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domingo, 24 de julho de 2011

Como a Comunhão na mão virou febre no mundo se a maioria (esmagadora) dos bispos não queriam?

Fiéis nigerianos recebem a Comunhão nos lábios e de joelhos
durante a visita do Superior Geral da FSSP, Fr. John Berg.

É esta pergunta que qualquer leitor sensato se faz quando lê integralmente o texto que não¹ possuía tradução para o português, até que os Cônegos Regulares da Santa Cruz pediram à Santa Sé para traduzi-lo todo e publicá-lo na sua revista semestral Sapientia Crucis, n. 7, Ano VII-2006.

A Instrução Memoriale Domini, de 29 de Maio de 1969, pode ser encontrada em três partes digitalizadas na versão dos Cônegos Regulares da Santa Cruz, aqui, aqui e aqui.

O site VERITATIS SPLENDOR também traduziu, veja aqui.

O Papa promulgou então a Instrução Memoriale Domine. Em resumo, o documento declara:

1) Os bispos do mundo eram, na sua esmagadora maioria, contra a Comunhão na mão.
2) "Esta maneira de distribuir a Sagrada Comunhão (isto é, o sacerdote colocar a Hóstia na língua dos comungantes) deve ser observada."
3) A Comunhão na língua não diminui, de forma alguma, a dignidade do comungante.
4) E acrescenta o aviso de que "qualquer inovação pode levar à irreverência e à profanação da Eucaristia, assim como à erosão gradual da recta doutrina."

O documento afirma ainda que "o Sumo Pontífice decretou que a maneira tradicional de dar a Sagrada Comunhão aos Fiéis não devia ser mudada. Por conseguinte, a Sé Apostólica insta veementemente os bispos, sacerdotes e povo a que observem zelosamente esta lei."

Deixo aos leitores um trecho de um excelente texto do site Fatima.og:


Luz vermelha e luz verde ao mesmo tempo
Podemos perguntar, então: se esta Instrução foi promulgada, por que razão é tão comum ver-se a Comunhão na mão? Podemos explicá-lo servindo-nos do caso da reacção dos bispos canadianos à Humanae Vitae – Encíclica que reafirmava, com toda a verdade, a doutrina da Igreja sobre a contracepção. Como houve, logo que a Humanae Vitae saiu, uma escandalosa vaga de oposição, por parte tanto de padres católicos como de intelectuais, os bispos canadianos escreveram uma carta pastoral apoiando a teoria expressa na Humanae Vitae, mas usando nesse documento a curiosa expressão "normas para dissenção lícita".
Ora esta frase dá a impressão de que podia haver uma base para os Católicos rejeitarem legitimamente a Humanae Vitae. Assim, quer tivessem consciência disso quer não, os bispos sabotaram a sua própria carta pastoral, dando ao mesmo tempo luz vermelha e luz verde à rejeição da Encíclica Papal. Por isso não foi surpresa alguma quando grande número de Católicos rejeitou a Humanae Vitae com base na solução de compromisso dos bispos canadianos. Até os pais mais incultos têm a inteligência de não dar aos filhos a opção de aceitar ou de rejeitar as ordens paternas. Fazê-lo seria sinal evidente de falta de autoridade. Pois bem: infelizmente, foi precisamente isso o que aconteceu com o documento de 1969 – a EncíclicaMemoriale Domine – que supostamente era contra a Comunhão na mão.
Mas estava-se na era do compromisso, e o documento continha a semente da sua própria destruição: logo de seguida, a Instrução dizia que, onde o abuso já se tivesse estabelecido firmemente, poderia ser legalizado por maioria de dois terços numa votação secreta da conferência nacional dos bispos (desde que a Santa Sé confirmasse a sua decisão). Isto operou logo a favor dos liberais. E note-se que a Instrução dizia "onde tal abuso já se tivesse estabelecido firmemente". Portanto, os países onde a prática ainda não se tivesse desenvolvido ficaram, obviamente, excluídos dessa concessão — e nessa categoria estavam incluídos todos os países de língua inglesa, inclusive os Estados Unidos.
Como era natural, o clero liberal de outros países (do nosso também - EUA) concluiu que, se esta rebelião podia ser legalizada na Holanda, podia ser legalizada em qualquer parte. Calcularam que, se ignorassem o Memoriale Domine e desafiassem a lei litúrgica da Igreja, essa rebelião não só seria tolerada como eventualmente legalizada. Foi exactamente isto o que aconteceu; e é por isso que hoje temos a Comunhão na mão.
Começada para desafiar, perpetuada
para enganar
Como se não bastasse a Comunhão na mão ter começado na desobediência, perpetuou-se através de dolo. Não dispomos de espaço para dar todos os pormenores; mas a propaganda que, na década de 1970, foi usada para apregoar a Comunhão na mão junto de um povo confiante e vulnerável foi uma campanha de meias-verdades calculadas que não contavam toda a história. Encontramos rapidamente um exemplo nos escritos de Monsenhor Champlin. Os seus escritos:
  • dão ao leitor a falsa impressão de que o Vaticano II deu ordem para o abuso, quando, na realidade, não é sequer mencionado em nenhum documento do Concílio;
  • não dizem ao leitor que essa prática foi começada por alguns membros do clero em desafio à a lei litúrgica estabelecida, mas apresentam-na como se ela fosse a resposta a um pedido dos leigos;
  • não dizem com clareza ao leitor que os bispos do mundo, quando consultados, votaram por esmagadora maioria contra a Comunhão na mão;
  • não mencionam que essa autorização devia ser apenas uma tolerância do abuso onde ele já se tinha estabelecido em 1969. Não era, portanto, uma luz verde para tal abuso alastrar a outros países, como os Estados Unidos.


Lembramos que hoje, ainda², é absolutamente permitido distribuir a Sagrada Comunhão Eucarística nas mãos dos fiéis sob as condições da mesma instrução supracitada.

Boa leitura!



NOTAS

¹ A pesquisa do documento no site da CNBB poussui o seguinte resultado: "Pesquisar palavra-chave instrução memoriale domini Total: 0 resultados encontrados".
² Ainda, porque:

"O Senhor não vai deixar prevalecer por muito tempo
o domínio dos malvados sobre a sorte dos seus justos,
para os justos não mancharem suas mãos na iniqüidade.

Fazei o bem, Senhor, aos bons e aos que têm reto coração,
mas os que seguem maus caminhos, castigai-os com os maus!
Que venha a paz a Israel! Que venha a paz ao vosso povo!"
Salmo 124 (125)
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