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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Rio: Missa com canto gregoriano tradicional marca a chegada das Relíquias dos Pastorinhos de Fátima

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A Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Pechinhca, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro recebeu do Santuário de Fátima, em Portugal, as Relíquias dos Pastorinhos de Fátima, Beatos Francisco e Jacinta.

O Pároco, Revmo Monsenhor Jan Kaleta, solicitou-as ao Postulador da Causa de Canonização dos Beatos e em 23 de setembro elas chegaram à Paróquia pelas mãos do Revmo Pe. José Augusto Pedroza da Silva, da Diocese de Évora, Portugal.




















Uma Solene Missa com Canto Gregoriano tradicional, mesclado com cantos marianos tradicionais cantados em vernáculo, marcou a intronização das Relíquias dos Pastorinhos. Antes da Missa, foi realizado o Rito de Apresentação e Entronização das Relíquias.












 




























Após o Rito de Entronização das Relíquias, teve início a Solene Missa com as partes fixas cantadas em latim (Missa De Angelis). Destaque para o belo arranjo beneditino e a Liturgia celebrada de acordo com a normativa litúrgica, sempre procurando seguir o exemplo do Papa Bento XVI, na hermenêutica da continuidade.


























































domingo, 14 de outubro de 2012

Membro do Salvem recebe a capa do ICRSS

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Vinte novos seminaristas foram admitidos, no último mês de setembro, no Seminário de Gricigliano, do Instituto Cristo Rei Sumo Sacerdote. Eles receberam suas capas azuis das mãos de Mons. Gilles Wach, Superior Geral do Instituto.

Na foto podemos ver o Seminarista Marcionei da Silva Júnior, membro de nosso apostolado, em pé, já de capa, à esquerda do seminarista ajoelhado.

Oremos por estes seminaristas.


sábado, 13 de outubro de 2012

"Palmas na Santa Missa, pode ou não?"

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Por diversas vezes, já se falou sobre o tema, como pode ser comprovado, por exemplo, AQUI e AQUI. No entanto, é um tema que muitos fiéis ainda questionam a respeito. 

O fato é que têm circulado em diversos sites, blogs e redes sociais imagens como a seguinte:


Isso, baseando-se no seguinte vídeo, onde em diversas línguas, os comentaristas/tradutores do Vaticano pedem aos fiéis presentes na celebração da Santa Missa para não baterem palmas, gritarem, ou agitarem bandeiras para assim, não se perturbar a Ação Litúrgica:


É bom ter claro que, enquanto Papa, Bento XVI nunca disse tais palavras, mas, enquanto Decano dos Cardeais e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em seu livro "Introdução ao espírito da Liturgia", subentendeu-se tal afirmação que, em língua portuguesa, pode ser lida a explicação lógica, histórica, coerente e doutrinal a respeito das palmas durante a Santa Missa, quando trata da dança na Liturgia (grifos e ressalvas entre colchetes nossos):
"A dança não é uma forma de expressão cristã. Já no século III, os círculos gnóstico-docéticos [portanto, uma Heresia!] tentaram introduzi-la na Liturgia. Eles consideravam a crucificação apenas como uma aparência: segundo eles, Cristo nunca abandonou o corpo, porque nunca chegou a encarnar antes da sua paixão; consequentemente, a dança podia ocupar o lugar da Liturgia da Cruz, tendo a cruz sido apenas uma aparência. As danças culturais das diversas religiões são orientadas de maneiras variadas - invocação, magia analógica, êxtase místico; porém, nenhuma dessas formas corresponde à orientação interior da Liturgia do "Sacrifício da Palavra". É totalmente absurdo - na tentativa de tornar a Liturgia "mais atraente" - recorrer a espetáculos de pantomimas de dança - possivelmente com grupos profissionais - que, muitas vezes (e do ponto de vista do seu desígnio com razão), terminam em aplauso. Sempre que haja aplauso pelos atos humanos na Liturgia, é sinal de que a natureza se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero religioso. [...] A Liturgia só pode atrair pessoas olhando para Deus e não para ela própria; deixando-O ingressar e agir."
(RATZINGER, Joseph. Introdução ao espírito da Liturgia. 3ª Edição. Paulinas: Prior Velho, Portugal, 2010. pp. 146 e 147.)

Partindo do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, nos números 1362, 1366, 1382, 1409, a Santa Missa é o "Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor", aqui, procuramos demonstrar claramente que as palmas proibidas são aquelas ritmadas para acompanhar músicas.

Na Liturgia, como em tudo, existe o momento certo e adequado para cada coisa acontecer. Este tipo de acompanhamento (palmas) tem seus momentos específicos, como podemos verificar na celebração dos Sacramentos e Sacramentais, dentro da ou fora Missa, de acordo com as rubricas:

No Ritual do Batismo de Crianças:

76. A assembléia pode manifestar sua alegria com uma salva de palmas. A família acolhe o neobatizado com um beijo ou outro gesto de afeição.

No Ritual do Matrimônio:

65. [Após o Consentimento], O sacerdote convida os fiéis para o louvor a Deus, que respondem “Graças a Deus” ou outra fórmula de aclamação. [Palmas].

Introdução Geral: Ordenação de Diácono, Presbítero e Bispo, nº 11:

Compete às Conferências dos Bispos:

a) Definir o modo como a comunidade vai aprovar a escolha dos candidatos, de acordo com o costume da região (na Ordenação de Bispo, nn. 38 e 74; na Ordenação de Presbíteros, nn. 122, 150, 266 e 307; na Ordenação de Diácono, nn. 198, 266, 264 e 305).

Outros momentos oportunos:

·        Na criação de Cardeais, quando o Papa diz o nome do novo Cardeal, a assembleia na basílica costuma-se aplaudir. Também nalgumas celebrações quando antes dos ritos iniciais, o Ordinário do local dirige uma mensagem ao Papa, em geral se conclui com palmas. 

·        Na posse de Párocos, após a Profissão de Fé e Juramento de Fidelidade e após a alocução do novo pároco à comunidade, os fiéis também podem aclamá-lo com as palmas.

E isso, para se ter em conta que se trata de uma regra universal e válida, inclusive para os grupos que se utilizam das expressões corporais como forma de louvor a Deus e que fazem uso de danças e músicas ritmadas com palmas em suas reuniões. Não há problema que eles usem isso em suas reuniões, o problema é tentar adaptar a Liturgia ao seu grupo, como dito no texto do Cardeal Ratzinger.

Tenha-se claro que não se trata também de uma forma intimista ou uma "característica privada" de grupos; Antes, como uma "Lei" serve para coibir e mesmo alertar os fiéis a respeito de atos errôneos e os modos como evitá-los. Para isso servem as leis. E caso sejam infringidas, existem as penas a serem cumpridas, como a acusação durante a confissão sacramental.

Claro que não se pode entrar em méritos ou desméritos relativistas da contemporaneidade de que, "no fim das contas, o que importa é o coração, é o amor..." Sim! Importa sim o amor e o zelo com que toda ação litúrgica se volta para Aquele que é Amor, como sinal de retorno do dom recebido pelo "Deus-Amor."

Nem sempre questões religiosas podem ser respondidas com "pode" ou "não pode", visto que é algo muito simplista; Aqui não se trata apenas de uma restrição, mas de reflexões do Magistério sobre a Eucaristia. Muitas vezes, por detrás de um "não" que a Igreja dá, existe um valor tentando ser preservado. Às vezes um "não" que se dá em um determinado momento é para tentar corrigir situações que estão erradas, até poder dar um "sim" do jeito acertado. Um "não" bem dito, ajuda em um "sim" melhor acolhido posteriormente.

De toda forma, se nem para o Hino Nacional, em termos cívicos, batem-se palmas, como um ato de respeito, o que se dirá na Santa Missa!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Cardeal Ratzinger comenta as duas formas do Rito Romano

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Segue trecho interessantíssimo de uma palestra ministrada pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, quando do aniversário de 10 anos do Motu Proprio Ecclesia Dei. O Cardeal rebateu dois dos principais argumentos apontados por aqueles que vêem com suspeita o apreço de muitos fiéis pelos ritos litúrgicos anteriores à reforma - a "falta de obediência ao Concílio" e a "quebra de unidade" -, e ainda exaltou os bons frutos das comunidades às quais estes fiéis estão associados, em união com o Papa e os seus respectivos bispos.


Dez anos depois da publicação do Motu Proprio Ecclesia Dei, que tipo de balanço se pode elaborar? Penso que esta é, sobretudo, uma ocasião para mostrar a nossa gratidão e dar graças. As comunidades diversas que nasceram graças a este texto pontifício têm dado à Igreja um grande número de vocações sacerdotais e religiosas que, zelosamente, com alegria e profundamente unidas com o Papa, deram o seu serviço ao Evangelho em nosso tempo presente da história.

Através deles, muitos fiéis foram confirmados na alegria de ser capaz de viver a liturgia, e confirmados em seu amor pela Igreja, ou talvez eles tenham redescoberto ambos. Em muitas dioceses – e seu número não é tão pequeno – eles servem à Igreja, em colaboração com os bispos e em união fraterna com os fiéis que se sentem em casa com a forma renovada da nova liturgia.

No entanto, não seria realista se tivéssemos de deixar passar em silêncio as coisas que não são boas. Em muitos lugares as dificuldades persistem, e estas continuam porque alguns bispos, sacerdotes e fiéis consideram esse apego à antiga liturgia como um elemento de divisão que só atrapalha a comunidade eclesial e que dá origem à suspeitas sobre uma aceitação do Concílio feita “com reservas” e, mais geralmente, sobre a obediência para com os legítimos pastores da Igreja.

Devemos agora fazer a seguinte pergunta: como podem estas dificuldades sejam superadas? Como alguém pode construir a confiança necessária para que esses grupos e comunidades que amam a liturgia antiga possam ser facilmente integrados na vida da Igreja? Mas há outra pergunta subjacente à primeira: quais são as razões mais profundas para essa desconfiança ou até mesmo para esta rejeição de uma continuação das antigas formas litúrgicas?

As duas razões que são mais ouvidas são a falta de obediência ao Concílio, que queria os livros litúrgicos reformados, e a quebra de unidade, que deve necessariamente seguir se diferentes formas litúrgicas são deixadas em uso.

É relativamente simples refutar esses dois argumentos no plano teórico. O próprio Concílio não reformou os livros litúrgicos, mas ordenou a sua revisão e, para isso, estabeleceu algumas regras fundamentais. Antes de tudo, o Concílio deu uma definição do que é a liturgia e esta definição dá um critério valioso para toda a celebração litúrgica.

É à luz destes critérios que as celebrações litúrgicas devem ser avaliadas, sejam elas de acordo com os livros antigos ou os novos. É bom lembrar aqui o que o Cardeal Newman observou: que a Igreja, ao longo de sua história, jamais aboliu nem proibiu formas litúrgicas ortodoxas, o que seria bastante estranho ao espírito da Igreja. Uma liturgia ortodoxa, isto é, aquela que expressa a verdadeira fé, nunca é uma compilação feita de acordo com os critérios pragmáticos de cerimônias diferentes, tratadas de uma forma positivista e arbitrária, de uma forma hoje e amanhã de outra forma.

As formas ortodoxas de um rito são realidades vivas, nascidas do diálogo de amor entre a Igreja e seu Senhor. Elas são expressões da vida da Igreja, em que são destiladas a fé, a oração e a vida de gerações inteiras, e que encarnam em formas específicas tanto a ação de Deus quanto a resposta do homem. Tais ritos podem morrer se aqueles que os usaram em uma determinada época desaparecerem ou se a situação de vida dessas mesmas pessoas mudar.

Ritos Latinos

A autoridade da Igreja tem o poder de definir e limitar o uso de tais ritos em diferentes situações históricas, mas ela nunca apenas pura e simplesmente proíbe. Assim, o Concílio ordenou uma reforma dos livros litúrgicos, mas não proibiu os livros anteriores. O critério estabelecido pelo Concílio é tanto muito maior e mais exigente que convida a todos para a autocrítica. Mas nós vamos voltar a este ponto.

Devemos agora examinar o outro argumento, que afirma que a existência de dois ritos pode prejudicar a unidade. Aqui, uma distinção deve ser feita entre o aspecto teológico e o aspecto prático da questão. No que diz respeito àquilo que é teórico e básico, deve-se afirmar que várias formas de rito latino sempre existiram, e só foram retiradas lentamente como resultado da união de diferentes partes da Europa.

Antes do Concílio existia lado a lado com o rito romano o rito ambrosiano, o rito mozárabe de Toledo, o rito de Braga, o rito cartuxo, o rito carmelita, e o mais conhecido de todos, o rito Dominicano, e talvez ainda outro ritos de que eu não estou ciente. Ninguém jamais ficou escandalizado que os dominicanos, muitas vezes presentes em nossas paróquias, não celebravam como os padres diocesanos, mas tinham seu próprio rito. Nós não temos qualquer dúvida de que seu rito era tão católico quanto o rito romano, e que estávamos orgulhosos da riqueza inerente a estas várias tradições.

Além disso, deve-se dizer o seguinte: que a liberdade que o novo ordinário da Missa dá a criatividade é muitas vezes levada a extremos. A diferença entre a liturgia segundo os livros novos, como ela é realmente praticada e celebrada em lugares diferentes, é muitas vezes maior do que a diferença entre uma missa antiga e uma missa nova, quando ambas são celebradas de acordo com os livros litúrgicos prescritos.

Um cristão médio sem formação litúrgica especializada teria dificuldade para distinguir entre uma missa cantada em latim segundo o Missal antigo e uma missa em latim cantada segundo o Missal novo. No entanto, a diferença entre uma liturgia celebrada fielmente de acordo com o Missal de Paulo VI e a realidade de uma liturgia vernácula celebrada com toda a liberdade e criatividade possíveis – essa diferença pode ser enorme.

Com estas considerações nós já cruzamos o limiar entre teoria e prática, um ponto em que as coisas naturalmente ficam mais complicadas, porque elas dizem respeito às relações entre as pessoas que vivem. Parece-me que os desgostos que mencionamos são tão grandes porque as duas formas de celebração são vistas como uma indicação de duas atitudes espirituais diferentes, duas maneiras diferentes de perceber a Igreja e a vida cristã. As razões para isso são muitas.

A primeira é esta: alguém julga as duas formas litúrgicas a partir de suas aparências e, assim, chega-se à seguinte conclusão: há duas atitudes fundamentalmente diferentes. O cristão comum considera essencial para a liturgia renovada ser celebrada em vernáculo e de frente para o povo, que haja uma grande dose de liberdade para a criatividade e que os leigos exerçam um papel ativo. Por outro lado, considera-se essencial para a celebração de acordo com o rito antigo ser em latim, com o sacerdote voltado para o altar, estrita e precisamente de acordo com as rubricas e que os fiéis sigam a missa em oração particular com nenhum papel ativo.

A partir deste ponto de vista, um determinado conjunto de fatores externos é visto como essencial para esta ou aquela liturgia, ao invés do que a própria liturgia afirma ser essencial. Devemos esperar pelo dia em que os fiéis irão apreciar a liturgia com base em formas concretas visíveis, e serão espiritualmente imersos nessas formas. Os fiéis não mergulham facilmente nas profundezas da liturgia.

As contradições e oposições que acabamos de enumerar se originam nem do espírito nem a letra dos textos conciliares. A Constituição atual sobre a Liturgia não fala nada sobre a celebração de frente para o altar ou de frente para as pessoas. Sobre o tema da linguagem, ela diz que o latim deve ser mantido, ao dar um lugar maior para o vernáculo “acima de tudo em leituras, instruções, e em certo número de orações e cantos”.

Quanto à participação dos leigos, o Concílio antes de tudo insiste em um ponto geral, que a liturgia é essencialmente a preocupação de todo o Corpo de Cristo, Cabeça e membros, e por este motivo ela pertence a todo o Corpo da Igreja “e que, portanto, ela [a liturgia] está destinada a ser celebrada em comunidade, com a participação ativa dos fiéis”. E o texto especifica: “Nas celebrações litúrgicas cada pessoa, ministro, ou leigos, ao cumprir o seu papel, deve realizar apenas e inteiramente o que diz respeito a ele, em virtude da natureza do rito e as normas litúrgicas” (SL 28) . “Para promover a participação ativa, aclamações por parte das pessoas são favorecidas, as respostas, o canto dos salmos, antífonas, cânticos, também ações ou gestos e posturas corporais. Deve-se também observar um período de silêncio sagrado em momento oportuno”

Estas são as diretrizes do Concílio, pois eles podem proporcionar a todos um material para reflexão.

Dentre vários liturgistas modernos não é, infelizmente, uma tendência a desenvolver as ideias do Concílio em uma única direção. Ao agir assim, eles acabam invertendo as intenções do Concílio. O papel do sacerdote é reduzido, por alguns, para o de um mero funcionário. O fato de que o Corpo de Cristo como um todo é o tema da liturgia é muitas vezes deformado ao ponto em que a comunidade local se torna o sujeito autossuficiente na liturgia e distribui entre si as várias funções da liturgia.

Existe também uma tendência perigosa de se minimizar o caráter sacrificial da Missa, fazendo com que o mistério e o sagrado desapareçam sob o pretexto, um pretexto que afirma ser absoluto, que desta forma fazem as coisas mais bem compreendidas. Finalmente, observa-se a tendência de fragmentar a liturgia e, para destacar de forma unilateral seu caráter comunitário, dando a própria assembleia o poder de regular a celebração.

Felizmente, porém, há também certo desencanto com um racionalismo muito banal, e com o pragmatismo de certos liturgistas, sejam eles teóricos ou práticos, e pode-se observar um retorno ao mistério, à adoração e ao sagrado e para o caráter cósmico e escatológico da liturgia, como evidenciado em 1996 pela “Declaração de Oxford sobre a Liturgia”.

Por outro lado, deve-se admitir que a celebração da liturgia antiga havia se desviado muito longe em um individualismo privado, e que a comunicação entre o sacerdote e o povo era insuficiente. Eu tenho grande respeito por nossos antepassados que na Missa Rezada diziam as “Orações durante a missa” contidas em seus livros de oração, mas certamente não se pode considerar isso como o ideal da celebração litúrgica. Talvez essas formas reducionistas de celebração são a verdadeira razão para explicar por que o desaparecimento dos livros litúrgicos antigos não teve importância em muitos países e não tenha causado tristeza. Ninguém estava em contato com a própria liturgia.

Movimento Litúrgico

Por outro lado, nos lugares onde o movimento litúrgico tinha criado um certo amor pela liturgia, onde o Movimento tinha antecipado as ideias essenciais do Concílio como, por exemplo, a participação orante de todos na ação litúrgica, foi nesses lugares onde havia mais angústia quando confrontado com uma reforma litúrgica realizada precipitadamente e, muitas vezes limitada a fatores externos.

É por isso que é muito importante observar os critérios essenciais da Constituição sobre a Liturgia, que citei acima, inclusive quando se celebra de acordo com o antigo Missal. O momento em que esta liturgia verdadeiramente tocar os fiéis com sua beleza e sua riqueza, então ela será amada, então ela deixará de ser irremediavelmente contra a nova liturgia, desde que esses critérios sejam de fato aplicados como o Concílio desejava.

Se a unidade da fé e a unicidade do mistério aparecem claramente nas duas formas de celebração, isso só pode ser uma razão para que todos possam se alegrar e agradecer ao bom Deus. Na medida em que todos nós acreditamos, viver e agir com estas intenções, que devem também poder persuadir os bispos de que a presença da antiga liturgia não perturba ou quebra a unidade da sua diocese, mas é antes um dom destinado a construir o Corpo de Cristo, do qual todos nós somos os servos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Novena à Nossa Senhora Aparecida, em Guapimirim, RJ

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O Revmo Padre Moisés Fragoso, Vigário da Catedral São Pedro de Alcântara e Vice Reitor do Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Petrópolis, participou do segundo dia da Novena em honra a Padroeira do Brasil, a convite do pároco, Revmo Padre Rodrigo Alberti, na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Parada Modelo, Guapimirim, Diocese de Petrópolis.
O tema da reflexão do segundo dia da novena foi "Testemunho para uma autêntica e sincera profissão de fé", extraído da Carta Apostólica Porta Fidei, que prepara o Ano da Fé.
Nas fotos abaixo, podemos perceber a linha da hermenêutica da continuidade tão defendida pelo Papa Bento XVI. Parabenizamos o Reverendíssimo Padre por essa contribuição à Reforma da Reforma, com a Liturgia celebrada de acordo com as normas. Enfatizamos o uso da casula romana e do altar dignamente ornado.


















terça-feira, 9 de outubro de 2012

Investidura de novos coroinhas no Rio de Janeiro

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INVESTIDURA DE NOVOS COROINHAS NO RIO DE JANEIRO





Após um adequado período de preparação, um grupo de 12 rapazes recebeu a investidura em 2 de setembro de 2012,na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, pelas mãos de S.Excia.Revma Dom Pedro Cunha Cruz, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro em uma Solene Missa com canto gregoriano tradicional da Missa De Angelis, concelebrada por Monsenhor Jan Kaleta, pároco zeloso pela tradição litúrgica da Igreja.
 A opção por investir somente rapazes, aliado a uma sólida formação litúrgica, baseada nos livros litúrgicos, como a Instrução Geral do Missal Romano, o Cerimonial dos Bispos e os documentos emitidos pela Congregação Para o Culto Divino tem feito o número dos coroinhas aumentar em quantidade e qualidade. Externamente,isso é visível quer nos gestos, quer nos trajes, quer na postura sóbria e discreta dos novos acólitos.







 O que a primeira vista pode parecer mera formalidade externa, como exigir dos rapazes roupa social impecável: calça social preta,a camisa de mangas longas, sapatos pretos, ao contrário do que se possa pensar, têm chamado cada vez mais meninos ao grupo. Os rapazes sentem-se atraídos pela disciplina e à formação tradicional. Em 9 meses, foram realizadas 2 cerimônias de Investidura; na primeira foram investidos 5 rapazes, e na segunda 12; e uma nova turma está sendo aberta devido ao grande entusiasmo de outros meninos que, a cada dia, se encantam com a beleza das celebrações que resplandecem na Liturgia celebrada de acordo com as normas litúrgicas. Com um maior número de coroinhas tornou-se possível fazer, com mais frequencia, celebrações solenes e tais celebrações, por sua vez, atraem mais e mais candidatos ao grupo de acólitos.














Uma formação sólida baseada nos documentos da Igreja, mesclada com encontros de oração, retiros, escalas nas Missas durante a semana, a devoção aos santos,engajamento na vida da eclesial, com a participação de encontros em nível vicarial e arquidiocesano, a presença em cerimônias na Catedral, nas procissões de Corpus Christi presididas pelo Arcebispo e também momentos de convivência comunitária ajudam na perseverança dos servidores do altar.
 

O Rito de Investidura. Em que consiste?


Não se trata aqui de um ministério instituído de acólitos, mas daqueles que, mesmo sem ser instituídos, atuam na Liturgia como acólitos - o que é perfeitamente lícito, na falta de instituídos (cânon 230,3). Dentre esses "não instituídos", estão os meninos que atuam nessa função, que se convencionou chamar de coroinhas.
Todo aquele que atua no ministério de acólito, sendo varão, em tese pode vir a receber o Sacramento da Ordem. Embora a Santa Sé não se oponha a que meninas sirvam ao altar na qualidade de coroinhas - se houver para isso justas razões pastorais , a mesma Sé Apostólica afirma que "será sempre muito oportuno seguir a nobre tradição do serviço ao altar pelos meninos" e relaciona isso à questão vocacional: " Isto, como se sabe permitiu um consolador desenvolvimento das vocações sacerdotais. Por isso, sempre existirá a obrigação de continuar a sustentar tais grupos de coroinhas".(Congregação Para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, a respeito das funções litúrgicas conferidas aos leigos, de acordo com a resposta do Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos. Roma, 15 de março de 1994)

Rito da Investidura

1- Apresentação dos candidatos






2- Diálogo dos candidatos com o Senhor Bispo











3- Bênção das vestes litúrgicas






4- Paramentação







domingo, 7 de outubro de 2012

Recepção de Batinas na A.A.S.J.M.V.

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Trazemos fotos da cerimônia de recepção de batinas que aconteceu no último dia 29/09/2012. Seis seminaristas do Seminário da Imaculada Conceição receberam as batinas das mãos de S.E.R. Dom Fernando Rifan na Igreja São José.












sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Gregorius Magnus, a revista da Federação Internacional Una Voce

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Foederatio Internationalis Una Voce lançou recentemente uma revista bianual chamada Gregorius Magnus. A revista foi produzida para marcar o quinto aniversário do Motu Proprio Summorum Pontificum.

Aos que souberem inglês, não deixem de conferir.
Gregorivs Magnus n. 1 September 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mensagem do Papa em Português na Audiência de hoje.

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Queridos irmãos e irmãs,

Orar é estar habitualmente na presença de Deus, viver a relação com Ele à semelhança das relações que temos com os nossos familiares e pessoas que nos são caras. Por meio da oração entramos numa relação viva de filhos de Deus com o Pai, por meio de Jesus Cristo, no Espírito Santo. Neste sentido, não podemos esquecer que a Igreja é o único lugar onde podemos encontrar a Cristo como Pessoa vivente, sobretudo nas celebrações litúrgicas. De fato, a liturgia, ao fazer presente e atual o Mistério pascal de Cristo, faz com que Deus entre na nossa realidade, permitindo-nos encontrá-Lo e, por assim dizer, tocá-lo. Assim, na liturgia aprendemos a fazer nossas as palavras que a Igreja dirige ao seu Senhor e Esposo, o que nos leva a compreender que a oração tem uma dimensão coletiva: não podemos nunca rezar a Deus de um modo individualista. Por isso a liturgia deve ser fiel às formas da Igreja Universal, não podendo ser modificada pelos indivíduos, sejam sacerdotes ou leigos, pois mesmo na celebração litúrgica da menor das comunidades, a Igreja inteira está presente.
* * *
Amados peregrinos vindos do Brasil e demais peregrinos de língua portuguesa: sede todos bem-vindos! Aprendei a viver bem a liturgia, pois esta é o caminho para dirigir o vosso olhar a Deus, superando todo individualismo e egoísmo, através da comunhão com a Igreja viva de todos os tempos e lugares. Que Deus vos abençoe! Obrigado!

Quando celebrar?: A Liturgia das Horas

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Dos estudos dos consultores do Departamento das Celebrações do Sumo Pontífice

A seção litúrgica do Catecismo da Igreja Católica (CIC), dentro do parágrafo dedicado ao «Quando celebrar?», dedica algum espaço para o «Ofício divino», hoje chamado «Liturgia das Horas» (LdH). A LdH é parte integrante do Culto divino da Igreja, não um mero apêndice dos sacramentos. É sagrada Liturgia no sentido verdadeiro e próprio. Na LdH, como naquela sacramental (especialmente a Liturgia Eucarística, da qual o Ofício é como que uma extensão), cruzam-se duas dinâmicas: «do alto» e «do baixo».
Considerada «do alto», a LdH foi trazida à terra pelo Verbo, quando encarnou-se para redimir-nos. Por isso o Ofício divino define-se como «o hino que se canta no Céu por toda a eternidade», introduzido «no exílio terreno» pelo Verbo encarnado (cf. Pio XII, Mediator DeiEE 6/565; também: Concílio Vaticano II, Sacrosanctum Concilium [SC], n. 83). Podemos cantar os louvores de Deus porque Deus mesmo nos habilita a isso e nos ensina como fazê-lo. Neste primeiro significado, a LdH representa a reprodução, obrada pela Igreja peregrina e militante, do canto dos espíritos celestes e dos beatos, que formam a Igreja gloriosa do Céu. É por esta razão que o lugar onde os monges, os frades e os cónegos se reúnem para rezar o Ofício tomou o nome de «coro»: ele quer reproduzir visivelmente as ordens angelicais e os coros dos santos, que constantemente louvam a majestade de Deus (cf. Is 6,1-4; Ap 5,6-14). Portanto, o coro está estruturado de forma circular não para facilitar o olhar-se mutuamente enquanto se celebra a LdH, mas para representar «o Céu que desce à terra» (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 35), que ocorre quando se celebra o Culto divino.
Em segundo lugar, a LdH reflete uma dinâmica que «de baixo» vai em direção «ao alto»: é um movimento com o qual a Igreja terrena louva, adora, agradece o seu Senhor e lhe pede favores, ao longo de todo o período do dia. A cada momento recebemos benefícios do Senhor, por isso é justo que agradeçamos por eles a cada hora do dia. É por isso que Santo Tomás de Aquino concebe a oração como um ato que, pertencendo à virtude da religião, está relacionada à virtude da justiça (cf. S. Th. II-II, 80, 1, 83, 3). Com o «Prefácio» da S. Missa, podemos dizer que «na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação» louvar o Senhor a cada momento do dia.
Primeiramente Cristo deu o exemplo de incessante oração, dia e noite (cf. Mt 14,23; Mc 1,35; Hb 5,7). O Senhor também recomendou orar sempre, sem nunca se cansar (cf. Lc 18,1). Fiel às palavras e ao exemplo do seu Fundador (cf. 1 Ts 5,17; Ef 6,18), desde a época apostólica a Igreja desenvolveu a própria oração cotidiana segundo um ritmo ordenado que cobrisse toda a jornada, assumindo de forma nova as práticas litúrgicas do templo de Jerusalém. É certo que as duas horas canônicas principais (Laudes e Vésperas) surgiram também com relação aos dois sacrifícios cotidianos do templo: o matutino e o vespertino. Também as orações da Terceira, Sexta e Nona correspondem a tantos outros momentos de orações da praxi judaica. No dia de Pentecostes, os apóstolos estavam reunidos em oração na Hora Terceira (At 2,15). São Pedro teve a visão da toalha de mesa que descia do céu, enquanto estava em oração sobre um terraço pela Hora Sexta (cf. At 10,9). Em outra ocasião, Pedro e João subiam ao templo para rezar na Hora Nona (cf. At 3,1). E não esqueçamos que Paulo e Silas, fechados numa prisão, oravam cantando hinos a Deus por volta da meia-noite (cf. At 16,25).
Não é de admirar, então, que já no final do I século, o Papa são Clemente conseguisse recordar: «Temos que fazer com ordem tudo aquilo que o Senhor nos ordenou fazer durante os períodos especificados. Ele nos prescreveu fazer as ofertas e as liturgias e não de forma aleatória ou sem ordem, mas nas circunstâncias e horários estabelecidos» (Aos Coríntios, XL, 1-2). A Didaquê (cf. VIII, 2) recomenda recitar o Pai Nosso três vezes por dia, algo que atualmente a Igreja faz nas Laudes, Vésperas e na S. Missa. Tertuliano interpreta assim tal tradição antiga: «Nós rezamos, no mínimo, pelo menos três vezes por dia, dado que somos devedores dos Três: do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (De oratione, XXV, 5). No Ocidente, o grande ordenador do Ofício divino foi São Bento de Núrsia, que aperfeiçoou o uso anterior da Igreja de Roma.
Do que foi dito, surgem pelo menos duas considerações fundamentais. A primeira é que a LdH, já que essencialmente cristocêntrica, é profundamente eclesial. Isto implica que, como Culto público da Igreja, a LdH está fora da arbitrariedade do indivíduo e é regulada pela hierarquia eclesiástica. Além disso, ela é uma leitura eclesial da Sagrada Escritura, porque os salmos e as leituras bíblicas são interpretadas pelos textos dos Padres, dos Doutores e dos Concílios, como também das orações litúrgicas compostas pela Igreja mesma(cf. CIC, 1177). Como Culto público, a LdH também tem um componente visível e não apenas interno. Ela é a união de oração e gestos. Se é verdade que «a mente tem que concordar com a voz» (cf. CIC, 1176), também é verdade que o Culto não se celebra somente com a mente, mas também com o corpo (cf. S. Th. II-II , 81, 7). Por isso a Liturgia inclui cantos, recitações verbais, gestos, genuflexões, prostrações, inclinações, incensações, paramentos, etc. Isto também se aplica ao Ofício divino. Além disso, o carácter eclesial da LdH é tal que por sua natureza ela «está destinada a se tornar a oração de todo o povo de Deus» (CIC, 1175). Neste sentido, se é verdade que o Ofício pertence especialmente aos ministros sagrados e aos religiosos – e a Igreja particularmente confia-lhes isso – sempre envolve toda a Igreja: os fiéis leigos (tanto quanto lhes seja possível participar), as almas do Purgatório, os beatos e os anjos nos seus diversos grupos. Cantando os louvores de Deus, a Igreja terrena se une àquela celeste e se prepara para alcançá-la. Assim, a LdH «é realmente a voz da mesma Esposa que fala ao Esposo, ainda mais, é a oração de Cristo, com o seu Corpo, ao Pai» (SC, n. 84, cit. no CIC, 1174).

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Quando Celebrar: O ano Litúrgico

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Dos estudos dos consultores do Departamento das Celebrações do Sumo Pontífice

Na Páscoa – que significa inseparavelmente cruz e ressurreição –resume-se toda a história da salvação, está presente de forma concentrada toda a obra da redenção. “Poder-se-ia dizer que a Páscoa é a categoria central da teologia do Concílio” (J. Ratzinger, Opera omnia, 774). Neste contexto está também o ano litúrgico. De fato, “a partir do «Tríduo Pascal», como da sua fonte de luz, o tempo novo da ressurreição enche todo o ano litúrgico com o seu brilho” (Catecismo da Igreja Católica [CIC], 1168).
Não poderia ser diferente já que a Paixão, morte e ressurreição do Senhor “é um acontecimento real, ocorrido na nossa história, mas único; todos os outros acontecimentos da história acontecem uma vez e passam, devorados pelo passado. Pelo contrário, o mistério pascal de Cristo não pode ficar somente no passado, já que pela sua morte, Ele destruiu a morte; e tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente. O acontecimento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a Vida” (CIC, 1085). 
É verdade que a crucificação de Cristo, sua morte na cruz e, de maneira diferente, sua ressurreição do sepulcro, são eventos históricos únicos que, como tal, permanecem no passado. Mas se fossem unicamente feitos do passado, não poderia existir uma real conexão com eles. Em última análise, não teriam nada a ver conosco. Por isso o CIC continua: “A economia da salvação realiza-se no quadro do tempo, mas a partir do seu cumprimento na Páscoa de Jesus e da efusão do Espírito Santo, o fim da história é antecipado, pregustado, e o Reino de Deus entra no nosso tempo” (CIC, 1168).
Devemos reconhecer que a ressurreição está tão longe do nosso horizonte, é tão estranha a todas as nossas experiências, que é possível que nos perguntemos: Em que consiste propriamente isso de «ressuscitar»? O que significa para nós?
Bento XVI se aproxima desse mistério e diz: “A ressurreição é – se podemos usar uma vez a linguagem da teoria da evolução – a maior «mutação», o salto mais decisivo para uma dimensão totalmente nova, que nunca se produziu ao longo da história da vida e dos seus desenvolvimentos: um salto de uma categoria completamente nova, que nos afeta e que diz respeito a toda a história. [...] Era um com o Deus vivo, tão intimamente unido com Ele que formava com Ele uma única pessoa [...]. A sua própria vida não era somente sua, era uma comunhão existencial com Deus e estar inserido em Deus, e, por isso não era possível realmente tirá-lo. Ele pôde deixar-se matar por amor, mas justamente assim destruiu o caráter definitivo da morte, porque Nele estava presente o caráter definitivo da vida. Ele era uma só coisa com a vida indestrutível, de modo que esta desabrochou de novo através da morte. Expressemos mais uma vez a mesma coisa de outro ponto de vista. A sua morte foi um ato de amor. Na última ceia, Ele antecipou a morte e a transformou no dom de si mesmo. A sua comunhão existencial com Deus era concretamente uma comunhão existencial com o amor de Deus, e este amor é a verdadeira potência contra a morte, é mais forte que a morte” (Homilia da Vigília Pascal, 15.04.2006).
Este é o verdadeiro núcleo e a verdadeira grandeza da Eucaristia, que sempre é mais do que um banquete, pois pela sua celebração se faz presente o Senhor, junto com os méritos da sua morte e ressurreição, acontecimento central da nossa salvação (cf. Ecclesia de Eucharistia, 11). Assim, “O mistério da ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra no nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido” (CIC, 1169). Isso acontece porque Cristo, Deus e homem, mantém sempre atual, na sua dimensão pessoal de eternidade, o valor de fatos históricos do passado, como são sua morte e ressurreição.
Por esta razão, a Igreja celebra a obra salvadora de Cristo, cada semana no dia do Senhor, em que a Celebração eucarística supõe um caminhar para o interior da contemporaneidade com o mistério da Páscoa de Cristo, e uma vez por ano, na máxima solenidade da Páscoa que não é simplesmente uma festa entre outras: é a “Festa das festas”, “Solenidade das solenidades” (CIC, 1169).
Além disso, da mesma maneira que “durante a sua vida terrena, Jesus anunciava pelo seu ensino e antecipava pelos seus atos o seu mistério pascal” (CIC, 1085) agora durante o tempo da Igreja do ano litúrgico se apresenta como “o desenrolar dos diferentes aspectos do único mistério pascal. Isto vale particularmente para o ciclo das festas em torno do mistério da Encarnação, que comemoram o princípio da nossa salvação e nos comunicam as primícias do mistério da Páscoa” (CIC, 1171).
Finalmente durante todo o ano litúrgico, a Igreja venera de forma especial a Santíssima Virgem, “indissoluvelmente unida à obra de salvação do seu Filho; nela vê e exalta o mais excelso fruto da redenção e contempla com alegria, como numa imagem puríssima, o que ela própria deseja e espera ser inteiramente” (CIC, 1172). E na memória dos santos “proclama o mistério pascal realizado naqueles homens e mulheres que sofreram com Cristo e com Ele foram glorificados, propõe aos fiéis os seus exemplos, que a todos atraem ao Pai por Cristo, e implora, pelos seus méritos, os benefícios de Deus” (CIC, 1173).

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Quando celebrar?: O tempo litúrgico

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Dos estudos dos consultores do Departamento das Celebrações do Sumo Pontífice


A Igreja celebra a cada ano a redenção realizada por Jesus Cristo, começando pelo domingo, o dia da semana que pega o nome do Senhor Ressuscitado, até culminar com a grande solenidade da Páscoa anual. Mas são todos os mistérios da vida de Cristo que se resumem e se fazem presentes: em que sentido? Se Cristo é contemporâneo a todos os homens em cada época, as suas ações, como Filho de Deus, não são fatos do passado, mas atos sempre presentes em todos os tempos, com todos os seus méritos, que por isso trazem salvação a todos os que fazem memória (cfCatecismo da Igreja Católica, [CIC], 1163). As ações de Jesus Cristo são eternas como as suas palavras: comunicam e explicam a vida; por isso não passam, começando pelo ato supremo do seu sacrifício na cruz; isto é representado ou renovado, como diz ainda o Catecismo, porque nunca passou, mas está sempre presente. E nós fazemos memória obedecendo ao chamado d'Ele: "Fazei isto em memória de mim."
Talvez seja crucial entender o conceito de memória para compreender o tempo litúrgico: isso não significa a memória do passado, mas a capacidade do homem, dada por Deus, para entender, em união com o hoje, o passado e o futuro. Na verdade, o homem que perde a memória, não só esquece o passado, mas não compreende que ele está no presente, e muito menos pode projetar-se no futuro.
E depois, na passagem do tempo existem as festas cristãs – festum lembra algo ao qual se participa, nos apressa, se celebra, ou seja há participação numerosa – mas também os dias feriais em que não são necessariamente muitos, também igualmente faz-se memória de Cristo, o qual é hoje e sempre. As festas são em grande medida a continuação e o cumprimento daquelas judaicas, começando pela Páscoa.
Não é suficiente comemorá-las, ou melhor, devemos comemorá-las agradecendo – por isso as festas se celebram essencialmente com a Eucaristia –, mas é necessário também passá-las às novas gerações e trazê-las para a própria vida. A moralidade do homem depende da memória de Deus, diz Santo Agostinho nas Confissões: mais se celebra o Senhor, podemos dizer, mais se torna moral. O tempo litúrgico revela-se assim tempo da Igreja, colocado entre a Páscoa histórica e o advento do Senhor no final dos tempos. O mistério de Cristo, atravessando o tempo, faz novas todas as coisas. Por isso, toda vez que fazemos festa, recebemos a graça que nos renova e nos transforma (cf. CIC, 1164).
Mas no léxico teológico-litúrgico há um advérbio temporal que engloba bem o tempo litúrgico: “hoje”, em latim “hodie”, em grego “kairós”. A liturgia, especialmente nas grandes festas, afirma que Cristo hoje nasceu, hoje ressuscitou, hoje ascendeu ao céu. Não é invenção: Jesus mesmo dizia: “hoje entrou a salvação nessa casa...”, “hoje estarás comigo no paraíso”. Com Jesus, Filho de Deus, o tempo do homem é “hoje”, é presente. É o Espírito Santo que faz isso, com a sua entrada no tempo e no espaço. Na Terra Santa, a liturgia acrescenta também o advérbio de lugar: “aqui”, “hic”. O Espírito de Jesus ressuscitado faz que o homem entre no “agora” de Deus que veio em Cristo e que atravessa o cosmos e a história. Com a citação do Pseudo-Hipólito, o Catecismolembra que, para nós que acreditamos em Cristo, surgiu um dia de luz, longo, eterno, que não se apagará mais: a Páscoa mística (CIC, 1165).
Começamos por dizer que Jesus é nosso contemporâneo: porque é o Filho de Deus, o Vivente entrado na história. Sem ele o ano litúrgico e as festas litúrgicas estariam vazias de sentido e privadas de eficácia para a nossa vida. “O que significa afirmar que Jesus de Nazaré, vivido entre a Galiléia e a Judéia há dois mil anos, é ‘contemporâneo’ de cada homem e mulher que vive hoje e em cada tempo? Nos explica Romano Guardini, com palavras que permanecem atuais como quando foram escritas: ‘A sua vida terrena entrou na eternidade e de tal forma está relacionada a cada hora do tempo, redimido pelo seu sacrifício ... Naquele que crê realiza-se um mistério inefável: Cristo, que está «lá em cima», «sentado à direita de Deus» (Col 3,1), está também «neste» homem, com a plenitude da sua redenção; porque em cada cristão cumpre-se de novo a vida de Cristo, o seu crescimento, a sua maturidade, a sua paixão, morte e ressurreição, que constitui a sua verdadeira vida’ (R. Guardini, Il testamento di Gesù, Milão 1993, p. 141)” (Bento XVI,Mensagem ao Congresso "Jesus, nosso contemporâneo", 09.02.2012).
O dia de Cristo, o dia que é Cristo, constitui o tempo litúrgico. Qualquer pessoa que o siga, oferece-se a Ele, junta-se ao seu sacrifício vivente com todo o seu coração, faz o trabalho de Deus, ou seja, faz liturgia.
O tempo litúrgico faz presente a dimensão cósmica da criação e da redenção do Senhor, que recapitulou em si todas as coisas, todo o tempo e o espaço. Por isso a oração cristã, a oração daqueles que adoram o Deus verdadeiro, é dirigida para o Oriente, ponto cósmico da aparição da Presença. E o tempo e o espaço litúrgicos foram fixados especialmente na Cruz, à qual dirigir-se para olhar para o Senhor. Como iremos restaurar a percepção do tempo litúrgico? Olhando para Cristo, princípio e fim, alfa e ômega do Apocalipse, que constantemente faz novas todas as coisas. Justamente o simbolismo da Páscoa, com a iluminação do círio, nos lembra isso.
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