Nossos Parceiros

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Praeparatio ad Missam

View Comments
Oratio S. Ambrosii

Ad mensam dulcíssimi convívii tui, pie Dómine Iesu Christe,
ego peccátor de própriis meis méritis nihil præsúmens,
sed de tua confídens misericórdia et bonitáte,
accédere véreor et contremísco.
Nam cor et corpus hábeo multis crimínibus maculátum,
mentem et linguam non caute custodítam.
Ergo, o pia Déitas, o treménda maiéstas,
ego miser, inter angústias deprehénsus,
ad te fontem misericórdiæ recúrro,
ad te festíno sanándus,
sub tuam protectiónem fúgio;
et, quem Iúdicem sustinére néqueo,
Salvatórem habére suspíro.
Tibi, Dómine, plagas meas osténdo,
tibi verecúndiam meam détego.
Scio peccáta mea multa et magna, pro quibus tímeo:
spero in misericórdias tuas, quarum non est númerus.
Réspice ergo in me óculis misericórdiæ tuæ,
Dómine Iesu Christe, Rex ætérne, Deus et homo,
crucifíxus propter hóminem.
Exáudi me sperántem in te:
miserére mei pleni misériis et peccátis,
tu qui fontem miseratiónis numquam manáre cessábis.
Salve, salutáris víctima,
pro me et omni humáno génere in patíbulo Crucis obláta.
Salve, nóbilis et pretióse Sanguis,
de vulnéribus crucifíxi Dómini mei Iesu Christi prófluens,
et peccáta totíus mundi ábluens.
Recordáre, Dómine, creatúræ tuæ,
quam tuo Sánguine redemísti.
Pǽnitet me peccásse,
cúpio emendáre quod feci.
Aufer ergo a me, clementíssime Pater,
omnes iniquitátes et peccáta mea,
ut, purificátus mente et córpore,
digne degustáre mérear Sancta sanctórum.
Et concéde, ut hæc sancta prælibátio Córporis et Sánguinis tui,
quam ego indígnus súmere inténdo,
sit peccatórum meórum remíssio,
sit delictórum perfécta purgátio,
sit túrpium cogitatiónum effugátio
ac bonórum sénsuum regenerátio,
operúmque tibi placéntium salúbris efficácia,
ánimæ quoque et córporis
contra inimicórum meórum insídias firmíssima tuítio.
Amen.


Oratio S. Thomæ Aquinatis

Omnípotens sempitérne Deus,
ecce accédo ad sacraméntum Unigéniti Fílii tui,
Dómini nostri Iesu Christi,
accédo tamquam infírmus ad médicum vitae
immúndus ad fontem misericórdiæ,
cæcus ad lumen claritátis ætérnæ,
pauper et egénus ad Dóminum cæli et terræ.
Rogo ergo imménsæ largitátis tuæ abundántiam,
quátenus meam curáre dignéris infirmitátem,
laváre fœditátem, illumináre cæcitátem,
ditáre paupertátem, vestíre nuditátem,
ut panem Angelórum, Regem regum et Dóminum dominántium,
tanta suscípiam reveréntia et humilitáte,
tanta contritióne et devotióne, tanta puritáte et fide,
tali propósito et intentióne,
sicut éxpedit salúti ánimæ meæ.
Da mihi, quæso, domínici Córporis et Sánguinis
non solum suscípere sacraméntum,
sed étiam rem et virtútem sacraménti.
O mitíssime Deus,
da mihi Corpus Unigéniti Fílii tui, Dómini nostri Iesu Christi,
quod traxit de Vírgine María, sic suscípere,
ut córpori suo mýstico mérear incorporári
et inter eius membra connumerári.
O amantíssime Pater, concéde mihi diléctum Fílium tuum,
quem nunc velátum in via suscípere propóno,
reveláta tandem fácie perpétuo contemplári:
Qui tecum vivit et regnat
in sǽcula sæculórum.
Amen.


Oratio ad B. Mariam Virginem

O Mater pietátis et misericórdiæ, beatíssima Virgo María,
ego miser et indígnus peccátor
ad te confúgio toto corde et afféctu,
et precor pietátem tuam,
ut, sicut dulcíssimo Fílio tuo in Cruce pendénti astitísti,
ita et mihi, mísero peccatóri, et sacerdótibus ómnibus,
hic et in tota sancta Ecclésia hódie offeréntibus,
cleménter assístere dignéris,
ut, tua grátia adiúti,
dignam et acceptábilem hóstiam
in conspéctu summæ et indivíduæ Trinitátis
offérre valeámus.
Amen.


Formula intentionis

Ego volo celebráre Missam,
et confícere Corpus et Sánguinem Dómini nostri Iesu Christi,
iuxta ritum sanctæ Románæ Ecclésiæ,
ad laudem omnipoténtis Dei totiúsque Cúriæ triumphántis,
ad utilitátem meam totiúsque Cúriæ militántis,
pro ómnibus qui se commendavérunt oratiónibus meis
in génere et in spécie,
et pro felíci statu sanctæ Románæ Ecclésiæ.
Amen.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Uso de estola cruzada e do manípulo no Novus Ordo

View Comments
Publicamos para a apreciação dos leitores do Salvem a Liturgia uma interessante resposta do Padre John Zuhlsdorf a um sacerdote, acerca do uso da estola cruzada e do manípulo no Novus Ordo.
De um sacerdote leitor:

“Tento trazer para o Novus Ordo tantos elementos do rito antigo quanto sejam permitidos. Minha pergunta: é lícito para um sacerdote ao celebrar a Missa de acordo com o novo rito cruzar sua estola, como no rito antigo? Similarmente, é válido usar um manípulo ao celebrar a Missa de acordo com o novo rito?”

Trata-se do costume imemorial de os padres cruzarem suas estolas, a direita sobre a esquerda, ao usar casula e capa na Missa. Padres no ocidente cruzam suas estolas desde o século VII, apesar de o costume ter se difundido depois no período medieval. Bispos e abades não fazem isso. O simbolismo de traçar uma cruz sobre o coração é óbvio.

Sobre o Novus Ordo, a IGMR 340 diz:

340. Stola defertur a sacerdote circa collum et ante pectus pendens; a diacono vero ab umero sinistro per transversum super pectus ducitur ad partem dexteram corporis, ibique retinetur.

Esse parágrafo diz que a estola do sacerdote fica pendendo diante do peito e em torno do pescoço enquanto a do diácono cruza o peito a partir do ombro. Não diz nada a respeito de a estola pender em linha reta de cada lado. Uma estola cruzada permanece pendente diante do peito.

Você pode cruzar a estola de sacerdote no Novus Ordo.

Para falar a verdade, eu recomendo vivamente que você faça isso, especialmente ao usar a pianeta, a casula Romana. A estola cruzada serve também para “preencher” parte da abertura na frente. É uma razão prática, uma razão estética, mas mesmo assim uma boa razão.



As rubricas do Novus Ordo silenciam a respeito do manípulo. Mais uma vez, é um costume de bem mais de mil anos que o manípulo seja usado no Rito Romano. É uma veste Romana que remonta ao século VI.

Nunca foi abolido.

Já chegou a ser obrigatório para a Missa, mas não é mais (cf. 1967 Tres abhinc annos, 25.).

Um dos consultores do Escritório de Cerimônias Pontifícias, Pe. Mauro Gagliardi, disse durante uma entrevista à ZENIT que:

“O manípulo é uma peça de veste litúrgica usada na celebração da Santa Missa na forma extraordinária do Rito Romano. Caiu em desuso nos anos da reforma pós-conciliar, apesar de nunca ter sido ab-rogado.”

Penso que Gagliardi está correto. Para o Novus Ordo, use-o ou não, da maneira como preferir.

Minha prática é que, havendo um manípulo disponível, eu o uso. Se não há um manípulo, não me preocupo. Manípulos não são mágicos (apesar de algumas pessoas acharem que são... talvez porque tenham dado a eles grande significância em resposta ao iconoclasmo litúrgico pós-conciliar).



Penso que são elementos muito bons – cruzar a estola, usar o manípulo – para serem trazidos para o Novus Ordo. Eles podem representar algo da “atração gravitacional” que o uso expandido da forma tradicional do Rito Romano terá em nosso culto litúrgico em geral.

Não é uma só uma questão de manípulos, por assim dizer. Esses detalhes contribuem de alguma forma com a autoconsciência do sacerdote sobre seu papel na ação sagrada. Os detalhes chamam a atenção do sacerdote e apontam para sua identidade. Alguns podem dizer que ele não deveria precisar de ponteiros deste tipo. Eu respondo, “Não mesmo?” Alianças de casamento não mudam seu estado civil, mas são sinais para você e para os outros sobre quem você é. Todos nós, não sendo anjos, nos beneficiamos dessas lembranças. Esses detalhes também enviam sinais para os fiéis, dizendo que o que está acontecendo não é mundano. Algo especial está acontecendo. Todos eles são parte da ars celebrandi.

Tradução: Fabiano Rollim.

Sacerdote bracarense a caminho dos altares

View Comments
"Padre Abílio Gomes Correia, sacerdote de Braga, pastor da Eucaristia"Com o intuito de obter mais devotos a este novo beato, publicamos uma entrevista, na qual é revelada uma profunda devoção à Santíssima Eucaristia, mormente, a celebração do Santo Sacrifício da Missa; demonstrou também grande zelo pelas coisas do Senhor durante toda a sua vida. Peçamos a sua intercessão, para que, por ela, muitos outros sacerdotes também se percebam chamados à sua vocação inicial: à vida de santidade pois, um sacerdote santo, santifica, por consequência, o povo que foi confiado!
 
Por Álvaro Magalhães
Adaptações de frei Cleiton Robson, OFMConv.
 
O Padre Abílio Gomes Correia nas bodas de ouro paroquiais em 8 de Julho de 1957


Passados treze anos da introdução da causa de canonização do padre Abílio Gomes Correia, antigo pároco de S. Mamede d’Este, arciprestado de Braga, o Diário do Minho foi falar com o atual pároco e saber se há muitos devotos daquele sacerdote, cujas graças obtidas resultem na sua beatificação e canonização. Foi o atual Arcebispo Emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, que assinou em 24 de Setembro de 1997 o decreto que introduziu a causa de canonização. O atual pároco de S. Mamede d’Este, o cônego Antônio da Costa Neiva, revela entusiasmo quando fala do seu antecessor naquela comunidade e não esconde a alegria de ter assumido aquela paróquia revestida do amor à Eucaristia, uma herança deixada pelo padre Abílio que tenta cuidar.

Diário do Minho (DM) - Quem foi o Padre Abílio?
Cônego Antônio Neiva (CAN) - Foi um simples padre de aldeia que, em 1907, chegou a S. Mamede d’Este vindo de Padim da Graça, onde era coadjutor do seu pároco, pois era natural de lá. Quando chegou aqui ficou espantado com o estado em que se encontrava a paróquia.

DM - Não conhecia a paróquia?
CAN - Nunca tinha vindo aqui. Encontrou a residência paroquial totalmente abandonada, a igreja no mesmo estado, com telhas partidas, janelas sem vidros, teias de aranha no interior do sacrário...

DM - Teve ajuda de alguém?
CAN - Veio sozinho e depois instalou-se na residência, primeiro com a mãe, depois com uma irmã de leite – uma moça que a mãe criou juntamente com ele, pois os pais dessa menina tinham morrido quando ainda era bebê. Essa irmã acompanhou o padre Abílio durante toda a vida aqui em S. Mamede e continuou a viver depois da sua morte. Quando chegou aqui ficou num isolamento muito grande e arranjou uma companhia: o Santíssimo Sacramento.

DM - Foi a paixão da sua vida...
CAN - Apaixonou-se pelo Santíssimo Sacramento, pôs-se em contato com os Padres Sacramentinos que trabalhavam em Roma, na igreja dos Doze Apóstolos, e fundou aqui, em 12 de Março de 1910, a Agregação da Adoração ao Santíssimo Sacramento. Os Padres Sacramentinos têm como missão adorar o Santíssimo Sacramento. Passado algum tempo fundou os Pajens da Eucaristia. As crianças não tinham qualquer formação especial e foi então
que ele formou os Pajens, corria o ano de 1914. Em 1915, porque havia uma adesão muito grande, não apenas aqui na paróquia mas também no arciprestado, ele pensou e começou a editar uma revista que publicou até ficar cego.

DM - Publicou sempre a revista?
CAN - Durante os anos da sua vida o padre Abílio publicou mensalmente a única revista eucarística que existiu em Portugal, intitulada “Mensageiro Eucarístico”. Como em S. Mamede d’Este não havia eletricidade, telefone, nem estradas, nem comunicações, ele era o diretor, redator, administrador e também o correio da revista. Ia pela estrada feita pelos romanos – a Via XVII – a Braga tratar das coisas da revista e logo a seguir à publicação da revista as  asinaturas começaram a multiplicar-se e foi chamado para a Inspeção Militar, e nessa altura Portugal participava na Guerra de 1914-1918. Foi apurado para a tropa e, ele que era um homem destemido, ficou cheio de medo. Pediu na revista para que rezassem para que não fosse chamado para a guerra porque não dispararia para matar gente. A batalha dele era espalhar o bem e a paz e não matar ninguém.

DM - As orações resultaram?
CAN - Por acaso não foi chamado para a guerra e publicou sempre a revista. O Arcebispo de Braga de então, D. Manuel Vieira de Matos, que teve uma experiência muito dura na I República – aliás como o próprio padre Abílio, que teve de fugir para Rio Caldo, no Gerês, em 1911, porque tinha lido na igreja a pastoral dos bispos que a Carbonária queria impedir de ser divulgada –, escolheu o padre Abílio para seu conselheiro pessoal. Em 1922, D. Manuel Vieira de Matos, o padre Abílio Gomes Correia e mais alguns sacerdotes, partiram para Roma
para participarem num congresso eucarístico internacional.

DM - Foi, com certeza, uma longa viagem?
CAN - Fizeram a viagem de barco, pois a Europa estava totalmente destruída da 1ª Guerra Mundial. Quando regressaram, vinham todos entusiasmados e o padre Abílio fascinado, com aquilo que viram e ouviram em Roma. Foi de fato um congresso assombroso. Como a viagem era longa tiveram muito tempo para falar e o padre Abílio questionou o arcebispo se Braga, como a “Roma portuguesa”, iria ficar calada perante os resultados do congresso eucarístico.

DM - Como respondeu D. Manuel?
CAN - O arcebispo disse que faria um encontro similar se tivesse meios para o organizar. Chamou a atenção do padre Abílio para a situação em que se encontrava Portugal. Só que o padre Abílio, corajoso como sempre, garantiu ao arcebispo que se as condicionantes eram apenas de ordem financeira, ele mesmo trataria de assumir a responsabilidade da organização. Resposta imediata do arcebispo: "Faz-se já no ano que vem! Se te encarregas disso, fazemos já". E foi o que fez mesmo.

DM - Como correu?
CAN - Em 1923, fez-se em Braga o I Congresso Eucarístico Diocesano. Foi tal o sucesso que o padre Abílio, como o ecônomo e responsável pela organização, quando foi apresentar contas o arcebispo apresentou-lhe um saldo positivo de 12 mil escudos, à data, uma pequena fortuna.

DM - Era dinheiro bem-vindo à diocese...
CAN - Nessa altura, D. Manuel Vieira de Matos estava a braços com muitas dívidas da diocese e estava construindo o Seminário Conciliar, atual edifício da Faculdade de Teologia Disse: "Graças a Deus que temos aqui um pé-de-meia para pôr as finanças da  diocese em dia e concluir a construção do Seminário". O padre Abílio, bastante atrevido, replicou: "Desculpe senhor arcebispo mas não estou de acordo! Estes 12 contos são fruto de migalhas que as pessoas pobres não comeram para se adorar o Santíssimo Sacramento. Agora o senhor arcebispo quer gastar estas migalhas em obras materiais e eu não concordo, porque não foi a si que foi oferecido o dinheiro mas para louvar o Santíssimo Sacramento"!

DM - Conhece-se a reação do arcebispo?
CAN - Sim. D. Manuel Vieira de Matos ficou um pouco aborrecido por ser contrariado – ninguém gosta de ser – e perguntou ao padre Abílio se estaria cego e não conseguia ver as necessidades que a diocese passava . "Estás cego! Estás fascinado com o Santíssimo Sacramento e só vês o Santíssimo Sacramento! O que é que se há-de fazer ao dinheiro?", perguntou. O padre Abílio respondeu: "Fazer no próximo ano um Congresso Eucarístico Nacional aqui em Braga". E D. Manuel disse-lhe então para avançar. Foi então organizado o congresso de 1924.

DM - Foi um acontecimento notável?
CAN - Entre os oradores do congresso, que se realizou no Theatro Circo, destacaram-se dois. Um chamava-se Antônio de Oliveira Salazar, que falou da questão social do país e foi rotulado de comunista. Outro chamava-se D. Manuel Gonçalves Cerejeira, um jovem com pouco mais de 30 anos, professor catedrático em Coimbra, e falou sobre os místicos do século XVI. Falou ou tentou falar porque depois das primeiras frases, era de tal forma o fascínio que a sua oratória provocava na assistência, que não deixava de ser constantemente aplaudido.

DM - Ficou tudo registado?
CAN - Temos a sorte das atas desse congresso terem sido publicadas, de forma que temos os textos proferidos. Quando começamos a ler a comunicação do então professor Manuel Gonçalves Cerejeira começamos a ler com os olhos, passamos a mexer com os lábios e não resistimos a ler em alta voz para nos maravilharmos com a melodia da composição literária do texto. Esse congresso terminou no Sameiro e os jornais do tempo dizem que juntou 380 mil pessoas. Isto foi sem dúvida um feito nacional já que, em 1924, para se chegar a Braga só pela via férrea, por carroças puxadas a cavalo e pouco mais. 

DM - Um acontecimento dessa envergadura teve repercussões imediatas?
CAN - Isto acordou o país e, ao mesmo tempo, fez tremer as ideologias políticas de então. Nessa altura o país estava politicamente à deriva. Durante dez anos os congressos eucarísticos
marcaram a vida do país. Em 1925 realizou-se em Guimarães o segundo congresso eucarístico diocesano mas alguns classificaram-no de nacional já que teve a presença de todo o episcopado. Nele apresentou-se a proposta de construção do templo dedicado ao Coração de Jesus. E o santuário da Penha nasceu fruto dessa promessa.

DM - Mas os congressos esmoreceram...
CAN - A época dos congressos foi absorvida pela Acção Católica em 1933. A revista manteve-se e durante a 2ª Guerra Mundial o padre Abílio continuou a publicá-la. Entre 1931 de 1938, o arcebispo D. Manuel Vieira de Matos pediu ao padre Abílio para que deixasse S. Mamede d’Este e fosse reorganizar o Hospital de São Marcos que estava ainda na mão de republicanos e com os bens completamente delapidados e, pior que isso, eram os padres que não se entendiam por causa dos batizados e funerais lá do hospital. O padre Abílio obedeceu. No ano de 1938, o padre Abílio tinha tudo organizado no hospital e foi visitar o então novo arcebispo e seu condiscípulo D. Bento Martins Júnior. Disse-lhe que a missão que lhe tinham confiado estava cumprida pelo que estava à disposição para assumir outras responsabilidades. O arcebispo disse que tinha cinco paróquias “muito boas” a precisar de um pároco e que eram próximas da sua terra natal: Padim da Graça. O padre Abílio recusou a oferta e disse que pretendia reassumir S. Mamede d’Este.

DM - Qual foi a reação do arcebispo?
CAN - D. Bento Martins Júnior terá dito ao seu amigo que estaria “tolo” por querer ir para uma paróquia pobre em vez de preferir terras mais ricas. Mas o padre Abílio argumentou: "É que eu lá posso rezar e tenho quem me acompanhe e aqui na cidade fiz todo o possível e não consegui nem rezar nem fazer que me acompanhassem". E lá regressou a S. Mamede d’Este restaurando a residência e promovendo outras obras. De 1941 a 1945, coincidindo com a 2ª Guerra Mundial, conseguiu restaurar a igreja.

DM - Como conseguiu?
CAN - Há correspondência do padre Abílio trocada com o Governo de então. Foram-lhe feitas
muitas promessas mas não havia dinheiro. E havia sempre alguma coisa que impedia de iniciar as obras. Escreveu então uma carta a um ministro agradecendo a amabilidade dispensada e alertando para o fato de a igreja precisar de uma intervenção urgente sob pena de cair em ruína. Por isso informou que ele e a sua gente iria fazer as obras como pudessem. Impressionado com a carta, o ministro comunicou ao Governador Civil que enviou à paróquia um arquiteto para que ajudasse na execução dos trabalhos trabalhos. E a igreja aguentou-se até 1996, altura em que assumi os destinos desta paróquia que me apercebi da necessidade de se fazer novo restauro.

DM - E o monumento no Chamor?
CAN - O padre Abílio foi o responsável pela construção desse monumento ao Coração de Jesus. O monte Chamor é um pequeno morro que está incrustado na Serra do Carvalho. Dali vê-se toda a paróquia e quase todas as casas conseguem avistar o monte. Primeiro o padre Abílio colocou uma pequena coluna e depois, em 1954, quando apearam um monumento que havia no Sameiro, que foi lá colocado em 1904, comprou-o. Com carros de bois conseguiu-se trazer até ao Chamor as pedras que foram reedificadas. Nessa altura mandou fazer um arranjo ao Coração de Jesus e deu-lhe o nome de Coração Eucarístico de Jesus, invocação muito rara numa imagem. Assim foi criado um ex-líbris da paróquia.

DM - A paróquia rendeu-se ao seu pastor?
CAN - Os paroquianos que em 1907 receberam o padre Abílio com indiferença, em 1957 fizeram-lhe uma homenagem muito grande, com a presença do Governador Civil, do presidente da Câmara e do vigário Geral da diocese. A partir desta altura a saúde do padre Abílio foi-se debilitando até que faleceu em 1967, com 85 anos. Na despedida as pessoas trouxeram tantas flores para o funeral que o seu caixão ficou assente num colchão de flores. Ainda hoje não faltam flores no túmulo do padre Abílio.


DM - Quando é que o processo de canonização foi apresentado ao Vaticano?
CAN - Foi em 2002, depois de julgado pelo Tribunal Eclesiástico de Braga e da aprovação por unanimidade da Conferência Episcopal Portuguesa. Agora está na Causa dos Santos, seguindo o curso normal destes processos, sempre demorados e guardados em segredo. Aguardamos que Deus faça um milagre que se possa provar perante a ciência dos homens para que se coloque o Padre Abílio Gomes Correia nos altares.

DM - Muita gente já está pedindo a intercessão do padre Abílio?
CAN - Têm surgido relatos da obtenção de graças muito grandes. É curioso que as pessoas quando pedem a Deus uma graça por intermédio do padre Abílio têm conseguido que os pedidos sejam despachados com rapidez. Quando me perguntam onde é que estará o padre Abílio no céu, respondo em tom de brincadeira que só poderá estar nos correios centrais, encarregado das encomendas pesadas.

DM - O senhor acredita que a beatificação possa estar próxima?
CAN - Creio que sim. Estou convencido que, de um momento para o outro, Deus fará um milagre que o elevará aos altares. Braga merece ter mais um santo do século XX. Estamos comemorando o centenário da República e eu estou convencido que a mudança no país ocorrida em 1926, partiu de Braga e teve a raiz em S. Mamede d’Este, pela mão do padre Abílio.

DM - A vida do padre Abílio também se cruzou com a Beata Alexandrina de Balasar?
CAN - Ali por 1918, Alexandrina Maria da Costa inscreveu-se no Centro da Adoração ao Santíssimo Sacramento aqui em S. Mamede d’Este. O seu nome figura juntamente com o de outras pessoas de Balasar nos livros dos agregados da Adoração ao Santíssimo Sacramento. Muito provavelmente a Beata Alexandrina conhecia o “Mensageiro Eucarístico” pois era o grande canal da Eucaristia em Portugal.

DM - A paróquia continua devota do padre Abílio?
CAN - O senhor padre Abílio é ainda hoje considerado o pároco de S. Mamede, e isto sem ciúmes da minha parte. Eu acabo por ser apenas seu coadjutor. Há ainda muitas pessoas de toda a parte que olham para o padre Abílio como modelo que colocou no centro da sua vida a Santíssima Eucaristia e concluem: Com Deus, tudo é fácil; sem Deus, quase tudo é impossível!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Altar de Nossa Senhora Aparecida em Roma

View Comments

Na Basílica de São Joaquim em Roma, encontra-se um Altar dedicado à Nossa Senhora do Brasil, padroeira do Brasil. A Igreja foi construída em homenagem ao Papa Leão XIII no seu 50º aniversário de Ordenação Sacerdotal. Oxalá que se espalhassem pelo Brasil réplicas deste Altar!




(No Vitral acima se encontra o Anjo da Guarda do Brasil cultuado e festejado solenemente durante o período do Brasil Monárquico) 















Novo brasão Papal: volta o uso da Tiara

View Comments
Ontem estive na praça de São Pedro para o Ângelus com o Santo Padre. Fiquei surpreso ao ver na janela do Palácio Apostólico um Escudo diferente... depois ao voltar no seminário procurei encontrar uma foto que mostrasse mais de perto.
Eis ai:



Viva o Santo Padre, o Papa bento XVI!!!
O Doce CRISTO na Terra!

O Novo Brasão foi projetado por Atelier Ferrara Ars Regia e pode ser visto neste vídeo:

domingo, 10 de outubro de 2010

Solenidade externa da Exaltação da Santa Cruz, em mosteiro austríaco

View Comments

No Domingo que segue à Festa da Exaltação da Santa Cruz, o mosteiro cisterciense de Heiligenkreuz (justamente, Santa Cruz), na Áustria, celebra a sua solenidade externa.

image

Neste ano, a festa foi particularmente solene. Após a Santa Missa Pontifical, celebrada com canto gregoriano e em latim, na forma ordinária, o que se nota pela presença de concelebrantes em casula, fez-se uma procissão com a relíquia da Vera Cruz (sim, relíquia autêntica da verdadeira Cruz onde Cristo pendeu por nossa salvação). O Cardeal Arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, presidiu a Pontifical, ao lado do abade, D. Gregor Henckel-Donnersmarck, OCist, e de sacerdotes do mosteiro, e, após, carregou a relíquia com pluvial e umeral vermelho (próprio para as relíquias da Cruz e dos mártires).

image

Abaixo, algumas fotos, tiradas da internet:

image

Visão da igreja preparada para a Missa Pontifical

image

D. Bernhard Vošicky, OCist, carrega as relíquias para a Missa

image

image

O abade recebe o Cardeal Schönborn

image

Aspersão da água benta no rito da recepção de Prelado

image

Procissão para a Missa

image

image

image

O rito da paramentação pontifical no altar, facultativo na forma ordinária

image

Dom Abade mostra o relicário da Vera Cruz

image

image

image

image

Início da procissão final com a relíquia

image

image

image

image

image

image

Adoração (relativa) à relíquia da Cruz

image

O Cardeal dando a bênção de despedida

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Parceiros