De Recife para Garanhuns são boas três horas de viagem. Fi-las, ontem, duas vezes: indo e voltando. Seis horas de estrada (um pouco mais, devido às adversas condições climáticas tanto na Veneza quanto na Suíça brasileiras), junto com mais alguns amigos: fui à Cidade das Flores porque, lá, estava acontecendo o Encontro Sacerdotal sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum. Alguns padres meus amigos estavam lá presentes; outros, conheci lá. No total, cerca de trinta padres de todo o Brasil reunidos em um congresso sobre a Forma Extraordinária do Rito Romano.
E fui ontem porque o único evento aberto para leigos no referido encontro foi o Pontifical celebrado por Dom Fernando Arêas Rifan, Bispo de Cedamusa e Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Quis estar presente à referida Missa, para agradecer ao Altíssimo por este encontro e pedir-Lhe que ele dê frutos para o bem de toda a Igreja Santa de Deus. Claro que tiramos fotos, mas não as tenho ainda – elas virão. Por enquanto, as principais imagens são as que ficaram impressas n’alma.
Que, aliás, eu não tenho palavras para exprimir. Não sei o nome de todos os acólitos presentes (cruciferário, “tocheiro”, “candelário”…), nem de todos os sacerdotes que estavam junto ao senhor bispo no Altar (fora o diácono, o sub-diácono e o presbítero-assistente, havia pelo menos mais dois), não sei os nomes de todos os paramentos e objetos litúrgicos que eu vi serem utilizados (entre aqueles, as luvas e as “sapatilhas” do bispo celebrante e, entre estes, a “candela”)… enfim, eu não saberia descrever, até por ignorância das expressões, a celebração que assisti ontem à noite. Sei apenas que foi portentosa.
E, na homilia, Sua Excelência falava sobre a importância de se dar o melhor a Deus. E contou a história do índio que assistia à Primeira Missa celebrada no Brasil e que, falando a outros recém-chegados, apontava para o Altar e apontava para o Céu. “O melhor comentário sobre a Missa que já vi” – disse ontem Sua Excelência. E eu me sentia então um pouco como aquele índio anônimo que, com tanta naturalidade, provavelmente até sem o perceber, foi o autor de um tão valioso comentário sobre a Santa Missa, que atravessa os séculos sem perder a sua força de expressão. O Altar, o Céu.
Porque não é necessário conhecer a língua, não é necessário entender pormenorizadamente o significado de cada uma das orações, dos gestos e das partes da Missa, não é necessário perceber cada um dos detalhes das funções de cada um dos sacerdotes e acólitos presentes no presbitério. A única coisa necessária é colocar-se humildemente em oração e deixar-se impressionar pelo espetáculo que se desenrola diante dos olhos. O Sacrifício do Filho de Deus. A Presença Real na Santíssima Eucaristia. O Altar. O Céu. E, com isso, colocar-se na presença de Deus, sem saber precisar ao certo se é a alma que se eleva ao Trono do Altíssimo ou se é o Céu que desce até tocar a alma. O que importa é que a alma – digamos – “deixe-se tocar” pelo Sagrado e, desse contacto propiciado pela Liturgia, possa haurir as graças necessárias para viver bem esta vida na Terra, a fim de um dia poder participar das Bodas Eternas do Cordeiro que a Santa Missa de certo modo antecipa. O Altar, o Céu. A Santa Missa. O Céu na terra.
Ensaio na capela do Seminário de Garanhuns
Preparativos para o Pontifical, na Catedral de Garanhuns
Gustavo, do Exsurge Domini, como acólito
Sacrário da catedral
Acólitos
Thiago de Moraes, da Apologética Católica e da comunidade correlata no Orkut, preparando dois acólitos para o Pontifical
Coro de monges beneditinos
D. Fernando Arêas Rifan, Bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, celebrante da Missa Pontifical, com os diáconos-assistentes, o diácono, o subdiácono, e o presbítero-capelão (em pluvial)
D. Fernando Guimarães, Bispo de Garanhuns, em vestes corais, dá as boas-vindas a D. Fernando Rifan
Mons. Sérgio Costa Couto, reitor da Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (vulgo Outeiro da Glória), no Rio de Janeiro, funcionando como diácono-assistente
Pe. José Edilson, atuando como subdiácono, faz a Leitura da Epístola
Pe. Claudiomar, como diácono, proclama o Evangelho
D. Rifan é acompanhado pelo Karlos Guedes como acólito, experiente no rito extraordinário
O subdiácono cobre a vista com um véu durante todo o Cânon, representando a Sinagoga, que não consegue enxergar o Filho de Deus
Pax vobis!
Créditos: José Claudemir