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terça-feira, 11 de maio de 2010

Só canto gregoriano?

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A lacônica pergunta que coloco como título deste texto fica melhor desenvolvida nesta outra: o canto gregoriano deve ter exclusividade no Rito Romano da Liturgia Católica?

A resposta, muito simples, é “não”. Mas por que comecei com esta pergunta? Pareceu-me importante abordar este assunto devido aos textos que tenho escrito aqui no Salvem a Liturgia sobre o Próprio da Missa e mais especificamente ao meu hábito, neles, de sempre falar do canto gregoriano.

Não só existem o hábito e a prática de utilizar também outros tipos de música, como a própria letra da lei da Igreja, expressa em documentos escritos por papas, nunca disse que o gregoriano fosse a única música litúrgica.

Neste ponto um amante do canto gregoriano pode estar com um pé atrás em relação ao que estou dizendo. Mas não é preciso recear. O canto gregoriano tem um lugar de honra, tem o “primeiro lugar”, o que é diferente de exclusividade.

O canto gregoriano, tendo evoluído muito provavelmente a partir de outros tipos de música monódica (a uma voz e sem instrumentos), incluindo a música da liturgia judaica, nasceu com a liturgia, sendo dela, digamos, um irmão. A persistirmos nesta comparação, podemos dizer que outros tipos de música litúrgica são filhos da liturgia.

É difícil dizer em que momento se usou pela primeira vez, na Liturgia, música que não era canto gregoriano. Não por falta de registro histórico; mas, sim, porque as melodias gregorianas foram tomadas como base para a composição de música nova. Primeiro, começou-se a cantar gregoriano a duas vozes; à voz original se superpunha uma segunda voz que, embora cantasse notas diferentes, limitava-se a transpor a melodia original, simplesmente. Isto nem de longe é composição. Quando a segunda voz passou a cantar coisas diferentes, a primeira manteve a melodia gregoriana. Quando se adicionaram uma terceira e uma quarta voz, continuou havendo a voz que mantinha as notas da melodia gregoriana original, mesmo que o seu ritmo houvesse sido estilizado todo em notas longas, na Escola de Notre Dame por volta do ano 1000. Neste ponto, embora não se tivesse canto gregoriano "puro", ele também não estava ausente. Além disto, alternavam-se partes em canto gregoriano e a várias vozes, sendo estas compostas (o que na época era novidade).

Os séculos seguintes trouxeram o desenvolvimento da polifonia (esse tipo de música a várias vozes) a ponto de a Igreja, mantendo o primeiro lugar do canto gregoriano, mencioná-la em seus documentos como um dos tipos de música aceitável para a Liturgia. De fato, no Rito Tridentino, que hoje também chamamos de Forma Extraordinária do Rito Romano, três são os tipos de música permitidos: o canto gregoriano, a polifonia e os tons salmódicos (aqueles utilizados para o canto de salmos).

Isto no caso de a Missa ser cantada. Quando não era cantada (naquilo chamamos de “Missa Baixa”), podia não haver música, ou então se cantavam hinos (muitas vezes em latim, com música em canto gregoriano) ou, em alguns lugares, hinos em vernáculo, que se tornaram aquilo que a Igreja chama de canto litúrgico popular. Este canto litúrgico popular foi mais largamente permitido pelo papa Pio XII, nos anos 50, e sua promoção também foi pedida pelo Concílio Vaticano II.

Entretanto, a expressão “canto popular litúrgico” não pode ser compreendida, devido ao adjetivo “popular”, como música de dança, nem como música carregada de sotaque folclórico, nem como música pop moderna ou música urbana. Se é para se admitir algum caráter étnico, ganha-se muito que ele seja sóbrio e que evoque religiosidade. A possível inculturação quer ajudar no sentimento piedoso, e não na transformação da Liturgia em celebração folclórica ou étnica.

Assim, “canto popular religioso” precisa ser bem separado daquilo a que muitas vezes chamamos de “música popular” no simples âmbito da cultura musical profana. Embora talvez ainda tenhamos algum caminho a percorrer na compreensão mais precisa do que é canto popular religioso, algumas características já parecem claras, como a acessibilidade um pouco mais imediata ao fiel que não tenha estudado música. Penso aqui em aspectos técnicos, como extensão vocal e melismas – dois aspectos que precisam ser moderados no canto popular litúrgico. Esta moderação, ainda acrescento, pode ser encontrada até mesmo em certas composições gregorianas!

Estas três opções musicais (gregoriano, polifonia e canto popular religioso) continuam sendo, inclusive no Rito Novo, as possibilidades na Liturgia. A formulação desta “lista tripla” não foi realizada artificialmente, mas decretada de modo oficial a partir da prática já existente. Um dos seus intentos era impedir o uso de canções populares (agora, sim, de caráter folclórico) que não se adequavam ao espírito litúrgico. Esse uso errôneo de tais canções não começou há dez, vinte ou quarenta anos, mas já em séculos passados. Sempre foi necessária atenção, por parte da Igreja (suas autoridades e também dos próprios músicos litúrgicos atentos), para evitar que o simples gosto musical profano invadisse a Liturgia e a descaracterizasse.

Tanto quanto os objetos utilizados na Liturgia são separados para o uso sagrado, também a música litúrgica (que é um objeto, embora não palpável) precisa ser separada para o serviço sacro.

Todos estes comentários fazem parte do meu raciocínio, aqui, procurando mostrar em que medida o canto gregoriano tem o primeiro lugar, e que negar sua exclusividade não lhe tira a menor lasca de prestígio.

Se soubéssemos que amanhã, precisamente, seria celebrada uma única Missa no mundo, e que ela seria a última antes do fim dos tempos, talvez devêssemos utilizar o canto gregoriano nela. Porém, como até lá temos um número enorme de Missas sendo oferecidas, existe lugar para todos os tipos de música litúrgica digna, inúmeras delas celebradas com canto gregoriano, outras com polifonia, outras com o “canto popular religioso” e outras com demais tipos de música que, de alguma maneira, se encaixem nestas definições e que se revelem apropriadas para o culto divino e para o fortalecimento da piedade dos fiéis e também do sacerdote.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aprendendo o Latim (Parte V)

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Pedro disse a verdade ao Pai.

Nesta frase, a expressão "ao pai" completa ainda mais o sentido do predicado. Disse a verdade a quem? Este outro objeto do verbo será a ele unido por meio de uma preposição, a. No primeiro caso - objeto direto - havia apenas o artigo - a verdade. Agora temos a+o pai, isto é, uma preposição a foi juntada ao artigo o. Então se diz que a ação do verbo passou ao outro elemento da frase por meio de uma preposição, isto é, não diretamente, mas indiretamente, por isso chama-se objeto indireto.

Pedro disse com franqueza a verdade ao pai.

A oração foi enriquecida com mais um detalhe que indica a maneira, o modo, o estado de espírito com que Pedro disse a verdade ao pai. O elemento da oração que indica alguma circunstância é chamado de adjunto adverbial. No caso, é um adjunto adverbial de modo, isto é, expressa a maneira, o modo como Pedro disse a verdade. Mas há também os adjuntos circunstanciais de tempo, lugar, intensidade, etc.

Pedro disse com franqueza a verdade do fato ao pai.

Um elemento novo  - de fato - enriqueceu ainda mais a oração. Não se trata de uma verdade qualquer, mas da verdade de um determinado fato. Houve uma restrição na generalidade do termo verdade. Por isso se diz que do fato é complemento nominal restritivo, porque complementou o sentido do nome - verdade - restringindo-lhe o âmbito.

Pedro disse ao pai, com franqueza, a verdade do fato lastimável.

Como você vê, a oração está crescendo com novos elementos. cada elemento excerce uma função diferente. Na ordenação de uma oração, os termos se unem uns aos outros para formar um sentido geral. Por isso é que se diz sintaxe (do grego, ordem conjunta), ordem na qual os termos se unem uns com os outros [syn (com)+taxe (ordem]. Agora, mais um termo foi acrescentado para qualificar o nome fato. O fato poderia ser agradável, feliz, mas aqui é lastimável. Esta função de um adjetivo (lastimável) que qualifica um substantivo (fato), chama-se em análise sintática, adjunto adnominal, isto é, um termo que se coloca junto (ad) a um nome para o  modificar, qualificar ou determinar.

Resumindo, os objetos, diretos e indiretos, só complementam verbos; adjuntos e complementos nominais, só nomes, e os adjuntos adverbiais referem-se a circunstâncias.

Aqui a oração do Pai Nosso, e em seguida, em gregoriano:






Pater noster, qui es in caelis: sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo. Amen.

d) A pronúncia Restaurada.



Há, finalmente, a pronúncia restaurada, que busca falar o latim como teria sido pronunciado pelos autores da época clássica, como Cícero e César, aliás, kíkero e káesar.

A pronúncia restaurada é adotada, para mútua compreensão, nos encontros europeus e internacionais.

Vejamos suas principais características:

• Nos ditongos ae e oe, ambas as vogais são pronunciadas. No que diz respeito ao primeiro, continuo a preferir a pronúncia mais fácil, e, como no latim eclesiástico. Aliás, na história do latim, esse ditongo cedo desapareceu, substituído por e. Varrão já observara que o povo dizia Mesium, e não Maesium: "rustici Mesium dicunt, non Maesium".

• As consoantes "c" e "g" são sempre guturais, mesmo antes das vogais "e" e "i". Leia-se, portanto, kíkero, em vez de cícero; késar, em vez cezar; agnus, em vez de anhus.

• O "h" é pronunciado com leve aspiração.

• O "j" tem som de "i".

• O "r" é sempre brando.

• O "s" é invariavelmente pronunciado como em "sim".

• A sílaba ti, precedendo vogal, lê-se tal como escrita, donde: grátia, e não, grácia; skientia, e não, ciência.

• O "v", consoante precedendo vogal, tem som de "v", embora haja quem lhe atribua o som de u, que aliás resulta horrível, como em "uiuo", em vez de "vivo".

• O "x" soa como "cs".

• O "y", como o "u" da língua francesa.

• O "z", como "ds".


domingo, 9 de maio de 2010

Ofício das Trevas na Igreja Santissima Trinitá del Pellegrini

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31 de março de 2010– Quarta-feira Santa

Na Igreja Santissima Trinitá del Pellegrini, em Roma, Paróquia Pessoal da Fraternidade Sacerdotal São Pedro, foi celebrado conforme a forma extraordinaria o Oficio das trevas.

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Música no Sexto Domingo do Tempo Pascal

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Em 2010 o dia 9 de Maio é o Sexto Domingo do Tempo Pascal na Forma Ordinária do Rito Romano. Nela, a partir da Páscoa contamos os Domingos do Tempo Pascal: segundo, terceiro, quarto e assim por diante. Contando o Domingo da Páscoa como número 1, os seguintes ficam assim:

1 – Páscoa da Ressurreição
2 – Segundo Domingo da Páscoa (in albis, Domingo da Misericórdia)
3 – Terceiro Domingo da Páscoa
4 – Quarto Domingo da Páscoa
5 – Quinto Domingo da Páscoa
6 – Sexto Domingo da Páscoa

Na Forma Extraordinária funciona de outro modo. Depois da Páscoa, vem a Oitava da Páscoa, um Domingo chamado in albis – designação que se mantém também na Forma Ordinária, como colocado acima. Tal Domingo é também chamado de Domingo Quasimodo, sendo esta a primeira palavra de seu Introito.

O Domingo depois do Domingo in albis é, para a Forma Extraordinária, o Segundo Domingo depois da Páscoa, enquanto para a Forma Ordinária ele já é o terceiro. Assim, o rito tridentino conta um a menos.

1 – Páscoa da Ressurreição
2 – Oitava da Páscoa (Domingo in albis)
3 – Segundo Domingo depois da Páscoa
4 – Terceiro Domingo depois da Páscoa
5 – Quarto Domingo depois da Páscoa
6 – Quinto Domingo depois da Páscoa

Tudo isto para entendermos que o Sexto Domingo do Tempo Pascal (Forma Ordinária) é, na Forma Extraordinária, o Quinto Domingo depois da Páscoa. Ambos têm o mesmo Introito, cujo texto se toma do livro de Isaías, capítulo 48, versículo 20. Este mesmo texto é dado pelo Gradual e pelo Missal. No Missal que temos no Brasil, é assim:

Anunciai com gritos de alegria, proclamai até os extremos da terra: o Senhor libertou o seu povo, aleluia!

E em latim:

Vocem iucunditatis annuntiate, et audiatur, alleluia; nuntiate usque ad extremum terrae: liberavit Dominus populum suum, alleluia, alleluia.

A melodia gregoriana deste Introito foi composta no misterioso modo 3. Seu início apresenta uma bela forma em arco, ascendendo da nota principal do modo (mi) até o dó, uma sexta acima, na palavra iucunditatis; e depois descendo de volta ao mi ao longo da palavra annuntiate.

Esse arco se pode visualizar muito bem pelo leitor na figura abaixo, que mostra o início desse belo Introito, Vocem iucundidatis.

Início do Introito do Sexto Domingo do Tempo Pascal. Na Forma Extraordinária é o mesmo Domingo, embora chamado de Quinto Domingo depois da Páscoa.


Uma gravação feita no Mosteiro de São Bento de São Paulo pode ser ouvida neste site.

Como falei anteriormente, esta composição foi escrita no modo 3, o que a partitura indica pelo número 3 colocado acima da primeira letra do texto. Os modos gregorianos são oito, numerados de 1 a 8. O modo 3 é a escala de mi a mi, tendo como outras notas importantes, especialmente, lá e dó, que aparecem em destaque (como não poderia deixar de ser) na música destas primeiras três palavras, assim como em todo o restante.

Por se tratar de um texto litúrgico pascal, contém, como já vimos, alleluias. O penúltimo alleluia é neumático, cada sílaba cantada a, respectivamente, quatro, duas, cinco e duas notas. O último alleluia é melismático, cantando-se a sílaba le com vinte e uma notas. Ele também descreve um arco, começando no ponto mais grave da escala, subindo rapidamente, mantendo-se no agudo, até descer novamente na sílaba lu.

Alleluia melismático no fim do Introito

A antífona da Comunhão para o Sexto Domingo da Páscoa, no Rito Novo, não é uma só, no Graduale Romanum. São três, uma para cada um dos anos A, B e C do ciclo trianual da Liturgia do Domingo. Em 2010 estamos no ano C, então a Comunhão é Spiritus Sanctus, com texto do Evangelho segundo São João, capítulo 14, versículo 26:

O Espírito Santo vos ensinará, alleluia, todas as coisas que eu vos disse, alleluia, alleluia.

E em latim:

Spiritus Sanctus docebit vos, alleluia, quaecumque dixero vobis, alleluia, alleluia.

Recapitulando: na Forma Ordinária, esta é a Comunhão para o Sexto Domingo da Páscoa, ano C.

No rito tridentino não existe o ciclo de três anos, e sim um ciclo de um ano. Neste mesmo Domingo, na Forma Extraordinária, utiliza-se outra antífona na Comunhão.

Porém, Spiritus Sanctus, utilizada no Rito Novo, faz parte também da Forma Extraordinária, e continua neste rito tridentino prescrita como Comunhão da Segunda-feira dentro da Oitava de Pentecostes (a Oitava de Pentecostes, por sua vez, não existe no Rito Novo).


Comunhão do ano C do Sexto Domingo do Tempo Pascal.
Na Forma Extraordinária, é a Comunhão da Segunda-feira dentro da Oitava de Pentecostes.

(Uma gravação está disponível no mesmo site dado acima para o Introito)

Composta no jubiloso modo 8, esta antífona é neumática, quase silábica: são poucas notas por sílaba; uma única vez ocorrem quatro notas na mesma sílaba (o le do último alleluia), diversas vezes são três, duas ou mesmo uma. Se o leitor ainda não canta o gregoriano e tem interesse em aprender, pode sem dúvida nenhuma ter grandes esperanças de cantar esta Comunhão depois de não muito tempo!

O modo 8 é a escala de ré a ré, mas tendo sol como seu centro. Uma nota importante é o dó, na qual a melodia se apóia em vários momentos, tendo nele seu ponto mais agudo: a palavra vos, a sílaba cum de quaecumque, as sílabas di e ro de dixero, a sílaba lu do penúltimo alleluia e a sílaba le do último alleluia. Por coincidência – ou não –, é também o modo do venerável hino Veni creator spiritus, cantado no Ofício Divino a partir da Ascensão do Senhor até Pentecostes, e que dirige seu louvor ao mesmo Espírito Santo que, como nos diz Nosso Senhor Jesus Cristo no texto desta antífona de Comunhão, recordará aos apóstolos todas as coisas que dEle haviam ouvido.

sábado, 8 de maio de 2010

Aprendendo o Latim (Parte IV)

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É a análise sintática que identifica as funções de cada termo de uma oração. No latim, substantivos, adjetivos e pronomes têm seis flexões no singular e seis no plural para indicar essas funções. São os chamados casos. Por exemplo, uma mesma palavra assume, no singular e no plural, diversas flexões, de acordo com sua função na oração. Seja a palavra frater, irmão. De acordo com sua função na oração e seu número, pode figurar como frater, fratris, fratri, fratre, fratrem, fratres, fratrum, fratribus. Em português você diria o irmão, do irmão, ao irmão, com o irmão, o irmão, os irmãos, dos irmãos, aos irmãos, com os irmãos, etc. Complicado, não é? Não, se você tiver bons conhecimentos de análise sintática!

Toda oração tem necessariamente sujeito e predicado. Se a oração for mais longa, pode ter obejto ou objetos diretos, objeto ou objetos indiretos, adjuntos adnominais, complementos nominais, adjuntos adverbiais, etc.

Pedro caminha.

Os dois termos isolados não fazem uma oração. Eu sei apenas quem é Pedro e sei que caminhar significa mover-se com as duas pernas. Mas, se uno os dois termos, sei que é Pedro que faz a ação de caminhar. Logo, Pedro é o sujeito da oração, que faz a ação indicada pelo predicado caminha, o verbo.

Nesta ação de caminhar, só Pedro é envolvido, isto é, a ação de Pedro fica nele. Mas, há casos em que a ação indicada pelo verbo transita, isto é, passa do sujeito para terceiros. Diz-se, nesse caso, que o verbo é transitivo. A ação do sujeito atinge, direta ou indiretamente, um terceiro. O termo que representa esse terceiro chama-se objeto (direto ou indireto).

Pedro disse a verdade.

Nesta oração, a ação verbal passa do sujeito para um terceiro elemento. Se eu disser apenas Pedro disse, sem dúvida há uma oração: sujeito e predicado. Mas é incompleta, porque logicamente até uma criança perguntaria: disse o quê? A resposta direta ao verbo, sem preposição, é o objeto direto. No caso, a verdade é objeto direto do verbo dizer.


Aqui o áudio da oração "Regina Caeli", própria do Tempo Pascal, com seu responsório e oração:




Regína caeli, laetáre, allelúia. Quia quem meruísti portáre, allelúia. Resurréxit, sicut dixit, allelúia. Ora pro nobis Deum, allelúia.

V. Gaude et laetáre, Virgo Maria, allelúia.
R. Quia surréxit Dóminus vere, allelúia.

Oremus. Deus, qui per resurrectionem Filli tui Dómini nostri Iesu Christi mundum laetificare dignatus es, praesta, quaesumus, ut per eius Genitricem Virginem Mariam perpetuae capiamus gáudia vitae.
Per Christum Dominum nostrum. Amen.




c) Pronúncia eclesiástica ou italiana.



Durante a Idade Média o latim era pronunciado segundo as regras fonéticas da língua mãe do falante. Assim, na Galiza e Portugal era falado ao jeito "português", em Castela doutro diferente ("à espanhola"), nos países de língua catalã e occitana de mais outro, na Lombardia, na Itália, na França, na Escandinávia, nos países germânicos e eslavos, etc., cada um segundo o seu próprio sistema fonético, empregando fonemas alheios ao latim original. A Igreja tentou seriamente unificar, pelo menos no seu seio, todas as pronúncias para lograr uma língua litúrgica unificada, com bem pouco sucesso. A escolha fonética, ficando lá o Vaticano, foi a da pronúncia italiana do latim, que tem as regras desta língua e que só agora está conseguindo êxito fora do Vaticano.

Pronúncia das vogais:

Os ditongos ae e oe são sempre pronunciados como a vogal e aberta

Pronúncia das consoantes:

Pronúncia do C:

Como o ch dos dialetos do norte português (ou do galego), antes de i e de e

Como o tch da palavra tchau

Pronúncia do G:

Como dj

Exemplo: Regina (rainha) lê-se /redjina/

Pronúncia do R:

Como o r da palavra caro.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Missa Solene de Requiem, na forma extraordinária, pela alma do Cardeal Mayer, Emérito da Ecclesia Dei

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Faleceu recentemente o Cardeal Paul Augustin Mayer, OSB, Prefeito Emérito da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, encarregada justamente do rito extraordinário e das comunidades e instituições a ele particularmente ligadas.

Uma delas, talvez a mais importante, a Fraternidade Sacerdotal São Pedro, fez celebrar, na capela recentemente consagrada de seu seminário nos Estados Unidos, uma Solene Missa de Requiem, na forma extraordinária que lhe é própria, pelo repouso eterno de sua alma. O "caixão" não contém o cadáver, mas é característico do rito romano antigo quando celebrado de modo solene.

Abaixo, algumas fotos, tiradas do site da FSSP:

Salvos pela Liturgia: Hermann Cohen e a Benção do Santíssimo Sacramento

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Frei Agostinho Maria do Santíssimo Sacramento, OCD -
(Hermann Cohen)



Hermann Cohen nasceu em Hamburgo aos 10 de Novembro de 1821, em uma grande família judaica, da tribo de Levi que se distingue pela sua riqueza e sucesso comercial.

Recebeu excelente formação educacional, seu pai, David Abraham e sua mãe, Rosalie, aderiram à Sinagoga de reforma. Apesar de nenhuma maneira piedosa, os pais ensinaram a criança fazer suas preces e fez com que ele aprendesse hebraico.


Hermann logo cedo se encantou pelo piano e apresentou talento para música, aos 12 anos já era um artista reconhecido.Descoberto seu talento sua mãe tratou de logo levá-lo para Paris afim de estudar com o célebre professor Franz Lizt.


Em 1847 um amigo de Hermann, o príncipe de Moscow, fez-lhe um convite para substituí-lo na regência de um coral na Igreja de Santa Valéria em Paris - era o mês de Maio, mês de Maria, após a Santa Missa haveria a Benção Benção do Santíssimo Sacramento.


Assim, se expressa Hermann ao recordar daquele Benção:: "minha mente encontrava-se perturbada, por assim dizer, e retirada da agitação do mundo, penetrada por algo totalmente desconhecido para ela anteriormente. fui obrigado a curvar-se, contra a minha vontade, sem dúvida. No dia seguinte, tive a mesma experiência e, de repente, o pensamento me tocou para tornar-se católico".

Dom Fernando Arêas Rifan -
Benção do Santíssimo Sacramento em Connecticut - EUA


Certa vez ao visitar a cidade de Ems na Alemanha, por causa de um concerto, procurou imediatamente uma Igreja para assistir a Santa Missa, sem esconder de seus colegas músicos a necessidade de ir ao Santo Sacrifício, mesmo antes de ter sido batizado.. Sobre este dia em Ems assim se refere Hermann:

"Pouco a pouco os cânticos, as orações, a presença - embora invisível, sentida por mim - de um poder sobre- humano, começam a agitar-me, a perturbar-me, a me fazer tremer; em uma palavra, a graça divina se apraz em derramar-se sobre mim com todas as forças.

Subitamente, no momento da elevação, sinto brotar através de minhas pálpebras um dilúvio de lágrimas que não cessa de derramar-se em abundância sobre minha face em chamas... Ó momento para sempre memorável para a saúde de minha alma! Eu te tenho presente em meu espírito com todas as sensações celestes que me trazias do alto! [...] Experimentei então o que sem dúvida Santo Agostinho deve ter sentido no jardim de Casicíaco ao ouvir o famoso ‘Tolle, lege'. [...]

Lembro-me de ter chorado algumas vezes na minha infância, mas jamais tinha conhecido semelhantes lágrimas. Enquanto elas me inundavam, senti surgir no mais fundo da alma dilacerada por minha consciência, os mais lancinantes remorsos por toda a minha vida passada.

Então, espontaneamente, como por intuição, comecei a manifestar a Deus uma confissão geral, interior e rápida de todas as enormes faltas cometidas desde minha infância. [...] Sentia, ao mesmo tempo, por uma calma desconhecida que invadiu minha alma como bálsamo consolador, que o Deus de misericórdia me perdoaria, desviaria Seu olhar de meus crimes, teria piedade de minha sincera contrição e de minha amarga dor... Sim, senti que me concedia Sua graça, e que, ao me perdoar, aceitava como expiação minha firme resolução de amá-Lo sobre todas as coisas, e desde aquele momento me converti a Ele.

Ao sair dessa igreja de Ems, já era cristão. Sim, tão cristão quanto é possível sê-lo antes de receber o Santo Batismo..."

Dom Athanasius Schneider, ORC
Missa na forna extraodrinária em Roma


Durante o Mês de Maio ele continuou indo a Igreja de Santa Valéria para a Bençãos do Santíssimo e logo passou a frequentar as Missas Dominicais ainda na mesma Igreja. Por intermédio da Duquesa de Rauzan foi apresentado ao Pe. Legrand que o instruiu. Recebeu o batismo a 28 agosto de 1847 recebendo o nome de Marie-Henri-Augustin. O batismo teve lugar na Capela de Nossa Senhora de Sion, na presença de seu fundador, Pe.Teodoro Ratisbonne.

"Meu corpo estremeceu, e senti uma comoção tão viva, tão forte, que não saberia compará-la a não ser com o choque de uma máquina elétrica. Os olhos de meu corpo se fecharam ao mesmo tempo em que os da alma se abriram para uma luz sobrenatural e divina. Encontrei-me como mergulhado num êxtase de amor, e, tal como a meu santo padroeiro, pareceume participar, por um impulso do coração, dos gozos do Paraíso e beber a torrente de delícias com as quais o Senhor inunda seus eleitos na terra dos vivos..."

Após o batismo passou a ser um grande incentivador da Adoração Noturna ao Santíssimo Sacramento e, diversas almas se converteram pelo seu testumunho. Mesmo sendo neófito, conseguiu em Roma liberação para entrar na Ordem Carmelita Descalça e recebeu o hábito da Ordem em 06 de outubro de 1849 e recebeu o nome de Frei Agostinho Maria do Santíssimo Sacramento. Emitiu os votos solenes, a 7 de outubro de 1850 em Le Broussey, (próximo a Bordeaux - França), foi ordenado sacerdote em 20 de abril de 1851. Sobre a sua ordenação, assim escreveu em carta a um amigo:

"Serei sacerdote no Sábado Santo e cantarei a Missa no Domingo de Páscoa. Nem você nem eu, querido filho, conheceremos jamais nesta vida terrena o que encerra de grandeza e majestade o temível mistério dos altares, ao qual os anjos assistem tremendo"

Frei Agostinho desenvolveu seu ministério em profundo espírito de humildade e fé, tornou-se um grande e zeloso apóstolo do Santíssimo Sacramento, mantinha contato com São Pedro Julião Eymard, São João Maria Vianney e Santa Bernadete Soubirous.

Enviando a Prússia em 1870 como capelão de prisioneiros de guerra franceses contraiu varíola ao administrar os últimos sacramentos aos prisioneiros. "Os prisioneiros me cercam desde as oito da manhã até a noite. Entreguei- me a eles, e estão me usando o quanto podem, e me usarão até me consumir"

Com o estado de saúde agravado
renovou seus votos religiosos e cantou em alta voz o Te Deum, o Magnificat, a Salve Regina e o De Profundis

Em 19 de janeiro de 1871 confessou e recebeu pela última vez a Sagrada Comunhão. Na noite do mesmo dia entregou sua alma a Deus.

"Eu sou desprendido de tudo, até mesmo de minhas próprias obras, e eu digo diariamente Nosso Senhor que eu sou completamente indiferente, quer para o sucesso ou para a ruína. Eu coloquei tudo em suas mãos e tenho em conta apenas a sua boa vontade". (Frei Agostinho Maria do Santíssimo Sacramento, OCD)

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