Nossos Parceiros

domingo, 6 de outubro de 2013

A primeira Missa cantada do Pe. Rodrigo da Rosa Cabrera

View Comments

Trazemos algumas fotos da primeira Missa cantada (na Forma Extraordinária) celebrada pelo Pe Rodrigo da Rosa Cabrera na Capela São Miguel, Santa Maria, RS, que foram publicadas por ele em uma rede social.

Pe. Rodrigo também nos deixou a seguinte mensagem:

Prezado Daniel, a Missa na forma extraordinária acontece na capela S. Miguel aos segundos e quartos domingos, às 18hs sempre. É possível afirmar que tivemos um singelo aumento na participação. Algumas pessoas vieram e se tornaram assíduas. Há um grupo de seminaristas que ajudam no órgão e nos cantos. Queremos ainda melhorar a divulgação. Temos a alegria de ser a única (SUMMORUM PONTIFICUM) do estado do RS. Já celebrados noutra ocasião numa paróquia, S. José de Pinhal Grande e estamos preparando uma celebração aqui em Quevedos. Interessante notar que na capela S. Miguel a maior parte dos interessados são jovens e adultos jovens. Deixo minha saudação e benção.





sábado, 5 de outubro de 2013

Fotos Exclusivas da Santa Missa do Papa Francisco em Assis

View Comments

No dia do Santo Padroeiro da Itália, São Francisco de Assis, aniversário Onomástico de Sua Santidade, o Papa Francisco, realizou a visita prometida e querida desde o início do seu pontificado à terra do Santo que inspirou a escolha do seu nome e inspira os rumos do seu reinado.

Como lhe é costume, de modo sóbrio, celebrou a Santa Missa na parte externa da Basílica e Sacro Convento de São Francisco, assistido por uma multidão de mais de 100 mil fiéis. Após esta, seguiu-se um dia inteiro de visitações e peregrinações aos principais lugares franciscanos: Porciúncula, Basílica de Santa Clara (São Damião), Rivotorto, Cárceres, São Rufino... Sempre acompanhado dos Ministros Gerais da Ordem Franciscana, em seus ramos: OFM, OFMConv. e OFMCap., assim como o Ministro Geral da TOR e outros seculares consagrados (OFS).

A seguir, algumas fotos exclusivas, feitas pelos frades que lá estiveram, aos quais agradecemos a gentileza do envio das mesmas. Muitas delas, dispensam legendas. Noutras constam os devidos créditos.

Mais informações sobre a visitação à Basílica e breve história do "Pobrezinho de Assis", pode-se acessar AQUI.

À chegada do Santo Padre, os frades mostram e explicam alguns dos afrescos
de Giotto, na Basílica Superior

(Foto: cantonuovo.eu)


Um dos momentos mais marcantes: A oração do Papa Francisco diante do
túmulo de São Francisco ou, como ficou conhecido, "Francisco encontra São Francisco"
ou ainda, "Francisco de Roma encontra Francisco de Assis"
(Foto: RaiNews)

Saída da Basílica para o seu Pátio
Detalhe para o uso da Férula do Papa Paulo VI,
como parece ser o gosto do Papa Francisco fora da Basílica de São Pedro

(Foto: sanfrancescopatronoditalia.it)





Composição do "Presbitério" e Saudação do Bispo de Assis

Os dois Diáconos Assistentes são Permanentes

Detalhe da Lamparina com o óleo que queima em honra do Santo,
oferecido pelos cidadãos da Úmbria e seus representantes políticos
                                
                                                                         (Foto: cantonuovo.eu)







(Foto: sanfrancescopatronoditalia.it)
Homilia: "De onde começa o caminho de Francisco para Cristo?
Começa do olhar de Jesus na cruz.
Deixar-se olhar por Ele no momento em que dá a vida por nós e nos atrai para Ele."
(Foto: cantonuovo.eu)
Oração Universal
Procissão e entrega dos Dons para o Sacrifício










(Foto: cantonuovo.eu)
Após ser abençoado, o óleo que queima diante do túmulo de São Francisco
(Foto: sanfrancescopatronoditalia.it)


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Outubro: Recitação do Rosário

View Comments

Por Dom Eugênio Cardeal de Araujo Sales.
Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro

O mês de outubro é dedicado a uma antiga, tradicional e eficaz prática religiosa: a recitação do Rosário. O Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica sobre “O Culto à Virgem Maria”, de 10 de fevereiro de 1974, afirmou que, segundo a tradição, o Rosário “foi acolhido e autorizadamente proposto pelo nosso Predecessor São Pio V”. Este, eleito após o Concílio de Trento (1566), tornou-se o grande restaurador. Quando Chipre, último baluarte, no Levante, caiu nas mãos do Islã, inimigo mortal da cristandade, o Papa apelou não só para a ação militar, mas para a oração. A extraordinária vitória em Lepanto, a 7 de outubro de 1571, foi atribuída pelos próprios soldados vencedores à oração do Rosário.


Muitos são os documentos pontifícios, exaltando suas benemerências e exortando os fieis a rezá-lo. Essa prática de piedade, é poderoso instrumento contra os inimigos, ostensivos ou velados, da Instituição fundada por Jesus Cristo.

Há abusos entre nós que nem sempre são devidamente corrigidos. As causas de sua permanência podem ser temor ou obediência à palavra do Evangelho: “Deixai-os crescer juntos (o joio e o trigo) até à colheita (…). Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado” (Mt 13,29-30).

Um elemento perturbador, sem dúvida fruto da semeadura do demônio, é a falsa doutrina de que na Igreja tudo depende das bases e que para qualquer ato elas devem ser consultadas. Ocorre que “base”, às vezes, significa simplesmente determinado grupo e “consulta”, o método de ação por parte de uma ditadura de minorias. A maioria do povo de Deus nem é escutada, nem respeitada.

Outro exemplo, ainda, é querer amparo religioso a direitos do operário mediante opção político-partidária fundamentalmente laica. O resultado de tal confusão compromete a missão evangelizadora que nos outorgou o Cristo.

O sagrado direito de governar a Igreja por Ele concedido aos Sucessores dos Apóstolos é inalienável. Nem a omissão em exercê-lo justificaria a intromissão de indivíduos estranhos nessa matéria. Ainda hoje pode haver quem, sem nenhum motivo válido, questione o Santo Padre no seu ministério supremo à frente da Igreja Universal. A autoridade do Bispo às vezes é contestada por grupos organizados e ativos, que chegam às vias de ameaças, caso não sejam acatados os seus desvios doutrinários e disciplinares. Como já possuem uma estrutura montada, é necessário ter coragem para enfrentá-la.

O Concílio Vaticano II, em “Gaudium et Spes” (nº 37), fala da luta que nos acompanha desde o início e, portanto, não devem causar estranheza os problemas, inclusive eclesiásticos, que podem, a qualquer tempo, nos afligir. Diz ele: “Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa toda a história humana (…). Inserido nessa luta, o homem deve combater constantemente, se quer ser fiel ao bem”. Para haver paz, os cristãos devem respeitar as crenças dos judeus, dos muçulmanos, dos pagãos, mas também serem respeitados quando defendem sua crença e as consequências da mesma.

Para os discípulos de Jesus, é perene a fonte de esperança. Por isso, alimentados espiritualmente, o pessimismo jamais os dominará. Todos nós acreditamos no poder da prece e na vitória final do Salvador.

O mês de outubro nos estimula à oração do Rosário. Desde São Pio V, os Papas a ele têm recorrido nos momentos difíceis.

Após o Concílio Tridentino, quando a cristandade se encontrava dilacerada, surgiu uma renovação como poucas vezes antes acontecera. Inácio de Loyola com sua ascese, baseada na mística, a grande Teresa de Ávila, São João da Cruz, Francisco de Sales e outros mostraram a inesgotável força da graça, que não se limitou aos conventos ou apenas ao clero. O Terço despertou no meio do povo amplo movimento de espiritualidade. Também peregrinações e procissões, celebrações (hoje, diríamos “paraliturgias”) e cultos ao Santíssimo Sacramento, ao Deus Trino, a Cristo e a Maria, como também aos mais diversos santos, nossos mestres na caminhada para o Senhor.

Entre todas essas formas, tem lugar de destaque o Rosário. Ele é simples, todavia, e com suas imagens bíblicas (os mistérios) não só facilita a meditação, mas o amor concreto a Deus. Nossa intimidade com o Redentor é que elevou a uma dignidade tão alta a nossa pobre natureza humana.

O Papa Paulo VI, em “Marialis Cultus” (nº 42), cita o exemplo de si próprio: “Numa hora de angústia e de insegurança, publicamos a Carta Encíclica “Christi Matri” (15 de setembro de 1966) para que fossem dirigidas orações suplicantes à Bem-aventurada Virgem do Rosário para impetrar de Deus o supremo bem da paz”. Vamos encontrá-la, certamente, na recitação assídua do Terço de Nossa Senhora.

Poucas semanas após sua eleição ao Supremo Pontificado, João Paulo II, falando a cem mil pessoas na Praça de São Pedro, por ocasião do Ângelus do dia 29 de outubro de 1978, proclamou: “O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa. Maravilhosa na simplicidade e na profundidade (…). A todos exorto cordialmente a que o rezem”. A 16 de outubro de 2002, publicou a Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae” dedicada a este tema.

Também o Santo Padre Bento XVI manifestou sua devoção ao Rosário no seu discurso, em Pompeia a 19 de outubro de 2008, assim se expressando: “Essa popular oração mariana é um meio espiritual precioso para crescer na intimidade com Jesus e para aprender de Cristo, em união espiritual com Maria, a realizar sempre a vontade divina”.

Há uma palavra de garantia ao sucesso de nossa prece: “Pedi e recebereis” (Mt 7,7). No mês de outubro alcançaremos, na recitação do Rosário, o bem espiritual e material, como tantas vezes tem obtido a Igreja no decorrer da História.

sábado, 28 de setembro de 2013

"A criatividade nunca esteve presente na Liturgia cristã" - Dom Henrique Soares da Costa

View Comments

Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
Criatividade. Este conceito nunca esteve presente na Liturgia cristã. É-lhe totalmente estranho!

Na antiguidade mais primitiva, não havia ainda textos litúrgicos formados. É natural, é claro: a Igreja não nascera feita! Fundada pelo Cristo-Deus, foi plasmada pelo Seu Santo Espírito, conforme Sua própria promessa.
Mesmo não havendo ainda textos fixos para o rito liturgico, havia, no entanto, esquemas fixos, que os ministros sagrados deveriam seguir à risca. Portanto, cada ministro, tanto quanto pudesse, uns mais, outros, menos, compunham as orações. Em geral, escreviam-nas antes. Mas, dentro de um esquema fixo. A palavra chave nunca foi criatividade, mas fidelidade à Regra de Fé da Igreja e à lex orandi, isto é, à norma de oração da Igreja.

Logo cedo, os primeiros formulários litúrgicos foram sendo colocados por escrito e fixados. Finalmente, no século IV, com a liberdade de culto concedida aos cristãos, surgiram os grandes textos litúrgicos no Oriente, como a estupenda liturgia de São João Crisóstomo, e do Ocidente (pense-se na antiquissíma Tradição Apostólica de Hipólito de Roma). No Ocidente, a formação dos grandes textos foi mais complexa por vários motivos históricos e culturais. Em todo caso, no séculos VI e VII já se tinham os grandes formulários litúrgicos e a soleníssima Missa Estacional romana, que influenciaria toda a liturgia da Missa da Igreja latina (a Igreja do Ocidente, da qual o Bispo de Roma é o Patriarca, além de Papa de toda a Igreja do Oriente e Ocidente).

Em toda esta complexa e rica evolução histórica nunca se teve em mira a criatividade, mas a ortodoxia. Aliás, a palavra ortodoxia significa reta fé (reta opinião) e também reto louvor, reta glorificação de Deus! Assim, na Celebração litúrgica, o importante, a finalidade é o reto louvor ao Senhor Deus, exprimindo a reta fé pelos ritos sagrados que tornam autuantes na vida de cada crente e de toda a Igreja a salvação celebrada. A criatividade como ideal, objetivo e valor em si simplesmente não faz parte da realidade litúrgica, ao menos não nos vinte e um séculos de história da Igreja do Ocidente e do Oriente. Sendo assim, cedo ou tarde, com a graça de Deus, a ideologia da criatividade litúrgica desaparecerá do horizonte da Igreja, pois não faz parte do genuíno sentir eclesial. É questão de tempo...

Para fins de ilustração, trago alguns exemplos que exemplificam o problema da criatividade e como ela termina por retirar o culto a Deus do centro da Liturgia:

"Missa Mágica"
"Missa fantoche"


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Vestimentas de um bispo segundo a Igreja Ortodoxa Russa.

View Comments


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os ritos, o homem e a Liturgia - Dom Henrique Soares da Costa

View Comments
Missa no rito dominicano (Fonte: New Liturgical Movement)
Por Dom Henrique Soares da Costa (grifos nossos):
No cristianismo, o rito litúrgico tem um sentido profundo, santíssimo e bem claro: na força do Espírito Santo, aqueles gestos, palavras e símbolos tornam realmente presente o mistério da nossa redenção: colocam no PRESENTE da nossa existência com toda a sua força salvadora os santos mistérios salvíficos ocorridos no PASSADO e já nos antecipa a plenitude da salvação que manifestar-se-á sem véus nem limitações no FUTURO.

Portanto, na Liturgia cristã não há cerimônias; há ritos sagrados; não há coreografias, há gestos salvíficos.

Mas, até mesmo do ponto de vista simplesmente humano, cultural, os ritos são necessários! Eis o que disse hoje o intelectual ex-presidente Fernando Henrique, ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras:

"Agradeço, comovido, a honra de me sentar em tão ilustre companhia. Não fosse eu algo treinado em antropologia e não houvesse sido casado por tantas décadas com destacada antropóloga, poderia talvez desconsiderar a importância dos ritos que conformam a existência humana, que são elemento insubstituível na tessitura da memória, a que nos agarramos na medida em que o tempo nos consome."

Pois é: sem rito não há memória, não se colhe a transcendência das ações humanas, dos momentos, dos valores que norteiam a existência. Sem ritos, o homem se desumaniza... O rito permeia a nossa existência:
rito para o namoro, para o noivado, rito para o casamento, rito à mesa, rito na sedução, rito na morte, no funeral, no luto, nos pêsames, rito na guerra e na paz. O homem e ser capaz de rito porque é ser capaz de dar significado às coisas e aos acontecimentos...

Isto se dá ao máximo no Rito Sagrado da Liturgia quando o Evento salvífico torna-se ritualmente presente, tornando atuante na nossa vida a presença salvadora do Deus Uno e Trino: os ritos litúrgicos são ação do Filho que traz a salvação do Pai na potência operante do Espírito para que os filhos dos homens participem da vida de filhos de Deus!

Brincar com isso é matar na alma o cristianismo, esvaziar a missão da Igreja de ser sacramento da salvação e diminuir o homem na sua humanidade! É para pensar!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A origem e o sentido das Vestes Litúrgicas no Rito Latino

View Comments

Texto originalmente publicado na página pessoal no Facebook de Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju-SE. 

As roupas utilizadas pelos ministros sagrados nas celebrações litúrgicas são derivadas das vestimentas gregas e romanas. Nos primeiros séculos, a forma de vestir das pessoas de uma determinada classe social (os honestiores) foi também adotada para o culto cristão, e esta prática foi mantida na Igreja, mesmo após a paz de Constantino. Como contado por alguns escritores eclesiásticos, os ministros sagrados usavam suas melhores roupas, provavelmente reservadas para a ocasião.

Enquanto que na antiguidade cristã as vestimentas litúrgicas diferiam das de uso cotidiano não pela forma particular, mas apenas pela qualidade dos tecidos e decoração particular, no curso das invasões bárbaras, os costumes, e com eles também a forma de vestir dos novos povos, foram introduzidos no Ocidente, levando a mudanças na moda profana. A Igreja, ao contrário, manteve essencialmente inalteradas as roupas usadas pelos sacerdotes nos cultos públicos; foi assim que as vestimentas de uso cotidiano acabaram por se diferenciar das de uso litúrgico. Na época carolíngia, finalmente, os paramentos próprios de cada grau do sacramento da ordem foram definitivamente definidos, assumindo a aparência que conhecemos hoje.

Além das circunstâncias históricas, os paramentos sacros têm uma função importante nas celebrações litúrgicas: primeiramente, o fato deles não serem usados no cotidiano, tendo assim um caráter cultual, ajuda-nos a romper com o cotidiano e suas preocupações, no momento da celebração do culto divino. Além disso, as formas largas das vestimentas, como por exemplo da casula, põem em segundo plano a individualidade de quem as veste, enfatizando seu papel litúrgico. Pode-se dizer que a “ocultação” do corpo do ministro sob as vestes, em certo sentido, despersonaliza-o, removendo o ministro celebrante do centro, para revelar o verdadeiro Protagonista da ação litúrgica: Cristo. A forma das vestes, portanto, lembra-nos que a liturgia é celebrada in persona Christi, e não em próprio nome.

Aquele que exerce uma função de culto não atua como indivíduo por si mesmo, mas como ministro da Igreja e como instrumento nas mãos de Jesus Cristo. O caráter sagrado dos paramentos provém também do fato de que são vestidos conforme prescreve o Ritual Romano.

1) À lavagem das mãos se segue a vestidura propriamente dita.

2) Inicia-se com o amito, um pano retangular de linho dotado de duas fitas, que repousa sobre os ombros junto ao pescoço. O amito destina-se a cobrir, ao redor do pescoço, a vestimenta utilizada diariamente, ainda que se trate do hábito do sacerdote. Nesse sentido, é preciso lembrar que o amito também é usado quando se está vestido com roupas de estilo moderno, que muitas vezes não apresentam uma grande abertura em torno do pescoço. De qualquer forma, portanto, as roupas comuns permanecem visíveis e por isso é preciso cobri-las também, nestes casos, com o amito.


No Rito Romano, o amito é vestido antes da alva (túnica). Ao vesti-lo, o sacerdote recita a seguinte oração:


Impone, Domine, capiti meo galeam salutis, ad expugnandos diabolicos incursus.


(Colocai, Senhor, na minha cabeça o elmo da salvação para que possa repelir os golpes de Satanás)


Com referência à carta de São Paulo aos Ef 6,17, o amito é interpretado como "o elmo da salvação”, que deve proteger o portador das tentações do demônio, em especial de pensamentos e desejos malévolos durante a celebração litúrgica. Este simbolismo é ainda mais evidente no costume seguido desde a Idade Média pelos monges beneditinos, franciscanos e dominicanos, entre os quais o amito era posicionado sobre a cabeça e deixado recair sobre a casula ou a dalmática.

3) A alva consiste na veste longa e branca utilizada por todos os ministros sagrados, e que representa a nova veste imaculada que todo cristão recebe mediante o batismo. A alva é portanto um símbolo da graça santificante recebida no primeiro sacramento, e é considerada também um símbolo da pureza de coração necessária para o ingresso na graça eterna da contemplação de Deus no céu (cf. Mt 5,8). Isso é expresso na oração recitada pelo sacerdote enquanto veste a peça, oração que se refere ao Ap 7,14:

Dealba me, Domine, et munda cor meum; ut, in sanguine Agni dealbatus, 
gaudiis perfruar sempiternis.


(Revesti-me, Senhor, com a túnica de pureza, e limpai o meu coração, para que, banhado no Sangue do Cordeiro, mereça gozar das alegrias eternas).

4) Sobre as vestes, na altura da cintura, é colocado o cíngulo, um cordão de lã ou outro material apropriado, que é usado como cinto.

Todos os oficiantes que portam a alva devem também portar o cíngulo (esta prática tradicional é hoje frequentemente ignorada).


Para diáconos, sacerdotes e bispos, o cíngulo pode ser de cores diferentes, de acordo com o tempo litúrgico ou a memória do dia. No simbolismo das vestes litúrgicas, o cíngulo representa a virtude do auto-controle, que São Paulo enumera entre os frutos do Espírito (cf. Gl 5,22). A oração correspondente, como na 1Pd 1,13 diz:


Praecinge me, Domine, cingulo puritatis, et exstingue in lumbis meis humorem libidinis; ut maneat in me virtus continentiae et castitatis.


(Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui nos meus rins o fogo da paixão, para que resida em mim a virtude da continência e da castidade)

5) O manípulo é um paramento litúrgico usado nas celebrações da Santa Missa segundo a forma extraordinária do Rito Romano; caiu em desuso nos anos da reforma litúrgica, embora não tenha sido abolido. É semelhante à estola, mas de menor comprimento, inferior a um metro, e é fixado por meio de presilhas ou fitas como as da casula. Durante a Santa Missa em sua forma extraordinária, o celebrante, o diácono e subdiácono o portam sobre o antebraço esquerdo. É possível que este paramento derive de um lenço (mappula) utilizado pelos romanos amarrado ao braço esquerdo. Uma vez que era utilizado para enxugar as lágrimas e o suor da face, escritores eclesiásticos medievais atribuíram ao manípulo um simbolismo associado às fadigas do sacerdócio. Esta leitura também está presente na oração de sua vestidura:

Merear, Domine, portare manipulum fletus et doloris; 
ut cum exsultatione recipiam mercedem laboris.


(Fazei, Senhor, que mereça trazer o manípulo do pranto e da dor, para que receba com alegria a recompensa do meu trabalho).


Como se vê, no início da oração mencionam-se as lágrimas e a dor que acompanham o ministério sacerdotal, mas a segunda parte do texto refere-se aos frutos do próprio trabalho. Não será fora de propósito recordar a passagem de um salmo que pode ter inspirado esta segunda simbologia referente ao manípulo, visto que a Vulgata assim apresentava o Sl 125,5-6: " Qui seminant in lacrimis in exultatione metent; euntes ibant et flebant portantes semina sua, venientes autem venient inexultatione portantes manipulos suos".

6) A estola é o elemento distintivo de um ministro ordenado e é sempre usada na celebração dos sacramentos e sacramentais. É uma faixa de tecido, em geral bordado, cuja cor varia de acordo com o tempo litúrgico ou o dia santo. Ao vesti-la, o sacerdote recita a seguinte oração:

Redde mihi, Domine, stolam immortalitatis, quam perdidi in praevaricatione primi parentis; et, quamvis indignus accedo ad tuum sacrum mysterium, merear tamen gaudium sempiternum.


(Restitui-me, Senhor, a estola da imortalidade, que perdi na prevaricação do primeiro pai, e, ainda que não seja digno de me abeirar dos Vossos sagrados mistérios, fazei que mereça alcançar as alegrias eternas).


Dado que a estola é um paramento de suma importância, indicando mais do que qualquer outro a condição de ministro ordenado, não se pode deixar de lamentar o abuso, já largamente difundido, por parte de alguns sacerdotes, que não a usam em conjunto com a casula.

7) Finalmente, veste-se a casula ou planeta, a vestimenta característica daqueles que celebram a Santa Missa. Os livros litúrgicos usavam as duas palavras, em latim casula e planeta, como sinônimos. Enquanto o nome planeta foi usado em particular em Roma e acabou por permanecer na Itália, o nome casula deriva da forma típica da vestimenta, que originalmente circundava todo o corpo do ministro sagrado que a portava. O uso da palavra “casula” também é encontrado em outros idiomas: "Casulla”, em espanhol, “Chasuble” em francês e em Inglês, "Kasel" em alemão. Oração para vestidura da casula remete ao convite de Cl 3,14: “Sobretudo, revesti-vos do amor, que une a todos na perfeição”. E, de fato, a oração com a qual se veste a casula cita as palavras do Senhor contidas em Mt 11,30:

Domine, qui dixisti: Iugum meum suave est, et onus meum leve: fac, ut istud portare sic valeam, quod consequar tuam gratiam. Amen.


(Senhor, que dissestes: O meu jugo é suave e o meu peso é leve, fazei que o suporte de maneira a alcançar a Vossa graça. Amém).


"Em conclusão, espera-se que a redescoberta do simbolismo associado aos paramentos e suas orações incentive os sacerdotes a retomar a prática da oração durante a vestição, de modo a se preparar com o devido recolhimento à celebração litúrgica. Se é verdade que é possível rezar com diferentes orações, ou ainda simplesmente elevando a mente a Deus, por outro lado, os textos da oração de vestição trazem a brevidade, a precisão de linguagem, a inspiração da espiritualidade bíblica e o fato de que são rezados pelos séculos por um número incontável de ministros sagrados. Estas orações são recomendadas ainda hoje, para a preparação da celebração litúrgica, e também realizadas de acordo com a forma ordinária do Rito Romano".

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Parceiros