia, alguns católicos — é revelar uma concepção deformada do culto religioso e da natureza do belo.


É o que se vê claramente quando se considera a natureza do “esteticismo”, em vez de se usar o termo apenas com slogan destruidor.

O esteticismo é uma perversão na maneira de considerar a beleza. O esteta saboreia coisas belas como quem saboreia vinho. Não as trata com o respeito e a compreensão do valor intrínseco que requer uma resposta adequada, mas como fontes de satisfação meramente subjetiva. Mesmo dotado de refinado bom gosto, mesmo que seja um notável connaisseur, o tratamento do esteta não pode fazer de maneira alguma justiça à natureza do belo. Acima de tudo, é indiferente a todos os demais valores inerentes ao objeto. Qualquer que seja o tema de uma situação, vê-o somente do seu ponto de vista da satisfação e do prazer estético. Não consiste sua falha em superestimar o valor da beleza, mas em ignorar os outros valores fundamentais, sobretudo os morais.


Tratar uma situação de um ponto de vista que não corresponde ao seu tema objetivo é sempre uma grande perversão. Por exemplo, é perverso que um homem trate de um drama humano que exige compaixão, simpatia e ajuda, como se fosse mero objeto de estudo psicológico. Fazer da análise científica o único ponto de vista em qualquer assunto é radicalmente antiobjetivo e até mesmo repulsivo; é desrespeitar e anular o tema objetivo. Além de ignorar qualquer ponto de vista que não seja o “estético” e qualquer outro tema que não seja o da beleza, o esteta também deforma a natureza real da beleza em sua profundidade e grandeza. Como já mostramos em outros livros, toda idolatria de um bem necessariamente exclui a compreensão de seu verdadeiro valor. A maior e mais autêntica apreciação de um bem somente é possível se o vemos em seu lugar objetivo na hierarquia dos seres, disposta por Deus.

Se alguém se recusasse a ir à missa porque a igreja é feia e a música medíocre, seria culpado de esteticismo, pois estaria substituindo o ponto de vista estético ao ponto de vista religioso. Antítese do esteticismo é apreciar a elevada função da beleza na religião, é compreender o legítimo papel que lhe cabe desempenhar no culto e o desejo das pessoas religiosas em revestir de grande beleza tudo o que se refere ao culto divino. Esta apreciação justa da beleza é até um c
rescimento orgânico da reverência, do amor a Cristo, do ato mesmo de adoração.
Infelizmente alguns católicos dizem, hoje, que o desejo de dotar de beleza o culto se opõe à pobreza evangélica. É um erro grave e que parece freqüentemente inspirado em sentimento de culpa por terem eles sido indiferentes às injustiças sociais e negligenciado os legítimos reclamos da pobreza. É então em nome da pobreza evangélica que nos dizem que as igrejas devem ser graves, simples, despojadas de todos os adornos necessários.

Os católicos que fazem essa sugestão confundem a pobreza evangélica com o caráter prosaico e monótono do mundo moderno. Deixaram de ver que a substituição da beleza pelo conforto, e do luxo que muitas vezes o acompanha, é muito mais antitético à pobreza evangélica do que a beleza — mesmo esta em sua forma mais exuberante. A noção funcionalista do que é supérfluo é muito ambígua, simples seqüela do utilitarismo. Contradiz as palavras do Senhor: Nem só de pão vive o homem. No livro Nova Torre de Babel, procuramos mostrar que a cultura é um bem superabundante, algo que necessariamente parece supérfluo à mentalidade utilitarista. Graças a Deus, esta não foi a atitude da Igreja e dos fiéis através dos séculos. São Francisco, que em sua própria vida praticou a pobreza evangélica ao extremo, jamais afirmou que as igrejas devessem ser vazias, despojadas, sem beleza. Pelo contrário, igreja e altar nunca seriam suficientemente belos para ele. Diga-se o mesmo de Cura d’Ars, São João Batista Vianney.

Acontece um ridículo paradoxo quando, em nome da pobreza evangélica, são demolidas e substituídas as igrejas mais preciosas artisticamente — e a que custo! — por igrejas prosaicas e monótonas. Não é a beleza e o esplendor da igreja, a casa de Deus, que são incompatíveis com o espírito de pobreza evangélica e que escandalizam o pobre; são muito mais o luxo e o conforto desnecessários, hoje tão em voga. Se o clero deseja retornar à pobreza evangélica, deve reconhecer que em regiões como nos Estados Unidos e na Alemanha o clero possui os carros mais elegantes, as melhores máquinas fotográficas, os aparelhos mais modernos de TV. Beber e fumar muito é, certamente, oposto à pobreza evangélica; mas não, decerto, a beleza e o esplendor das igrejas.

De um lado, afirmar-se que as igrejas deveriam ser despojadas, porém, ao mesmo tempo, paróquias e campus de escolas católicas estão levantando feios edifícios para assuntos sociais, dotados de todo tipo de luxo desnecessário. Isto é feito em nome de problemas sociais e do espírito de comunidade. Até mesmo nos conventos verifica-se desenvolvimento análogo. Essas novas estruturas não são apenas opostas à pobreza evangélica; criam, também, uma atmosfera tipicamente mundana. Cadeiras reclináveis e tapetes espessos com maciez não muito saudável. Esses edifícios reúnem, artificialmente, três propriedades negativas: dispendiosos (o que diretamente se opõe à pobreza evangélica), feios e convidativos a concessões pessoais, típicas da degeneração que, hoje, ameaça os homens.

Por vezes os argumentos iconoclastas tomam outra feição. Ouve-se, ocasionalmente, algum vigário dizer que a missa é algo abstrato e que as igrejas, especialmente o altar, deveriam ser despojados. Na verdade, a Santa Missa é um mistério surpreendente e que transcende a toda compreensão pela só razão, mas não é, absolutamente, abstrato.

Abstrato é algo especificamente racional; opõe-se a real, concreto, individual. O mundo do sobrenatural, a realidade revelada, transcende o mundo da razão, mas não implica nenhuma oposição ao real e ao concreto. É, pelo contrário, realidade definitiva e absoluta, se bem que invisível. A Missa é, assim, um epítome da realidade concreta, do nunc (agora), pois o próprio Cristo se faz verdadeiramente presente.


A força e o impacto existencial da Sagrada Liturgia têm suas raízes exatamente no fato de não ser abstrato e dirigir-se não só à nossa inteligência ou simplesmente à fé, mas, sobretudo, de falar, de inúmeras maneiras, à totalidade da pessoa humana. Imerge o fiel na sagrada atmosfera do Cristo, pela beleza e esplendor sagrado das igrejas, pelo colorido e beleza das vestimentas, pelo estilo de linguagem e sublimidade musical do Cantochão.

Católicos progressistas dizem, às vezes, que aqueles que combatem a iconoclastia, se ocupam do “inessencial”.

De fato, não é essencial que seja bonita a igreja, onde se celebra a Santa Missa e distribui a Comunhão aos fiéis. São essenciais apenas as palavras que perfazem a transubstanciação. Sendo este o sentido da frase, nada objetaremos. Se o termo “inessencial” significar “sem significação”, então se está querendo dizer que coisas como a beleza das igrejas, a Liturgia e a música são “triviais” e a acusação é completamente errada, porque existe uma relação profunda entre a essência de alguma coisa e sua expressão adequada. A respeito da Santa Missa esta observação é particularmente verdadeira.

O modo como é apresentado esse mistério, sua visível manifestação, desempenha papel definido e não pode ser considerado sujeito a mudanças arbitrárias, apesar de ser incomparavelmente mais importante aquilo que se expressa do que sua expressão. Se bem que o tema efetivo da Missa seja tornar presente o mistério do Sacrifício de Cristo na Cruz e o Mistério da Eucaristia, deve-se dar grande peso à atmosfera sagrada criada pelas palavras, ações, acompanhamento musical e igreja onde se celebra. nada disso pode ser considerado de interesse meramente estético.

Contrapõe-se a todo esse menosprezo gnóstico do conteúdo e da forma externa o princípio especificamente cristão de que as atitudes espirituais devem encontrar também expressão adequada na conduta do corpo, nos seus movimentos e no estilo de nossas palavras. A Liturgia inteira está penetrada desse princípio.

Analogamente, o salão e o edifício onde se desenrolam cerimônias sagradas devem irradiar uma atmosfera que lhe corresponda. É certo que a realidade dos mistérios nada sofre se a sua expressão for inadequada. Há, contudo, um valor específico em dar-lhe expressão adequada.

Como se erra, portanto, ao considerar a beleza das igrejas e da Liturgia como coisas que nos podem distrair e afastar do tema real dos mistérios litúrgicos para algo superficial! Quem diz que igreja não é museu e que o homem realmente piedoso é indiferente a essas coisas acidentais, apenas revela sua cegueira à magnífica função desempenhada pela expressão adequada (e bela). Em última análise, trata-se de uma cegueira à própria natureza humana. Mesmo que essas pessoas se proclamem “existencialistas”, continuam muito abstratas. Esquecem que a beleza autêntica encerra mensagem específica de Deus, que nos eleva as almas. Como dizia Platão: “À vista da beleza, crescem asas às nossas almas”. Mais ainda: da beleza sagrada relacionada à Liturgia nunca se afirma que seja temática, como nas obras de arte; pelo contrário, como expressão, têm a função de servir. Longe de obnubilar ou de se substituir ao tema religioso da Liturgia, ajuda a torná-lo fulgurante.

Valor não é sinônimo de “ser indispensável”. O princípio básico da superabundância em toda a criação e em todas as culturas manifesta-se, exatamente, nos valores não indispensáveis a certa finalidade ou tema. A beleza da natureza não é indispensável à economia da natureza. Nem a beleza da arquitetura é indispensável para nossas vidas. Mas, o valor da beleza, na natureza e na arquitetura não é diminuído pelo fato de ser um dom, que de muito transcende a mera utilidade. Desse modo, a beleza é importante não só quando é ela mesma o tema (caso da obra de arte), mas também quando a serviço de outro tema. Destacar que a Liturgia deve ser bela não é colorir religião com tratamento estético. A aspiração pela beleza, na Liturgia, nasce do sentido do valor específico que se apóia na adequação da expressão.

A beleza e a sagrada atmosfera da Liturgia são algo não só precioso e valioso por si mesmo (na qualidade de expressões adequadas dos atos religiosos de adoração), mas são, também, de grande importância para o desenvolvimento espiritual das almas e dos fiéis. Repetimos: aqueles que, no movimento litúrgico, têm insistido na afirmação de que orações e hinos cansativos denominam o ethos religioso dos fiéis, apelando para o que no interior humano está longe do que é religioso, lançam-no em uma atmosfera que obscurece e embaça o semblante de Cristo. É de enorme importância a beleza sagrada para a formação do verdadeiro ethos do fiel.

No livro Liturgia e Personalidade, falamos em detalhe da função profunda da Liturgia em nossa santificação, sem sacrifício de ser o culto de Deus seu tema central. Na Liturgia louvamos e agradecemos a Deus, associamo-nos ao sacrifício e à prece do Cristo. Convidando-nos a orar a Deus com o Cristo, a Liturgia exerce papel fundamental em nossa transformação em Cristo. Esse papel não se restringe ao aspecto sobrenatural da Liturgia. Integra, também, sua forma, a sagrada beleza que toma corpo nas palavras e na música da Santa Missa ou do Ofício Divino. Desprezar esse fato é sinal de grande primitivismo, mediocridade e falta de realismo.

Um dos maiores objetivos do movimento litúrgico tem sido o de substituir orações e hinos inadequados por textos sagrados das preces litúrgicas oficiais e pelo Canto Gregoriano. Assistimos, hoje, a uma deformação do movimento litúrgico quando muitos tentam substituir os sublimes textos latinos da Liturgia por traduções nativas, com gírias. Chegam mesmo a mudar, arbitrariamente, a Liturgia no intuito de “adaptá-la aos nossos tempos”. O Canto Gregoriano vai dando lugar, na melhor hipótese, à música medíocre, quando não ao jazz ou ao rock and roll. Essas grotescas substituições empanam o espírito de Cristo incomparavelmente mais do que o fizeram certos tipos antigos e sentimentais de devoção. Esses eram inadequados. Aqueles, além de inadequados, são antitéticos à sagrada atmosfera da Liturgia. É mais do que uma deformação; isso lança o homem em uma atmosfera tipicamente mundana. Apela no homem para algo que o torna surdo à mensagem de Cristo.

Mesmo quando se substitui a beleza sagrada, já não pela vulgaridade profana, mas por abstração neutra, incorre-se em sérias conseqüências para as vidas dos fiéis, pois, como indicamos, a Liturgia católica se dirige à personalidade total do fiel. O fiel não é atraído ao mundo de Cristo apenas por sua crença ou por símbolos estritos. São levados a um mundo mais alto pela beleza do altar, pelo ritmo dos textos litúrgicos, pela sublimidade do Canto Gregoriano ou por músicas verdadeiramente sacras, tais como a Missa de Mozart ou de Bach. Até mesmo o perfume do incenso tem função significativa, nesse sentido. O emprego de todos os canais capazes de introduzir-nos no Santuário é profundamente realista e profundamente católico. É autenticamente existencial e realiza função notável em ajudar-nos a elevar nossos corações.

Se é verdade que considerações de cunho pastoral poderão recomendar como desejável o uso do vernáculo, o Latim da Missa — na missa silenciosa, dialogada e, especialmente, cantada com o Gregoriano — jamais deveria ser abandonado. Não se trata de guardar o latim de Missa por certo tempo até que os fiéis se habituem à missa em vernáculo. Como a Constituição da Sagrada Liturgia claramente determina, é permitido o uso do vernáculo, mas a Missa em Latim e o Canto Gregoriano conservam toda sua importância. Foi essa a intenção do motu proprio de São Pio X, que afirmou ser o Latim da missa, como o Canto Gregoriano, responsável também pela formação da piedade dos fiéis, através da atmosfera sagrada e única gerada por sua dicção. Assim, os anseios de muitos católicos e do movimento Una Voce não se dirigem contra o uso do vernáculo, mas contra a eliminação da Missa em Latim e do Canto Gregoriano. Eles apenas estão pedindo que se cumpra, realmente, a Constituição da Sagrada Litugia.

Contudo, certos católicos de hoje manifestam o desejo de mudar a forma exterior da Liturgia, adaptando-a ao estilo de vida de nossa época dessacralizada. Esse desejo denota cegueira com relação à natureza da Liturgia, bem como ausência de respeito reverencial e gratidão pelos dons sublimes de dois mil anos de vida cristã. Acreditar que as formas tradicionais podem ceder o lugar a algo melhor é dar provas de uma ridícula auto-suficiência. E esse conceito é particularmente incongruente nos que acusam a Igreja de “triunfalismo”. De um lado, eles consideram falta de humildade a Igreja proclamar que Ela só é detentora da plena revelação divina (em vez de perceber que essa proclamação se fundamenta da natureza da Igreja e decorre de sua missão divina). De outro lado, demonstram ridículo orgulho quando simplesmente assumem que nossa época moderna é superior às anteriores.

Podem-se ouvir, hoje, razões de protesto declarando, por exemplo, que o texto do Glória e de outras partes da Missa estão repleto de expressões cansativas de louvor e glorificação a Deus, quando deveriam fazer mais referências a nossas vidas. É um contra-senso que revela como tinha razão Lichtemberg ao dizer que, se fosse dado a um macaco ler as epístolas de São Paulo, ele veria sua própria imagem refletida nelas.
Admiram-se os nossos “teólogos” modernos não apresentarem, dentro em breve, uma nova versão do “Pai Nosso”, como o fez Hitler. O “Pai Nosso” claramente enfatiza o primado absoluto de Deus, tão distante da mentalidade típica moderna. Um único pedido diz respeito ao bem-estar terrestre: “o pão nosso de cada dia”… O restante diz respeito ao próprio Deus, a seu Reino, a nosso bem-estar eterno."

terça-feira, 6 de julho de 2010

História e sentido do sacrário na liturgia

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Atualmente chamamos de Sacrário ou Tabernáculo o local, o receptáculo, onde se deve conservar a Sagrada Eucaristia na Igreja. Seu desenvolvimento e regulamentação pelas autoridades eclesiásticas resultam de um cuidado e devoção fomentados pela Santa Igreja ao longo dos séculos com o intuito de realçar a adoração devida ao Cristo substancialmente presente nas espécies consagradas.


Já nos primeiros séculos da Igreja fazia-se necessário a existência de um receptáculo digno para se guardar a Eucaristia. De início, utilizavam-se pequenos vasos ou caixas chamados de arca ou arcula para guardar a Eucaristia reservada aos doentes e também para os fiéis levarem a Eucaristia para casa, haja vista as eventuais impossibilidades de participações freqüentes na Missa em tempos de perseguição.[1] Nesse sentido, também alguns fiéis usavam a Eucaristia guardada em lenços costurados de linho (oraria) ou vasinhos ou caixas de marfim, prata, ouro, madeira ou argila (encolpia) que eram presos ao pescoço.[2] Tal costume foi, contudo, proibido pela Igreja depois do século IV para evitar-se os abusos, profanações e tratamentos de forma supersticiosa para com o Santíssimo Sacramento (atualmente essa prática também é proibida. Vide a Instrução Redemptionis Sacramentum da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, n. 132).[3]

Com a liberdade de culto promulgada pelo Imperador Constantino I em 313, os cristãos passaram a construir edifícios próprios para o culto litúrgico (basílicas) e juntamente surgiu o costume de conservar a Eucaristia dentro das basílicas. Além dos casos raros em que o vinho consagrado era mantido em um pequeno vaso de ouro (dolium), o pão consagrado era guardado em pequenos receptáculos de ouro ou prata em formato de torre ou pomba. Estes receptáculos eram inicialmente mantidos no pastophorium (também chamado por alguns escritos da época por sacrarium) que se tratava do lugar mais reservado e inacessível da Igreja.[4] Ou seja, buscava-se custodiar cuidadosamente a Santíssima Eucaristia como a um tesouro. Segundo o Arcebispo Piacenza, “as espécies eucarísticas eram introduzidas na pomba por uma pequena abertura em seu dorso, fechada com cuidado por uma tampa com dobradiça.” Aos poucos, as torres ou pombas passaram a ser colocadas suspensas por correntes no baldaquino (ciborium) que erguia-se por quatro colunas acima do altar.[5]


Por volta do ano 1000, no período da arte românica, surge uma terceira forma de receptáculo, a píxide, uma espécie de caixa decorada. “Normalmente, consistia numa caixa redonda, algumas vezes quadrada, fechada por uma tampa na maioria das vezes cônica, mas também achatada. Justamente por essas características, era de uso muito prático e também de menor custo.”[6] As pombas e torres, contudo, continuaram a ser usadas. A pomba passou a ser mais bem trabalhada artisticamente possuindo muitas vezes um pedestal. Durante o período românico o uso da pomba e da píxide tornou-se bastante comum na França, ao passo que na Itália o mais comum até o século XVI era guardar a Eucaristia em um armário em uma das paredes do presbitério ou no secretarium, uma sacristia. Com o desaparecimento do cibório sobre o altar, apareceram também novas formas de suspender o receptáculo do Santíssimo. A forma mais comum era uma haste em forma de cruz no retábulo em cuja voluta se dependurava o receptáculo.[7] Lembremos que nessa época a palavra sacrarium designava tanto os receptáculos eucarísticos quanto os receptáculos para relíquias de santos e outros objetos sagrados.[8] Hoje usamos “sacrário” para designar especificamente o receptáculo da Sagrada Eucaristia e “relicário” para designar os receptáculos de relíquias de santos.


No período gótico, a partir do século XII aproximadamente, as pombas e píxides passam a ser suspensas acima do altar (por uma haste na parede ou retábulo, ou pelo teto) cobertas por um véu ou um dossel. Também no século XIII encontramos em alguns lugares o costume de por o receptáculo eucarístico sobre o altar.[9] Porém o uso que mais se disseminou na arte gótica foi o de manter o receptáculo em um armarinho ou edícula escavada em uma das paredes laterais do presbitério.[10] Estas eram por vezes chamadas de Sakramenthauz, “Casas do Sacramento”.


Dom Mauro Piacenza descreve minuciosamente a decoração dessas edículas:


“Tinha-se o cuidado, especialmente nas igrejas de certa importância, de enfeitar a porta do armarinho com adornos elegantes e pinturas, emoldurando tudo com um arco agudo sustentado por pequenos pilares revestidos de arcos e encimados por setas. Procurava-se sempre decorar com pinturas tanto o interior quanto a porta do armarinho. Uma abertura circular ou em forma de trevo de três ou quatro folhas, fechada por grades, aberta na parede na altura do interior do armário, permitia aos fiéis que, de fora, adorassem em qualquer tempo o Santíssimo Sacramento. Uma lâmpada acesa diante da abertura indicava, de longe, o lugar em que se conservava o pão transubstanciado. Com o advento do século XVI, já não nos contentamos com esse ornamento, que, mesmo significativo e de certo interesse artístico, é ainda assim um modesto armário. Começam a aparecer as primeiras edículas do Sacramento, que, num primeiro momento - perto do final do século XIV -, foram característica quase exclusiva das igrejas do norte da Europa.”[11]

Estas edículas em muitos lugares adquiriram aspectos de grandes torres que muitas vezes chegavam a tocar o teto da Igreja. Eram as chamadas “torres do Sacramento”. É também no período gótico que surgem os primeiros paralelismos entre o receptáculo eucarístico e o Tabernáculo judaico da Antiga Aliança. Pois a Arca, o Tabernáculo, na Antiga Aliança simbolizavam a Presença de Deus no meio de Seu Povo. Já o Tabernáculo eucarístico continha o Senhor substancialmente presente na Eucaristia.[12] Fica claro na arte gótica o desejo de realçar a majestade do Sacramento da Eucaristia frente às diversas heresias da época que negavam a Presença Real de Nosso Senhor no pão e no vinho consagrados. Também é um reflexo do crescimento das devoções ao Santíssimo Sacramento, suja expressão máxima é a instituição da Solenidade de Corpus Christi na Liturgia pelo Papa Urbano IV em 1264.[13]

A disposição do Tabernáculo eucarístico sobre a mesa do altar, que já encontramos nas Ordinationes de Alexandre IV aos Eremitas de Santo Agostinho no século XIII, se estabelecerá como uma verdadeira tendência a partir do século XVI. A primeira iniciativa nesse sentido foi tomada por Gian Mateo Giberti, bispo de Verona, que buscou implantar o tabernáculo sobre a mesa do altar-mor em toda a sua diocese. Giberti construiu um novo altar-mor em sua catedral na qual o tabernáculo figurava no centro, sobre a mesa do altar.[14] Um biógrafo do dito bispo assim descreveu tal disposição do tabernáculo na igreja: tanquam cor in pectore et mentem in anima (“tal como o coração no peito e a mente na alma”).[15] São Carlos Borromeo, Cardeal-Arcebispo de Milão reformou o altar-mor de sua catedral, retirando o antigo retábulo) e colocando sobre a mesa do altar-mor um Tabernáculo para guardar a Eucaristia, antes custodiada na sacristia da dita catedral.[16] Apesar da divulgação de Borromeo e da imposição do Ritual do Papa Paulo V (1614) para a diocese de Roma, vários concílios deixaram liberdade de escolha para as dioceses sob qual modelo de receptáculo eucarístico adotar. Na maioria dos lugares da Itália continuou-se a usar tabernáculos de parede ou edículas eucarísticas[17] (na França até o século XVIII era comum ainda o costume de manter uma píxide suspensa acima do altar-mor e na Bélgica e Alemanha mantiveram-se o uso das Sakramenthauz até meados do século XIX)[18] . Em Roma, a maioria das igrejas barrocas (Gesú, San Ignacio) bem como as Basílicas maiores (reformadas durante a Renascença e o Barroco) cultivou o uso de uma Capela lateral específica com um altar para sustentar o tabernáculo onde se conservavam as santas espécies.



Dom Mauro Piacenza explica esse novo destaque ao local do Santíssimo na Igreja, forma de reafirmar a doutrina eucarística da Igreja contra as novas heresias protestantes:


“Como se sabe, aqueles eram os anos da aplicação das normas do Concílio de Trento (1545-1563), que, nesse caso, reagia à doutrina protestante que negava a permanência da presença real de Cristo nas espécies eucarísticas. Deve-se à exigência de afirmar a doutrina católica a difusão do posicionamento do tabernáculo, bem visível, sobre o altar maior. A forma mais comum era a pequena casa, incorporada à parte elevada do altar, ladeada por degraus (habitualmente dispostos em três níveis) sobre os quais eram postos castiçais para a ascensão de sírios, às vezes numerosos, sobretudo por ocasião das exposições eucarísticas solenes. Assim, a mesa se tornou, visivelmente, quase uma parte menor do altar, cada vez mais monumental, no qual foi dado grande desenvolvimento artístico a cruzes, castiçais, bustos-relicários ou estátuas de santos e de anjos, grandes retábulos, etc. No século XVIII, as obras mais
apreciadas eram as portinholas dos tabernáculos, em metais e pedras preciosas.”[19]


Foi durante o período barroco, entre os séculos XVII e XVIII, que o tabernáculo junto ao altar-mor começou a se difundir de maneira mais intensa. Prova disso é que o Papa Bento XIV em sua constituição Accepimus de 1746 declarava essa disposição de receptáculo eucarístico como “disciplina vigente”.[20] Em 1863 a Sagrada Congregação dos Ritos vetava qualquer outra forma de receptáculo além do tabernáculo de altar.[21] A prática do século XIX até a movimento litúrgico do século XX restringia o uso de altares-mor sem Sacrário somente para as igrejas Catedrais, Basílicas e Colegiatas, conforme determinava o Cerimoniale aepiscoporum vigente na época. Isto para que pudessem celebrar-se mais comodamente as cerimônias litúrgicas solenes, mais comuns nessas igrejas maiores, dispondo assim uma capela específica para o Santíssimo para que os fiéis pudessem melhor adorar e exercitar suas práticas devocionais. [22]






As normas litúrgicas atuais da Igreja dispõem o seguinte acerca do Sacrário ou Tabernáculo:

“«De acordo com a estrutura de cada igreja e os legítimos costumes de cada lugar, o Santíssimo Sacramento será guardado em um sacrário, na parte mais nobre da igreja, mais insigne, mais destacada, mais convenientemente adornada» e também, pela tranqüilidade do lugar, «apropriado para a oração», com espaço diante do sacrário, assim com suficientes bancos ou assentos e genuflexórios. Atenda-se diligentemente, além disso, a todas as prescrições dos livros litúrgicos e às normas do direito, especialmente para evitar o perigo de profanação.” (Redemp. Sacr. n. 130)[23]

O sentido de o Sacrário ter um posto de destaque na configuração arquitetônica da Igreja é explicada pela mesma Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 129): favorecer a adoração e o culto de latria ao Cristo Eucarístico em todos os momentos, mesmo fora da Santa Missa, além da finalidade prática de custodiar as Hóstias destinadas à comunhão dos enfermos e outros incapacitados de participarem da celebração da Santa Missa.[24]

Refletindo encima desses princípios, de que a localização do receptáculo eucarístico deve estar localizado de tal forma que possa ser reconhecido individualmente por todos os fiéis, o Papa Bento XVI recorda a importância da lâmpada perenemente acesa junto ao sacrário para recordar a Presença do Senhor e pondera as seguintes considerações:
“Tendo em vista tal objetivo, é preciso considerar a disposição arquitectónica do edifício sagrado: nas igrejas, onde não existe a capela do Santíssimo Sacramento mas perdura o altar-mor com o sacrário, convém continuar a valer-se de tal estrutura para a conservação e adoração da Eucaristia, evitando porém colocar a cadeira do celebrante na sua frente. Nas novas igrejas, bom seria predispor a capela do Santíssimo nas proximidades do presbitério; onde isso não for possível, é preferível colocar o sacrário no presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho absidal ou então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível. Estas precauções concorrem para conferir dignidade ao sacrário que deve ser cuidado sempre também sob o perfil artístico. Obviamente, é necessário ter em conta também o que diz a propósito a Instrução Geral do Missal Romano. Em todo o caso, o juízo último sobre esta matéria compete ao bispo diocesano. (Sacr. Car., n. 69)”[25]
Como se pode ver, o Santo Padre enumera 3 possibilidades:
1) Continuar usando o Sacrário do altar antigo junto à parede;
2) Construir uma Capela própria para o Santíssimo Sacramento;
3) Dispor o Sacrário em um local visível, de preferência no fecho absidal.
Das três formas a opção 2 é bastante comum na construção de novas igrejas e inclusive é a recomendada preferencialmente pelo Arcebispo Mauro Piacenza. Contudo, ao escolher essa opção deve-se observar duas coisas: a Capela do Santíssimo deve ser um lugar de destaque e de fácil acesso aos fiéis e deve proporcionar um ambiente digno que transmita uma atmosfera de sacralidade propícia à oração, meditação e adoração. Em muitas construções recentes, influenciados por um liturgicismo desordenado, a Capela eucarística acaba se tornando uma forma de “esconder” o Santíssimo dos fiéis (pois estes liturgicistas erroneamente crêem que devoção pessoal e prática litúrgica se antagonizam). Tal situação acaba gerando também alguns sacrários de gosto duvidoso, com materiais e formas indecorosas e contrárias à tradição iconográfica da Igreja.
A primeira e a terceira opção são semelhantes. Os fiéis já estão familiarizados com a presença do Sacrário no centro do fecho absidal, mesmo que não esteja sobre um antigo altar, ele ainda adquire um destaque latente no edifício. Há contudo de se cuidar para que Altar e Sacrário formem um conjunto harmonioso no presbitério. Este modelo de dispor o Sacrário no centro do fecho absidal é utilizado, por exemplo, pela Abadia beneditina de Le Barroux na França e pela Catedral de São Paulo em Birmingham, Alabama, nos Estados Unidos. Outra opção nesse caso seria também construir sacrários artisticamente trabalhados na parede do presbitério, inspirando-se nos modelos góticos da Basílica de São Clemente em Roma (que ainda está em uso) ou nos Sakramenthauz alemães (contudo levando-se em conta as normas vigentes da Igreja quanto aos materiais a serem utilizados na confecção do Tabernáculo). Já as antigas formas de pomba ou píxide estão certamente descartadas, haja vista serem pequenas demais para ocuparem a posição de destaque e visibilidade exigida pelas atuais normas litúrgicas.

Como a Liturgia desenvolve-se em continuidade e não em ruptura com a Tradição, podemos refletir a partir das práticas tradicionalmente usadas. Podemos partir de um princípio semelhante ao antigo Cerimonial dos Bispos: em paróquias de vida menos tumultuada, onde não haja grande concurso de pessoas, disponha-se o Sacrário sobre o altar ou no fecho absidal de forma que fique suficientemente visível a todos os fiéis. Nas igrejas onde haja grande concurso de pessoas ou grande quantidade de Ofícios solenes (igrejas turísticas, Basílicas, Catedrais, Colegiatas, Santuários, grandes Abadias, etc) disponha-se o Santíssimo em uma Capela própria para favorecer um ambiente mais calmo de oração para os fiéis. Esta é a forma adotada, por exemplo, nas Basílicas maiores de Roma e funciona muito bem. Estas basílicas recebem freqüentemente grande número de turistas, mas na Capela do Santíssimo só se entra para oração e isto propicia aos fiéis momentos de oração na dita igreja sem serem importunados pela movimentação de turistas no restante do edifício.

Por fim, vimos que dado as normas vigentes na Igreja, há 3 possibilidades de se dispor o Sacrário na Igreja. Os responsáveis pela construção ou reforma dos edifícios dedicados ao culto devem portanto levar em conta as circunstâncias ao julgarem qual das 3 formas será a mais adequada para cada caso. O que não se deve perder de vista é o destaque que deve-se dar ao Santíssimo na Igreja: deve ser um ponto de referência para os fiéis, um lugar de decoro e sacralidade, que demonstre e testemunhe sensivelmente a Presença de Nosso Senhor nas espécies consagradas, para que possam os fiéis tributar ao Senhor presente neste Augusto Sacramento a devida adoração.

Notas de Referência:
[1]Interessante o relato de um rito de comunhão privada que pela sua forma de adoração e reverência contrasta com a abusiva comunhão “self-service” de nossos tempos: “O cardeal Bona, em seu Rerum liturgicarum, no nº 17, cita o texto das disposições emitidas por um bispo de Corinto, que permitem conhecer o rito de uma comunhão doméstica. “Se vossa casa for dotada de um oratório, depositareis sobre o altar o vaso que contém a Eucaristia. Se faltar o oratório, sobre uma mesa decente. Estendereis um pequeno véu sobre a mesa e lá depositareis as sagradas partículas; queimareis alguns grãos de incenso e cantareis o trisagion [o nosso Sanctus, ndr.] e o Símbolo; então, depois de terdes feito as genuflexões, em sinal de adoração, absorvereis religiosamente o Corpo de Jesus Cristo”.” PIACENZA, Mauro. O receptáculo da Eucaristia. In: Revista 30 Dias. Junho de 2005. Disponível aqui.
[2]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[3]“Em vista dos vários abusos cometidos com a S. Eucaristia, os Concílios regionais, desde o século IV, foram admoestando os fiéis. Tenham-se em vista, por exemplo, o Concílio de Saragoça (Espanha) em 380 (cân. 3) e o l de Toledo (Espanha), que em 400 assim legislava:
“Se alguém não consumir realmente a Eucaristia recebida do sacerdote, seja expulso como um sacrílego” (cân. 14).” BETTENCOURT, Estêvão, OSB. A Comunhão Eucarística na Mão. In: Revista Pergunte e Responderemos. 2000. Disponível aqui.
[4]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[5]Idem, Ibidem.
[6]Ibidem.
[7]Ibid.
[8]BRAUN, Joseph. Verbete Tabernaculo. In: Enciclopedia Catolica. Disponível aqui.
[9]Encontramos essa forma de receptáculo eucarístico relatados nas Admonitio synodalis de Regino de Prüm no século IX, bem como no Rationale Divinorum Officiorum de Guillaume Durand e nos Sínodos de Trier e Münster, no século XIII. Há também evidências de retábulos em forma de tríptico com cofres para o Santíssimo, como o altar de Santa Clara na Catedral de Colônia (século XIV) ou combinações de retábulo com casa do Sacramento como o altar-mor da Igreja de São Martinho de Ladshut na Bavária, datado de 1424. Idem, Ibidem.
[10]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[11]Idem, Ibidem.
[12]LANG, Uwe Michael. Tanquam cor in pectore: the Eucharistic Tabernacle Before and After the Council of Trent. In: Revista Sacred Architecture. Volume 15. Disponível aqui.
[13]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[14]Idem, ibidem.
[15]RIGHETTI, Mario. Historia de La Liturgia. Tomo I. Madrid: Biblioteca de Auctores Cristianos, 1955. p. 472.
[16]LANG, Uwe Michael. Op.Cit.
[17]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[18]BRAUN, Joseph. Op. Cit.
[19]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[20]Idem, ibidem.
[21]BRAUN, Joseph. Op. Cit. ; PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[22]BRAUN, Joseph. Op. Cit.; RIGHETTI, Mario. Op. Cit. p. 473.
[23]ARINZE, Cardeal Francis. Instrução Redemptionis Sacramentum da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia. Roma, 2004. Disponível aqui.
[24]“«A celebração da Eucaristia no Sacrifício da Missa é, verdadeiramente, a origem e o fim do culto que se lhe tributa fora da Missa. As sagradas espécies se reservam depois da Missa, principalmente com o objeto de que os fiéis que não podem estar presentes à Missa, especialmente os enfermos e os de avançada idade, possam unir-se a Cristo e ao seu Sacrifício, que se imola na Missa, pela Comunhão sacramental». Além disso, esta conservação permite também a prática de tributar adoração a este grande Sacramento, com o culto de latria, que se deve a Deus. Portanto, é necessário que se promovam vivamente aquelas formas de culto e adoração, não só privada mas sim também pública e comunitária, instituídas ou aprovadas pela mesma Igreja.” Idem, ibidem.
[25]BENTO XVI, Papa. Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e missão da Igreja. Roma, 2007. Disponível aqui.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Órgãos e catedrais

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Recebi um e-mail do Pe. Federico Juárez, LC, com as fotos que posto abaixo. Vale a pena clicar no link.

Triste é saber que, no Brasil, salvo raras e honrosas exceções, nossas igrejas são, para usar uma palavra caridosa, “diferentes”.

sábado, 12 de junho de 2010

Esplendor católico no Brasil: Catedral São Francisco de Paula, em Pelotas, RS

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Um breve histórico da Catedral da Diocese de Pelotas, no RS:

A história do mais importante edifício religioso de Pelotas pode ser dividida em, pelos menos, três fases. A primeira, foi com a construção da capela em 1813, por iniciativa do Pe. Felício da Costa Pereira, que foi seu autor, projetou e executou a obra, pequeno santuário, construído em alvenaria com duas águas e telhas de barro. Era constituído de uma nave de 6,6 m x 13,20 m (incluindo a capela-mor), sem torres e sacristia.


A Catedral abriga, desde os primeiros tempos, a imagem de São Francisco de Paula, de origem artística desconhecida, tendo sido trazida da Colônia do Sacramento.


Em 1826, após ter sido destruída por um raio, foram iniciadas as obras de um "novo templo", pelo lado de fora do primitivo. Em 1846, o Imperador D. Pedro II, lança, na Praça da Regeneração (hoje Cel. Pedro Osório), a pedra fundamental para a construção de uma nova catedral, no entorno da praça.


Em meados do século XIX, a Catedral já apresentava a fachada atual, com seu pórtico e terraço, com seu jogo de ordens superpostas (dóricas no térreo, jônicas no primeiro pavimento e coríntias nas torres) com sua platibanda e pequeno frontão; com duas torres sineiros e com suas duas cúpulas características. Era ainda muito primitiva: nave única, tribunas laterais, altar-mor ao fundo e duas bases nas torres. Em 1915, sofreu uma ampliação: um prédio de dois pavimentos é anexado para servir de salão paroquial. Em 1933, uma nova reforma ampliou sua capacidade para 1700 pessoas. O altar-mor foi recuado para o fundo, a sacristia ocupou o pavimento térreo do salão paroquial, eliminaram-se as tribunas. As janelas laterais foram retiradas e substituídas por vitrais com passagens bíblicas. Os vitrais foram doados por famílias pelotenses.


A Catedral só veio assumir sua configuração atual entre 1947 e 1948, quando foram construídas a cripta e a grandiosa cúpula (desenho do arquiteto Roberto Offer, de 1847), pelo arquiteto Victorino Zani. Para completar seu trabalho, vieram da Itália os artistas Aldo Locatelli e Emílio Sessa, que se encarregaram da decoração interna do templo, a convite de Dom Antonio Zattera. A pintura mural foi realizada com têmpera sobre reboco seco. A tinta resulta da mistura de pigmentos com aglutinantes solúveis em água, que podem ser cola, ovo, caseína, etc.


Composição figurativa, estruturada sobre uma base geométrica, onde se pode sentir unidade, harmonia e equilíbrio. A combinação de cores determina a oposição entre os claros e escuros, o artista modela e produz texturas por meio da cor. Vários estilos foram utilizados pelo pintor Aldo Locatelli: renascentista, na composição, perspectiva, "sfumato" (sombreados), maneirista, complexidade das posturas, graça, forma serpentinada, variedade dos aspectos do corpo, barroco, força na ação, combinação de luminosidade e dramaticidade, iluminação em diagonal.


Aldo Locatelli ficou conhecido pelo seu magnifico trabalho. Foi contratado depois para pintar a Catedral de Porto Alegre, o Palácio Piratini e a Igreja de Caxias do Sul. Mas sua obra maior está na Catedral de São Francisco de Paula, que originou sua vinda diretamente da Itália a fim de executá-la.

Seguem algumas fotos do exterior do belíssimo templo:

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Fotos do interior:

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Altar lateral de Santa Teresinha: os altares laterais, onde se pode oferecer Missa, foram preservados!

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Capela-lateral de Nossa Senhora

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Altar-mor antigo, versus Deum, e a cátedra do Bispo

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Quando construíram o altar móvel ao estilo das basílicas romanas, permitindo a celebração versus populum, deixaram intacto, graças a Deus, o altar-mor antigo, com o lindo retábulo e o sacrário. É possível, teoricamente, remover o altar-móvel e utilizar o antigo versus Deum.

Além disso, em um caso digno de nota, o próprio altar-móvel moderno é muito bonito e tradicional, em nada destoando da beleza do templo.

Enfim, os altares laterais também foram todos mantidos, tendo escapado da fúria progressista que assolou o Brasil. Dois deles são verdadeiras capelas à parte, com espaço para sacrário, e bancos para assistir Missa.

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O altar-mor antigo e o altar novo em uso, na Missa do meu casamento com a Aline

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O altar-móvel novo em Missa versus populum do meu casamento. Detalhe para o piso do presbitério

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Detalhes do altar

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