O jornalista Marcio Antonio Campos, editor de Opinião e blogueiro de ciência e religião da Gazeta do Povo, analisa, com propriedade, a abordagem da imprensa aos primeiros dias de Pontificado do Papa Francisco, contrapondo-o a seu antecessor.
"A simplicidade e a humildade serão, de fato, características marcantes
do pontificado do papa Francisco. Praticamente toda reportagem faz
questão de ressaltar esses pontos, que são, realmente, elogiáveis. No
entanto, a maior parte dos relatos da imprensa também faz questão de
estabelecer um antagonismo entre Francisco e seu antecessor, Bento XVI.[...]"
Os leitores do Salvem a Liturgia estão familiarizados com o
fato de que nas Missas da Quaresma não existe o Alleluia. E já de início sou
obrigado a abrir aqui um parêntese e dizer que, escrevendo este texto na Quinta
Semana da Quaresma, eu até desejaria nem escrever essa palavra ou, quem sabe,
abreviá-la; parece um exagero beirando a superstição, mas ainda assim um
reflexo litúrgico num simples texto
sobre a própria Liturgia.
Um segundo parêntese: é muito comum ouvirmos perguntar, na Quaresma, por que se canta o Gloria na Missa deste dia. De fato, o Gloria desaparece das Missas dominicais, durante este tempo, mas é cantado (ou recitado), sim, se ocorre uma Solenidade. A celebração de São José tem esse grau de Solenidade, requerendo assim o Gloria. Mas Alleluia, nunca, durante a Quaresma, por mais festiva que seja a celebração.
Existem, na Quaresma, três opções para aquilo comumente
chamado “Aclamação ao Evangelho”:
1) Uma peça musical composta sobre a Aclamação dada pelo
Missal, constante de um refrão e um versículo bíblico.
2) A peça musical gregoriana prescrita pelo Graduale Romanum, constante
unicamente de versículos bíblicos, chamada Tractus.
3) A peça musical gregoriana prescrita pelo Graduale Simplex, constante
de versículos bíblicos ou de algum outro texto; algumas delas são “Antífonas de
Aclamação”, outras também com a designação Tractus.
Na Missa de Início de Pontificado do Santo Padre o Papa
Francisco foi utilizada a primeira opção. A melodia é gregoriana, no modo VIII. A Liturgia foi aquela própria do dia 19 de
Março, da Solenidade de São José. O refrão se alterna com o versículo 5 do
Salmo 83:
Louvor a vós, ó Cristo, Rei da eterna glória. Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de vos louvar. (Sl 83, 5)
Louvor a vós, ó Cristo, Rei da eterna glória.
A Aclamação foi cantada em latim, como todo o Próprio da
Missa (o Introito, o refrão do Salmo Responsorial, esta Aclamação, o Ofertório
e a Comunhão) e também o Ordinário (o Kyrie, o Gloria, o Credo, o Sanctus e o
Benedictus). O leitor pode ver abaixo como a Aclamação aparece no livreto da
celebração:
Dá-se a partitura gregoriana para o refrão, cantado pela schola (os cantores) e repetido pela assembléia. O versículo é cantado apenas pelos
cantores.
O Evangelho foi cantado em grego por um diácono oriental, o
que é muito comum nas Missas celebradas pelo Santo Padre. O diácono pode ser visto na primeira foto deste texto, à esquerda, na qual se vêem também o Santo Padre e o Monsenhor Guido Marini. O mais comum é que o
Evangelho seja proclamado duas vezes: uma vez em latim, e uma vez em grego.
Nesta Missa se o fez somente em grego.
O vídeo abaixo mostra a Aclamação ao Evangelho e o próprio Evangelho. Apesar dos locutores do canal de TV dificultarem um tanto a audição da música, é possível ter uma idéia desta cerimônia de grande beleza.
Eis o texto do Santo Evangelho desta Missa:
Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
Se o leitor desejar ler a homilia do Sumo Pontífice em português, poderá fazê-lo ao visitar este link:
Foram divulgados os detalhes da Capela Papal para o início do ministério petrino do Bispo de Roma, dia 19 de março, Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria, às 9h30 (de Roma, 5h30 no Brasil).
É importante frisar que, ao contrário de qualquer outro Bispo ou Prelado equiparado pelo Direito a Ordinário do lugar, o Papa não recebe de ninguém a posse de seu ofício de Bispo de Roma e Sucessor de São Pedro, assim como não apresenta a ninguém a sua possível demissão. Ele faz estas coisas por si só, independente de qualquer outra autoridade eclesiástica.
A Missa terá lugar a partir do sagrado (átrio) da Basílica de São Pedro, como nas outras missas celebradas na Praça São Pedro.
Contudo, antes mesmo da celebração eucarística, segundo o pensamento de distinguir da missa aquilo que não lhe é estritamente próprio, serão executados os ritos próprios do início do ministério, seguidamente:
1. Ao primeiro canto do "Tu es Petrus", o novo Sumo Pontífice, com os Patriarcas das Igrejas Orientais, descerão ao Sepulcro de São Pedro e lá se deterão em oração, e depois ele incensará as relíquias do Apóstolo, onde estarão, como parte de si, o pálio pastoral e o Anel do Pescador. O Papa e os Patriarcas retornarão ao piso da Basílica Vaticana e se unem à procissão de ingresso.
Com o início da procissão, será cantado o glorioso hino "Laudes Regiae", executado em grandes momentos na vida da Igreja, semelhante a um presente na coroação do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Junto à invocação de todos os Santos, será pedida a salvação eterna "à Igreja santa de Deus, que reúne as almas além dos confins dos reinos", "a docilidade ao rebanho e a graça e a caridade ao Papa Francisco, que reúne os povos na unidade da doutrina", como também, "a força, a sabedoria do Espírito Santo e o cuidado pela Igreja universal". Com o refrão "Cristo vive! Cristo reina! Cristo impera!".
2. No trono, o Papa receberá do Cardeal Protodiácono Tauran (o mesmo do anúncio da eleição) o pálio pastoral, depois de terem sido invocadas as Três Pessoas Divinas, recordando que é o Pai que lhe dá o pálio da Confissão de Pedro, que é na Igreja de Cristo "gerada na fé com o Apóstolo Paulo" que o Papa sucede a Pedro, e que seja o Espírito da Verdade a lhe dar "discernimento para confirmar os irmãos na unidade da fé".
E se canta, segundo o salmo 67, que "Deus confirme o que Ele tem feito por ti".
3. O Cardeal Protopresbítero rezará diante do Papa uma curta oração, pedindo "Deus, que não desampara quem Vos invoca com coração reto e fiel, escuta a súplica da Vossa Igreja" e que Ele, pelo humilde serviço dos Cardeais, colocou o Papa Francisco no alto do ministério apostólico, conceda ao Pontífice o Dom do Espírito "para que corresponda à grandeza do carisma que lhe foi conferido".
4. Ainda no trono, o Papa receberá do Cardeal Decano Sodano o Anel do Pescador depois da oração que reza que é o mesmo Cristo, "o Pastor e Bispo das nossas almas" e "que edificou a Sua Igreja sobre a rocha", que lhe dar o Anel de Pedro e que seja o Espírito a manter a força do ministério com os crentes em Cristo, na unidade da comunhão com o ensinamento do Apostólo Paulo.
5. Por fim, apenas uma representação dos Cardeais presta obediência ao Santo Padre, e não cada membro do Colégio, como aconteceu no início do pontificado de João Paulo II, entre os últimos atos de seu pontificado, restaurou isto que, no entanto, ainda dependeria da vontade de seu sucessor, ora expressada.
Será novamente cantado o "Tu es Petrus", agora com o Papa totalmente revestido como Sumo Pontífice.
A Missa, em latim e própria da Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria, terá os cantos "De angelis".
A primeira leitura, em inglês, será do livro de Samuel; o salmo responsorial será o 88; a segunda leitura, em espanhol, será da Carta de São Paulo aos Romanos. Diversamente das outras missas de inauguração do pontificado e da "In Coena Domini", o Evangelho será proclamado unicamente em grego, por um diácono oriental, e não também e primeiramente em latim, por um diácono de rito romano.
A Oração dos fiéis terá preces, seguidamente, em russo, francês, árabe, a africana suaíle e chinês.
Será rezado o Cânon Romano e o próprio Papa pedirá por si "una cum me indigno famulo tuo".
Ao fim da Missa, depois da "Salve, Regina", será entoado o oportuno "Te Deum".
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Link do arquivo .pdf do livreto para essa Missa, AQUI.
O atual Papa Francisco, quando Cardeal, gravou vários programas para a rede católica de Televisão EWTN. Nesse vídeo acima podemos ver sua piedade eucarística em uma curta reflexão aonde o Cardeal fala do desejo que cultivava de receber o Senhor na Eucaristia pela manhã e como fomentava seu louvor e ação de Graças após a Comunhão no longo trajeto de ônibus em seus tempos de seminarista.
Lembremo-nos de que a Eucaristia pode nos fortalecer ao longo do dia e que comungando com devoção podemos encontrar o Senhor nas tarefas quotidianas sem cair numa mera rotina enfadonha. A mensagem é, naturalmente, um incentivo a salutar prática da Missa e comunhão diária.
Tradução e adaptação da narração do vídeo, por Cleiton Robsonn.
O Papa Francisco celebrará a Missa de inauguração do seu pontificado na Terça-feira, 19 de Março de 2013, dia consagrado a São José. A veste litúrgica que envergará naquela ocasião, a chamada “Casula”, é confeccionada pela Alfaiataria Serpone de Nápoli. O proprietário, Paolo Serpone, explica: “Utilizamos tecidos desenhados por nós em pano branco e ouro, que representam motivos litúrgicos de alegria, porque, obviamente, é a nomeação de um novo Papa, sobretudo em um momento difícil não somente para a Igreja mas para o mundo inteiro e, por isso mesmo, é causa de alegria, representados pela videira e as uvas e, claro, tem sempre ao centro do galão a cruz em ouro e seda, para simbolizar que o Papa é o vigário de Cristo na terra, aquele que deve portar sobre a Terra a cruz de Jesus.”
Alinhados com o estilo humilde do Papa Bergoglio, que escolheu o nome de São Francisco de Assis, padroeiro dos pobres, Serpone explica que as vestes que o Pontífice envergará, de modo solene são, na realidade muito baratas. O Alfaiate conclui: “Sendo uma fábrica onde produzimos de tudo, desde os tecidos até as grandes encomendas, tudo é feito inteiramente aqui; os preços são muito menores do que se pode encontrar nas lojas e é por isso que o Vaticano e, no caso específico, a Sacristia Pontifícia, veio até nós para estes trabalhos, porque além de um produto de qualidade, pode-se ter um preço muito acessível.”
Estas casulas serão utilizadas por todos os concelebrantes na Missa de entronização para dar à celebração um sentido [maior] de harmonia e de alegria pela nomeação do novo Papa.
Guarulhos-SP, a maior cidade brasileira que não é capital estadual, teve em sua Catedral Nossa Senhora da Conceição a celebração da Santa Missa segundo a Forma Extraordinária do Rito Romano no Domingo Laetare deste ano de 2013, o Quarto Domingo da Quaresma, no dia 10 de Março.
O celebrante foi o Padre José Henrique do Carmo.
A próxima celebração na Forma Extraordinária em Guarulhos ocorrerá no dia 24 de Março, Domingo de Ramos, no Santuário São Judas Tadeu, às 16 horas.
Recebemos de Junior Ferreira, a quem agradecemos, as fotos da celebração do Domingo Laetare, do qual são próprios os paramentos róseos.