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domingo, 13 de março de 2011

Sermão de Sto. Antônio de Pádua para o I Domingo da Quaresma

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Sermão de Santo Antônio de Pádua, Presbítero e Doutor, sobre as tentações do Senhor para o I Domingo da Quaresma. Extraído de: Sermões Dominicais e Festivos, 1º Domingo de Quaresma, pp. 81-84. Tradução de Frei Geraldo Monteiro, OFM Conv:

O tentador aproximou-se de Jesus e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães” (Mt 4,3). O diabo em circunstâncias semelhantes procede de maneira semelhante. Com a mesma tática com que tentou Adão no paraíso terrestre, tentou também a Cristo no deserto e continua tentando qualquer cristão neste mundo. Tentou o primeiro Adão pela gula, pela vanglória e pela avareza e, tentando-o, venceu-o. Ao segundo Adão, isto é, Cristo, ele tentou de maneira semelhante, mas no foi vencido no seu intento porque quem ele tentava então não era somente um homem, mas era também Deus! Nós, que somos participantes de ambos, do homem segundo a carne e de Deus segundo o espírito, despojemo-nos do homem velho com suas obras que são a gula, a vanglória e a avareza e vistamo-nos do homem novo, renovados pela confissão, para frearmos, com o jejum, o desenfreado ardor da gula, para abatermos, com a humildade da confissão, a altura da vanglória, para pisarmos, com a contrição do coração, o denso lodo da avareza. “Bem aventurados, diz o Senhor, os pobres em espírito”, isto é, os que têm o espírito dolorido e o coração contrito, “porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3).

Procure ainda observar que, assim como o diabo tentou de gula o Senhor no deserto, de vanglória no templo, de avareza no cimo do monte, assim também faz conosco todos os dias: tenta-nos de gula no deserto do jejum, de vanglória no templo da oração e do ofício, de tantas formas de avareza no monte dos nossos cargos. Enquanto fazemos jejum, ele nos sugere a gula, com a qual pecamos em cinco maneiras, como diz o verso: “antes do tempo, abundantemente, demais, com voracidade e com delicadeza exagerada” (São Gregório). ANTES DO TEMPO, isto é, quando se come antes da hora; ABUNDANTEMENTE, quando se excita a gulosice da língua e se quer aumentar um apetite fraco com temperos, especiarias e toda espécie de comida; DEMAIS, quando se come mais comida do que o corpo necessita; pois dizem alguns gulosos: temos que fazer jejum, então vamos comer para suprir de uma só vez tanto o o almoço quanto a janta. Estes são como o bicho-da-seda que não sai da árvore em que está até não devorá-la completamente. O “bruco” (bicho-da-seda) é chamado assim porque é feito quase só de boca e simboliza muito bem os gulosos que são tudo, gula e barriga, e assaltam o prato como se fosse uma fortaleza e não o deixam se antes não o devoraram todo: ou se estoura a barriga ou se esvazia o prato! COM VORACIDADE quando o homem se joga sobre qualquer comida como se fosse assaltar uma fortaleza, abre os braços, estica as mãos, come com todo seu corpo; à mesa é como um cão que, na comida, não quer ter rivais. COM DELICADEZA EXAGERADA quando se procura só comidas deliciosas e preparadas com grande esmero.

Como se lê no primeiro livro dos Reis, sobre os filhos de Heli, que não queriam aceitar a carne cozida, mas só a crua, para poderem prepará-la com mais temperos e outras iguarias. Semelhantemente, o diabo nos tenta de vanglória no templo. Com efeito, enquanto estamos em oração, enquanto recitamos o ofício e estamos ocupados na pregação, somos assaltados pelo diabo com os dardos da vanglória e, infelizmente, muitas vezes feridos. Existem efetivamente alguns que, enquanto oram e dobram os joelhos e soltam suspiros, querem ser vistos. E há outros que, quando cantam em coro, modulam a voz, fazem falsetes e desejam ser ouvidos. Enfim, há também os que, quando pregam, elevam a voz como trovão, multiplicam as citações, interpretam-nas a seu modo, giram-se pra cá e pra lá e desejam ser louvados. Todos esses mercenários - acreditem-me - “já receberam sua recompensa” (Mt 6,2) e colocaram sua filha no prostíbulo. Diz Moisés no Levítico: “Não profanes a tua filha, fazendo-a prostituir-se” (19,29). Filha minha é a minha obra e eu a prostituo, quer dizer, a coloco no prostíbulo quando a vendo pelo dinheiro da vanglória. Por isso é que o Senhor nos aconselha: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá no segredo” (Mt 6,6). Tu, quando quiseres rezar ou fazer alguma coisa de bom - e é nisto que consiste o “orar sem cessar” - entra em teu quarto, isto é, no segredo do teu coração, e fecha a porta dos cinco sentidos para não desejar nem ser visto nem ser escutado nem ser louvado. Com efeito, diz Lucas (1,9) que Zacarias entrou no templo do Senhor na hora do incenso. No tempo da oração "que se eleva à presença do Senhor como o incenso" (Salmo 140,2). Tu deves entrar no templo do teu coração e orar ao teu Pai e “o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6,6). Além disso, do alto dos nossos encargos, da nossa passageira dignidade, somos tentados a cometer muitos pecados de avareza. Não existe só a avareza do dinheiro, mas também aquela do querer ser mais do que os outros. Os avarentos, mais têm mais desejam possuir.

Aqueles que ocupam altos postos, quanto mais sobem mais querem subir e assim acontece que caem com numa queda muito mais ruidosa, já que “os ventos sopram mais nos lugares altos” (Ovídio) e “aos ídolos é que são oferecidos sacrifícios nas alturas” (4 Reis 12,3). Diz Salomão a propósito: “O fogo não diz nunca: basta!” (Prov 30,16). O fogo, quer dizer, a avareza do dinheiro e das honrarias não diz nunca: basta!Mas o que é que diz então? “Mais, mais!” Senhor Jesus, tirai, tirai estes dois “mais, mais” dos prelados de vossa Igreja, que se pavoneiam no alto de suas dignidades eclesiásticas e gastam o vosso patrimônio, por Vós conquistado com os tapas, com as flagelações, com as cusparadas, com a cruz, com os cravos, com o vinagre, com o fel e a lança. Nós, portanto, que somos chamados cristãos por causa do nome de Cristo, imploramos todos juntos, com a devoção da alma e ao mesmo Jesus Cristo, e pedimos insistentemente que ele, do espírito de contrição, nos faça chegar ao deserto da confissão, a fim de que, nesta Quaresma, mereçamos receber o perdão de todas as nossas maldades e, renovados e purificados, nos tornemos dignos de gozar da alegria da sua santa Ressurreição e ser colocados na glória da felicidade eterna. No-lo conceda Aquele a quem se deve toda honra e toda glória por todos os séculos dos séculos. Amém.

Festival das Flores. Ainda o patrimônio anglicano, para ser aproveitado nos Ordinariados Pessoais

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Uma bela tradição anglicana, que se funda em costumes de alguns mosteiros celtas, é o Festival das Flores, que paróquias do anglicanismo organizam anualmente por ocasião da primavera.

Trate-se de um ato cultural e devocional que pode muito bem ser aproveitado pelos ex-anglicanos que se convertem à Igreja. É, portanto, um ponto positivo de seu patrimônio, nos termos da Anglicanorum Coetibus.


Catedral Anglicana de Lancaster, Inglaterra















Igreja Anglicana de São Gil, em Water Stratford, Inglaterra












Igreja de São Nicolau, em Sturry, Inglaterra



Catedral Anglicana da Santíssima Trindade, em Porto Alegre, RS
















Igreja Anglicana de São Gabriel, em Popley, Inglaterra







Catedral Anglicana do Redentor, em Pelotas, RS






sábado, 12 de março de 2011

Monografia de conclusão de curso teológico: A reforma de Bento XVI

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O Sem. Gian Paulo Ruzzi, da Diocese de Campo Limpo, que terminou o bacharelado em Teologia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, dirigido pelos Legionários de Cristo, em Itapecerica da Serra, SP, mandou-me sua monografia de conclusão de curso, a qual foi orientada pelo Pe. Celso Nogueira, LC.

O seminário em questão é onde estudam/estudaram alguns membros do Salvem.

O tema tem tudo a ver com o apostolado desenvolvido pelo Salvem a Liturgia: a reforma de Bento XVI.

Leiam e aproveitem!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Quarta-feira de Cinzas na Catedral de Aracaju

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Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju celebrou a Missa da Quarta-feira de Cinzas na Catedral Nossa Senhora da Conceição de Aracaju - SE, concelebrada pelo Pe. Dácio, pároco da catedral.

É mais um exemplo de como a Missa na forma ordinária do Rito Romano pode ser bela e transmitir sacralidade.


Fotos: (Alécia Vieira - Pascom)

Cardeais: abusos litúrgicos enfraquecem a fé

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Por Cindy Wooden
Tradução: Fabiano Rollim

Um enfraquecimento da fé em Deus, um aumento no egoísmo e uma queda no número de pessoas que vão à Missa podem ser rastreados até abusos litúrgicos ou Missas que não são reverentes. É o que dizem dois cardeais e um consultor do Vaticano.

O Cardeal americano Raymond Burke, chefe da suprema corte do Vaticano disse: “se cometemos o erro de pensar que somos o centro da Liturgia, a Missa levará a uma perda de fé”.

O Cardeal Burke e o espanhol Cardeal Antonio Cañizares Llovera, prefeito da Congregação para o Culto Divino e os Sacramentos, falaram ontem (2-mar-2011) no lançamento de um livro em Roma.

O livro, publicado apenas em Italiano, foi escrito pelo Pe. Nicola Bux, que trabalha como consultor para as congregações para a doutrina da fé e para a causa dos santos e para o escritório responsável pelas liturgias papais.

A tradução do título do livro do Pe. Bux para o português seria “Como Ir à Missa e Não Perder Sua Fé”.

O Cardeal Burke disse aos presentes no lançamento do livro que concorda com o Pe. Bux quando este diz que “abusos litúrgicos trazem sérios danos à fé dos católicos”.

Infelizmente, disse ele, muitos padres e bispos tratam violações de normas litúrgicas como algo não importante quando, de fato, são “abusos sérios”.

O Cardeal Cañizares disse que ainda que o título do livro seja provocativo, demonstra algo em que ele mesmo acredita. “A participação na Eucaristia pode nos enfraquecer ou fazer com que percamos nossa fé se não entrarmos nela corretamente,” e se a Liturgia não é celebrada de acordo com as normas, disse ele.

“Isso vale tanto para a forma Ordinária como para a forma Extraordinária do mesmo rito Romano,” disse o cardeal.

O Cardeal Cañizares disse que num tempo onde tantos vivem como se Deus não existisse, as pessoas precisam de uma verdadeira celebração Eucarística para lembrá-las de que somente Deus deve ser adorado e de que o verdadeiro significado da vida humana vem apenas do fato de que Jesus deu Sua vida para salvar o mundo.

Pe. Bux disse que muitos católicos modernos pensam que a Missa é realizada pelo padre e pela assembleia quando, de fato, é Jesus que a realiza.

“Se você vai à Missa em um lugar e depois em outro, não encontrará a mesma Missa. Isso significa que aquela não é a Missa da Igreja Católica, a que o povo tem direito, mas apenas a Missa dessa paróquia ou daquele padre,” disse ele.

Disponível em Catholic Herald.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pe. Antônio Vieira: Sermão da Quarta-feira de Cinzas de 1670

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O maior orador sacro em língua portuguesa, o Pe. Antônio Vieira, em um excerto de seu belíssimo sermão por ocasião do início da Quaresma:

Em Roma, na Igreja de S. António dos Portugueses, Ano de 1670.


Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris (1).

(1) Lembra-te homem, que és pó, e em pó te hás de converter.

I. O pó futuro, em que nos havemos de converter, é visível à vista, mas o pó presente, o pó que somos, como poderemos entender essa verdade? A resposta a essa dúvida será a matéria do presente discurso.

Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais, ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mas uma de tal maneira certa e evidente, que não é necessário entendimento para crer: outra de tal maneira certa e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcançar.

Uma é presente, outra futura, mas a futura vêem‑na os olhos, a presente não a alcança o entendimento.

E que duas coisas enigmáticas são estas?

Pulvis es, tu in pulverem reverteris: Sois pó, e em pó vos haveis de converter.

— Sois pó, é a presente; em pó vos haveis de converter, é a futura.

O pó futuro, o pó em que nos havemos de converter, vêem‑no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o vêem, nem o entendimento o alcança.

Que me diga a Igreja que hei de ser pó: In pulverem reverteris, não é necessário fé nem entendimento para o crer.

Naquelas sepulturas, ou abertas ou cerradas, o estão vendo os olhos. Que dizem aquelas letras? Que cobrem aquelas pedras? As letras dizem pó, as pedras cobrem pó, e tudo o que ali há é o nada que havemos de ser: tudo pó.

Vamos, para maior exemplo e maior horror, a esses sepulcros recentes do Vaticano. Se perguntardes de quem são pó aquelas cinzas, responder‑vos‑ão os epitáfios, que só as distinguem: Aquele pó foi Urbano, aquele pó foi Inocêncio, aquele pó foi Alexandre, e este que ainda não está de todo desfeito, foi Clemente.

De sorte que para eu crer que hei de ser pó, não é necessário fé, nem entendimento, basta a vista.

Mas que me diga e me pregue hoje a mesma Igreja, regra da fé e da verdade, que não só hei de ser pó de futuro, senão que já sou pó de presente: Pulvis es?

Como o pode alcançar o entendimento, se os olhos estão vendo o contrário?

É possível que estes olhos que vêem, estes ouvidos que ouvem, esta língua que fala, estas mãos e estes braços que se movem, estes pés que andam e pisam, tudo isto, já hoje é pó: Pulvis es?

Argumento à Igreja com a mesma Igreja: Memento homo.

A Igreja diz‑me, e supõe que sou homem: logo não sou pó.

O homem é uma substância vivente, sensitiva, racional.

O pó vive? Não.

Pois como é pó o vivente?

O pó sente? Não.

Pois como é pó o sensitivo?

O pó entende e discorre? Não.

Pois como é pó o racional?

Enfim, se me concedem que sou homem: Memento homo, como me pregam que sou pó: Quia pulvis es?

Nenhuma coisa nos podia estar melhor que não ter resposta nem solução esta dúvida. Mas a resposta e a solução dela será a matéria do nosso discurso. [ ...]

[...]

Em que cuidamos, e em que não cuidamos?

Homens mortais, homens imortais, se todos os dias podemos morrer, se cada dia nos imos chegando mais à morte, e ela a nós, não se acabe com este dia a memória da morte.

Resolução, resolução uma vez, que sem resolução nada se faz.

E para que esta resolução dure e não seja como outras, tomemos cada dia uma hora em que cuidemos bem naquela hora.

De vinte e quatro horas que tem o dia, por que se não dará uma hora à triste alma?

(23) Disse: Agora começo (Sl 76,11). Esta é a melhor devoção e mais útil penitência, e mais agradável a Deus, que podeis fazer nesta quaresma.

Tomar uma hora cada dia, em que só por só com Deus e connosco cuidemos na nossa morte e na nossa vida.

E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo que aceitareis este bom conselho, quero acabar deixando‑vos quatro pontos de consideração para os quatro quartos desta hora.

Primeiro: quanto tenho vivido?

Segundo: como vivi?

Terceiro: quanto posso viver?

Quarto: como é bem que viva?

Torno a dizer para que vos fique na memória: Quanto tenho vivido? Como vivi? Quanto posso viver? Como é bem que viva? Memento homo!

Slideshow da Quarta-feira de Cinzas, com participação do Pe. Keith Newton, Ordinário Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, na Catedral de Southwark, Inglaterra

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A Missa foi no rito romano, em sua forma ordinária, sendo o celebrante principal D. Peter Smith, Arcebispo de Southwark, na Catedral de São Jorge.
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