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terça-feira, 25 de maio de 2010

Oração de São Pio de Pietrelcina, após a Comunhão

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Fica comigo, Senhor, pois preciso da tua presença para não te esquecer. Sabes quão facilmente posso te abandonar.

Fica comigo, Senhor, porque sou fraco e preciso da tua força para não cair.

Fica comigo, Senhor, porque és minha vida, e sem ti perco o fervor.

Fica comigo, Senhor, porque és minha luz, e sem ti reina a escuridão.

Fica comigo, Senhor, para me mostrar tua vontade.

Fica comigo, Senhor, para que ouça tua voz e te siga.

Fica comigo, Senhor, pois desejo amar-te e permanecer sempre em tua companhia.

Fica comigo, Senhor, se queres que te seja fiel.

Fica comigo, Senhor, porque, por mais pobre que seja minha alma, quero que se transforme num lugar de consolação para ti, um ninho de amor.

Fica comigo, Jesus, pois se faz tarde e o dia chega ao fim; a vida passa, e a morte, o julgamento e a eternidade se aproximam. Preciso de ti para renovar minhas energias e não parar no caminho.

Está ficando tarde, a morte avança e eu tenho medo da escuridão, das tentações, da falta de fé, da cruz, das tristezas. Oh, quanto preciso de ti, meu Jesus, nesta noite de exílio.

Fica comigo nesta noite, Jesus, pois ao longo da vida, com todos os seus perigos, eu preciso de ti.

Faze, Senhor, que te reconheça como te reconheceram teus discípulos ao partir do pão, a fim de que a Comunhão Eucarística seja a luz a dissipar a escuridão, a força a me sustentar, a única alegria do meu coração.

Fica comigo, Senhor, porque na hora da morte quero estar unido a ti, se não pela Comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.

Fica comigo, Jesus. Não peço consolações divinas, porque não as mereço, mas apenas o presente da tua presença, ah, isso sim te suplico!

Fica comigo, Senhor, pois é só a ti que procuro, teu amor, tua graça, tua vontade, teu coração, teu Espírito, porque te amo, e a única recompensa que te peço é poder amar-te sempre mais.

Como este amor resoluto desejo amar-te de todo o coração enquanto estiver na terra, para continuar a te amar perfeitamente por toda a eternidade. Amém.

Santo Padre Pio.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Santa Missa na Forma Extraordinária no CEN - "Parte 4"

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Publicamos aqui desde a Homilia até o início da Oração Eucarística (Oferendas). As fotos completas podem ser vistas no flickr, clicando nos links, no final desta postagem.

Homilia

Na Missa Pontifical, o Bispo usa uma espécie de sapato que são as "Sandálias", de seda, da cor litúrgica dos paramentos. O Papa usa os "Múleos", sapatos vermelhos, indicando o sangue dos mártires e a completa submissão do Papa à autoridade de Jesus Cristo. Os múleos papais são sempre feitos à mão, com o cetim, veludo, ou couro vermelhos, as solas feitas do couro.

Em detalhe: Tunicela, Dalmática e Casula

Recolocando o Manípulo
Retirando o Anel e as Chirotecae para o lavabo
Indo até o Altar
Oferecimento do Pão
O Diácono fazendo a união da água com o vinho: uma gota,
simbolizando a união do homem (água) com Deus (Vinho)
Oferecimento do Vinho
O Diácono sustendo a Patena com o véu e ombros (e assim ficará até o Pater Noster)
Após a incensação das oferendas, incensação da Cruz



Veja mais fotos no flickr (Parte 1)
                               flickr (Parte 2)

Um artigo sobre a carta dos Bispos do Brasil aos sacerdotes, em 2010

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Recebi do caríssimo Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa, do clero diocesano de Anápolis, GO, e amigo do Salvem a Liturgia, que se encontra em Navarra, cursando o doutorado em teologia, o seguinte artigo.

Temos uma obrigação moral de publicá-lo: é lúcido e com um senso de oportunidade raríssimo nestes nossos dias insensatos.

Deleitem-se:


PENÚLTIMO PARÁGRAFO!

Considerações sobre a Carta dos Bispos aos Presbíteros de maio de 2010

13 a 16 de maio de 2010 foram dias de graça para Brasília e para o Brasil. O XVI Congresso Eucarístico Nacional realizado no coração do Brasil bombardeará o sangue bom para todo o nosso querido Brasil. A ante-sala do Congresso foi a 48ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que aconteceu também em Brasília. Um dos frutos daquela magna Assembléia foi a belíssima Carta dos Bispos aos Presbíteros. Eu, como sacerdote, gostaria de agradecer aos nossos bispos pela proximidade a todos nós, presbíteros, seus mais imediatos colaboradores, e também a orientação muito oportuna nesses tempos de desconcerto: muito obrigado, senhores bispos!

Efetivamente, os casos vergonhosos, já publicados, envolvendo os ministros do Senhor, têm causado sofrimento ao Povo de Deus. Nós, presbíteros, perdemos um pouco a credibilidade. Esses dias um irmão sacerdote comentava com tristeza que ao sair à rua, uma pessoa de uns 40 anos lhe insultou aos gritos: “–pederasta!”. Quanta indignação! Isso não é justo!

Ao mesmo tempo, paradoxalmente, aumentou a credibilidade dos sacerdotes. Quando as pessoas vêem nas suas paróquias os seus párocos tão entregues à missão evangelizadora; quando vêem que são homens que rezam, que visitam os doentes, que atendem as confissões e lhes celebram a Eucaristia piedosamente; quando o nosso povo vê que o sacerdote ama a sua vocação e promove novas vocações, percebe que essas notícias são exageradas e vendedoras de gato por lebre.

O mais importante é a glória de Deus e o bem das almas!

Nesse panorama, a Carta dos Bispos aos Presbíteros nos oferece um verdadeiro e maravilhoso horizonte de vida e espiritualidade sacerdotais. Trata-se de uma carta em continuidade com os documentos eclesiais sobre o sacerdócio mais conhecidos, como o Decreto Presbyterorum Ordinis do Concilio Vaticano II, a Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis do Papa João Paulo II e o Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros da Congregação para o Clero. Depois de ler essa carta, acolhendo-a de coração agradecido aos nossos bispos, chamou-me a atenção especialmente o penúltimo parágrafo por ser tão concreto e tocar, por assim dizer, as questões mais importantes e mais urgentes.

O texto reza assim: “Pedimos que zelem pela comunhão eclesial, alimentando-a com a celebração cotidiana da Eucaristia, com a oração fiel e generosa, de modo especial a Liturgia das Horas, com a busca freqüente do Sacramento da Penitência e a orientação espiritual, com um estilo de vida sóbrio, que tome distância dos apelos do consumismo, da cultura da banalidade, da invasão do secularismo. Recomendamos, também, que tenham um zelo especial na administração dos bens que lhes são confiados, destinados, sobretudo, para o serviço dos mais pobres”.

Gostaria de partilhar com os irmãos sacerdotes algumas das impressões que essas palavras causaram na minha alma sacerdotal. Os temas que saem nesse parágrafo são de tal densidade que valeria a pena estudar cada um deles, meditá-los, e fazer propósitos para pô-los em prática com maior amor:

- comunhão eclesial;

- celebração cotidiana da Eucaristia;

- oração fiel e generosa, de modo especial da Liturgia das Horas;

- confissão freqüente e direção espiritual;

- virtude da pobreza e sobriedade;

- virtude da obediência e responsabilidade pessoal;

- serviço aos pobres.

Comunhão eclesial

Há, efetivamente, muitas palestras sobre fraternidade e sobre comunhão; há muitas reuniões. E isso é bom, mas... O que é, concretamente, essa realidade que chamamos “comunhão eclesial” que é alimentada pela celebração da Eucaristia, da Liturgia das Horas, pelo serviço aos pobres, etc.? Em primeiro lugar, a comunhão é um dom que vem de Deus-comunhão – a Trindade Santíssima. Essa comunhão se deixa participar na terra na communio que é a Igreja. A maneira de cada presbítero viver a comunhão é variada e gradativa: comunhão com Deus, com o Papa, com os bispos em comunhão com o Papa, com os irmãos no presbitério, com todos os demais fiéis, especialmente aqueles que lhe foram confiados.

O sacerdote é um homem que ama Igreja: o presbítero, configurado a Cristo Cabeça, é, em Cristo, esposo da Igreja. O normal é que o esposo ame a sua esposa! Desse amor pela Igreja deve brotar uma união efetiva e afetiva para com o Santo Padre e com os Bispos em comunhão com ele. Outro fruto desse amor por Cristo e pela Igreja é a fraternidade no próprio presbitério e a caridade pastoral que nos leva a cuidar do povo que nos foi confiado. Essa união tem que traduzir-se numa disposição para aceitar com uma obediência amorosa tudo o que a Igreja ensina. Significa formar uma muralha de unidade doutrinal forte, de tal maneira que não fique nenhuma só brecha para o assalto do inimigo nessa cidade de Deus, que é a Igreja. Precisamos estudar, ler, conhecer a fundo o Magistério eclesiástico. Livre-nos Deus de “ser do contra”. Não permitamos nenhuma fissura em questões de fé e de moral. Caso isso acontecesse, teríamos fundadas razões para duvidar das nossas muitas reuniões “cheias de fraternidade”.

Comunhão eclesial significa também obediência ao próprio bispo. Obedecer de verdade! Logicamente, o plano de pastoral pode ser melhorado. Nós somos colaboradores e podemos, e devemos em algumas ocasiões, manifestar as nossas opiniões para melhorar as coisas na Diocese. Façamo-lo com discrição, sem fazer guerra, conversando franca e amigavelmente com o nosso bispo. Caso o bispo ache melhor fazer de outra maneira, contanto que não seja ofensa de Deus, bendita seja o Senhor. Obedeçamos!

Comunhão eclesial é procurar que as nossas comunidades paroquiais sejam presença viva da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, com as características próprias da Igreja particular da qual faz parte. Tudo isso sem nenhuma reserva e em todas as suas expressões: Missas bem celebradas, horários de confissões adaptados às necessidades reais das pessoas (horário de confissão só durante o dia não é adaptado às necessidades daquelas pessoas que trabalham pela manhã e pela tarde!), estudo da Bíblia e do Magistério, reza duma parte do rosário, direção espiritual das pessoas. É preciso acreditar, de verdade, que Deus chama a todas as mulheres e a todos os homens a serem santas e santos e que nós, sacerdotes, chamados também à santidade, somos instrumentos nas mãos de Deus para que ele faça verdadeiras obras de arte das pessoas que estão encomendadas à nossa caridade pastoral. Entre outras coisas, comunhão eclesial é pensar com um coração grande, universal, com um interesse por toda a Igreja. Interessemos-nos também pela Igreja gloriosa, para contarmos com a sua intercessão, e pela Igreja padecente, para ajudá-la em sua purificação. Também nós, Igreja militante, precisamos purificar-nos!

Celebração cotidiana da Eucaristia

Desde o Concilio Vaticano II, pelo menos, já é comum afirmar que a Eucaristia é a fonte, o centro e a cima da vida espiritual de cada cristão e de cada assembléia que se reúne para louvar ao Pai por Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo. Procuremos celebrar a Santa Missa sempre com a alegria da primeira: dignamente, atenciosamente, devotamente! Celebrar a Santa Missa todos os dias não é um dever para nós, é simplesmente o nosso tesouro, o nosso bem, o nosso centro, o nosso tudo. Se não a celebrarmos, acabaremos descentrados.

Com amor generoso e total, não tenhamos reparos em oferecer o melhor que temos ao culto divino, também no que se refere ao exterior, reflexo do interior: igreja e sacristia limpas; paramentos sacerdotais belos e dignos na estética e na limpeza, com a nobre simplicidade que o Concilio pede na liturgia (cfr. SC 34); não nos esqueçamos que “a não ser que se disponha de outro modo, a veste própria do sacerdote celebrante, tanto na Missa como em outras ações sagradas em conexão direta com ela, é a casula ou planeta sobre a alva e a estola” (IGMR, 337). Mais ainda: que os cálices, as patenas, as galhetas, os corporais, os sanguíneos, os manustérgios e tudo o que se refere ao culto eucarístico esteja bem cuidado! Não tenhamos medo: esses detalhes de amor para com o nosso Deus não escandalizam as pessoas mais pobres, que são – geralmente – as mais generosas para com Deus.

A melhor catequese sobre a Missa é própria Missa bem celebrada: as rubricas, os cantos, a concentração, tudo isso transmite uma esfera sagrada que expressa que estamos diante de um mistério transcendente e próximo ao mesmo tempo. Que bom seria se um dos livros da nossa biblioteca sacerdotal fosse a Instrução Geral do Missal Romano lida e relida várias vezes; de fato, o texto oficial da CNBB saiu em 2008.

Um dos frutos do Congresso Eucarístico poderia ser exatamente esse: que as nossas celebrações eucarísticas sejam expressivas, verdadeiramente expressivas, do Mistério de Deus. Como a Eucaristia é o coração da vida espiritual dos fiéis, não nos esqueçamos que nós, sacerdotes, temos certa semelhança com aqueles bons médicos que em cada intervenção nesse órgão tão central vão com cuidado. É melhor seguir a experiência da Igreja e não inventar nem experimentar por nossa conta. Poderia ser fatal!

Não se trata de defender princípios “tradicionalistas”. Tampouco se trata de ser rubricistas e pouco pastorais. A Tradição da Igreja admite progresso no entendimento e na vivência. A tradição litúrgica, salvo o substancial, admite mudança. No século passado, Pio X, Pio XII, João XXIII e Paulo VI foram bem conhecidos por introduzir oportunas reformas na liturgia e, sem dúvida, podem ser introduzidas outras no futuro (nenhum problema!). Graças a Deus, queridos irmãos sacerdotes, na Igreja há quem faz mudanças, os Papas e os bispos juntos com o Papa. Nós, simplesmente, não recebemos esse encargo.

Oração fiel e generosa

Todos nós recordamos daquelas imagens tão edificantes do queridíssimo João Paulo II na sua capela privada em oração. Uma oração fiel e generosa, principalmente da Liturgia das Horas, mas não só da Liturgia das Horas, é imprescindível. Já sabemos que temos que celebrar todos os dias, integralmente, a Liturgia das Horas: Oficio de Leituras, Laudes, uma Hora Média, Vésperas e Completas. No entanto, precisamos alimentar diariamente a nossa vida espiritual: oração de meditação, uma parte do Rosário, leitura espiritual, exames de consciência, visitas ao Santíssimo, etc. Por quê? Por que Deus nos ama, ele nos chamou e nós o amamos apaixonadamente.

Rezar é fácil! Rezar não é fácil! É fácil porque se trata de falar, dialogar, conversar com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo. Não é fácil por vários motivos. Depois de um dia cheio de tarefas pastorais, estamos cansados; daí a importância de não deixarmos a oração para as últimas horas, mas encher o nosso dia com a oração. Numa sociedade barulhenta, o silêncio resulta incômodo, também para nós; não tenhamos medo ao silêncio da oração no dia-a-dia, nos dias de recolhimento e nos retiros espirituais. Nós não rezamos porque gostamos ou deixamos de gostar, mas porque Deus gosta, porque queremos ser fiéis e sabemos que sozinhos é-nos simplesmente impossível.

Que edificante para o povo ver o seu pároco de joelhos diante do Santíssimo em oração pessoal, não por dois minutinhos, mais por um tempo razoável. O sacerdote é, em Cristo, mediador, não somente durante a celebração eucarística, mas em todos os momentos. Como é importante rezar, ser piedosos e orar muito pelo povo que nos foi confiado. Lembremo-nos do Cura d’Ars rezando durante horas e horas diante de Jesus Sacramentado pela conversão do seu povoado. A graça operou maravilhas em Ars! E pode fazer maravilhas nas nossas paróquias!

Confissão freqüente e direção espiritual

É comum escutarmos que um bom confessor é sempre um bom penitente. E isso é verdade! O fato de um sacerdote confessar-se semanalmente ou quinzenalmente não é nenhum exagero. De fato, o sacerdote, ministro de Cristo, deseja parecer-se cada vez mais com aquele que representa: Jesus Cristo. Com esses vivos desejos, o presbítero percebe a necessidade de contínuas purificações para que todas as suas ações sejam cada vez mais atuações de Jesus Cristo através dele.

O pecado sempre é feio, Deus sempre é belo. Há uma oposição radical entre Deus e o pecado, entre a beleza e a feiúra. Sem dúvida, Deus é Uno, bom, verdadeiro e belo. Todo o nosso ser, templo do Espírito Santo, deve ser cada vez mais à semelhança do Senhor. Deus sempre atua através dos seus sacerdotes, e infalivelmente nos Sacramentos. Mas, é verdade, Deus atua mais através dos sacerdotes mais santos. Quem é “santo santifique-se ainda mais” (Ap 22,11), nos diz o Espírito Santo.

Direção espiritual! Não é coisa só do tempo do Seminário. Não! Como é bom poder contar com outro irmão sacerdote com quem partilhar – com toda sinceridade – o próprio caminho espiritual, os nossos êxitos e fracassos! O diretor espiritual nos dará conselhos, idéias, sugestões, que nos ajudarão a ver aquelas coisas que nós mesmos não conseguimos ver em nós, que nos farão estar sempre na presença de Deus, que nos mostrarão metas a alcançar na vida espiritual. A direção espiritual é uma ajuda eficaz na pastoral e é, simplesmente, uma garantia de fidelidade.

A virtude da pobreza e a sobriedade

Os sacerdotes seculares não fazem votos de pobreza, castidade e obediência, como os religiosos-sacerdotes. Isso não quer dizer que não tenhamos que viver as virtudes da pobreza, da obediência e da castidade, não como votos, mas como virtudes, como qualquer cristão. Ao mesmo tempo, a causa de um novo título, o da ordenação sacerdotal, o presbítero tem que ir adiante nessas virtudes mostrando o caminho ao Povo de Deus. Recordemo-nos que essas virtudes foram vividas perfeitamente por Cristo e que os Apóstolos o imitaram. Portanto, a nossa pobreza sempre é cristológica e apostólica!

O desprendimento, também dos bens materiais, é essencial para que tenhamos um coração realmente entregue a Deus e aos irmãos. Que pena se depois de renunciarmos tantas coisas, ficássemos apegados a uns míseros reais... Que bobagem!

Tenhamos sempre consciência de que nós entregamos tudo a Deus e de que o nosso tesouro é seguir o Cristo pobre, desapegado dos bens dessa terra. Nós somos Cristo que passa pelas ruas das nossas cidade e que vai curando, pregando, expulsando demônios, chamando as pessoas para viver bem perto de Deus. Os bens dessa terra têm que estar ao serviço de Deus. Daí a importância de levar em sério a administração da paróquia de uma maneira bastante profissional, de evitar os gastos desnecessários, de sermos também nós generosos com os mais pobres (nós que tanto falamos do dízimo aos nossos fiéis!). Uma coisinha: a roupa clerical também ajuda a viver a virtude da pobreza, pois dessa maneira evitaremos, por exemplo, a preocupação da moda: um sacerdote que se veste segundo o seu estado sempre está na moda!

A virtude da obediência e a responsabilidade pessoal

“Prometes respeito e obediência a mim e aos meus sucessores?” Essa foi uma das perguntas que o bispo nos fez no dia da nossa ordenação. E nós respondemos cheios de convicção: “Prometo”. Realmente, seria muito interessante repassar de vez em quanto esses momentos que tanto marcaram a nossa vida. De fato, é exatamente isso que fazemos na quinta-feira santa ao renovar as promessas sacerdotais.

Nós amamos a liberdade, que é “irmã” da responsabilidade. A liberdade é aquela capacidade que Deus nos deu para que façamos o bem de maneira inteligente e sem nenhuma coação. Infelizmente, é possível que também nós, sacerdotes, funcionemos com um conceito de liberdade mundano. A liberdade de eleição é somente um sinal de que há liberdade, mas não é a essência da liberdade, muito menos da liberdade cristã, que leva consigo, necessariamente, a identificação da nossa vontade com a Vontade de Deus. Cristo, totalmente livre, submeteu-se em tudo ao Pai. Esse é o nosso modelo de liberdade, e de obediência!

Uma liberdade concebida dessa maneira nos faz mais verdadeiros, nos faz mais nós mesmos. Anteriormente, falávamos de liberdade como capacidade de fazer o bem de maneira inteligente. Logicamente, liberdade e obediência, na vida do cristão, e em conseqüência do presbítero, precisam estar sempre unidas. Como é importante aprender a obedecer livremente e ser livre obedecendo. Não é um mero jogo de palavras: quando se recebe uma ordem, é mais obediente e mais livre aquela pessoa que é capaz de obedecer da maneira mais perfeita possível. Nesse desejo de obedecer bem, entra em jogo a nossa inteligência e vontade, e a graça de Deus.

Obediência cadavérica? Nem pensar! Obediência de seres vivos, dotados de uma capacidade intelectual e volitiva e elevados pela graça de Deus. Concretamente, obedecer ao Papa e ao bispo diocesano é, para cada um de nós, identificação com Cristo que obedeceu em tudo. Além do mais, é garantia de eficácia apostólica. Se cada um quisesse fazer a sua própria “diocese paroquial”, a pastoral iria a menos e se mostraria – mais cedo ou mais tarde – a deterioração que isso implica para a unidade católica.

Serviço aos pobres

Pode-se afirmar com toda segurança que nós – Igreja no Brasil – fizemos a opção preferencial pelos pobres. Graças a Deus, pode-se observar nas paróquias diversas atividades em favor dos mais necessitados. É muito edificante ver o sacrifício de muitos sacerdotes para levar adiante tantas iniciativas nesse campo. Em todo o Brasil há uma sensibilidade geral para esse tema. Sem dúvida, tudo isso está profundamente enraizado no Evangelho.

O Papa Bento XVI, no seu Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, afirmou: “A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos leva à comunhão: o encontro com Deus é, em si mesmo e como tal, encontro com os irmãos, um ato de convocação, de unificação, de responsabilidade para o outro e para com os demais. Neste sentido, a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com sua pobreza (Cf. 2 Cor 8,9)” (DE, nº. 3).

Nós, presbíteros, não podem esquecer-nos, no entanto, que o nosso trabalho a favor dos mais pobres nas suas mais diversas manifestações (há também uma pobreza espiritual que não é boa: pecado, ignorância, falta de educação, etc.) tem que estar banhada dessa característica: pastoral. Explico-me: nós não somos agentes sociais, nós somos pastores do rebanho do Senhor e como tais devemos cuidar das ovelhas. Como bons pastores procuraremos, em primeiro lugar, rezar por todas essas pessoas confiadas ao nosso cuidado, pois, por mais que façamos, sempre há um campo imenso aonde nós não chegamos, mas que a oração abarca. Em segundo lugar, a nossa atividade em favor dos irmãos, não pode se converter em ativismo. Seja a nossa ação fruto da contemplação dos mistérios de Deus. A oração deve ocupar o primeiro lugar!

É importante saber organizar as coisas, para que não estejamos sempre à frente. Como é bonito passar despercebidos! Por outro lado, há tantos leigos que sabem fazer coisas tão bem feitas e que nós não temos nem idéia. É importante que sejamos conscientes dos nossos próprios limites e deixemos que os outros trabalhem na vinha do Senhor, impulsionando-os e apoiando-os, coisa que sempre se agradece ao padre.

Muito obrigado, senhores bispos, por que essa Carta que nos fez pensar, refletir e fazer propósitos para melhorar a nossa vida e ministério sacerdotais santificando-nos nesse trabalho tão santo e divino ao santificar os outros com ele.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa

(da Diocese de Anápolis-GO)

domingo, 23 de maio de 2010

Arte e Arquitetura Sacra no UNIV Forum 2010

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Por Rafael Diehl

Entre o final do mês de maio e o início de abril, tive a oportunidade de participar do 43º UNIV Forum, um Congresso universitário promovido pelo Opus Dei todo ano em Roma, próximo à Semana Santa. Vários professores e estudantes se reuniram em palestras, conferências e debates sobre o tema “Pode o Cristianismo inspirar uma Cultura Global?”.

No dia 30 de maio, participei de um encontro cultural promovido pelo Prof. Ralf van Bühren (foto ao lado), que leciona Arte e Arquitetura na Pontifícia Universidade de Santa Cruz, em Roma. O encontro, intitulado “O que há de ‘cristão’ na arte e arquitetura sacra?” propunha-se a discutir o que sucede com a arte religiosa moderna, tendo em vista que antigamente havia certo acordo geral acerca dos elementos e critérios básicos da arte e arquitetura sacra cristãs. Também se perguntava se havia algum cânon de beleza cristão.

Em sua fala inicial, o Prof. Bühren comentou que há hoje uma grande discussão sobre o que pode ou não entrar em nossas igrejas. Então, explicou que a arte das igrejas não pode ser a imagem por si. Falou da importância da beleza para o homem, que é por ela levado à reflexão, e de que a verdadeira beleza é norteada por um aspecto moral. Esses seriam os critérios iniciais para se discutir o que pode ou não haver de arte em uma igreja.

O objetivo da arte na Igreja, segundo o professor, seria o de expor os Mistérios da Fé e recordar a História da Salvação. As imagens, portanto, contavam a História da Salvação e lembravam a presença dos santos na Liturgia e no ambiente sagrado. As igrejas são locais sagrados, construídas para a Liturgia e Oração especificamente. Nesse sentido, Bühren também recordou o fato de que os cristãos rejeitaram o modelo arquitetônico do templo pagão e adotaram o das basílicas (um edifício civil) porque se adequava melhor às suas liturgias (as basílicas podiam congregar os fiéis e sacerdotes sob o mesmo teto e também permitiam a Liturgia da Palavra).

O Prof. Bühren também frisou que a renovação artística desejada pelo Concílio Vaticano II deve ser guiada pela tradição da Arte Sacra. Como lembrava João Paulo II, apesar dos elementos subjetivos (expressão pessoal do artista e liberdade de escolha dos estilos artísticos), a arte sacra deve transmitir a fé e se referenciar na Tradição Apostólica.

Outra questão colocada pelo conferencista foi sobre qual a necessidade da Arte na Igreja. Segundo Bühren, a arte está primeiramente ligada à Liturgia, sendo uma referência visível aos mistérios invisíveis, e uma expressão da fé, de forma a estabelecer uma comunicação com o homem.

O período pós-conciliar até 1985 aproximadamente foi marcado por um desinteresse dos artistas pela arte religiosa, por uma crise de identidade cristã e pelo liturgicismo ascetista surgido na Alemanha e França. A crise de identidade cristã e o desinteresse dos artistas gerou uma falta de produção de Arte Sacra, visto que não se sabia mais o que caracterizava a arte cristã nem havia significativa quantidade de artistas que buscassem trabalhar em prol dessa arte. O liturgicismo ascetista desprezava as imagens e a decoração das igrejas, pois consideravam como algo supérfluo, que obscurecia a presença de Cristo na Liturgia. Assim, começaram a construir diversas igrejas simplistas, sem nenhuma decoração, com formas estranhas à tradição dos templos cristãos.

Na década de 1970, contudo, surgiu uma corrente na Espanha chamada de image tradition, que valorizava as imagens na arte sacra, influenciados pela forte tradição espanhola das imagens nas igrejas e procissões. Contudo, o liturgicismo ainda é bastante forte hoje em dia, e é por isso que temos tantas igrejas sem imagens ou que mais se assemelham a salões de reunião do que a um recinto sagrado.

Em conclusão, o Prof. Bühren frisou que arte é comunicação, que na Arte Sacra o objetivo é comunicar a fé aos fiéis. Nesse sentido, a intenção da obra e do artista influenciam na mensagem que a obra transmite. A imagem sacra dever unir corpo e alma, e não ser apenas um mero retrato. O artista deve portanto buscar apoiar-se na tradição iconográfico da história da Arte cristã e buscar uma linguagem imagética que possa se comunicar com todos os fiéis. Assim, Bühren finalizou dizendo que o que a obra expressa é mais importante do que o seu estilo.

sábado, 22 de maio de 2010

"Salvo pela Liturgia" - Uma vocação "fruto de celebrações conforme a tradição da Igreja"

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“... se salvarmos a Liturgia, seremos salvos por ela.” (Pe. Paulo Ricardo)

Desde criança, ainda no seio do lar, já batia em mim uma grande vontade de ser diferente, de levar uma vida que não era a que os meus irmãos levavam: cresciam, estudavam, trabalhavam, casavam-se... Mesmo estando numa sociedade onde o capital é o que voga, lá nos anos 1994 o Senhor mesmo já suscitava em mim o desejo de querer servi-lo mais e melhor.

E isto se deu, a princípio, por meio do meu avô Antão – um neto de holandeses que, em sua cidade era o prefeito, o médico, o delegado e o padre. Um típico fazendeiro que, em seu tempo, soube dar respostas aos que lhe eram subalternos e mesmo àqueles que lhe eram iguais.

Cresci sendo levado por meus pais todos os sábados para a sua fazenda para reunir toda a família, na longínqua cidade do sertão pernambucano e rezarmos (cantarmos) juntos o Ofício da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Ficava abismado como um casal de velhinhos sabia de cor todo o ofício. Faziam-nos ajoelhar todos ante um pequeno altar preparado em sua fazenda e cantar, mesmo sem sabermos ainda. E isso me marcou profundamente.

Outro fato foi um encontro que tive com frei Damião de Bozzano, OFMCap., em 1990, em uma de suas missões, na minha cidade. Na ocasião, lembro-me dele ter dito: “menino, você vai preparar o caminho do Senhor...” Mal eu sabia que este seria o lema escolhido por mim, sem esta recordação, para a minha ordenação diaconal, a profecia de São Zacarias: “Serás profeta do Altíssimo, ó menino, pois irás à frente do Senhor para aplainar e preparar os seus caminhos.” (Lc 1,76). Ele estava na sola da sacristia, preparando-se para iniciar a Santa Missa e eu fui com meu avô pedir a bênção. De fato, a profecia daquele santo frei ainda hoje mexe e incomoda, pois me remete ao momento do “primeiro toque do Senhor”.

Depois disso, fui embora para Brasília com os meus pais. A minha grande surpresa e alegria foi saber que a nossa nova paróquia era franciscana! Mas ainda não tinha feito a primeira comunhão. Logo fui inscrito na catequese e, ao mesmo tempo, ingressei no grupo de coroinhas. Inesquecível foi a primeira vez em que servi o altar do Senhor: eu era bem pequenino e ficava atrás do altar, quase que escondido. Em vista disso, por muitos anos fui chamado de “o mascote” do grupo mas, ao mesmo tempo, um dos que mais se dedicavam ao aprendizado dos serviços.

Após a primeira eucaristia, aquela chaminha acesa por frei Damião começou a fumegar mais forte quando soube que o irmão que me precede (sou o sexto e caçula) havia ingressado na Ordem dos Frades Menores Conventuais. Mas não durou muito tempo esta alegria da família, pois o que pareceu uma decepção para todos, foi o meu grande impulso; disse para mim mesmo: “vou terminar o que ele não conseguiu” e isso foi apenas pensado por mim, mas não logo retomado... só cinco anos mais tarde esse pensar voltou ao coração.

Do tempo entre a primeira eucaristia e o Crisma, servi como coroinha e, a cada dia, fui me aperfeiçoando cada vez mais em querer aprender as “coisas da Missa”; e isso, sobretudo, olhando, perguntando (era bastante curioso) e incomodando a muitos com o meu jeito de querer sempre fazer o que era o certo, pois já lia bastante a respeito.

Sempre fui agraciado por Deus por ter os Franciscanos Conventuais ao meu redor. Sempre muito zelosos em tudo o que faziam, procuravam dar exemplos para nós, coroinhas. Recordo-me quando fui escalado pela primeira vez para servir como turiferário: mas, como sempre, muito pequeno, não conseguia levantar a corrente do turíbulo... e chorei porque sempre sonhava com aquele dia e não vingou... Na ocasião, um frei me disse: “não se preocupe, não chore... você ainda vai segurar tanto o turíbulo que pode até cansar, mas será pra sempre.” Suspirando ainda, fui servir sem função naquela Missa, porém, mais tranqüilo com o que ele me havia dito. Desde então, assistia as Santas Missas diariamente: saía da escola e ia direto para a paróquia.

Com este gosto, o zelo pelas coisas do Senhor ia crescendo cada vez mais. Até que chegou o dia em que por lá apareceu e passou o Pe. Marcony Vinícius (hoje Dom Marcony Vinícius) e quis me levar consigo para dar formações para melhor servir durante a Santa Missa. E assim o foi. Foram pelo menos cinco anos de preparações, aulas, enfim, recebia muito e esta consciência crescia cada vez mais.


Mas o fato de estar constantemente na igreja não me fez deixar viver a minha adolescência; ao contrário, vivi-a intensamente!! Porém, de modo diverso, pois me sentia incomodado com algo que ainda não sabia o que era... anos mais tarde, um frade me alertou: “você é um vocacionado!” Aquilo me assustou e quando dei por mim, já estava fazendo os encontros vocacionais, com os Franciscanos Conventuais. Claro que além de uma certa convivência que tinha com os frades, um outro fator primordial, que despertou a minha atenção, foi o uso quando não constante, mas ao menos frequente do hábito! O primeiro atrativo é óbvio que é estético, pois é belíssimo; mas a lembrança do 'tau', do sinal dos escolhidos, da cruz do Senhor me cativou ainda mais e fomentou a busca de querer portá-lo "por todo o tempo da minha vida".

Até que chegou o ano de 2000 – ano jubilar, ano do primeiro Congresso Eucarístico Paroquial da Arquidiocese de Brasília – na minha paróquia. Trabalhei bastante na preparação e execução do mesmo. Já era um cerimoniário (o primeiro de lá) e já estava formando outros também. O desejo de sempre querer aprender mais, saber mais sobre as coisas crescia de forma estupenda. No final deste mesmo ano, fui aprovado para ingressar no ano seguinte na Ordem Franciscana Conventual.

No dia 03 de fevereiro de 2001 pisei no convento Jardim da Imaculada, em Cidade Ocidental-GO, tendo sido levado por um dos primeiros freis missionário polonês que ao “entregar-me” ao formador, disse: “aqui está um futuro bom frade”. E aquilo ficou na minha cabeça.

O ano de 2001 foi bem puxado, mas dentro do que eu esperava; inclusive, pude ajudar na preparação da Sagração Episcopal do Bispo Coadjuntor da Diocese de Luziânia-GO, pois meu mestre era o Mestre de Cerimônias da Diocese, em quem muito me inspirei e me inspiro. Mas seis meses após a Ordenação, o novo Bispo faleceu.

Aqui vale ressaltar todo o zelo e amor de um verdadeiro “pai” (para não dizer “padre”) que o meu mestre passava, ensinava e vivia (e ainda vive); sobretudo, na Santa Missa! É um exemplo para tantos ainda hoje!

No ano seguinte, ano do noviciado – fui com grandes expectativas, por conta de ser o principal ano da vida religiosa e também pelo mestre que teria e que continuava o estilo de zelo e decoro, respeito e amor ao que é realmente da Tradição Católica e Franciscana! Sem delongar-me aqui, quero chamar a atenção para o fomento que este grande homem me deu e ainda o dá, no que se refere à celebração do Santo Sacrifício da Missa: foi com ele que ouvi pela primeira vez esta expressão, de modo mais concreto, pois, até então, já ouvira, mas não do modo como ele ensinava e vivia. Desde então, comecei a perceber a grande diferença entre o querer saber mais sobre as coisas do Senhor e a partir delas. O ‘a partir’ pressupõe uma experiência nelas, sendo que o ‘sobre’ pode indicar muita teoria, mas pouca prática, pouco espírito!


Em um segundo momento de noviciado, meu mestre ensinou-me a grande diferença entre o ser frade e o fazer frade: o segundo é conseqüência do primeiro, isto é, em sendo, toda ação que se fizer, acontece como irradiação do ser; é o tomar para si a essência de Deus; é querer ser de Deus!

Desde então, vivendo o tempo da profissão dos votos, compreendi, com o passar dos anos, com a ajuda dos estudos próprios da Ordem, dos que a Santa Igreja pede para poder ser ordenado que o canto, a música sempre estiveram presentes em minha vida. Desde os sete anos de idade, já cantava nos comícios do meu avô.

Trouxe esta parte da história da minha vida para ilustrar que uma guinada, uma conversão, uma volta para o Senhor fez-se necessária com o passar do tempo e nele compreendi que, como reza a Sacrossanctum Concilium 112: “A música [...] será, [...] tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à ação litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como fator de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções sagradas”.

Esta afirmação me impulsiona a querer a cada dia mais, tomado pelo Senhor, imbuído por seu amor misericordioso, que olhou para a pequenez do seu servo e fez maravilhas; por isso, posso dizer: “Santo! Santo! Santo! É o Senhor!”

Hoje, estando quase às portas da minha ordenação diaconal, tenho meditado bastante sobre e partir do Santo Sacrifício da Missa. Certa vez, meditava com as Constituições da Ordem e reparei que no nº 73, nos parágrafos 1 e 2, estava contido grande parte do meu anseio e tomada de consciência de que fui, sou e só poderei “ser salvo pela Liturgia”. Assim reza: “Dado que a comunhão de vida com Deus cresce e se aprofunda especialmente através dos atos litúrgicos, os frades procurem preparar-se por meio do estudo freqüente dos textos litúrgicos, e participem dos atos litúrgicos como o exige o próprio estado e a própria natureza da liturgia. [§2]: Nos sagrados atos litúrgicos, siga-se com fidelidade o rito da Igreja e observem-se as prescrições do calendário e do ritual da Ordem. [...]

Está tudo aqui resumido. Mas, certamente, sou testemunha viva de que fui um dia e o sou a cada dia “salvo pela liturgia!” O blog "Salvem a Liturgia", que admiro muito o ardoroso e zeloso trabalho de toda a equipe, da qual faço parte, diariamente traz um conteúdo, como essencial. É como ensina o meu Seráfico Pai São Francisco de Assis, no final da sua vida, falando aos frades: "... que sempre sejam fiéis e sujeitos aos prelados e a todos os clérigos da Santa Mãe Igreja..." (Testamento de Sena, 4), tenho muito a testemunhar, compartilhar e certamente ainda a aprender também, para um melhor fomento e, oxalá, ser um autêntico testemunho vivo de que "uma celebração conforme a tradição da Igreja é fonte de vocações para a Igreja [...]" (Pe. Paulo Ricardo).

Posso dizer até que sou fruto concreto desta afirmação. Cresci vendo, participando, preparando e, por fim, ensinando como preparar belas, piedosas e frutuosas Santas Missas celebradas pelos frades da paróquia donde provenho. Tenho a sã consciência de que ter obrigação de colocar a serviço do povo de Deus, sobretudo, utilizando dos dons que Ele mesmo me deu. Urge sermos coerentes em tudo e com tudo o que lemos, escrevemos e, por conseqüência, vivemos, experimentamos, cada qual em seu estado de vida! Afinal, como diz o antigo jargão francês, noblesse oblige! (a nobreza [do nosso estado] nos obriga a [..]!)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sites de diversos países fazem referência à publicação do Salvem a Liturgia

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A publicação do Salvem a Liturgia referente a Santa Missa presidida pelo Monsenhor Guido Marini no Altar de Maria Salus Populi Romini na Básilica de Santa Maria Maior: (cf. Salvem a Liturgia) foi citada em sites de diversos países confirmando o grande alcance do nosso apostolado e aumentando a nossa responsabilidade em oferecer aos leitores uma opção de valorização, zelo e profundo amor pela Sagrada Liturgia da Igreja.

Aprendendo o Latim (Parte VI)

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A Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, do Santo Padre Bento XVI, no nº 62 fala explicitamente quanto ao uso da língua latina (grifos nossos): "... A fim de exprimir melhor a unidade e a universalidade da Igreja, quero recomendar o que foi sugerido pelo Sínodo dos Bispos, em sintonia com as diretrizes do Concílio Vaticano II: excetuando as leituras, a homilia e a oração dos fiéis, é bom que tais celebrações sejam em língua latina; sejam igualmente recitadas em latim as orações mais conhecidas da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano. A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se transcure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia."

E isto para enfatizar o intento que o Salvem a Liturgia vem fazendo com esta série de postagens, em consonância com o Magistério e com o Santo Padre o Papa!

Aqui é bom entendermos o porquê de algumas palavras variarem em suas terminações. No latim, substantivos, adjetivos e pronomes não têm uma forma fixa como em português,que só varia em gênero e número, isto é, masculino e feminino, singular ou plural. O latim não tem artigos; as desinências indicam, simultaneamente, não só o gênero e o número da palavra, mas também a sua função sintática.

Os substantivos declináveis em latim figuram, nos dicionários, em dois casos, o nominativo e o genitivo. Por exemplo, tabula, ae; dominus, i; lex, legis; manus, us; dies, ei (ae genitivo da primeira declinação; i da segunda; is, da terceira; us, da quarta, e ei da quinta).
Conhecido o genitivo, dele se extrai o radical para formar os demais casos. O radical é obtido destacando-se a desinência do genitivo. Exemplo: Dominus, Domini. Radical: Dominus menos us = Domin.

Os termos em us fazem o vocativo em e. Ex.: Benedictus (Bento), Benedicte (Ó, Bento). Mas, Deus (Deus), agnus (cordeiro) e chorus (coro) têm o vocativo igual ao nominativo, isto é, us. Ex.: Agnus Dei, miserere nostri (Cordeiro de Deus, tem piedade de nós).

Os casos em latim são seis e regem a terminação que a palavra vai receber. Na maioria das vezes:
O nominativo indica o sujeito da oração e normalmente é traduzido por "o algo" / "algo".
O genitivo indica o adjunto adnominal restrivo, passa a idéia de posse e normalmente é traduzido por "de algo".
O dativo indica o objeto indireto e normalmente é traduzido por "a algo".
O acusativo indica o objeto direto e normalmente é traduzido por "o algo".
O ablativo indica um adjunto adverbial e normalmente é traduzido por "para algo".

Assim, quando foi anunciado o novo Papa, em 19 de Abril de 2005, o Cardeal protodiácono Jorge Medina Estévez, proclamou:

Annuntio vobis gaudium magnum;
habemus Papam:
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Josephum
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Ratzinger
qui sibi nomen imposuit Benedictum (i) decimi sexti
.
Anuncio-vos uma grande alegria;
Temos um Papa:
O eminentíssimo e reverendíssimo Senhor,
Senhor Joseph
Cardeal da Santa Romana Igreja Ratzinger,
que se impôs o nome de Bento dezesseis.
Ao anunciar o nome do papa recém-eleito, é dito o nome de nascimento do novo papa ou o primeiro nome em latim, caso acusativo (ex. Angelum Iosephum, Ioannem Baptistam, Albinum, Carolum, Iosephum), o sobrenome do novo pontífice é anunciado na língua original (por exemplo, Roncalli, Montini, Luciani, Wojtya, Ratzinger). O nome pontifício do novo papa é normalmente pronunciado em latim, no caso genitivo (ex. Ioannis vicesimi Tertii, Ioannis Pauli primi, e etc), embora também possa ser utilizado o caso acusativo em latim (como foi o caso em 1963, quando o nome papal de Paulo VI foi anunciado como Paulum Sextum e do atual papa Benedictum).


Áudio da Salve Rainha:







Salve, Regina, mater misericordiae; vita, dulcedo, et spes nostra, salve. Ad te clamamus, exsules filii Evae. At te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos converte. Et Iesum, benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exsilium ostende. O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria. Amen.



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