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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Homilia da Ordenação Diaconal de Frei Paulo Maria, OFMConv.

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Com a permissão expressa de sua Excelência Reverendíssima, Dom Adair José Guimarães, Bispo de Rubiataba/Mozarlândia-GO, publicamos a linda, catequética e litúrgica homilia, proferida na ordenação diaconal de Frei Paulo Maria, OFMConv., no último 27 de novembro. Todos os grifos são nossos.

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“O zelo pela tua casa me consumirá” (Jo 2,17).

Reverendíssimo Senhor Provincial, Comunidade Franciscana, Sacerdotes, Diáconos, Seminaristas, religiosos e consagrados, benfeitores, Povo de Deus e familiares do ordinando.
  
A Província São Maximiliano Maria Kolbe celebra duas alegrias neste dia: a ordenação diaconal do Frei Paulo Maria e a bênção de reinauguração deste maravilhoso Santuário Nossa Senhora Imaculada Conceição, edificado neste lugar de grande significado para nós: o Jardim da Imaculada. Quantas pessoas encontram neste ambiente o caminho de sua conversão e santificação. O desejo da Santíssima Virgem será sempre este: nossa conversão e santificação. Dom frei Agostinho, na sua carta de 04 de outubro último aos seus confrades e amigos diz “esperar que o Jardim da Imaculada seja sempre um lugar muito especial para todos os Frades da Província. Que seja o lugar de inspirações, de formação e de muitas obras de apostolado”.

Este santuário será um espaço importante para o cultivo da espiritualidade e do amor a Nosso Senhor. A Santíssima Virgem quer nos levar sempre mais ao Cristo. Tudo se encaminha bem na vida do cristão que não dispensa a boa e oportuna companhia de Nossa Senhora. Ela faz parte da História de nossa salvação. Na leitura de Números (Nm 3,5-9o Senhor Deus ordena aos seus ministros a obrigação e o dever de cuidar do templo, pois ele é o lugar teofânico, lugar de Deus, lugar dos filhos e filhas de Deus que a ele acorrem para receber as luzes do amor do próprio Deus. Aos servidores dos deveres sagrados recomenda o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios (Ef 4,1-7.11-13que vivam santamente a vocação à qual foram chamados, com humildade e mansidão, suportando uns aos outros com amor. As pessoas chamadas por Deus a qualquer estado de vida terá em vista, segundo o Apóstolo a vida e a unidade na força do Espírito Santo que nos moldura ao vínculo da paz.

A unidade é um dom a ser acolhido com todo ardor possível. Ela é possível quando temos o conhecimento do próprio Cristo que nos conduz à própria unidade que antagoniza com a divisão, com os rompimentos dos relacionamentos e rejunta as fendas deixadas pela conseqüência do pecado original que trazemos conosco, como consequência da desobediência. Jesus na oração Sacerdotal no Capítulo 17 de João (Jo 17,6.14-19) ora por nós, os seus, justamente pedindo a unidade, geradora de bênçãos e unção. Ele volta ao Pai, mas fica conosco através do seu Espírito. Recomenda-nos a termos cuidado com o mundo que está sob a influência do Maligno, gerador de divisão, desconforto na missão e desolação na vida comunitária. Somos enviados a uma missão: dar continuidade da Obra de Cristo através da Igreja. Estamos no mundo, lugar de conflitos e rinhas de toda espécie; de lutas antagônicas, mas não pertencemos a este quadro de guerra e de divisões. Pela graça de Cristo, através da ação bastimal que a Trindade plasmou em nós, temos o gládio da Palavra de Deus, a espada que penetra, que corta, que nos impulsiona a irmos adiante como testemunhas das maravilhas da santidade de Deus em nós que cria laços de amor, justiça e empenho para fecundar os tempos difíceis com os quais os homens sempre estão às voltas.

A diaconia é serviço, é amor, é entrega, é viver como Jesus viveu, é percorrer o caminho da unidade pedida por Cristo. Amado Frei Paulo Maria, dentro de alguns instantes o senhor será marcado com o selo indelével do Sacramento da Ordem, no primeiro grau, o de diácono. Com este gesto estamos remontando aos primórdios de nossa amada Igreja Católica. A ação da Igreja de ordenar é uma ação do Espírito Santo. O diácono é um servidor da Palavra, do altar e da caridade. Imediato colaborador do Bispo e de seu presbitério.

Como ministro do altar, o diácono proclama o Santo Evangelho, prepara o Santo Sacrifício da Divina Liturgia Eucarística e distribui aos fiéis o Corpo e o Sangue do Senhor. São maravilhosas as atribuições do serviço diaconal que, em conformidade com o mandado do Bispo, o diácono “poderá exortar e instruir na sagrada doutrina, não só os não crentes, mas também os fieis; poderá ainda presidir as orações, administrar o Batismo, assistir e abençoar os Matrimônios, levar o Viático aos agonizantes e oficiar as Exéquias” (Pontifical Romano, nº 199).

O diácono, mesmo que a caminho do presbiterado, deverá vivenciar o tempo diaconal com profundidade e zelo. É próprio do ministro ordenado o testemunho de homem consagrado, verdadeiro discípulo missionário do Senhor, com estilo de vida proba e santa. O diácono vive um tempo favorável de amor e afeto à Divina Liturgia; amor que deve ser intensamente vivido e compreendido, pois temos presente que nos últimos anos muitos abusos e práticas irresponsáveis, entraram na prática litúrgica, causando grande prejuízo à liturgia e à santificação do ministro que a preside e do povo de Deus que nela toma parte. Ninguém na Igreja tem autorização para alterar a normatividade litúrgica ou introduzir elementos subjetivos na ritualidade da Igreja.

O diácono é um servidor da liturgia e, como tal, deve aprofundar o conhecimento da mesma na prática e na leitura das introduções aos ritos sagrados, compreendendo também as rubricas inclusas no ordenamento da ritualidade. A Divina Liturgia é fruto da ação do Espírito Santo ao longo dos Séculos da Igreja e não cabe a este ou àquele ministro ordenar introduções danosas à essência da liturgia sob o pretexto da boa inculturação ou de uma apressada criatividade que atende simplesmente aos desejos subjetivos ou simplesmente à guisa de caprichos pessoais. A experiência nos atesta que a infidelidade do ministro de Deus começa sempre pela inobservância das orientações litúrgicas. A liturgia bem preparada e realizada de forma orante e não mecanicamente, fala por si mesma e ajuda os ministros e fiéis a mergulhar nas riquezas do Mistério Pascal!


Entendo que a dimensão da Caridade, do amor ao pobre, do serviço ao progresso social e do nosso empenho em favor das mudanças estruturais, passa inexoravelmente pela conversão pessoal e pela santificação que vem da vivência da ação litúrgica bem vivida e alegremente celebrada. É “conditio sine qua” do ministro ordenado, sobremaneira do diácono, a opção preferencial pelos pobres. Quando esta opção vem como conseqüência de uma espiritualidade calcada na vivência litúrgica, ela não descamba para o lado simplesmente ideológico que não ajuda na santificação dos discípulos e missionários. Muitos optaram pelos pobres, numa linha meramente social e excludente, sem espiritualidade e conteúdo de fé, desrespeitando a religiosidade popular e a fé pura de nossa gente, ao passo que muitos pobres optaram pelas seitas com a justificativa que não encontraram espiritualidade e a prática dos sacramentos da parte dos ministros da Igreja. A fé não é uma opção ideológica e à Igreja não se mede e entende com categorias sociais e política, pois ela é simplesmente Mistério de Deus.

O diácono promete recitar a Liturgia das Horas em comunhão com toda a Igreja. Quanto bem nos faz a oração das Horas. Longe de ser um peso, é um abençoado fragor para nossa comunhão. Quando se reza o saltério, o breviário, reza-se a oração litúrgica de toda a Igreja. Daí nunca estarmos realmente sozinhos.

O diácono não casado exerce seu ministério no estado do celibato perpétuo. Grande gesto de beleza a promessa a vivência do celibato por “amor ao Reino dos Céus”. O ministro celibatário, entregue ao anúncio do Evangelho, ao serviço aos pobres e à vida de oração viverá com alegria o celibato, pois este é um gesto profundo de amor. Longe de ser um fardo e um desastre para a Igreja, como muitos verbalizam, o celibato é um meio de profunda configuração a Cristo e dá vigor à Igreja e a orna com a beleza de sua vivência. “O celibato é um sinal e, ao mesmo tempo, um incentivo da caridade pastoral e incomparável fonte de fecundidade no mundo. Impelido por sincero amor a Cristo, caro Frei Paulo Maria, e vivendo em total dedicação neste estado, consagrar-te-ás mais facilmente a Cristo, com um coração indiviso; poderá dedicar-te mais livremente ao serviço de Deus e da humanidade e trabalhar com mais solicitude na obra da salvação eterna”(Pontifical Romano, nº 199).

Em síntese, o Diácono é o homem da Palavra, não só porque a proclama na Liturgia, mas porque dela ele é um ouvinte fiel. Por isso ele anuncia a palavra com aquela autoridade de quem dela se fez servo, ouvinte e praticante. O Diácono é o homem liturgo, pois preside a celebração de certos sacramentos e demais cerimônias próprias do seu ministério.

Assim, a Igreja entende que o diaconato é de instituição divina. A Comunidade Eclesial não pode ser privada da graça de possuir no seu seio este amável ministério que o Divino Esposo da Igreja quis e quer que se estenda, por toda a sua Amada, a obra que ele começou nas primícias da comunidade apostólica.

Não deixe, meu caro ordinando, abalar-se pelas investidas do mundo através da chamada cultura do hedonismo, do relativismo, da morte, bem como pela futilidade e pela falsa aparência do atual momento da história que apregoa que Deus não é mais necessário na vida das pessoas e da humanidade. “Combata o bom combate da fé” como nos ensina o Apóstolo Paulo, siga em frente com coragem e destemor. Que a intercessão de Nossa Senhora, de São Francisco de Assis e São Maximiliano Maria Kolbe te acompanhe ao longo de sua vida para que nunca perca o entusiasmo da consagração, tendo sempre presente o que disse Nosso Senhor: “o zelo pela tua casa me consumirá” (Jo 2, 17).  Amém!


+ Adair José Guimarães
Bispo de Rubiataba/Mozarlândia-GO

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ordenação Diaconal e Presbiteral na Diocese de Frederico Westphalen - RS

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Na última sexta-feira 10 de dezembro de 2010, teve lugar na Catedral Santo Antonio, da Diocese de Frederico Westphalen a ordenação diaconal de Neymar Demarco e na mesma cerimonia a ordenação presbiteral do diacono Ademir Scheneider. Tendo como bispo ordenante S.E.R Dom Antonio Carlos Rossi Keller.

Estava presente o clero, como é marco da diocese de Frederico Westphalen, em sua quase totalidade, como sinal de intima união do clero diocesano. E se contava com inúmera presença dos fiéis, amigos e familiares dos ordenandos e seminaristas.

Penso que as fotos não necessitam legenda, dado que claramente se vê os momentos da ordenação, e como nós e nossos leitores, bem já vimos, e outra vez vemos, a solenidade, sacralidade e sobriedade, que compõem as cerimonias presididas por Dom Antonio, fiel defensor de uma liturgia digna e bem celebrada, digna Daquele a quem ela se dirige.

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Uso da casula rosa no Domingo Gaudete, em Santana de Parnaíba, SP

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Recebi do leitor e amigo Jean Carlo, notícia do uso, na forma ordinária, em vernáculo, da casula rosa no último Domingo Gaudete, em Missa celebrada por um padre dos Cônegos Regulares Lateranenses, na Diocese de Jundiaí:

Caríssimo Rafael, apresento fotos da celebração do Santo Sacrifício no Domingo Gaudete na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde o Pároco é o Pe. Antônio Marques Soares, CRL, em conformidade com a tradição da Santa Mãe Igreja, que nos apresenta nesta celebração especial a cor rosa.

Espero que estas fotos sirvam de exemplo para todo o nosso Brasil.

As Missas Dominicais são realizadas num salão que com a chegada do Pe. Antonio recebeu uma grande reforma, proporcionando um ambiente mais digno para as Celebrações dos Sagrados Mistérios, não se tratando da Igreja Matriz da referida Paróquia.

Desde já agradeço-vos e rezo por vosso apostolado em favor da Liturgia.

Jean Carlo, Mestre das Cerimônias Litúrgicas Paroquiais.

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A Coroa do Advento

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A primeira referência ao "Tempo do Advento" é encontrada na Espanha, quando no ano 380, o Sínodo de Saragoça prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Na França, Perpétuo, bispo de Tours, instituiu seis semanas de preparação para o Natal e, em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no fim do século V.

Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de São Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania.

Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos. Só mais tarde é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.

Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também para as igrejas reformadas, em particular à Anglicana, à Luterana, e à Metodista, dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum em preparação ao Natal.


Outra origem: entre os pagãos da Europa do norte, que colocavam uma roda de carroça, enfeitada com luzes, para agradar um deus pagão, deus do sol, que se escondia durante o inverno por longas horas de escuridão. Os cristãos, preparando-se para sua festa de luz e de vida, a natividade do Salvador, aproveitaram esse costume pagão, e passaram a acrescentar uma vela à Coroa em cada Domingo do tempo do Advento. Essas luzes relembram a escuridão do mundo pecador antes do Salvador, a promessa da Salvação, a preparação para o Messias pelos profetas e, finalmente, a Virgem que deu à luz a um filho chamado Emanuel: Deus-conosco.

Originariamente, a velas eram três de cor roxa e uma de cor rosa, as cores dos domingos do Advento. O roxo, para indicar a penitência, a conversão a Deus e o rosa como sinal de alegria pelo próximo nascimento de Jesus, usada no 3º domingo do Advento, chamado de Domingo “Gaudete” (Alegrai-vos). 

A Coroa, um círculo sem início e sem fim, simboliza a vida e a esperança. As velas representam os séculos de escuridão, cada uma aumentando a luz até o Natal. Por isso, começa da Roxa (1º Domingo), Verde (2º Domingo), Rósea (3º Domingo) e Branca (4º Domingo). Gradativamente vão sendo clareados os tons, como que expressando a alegria cada vez mais próxima do nascimento do Salvador, a Luz eterna.

No geral, ela tem essas cores, mas pode ser também com as quatro velas brancas ou roxas. Ao redor do círculo, há os ramos de cipreste e uma tira vermelha: símbolo da vida nascente (sangue) do Senhor Jesus, na manjedoura. As quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas.

Existem diferentes tradições sobre os significados das velas. Uma bastante difundida:


A primeira vela é do profeta;
A segunda vela é de Belém;
A terceira vela é dos pastores;
A quarta vela é dos anjos.

Outra tradição vê nas quatro velas as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo. Assim:

A primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
A segunda é a vela da fé dos patriarcas que crêem na promessa da Terra Prometida;
A terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
A quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.

Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:

O tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
O tempo dos patriarcas;
O tempo dos reis;
O tempo dos profetas.

A coroa tem a forma de círculo, símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história. O círculo indica o sol no seu ciclo anual, sua plenitude sem jamais se esgotar, gerando a vida. Para os cristãos este sol é símbolo de Cristo.


Desde a Antigüidade, a coroa é símbolo de vitória e do prêmio pela vitória. Lembremos a coroa de louros, a coroa de ramos de oliveira, com a qual são coroados os atletas vitoriosos nos jogos olímpicos.

Os ramos verdes que enfeitam o círculo constumam ser de abeto ou de pinus, de ciprese. É símbolo nórdico. Não perdem as folhas no inverno. É, pois, sinal de persistência, de esperança, de imortalidade, de vitória sobre a morte. Para nós no Brasil este elemento é um tanto artificial e, por isso, problemático, menos significativo, visto que celebramos o Natal no início do verão e com isso não vivenciamos esta mudança da renovação da natureza. Por isso, há uma tendência de se substituir o verde por outros elementos ornamentais do círculo: frutos da terra, sementes, flores, raízes, nozes, espigas de trigo. 


Fontes:

BECKHÄUSER, Frei Alberto, Coroa de Advento – história, simbolismo e celebrações, Vozes, 2006.
"O povo de Deus". Brasília-DF: 28/11/2010. Nº 01.
Wikipedia.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A nobre simplicidade dos paramentos litúrgicos

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O artigo abaixo é do Padre Uwe Lang e foi publicado nas edições inglesa e italiana de Zenit, e foi traduzido pelo Oblatvs.


Uwe Michael Lang é padre da Congregação do Oratório de São Felipe Neri em Londres. Em setembro de 2008, o Papa Bento XVI nomeou-o consultor do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.



A NOBRE SIMPLICIDADE DOS PARAMENTOS LITÚRGICOS

Uwe Michael Lang, CO

A tradição sapiencial da Bíblia proclama Deus como "o próprio autor da beleza" (Sb 13,3), glorificando-o pela grandeza e beleza das obras da criação. O pensamento cristão, seguindo o exemplo da Sagrada Escritura, mas também da filosofia clássica como auxiliar, desenvolveu o conceito de beleza como uma categoria teológica.

Este ensinamento ressoou na homilia de Bento XVI durante a Missa de Dedicação da Basílica da Sagrada Família em Barcelona (7/11/2010): "A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, uma obra bela é pura gratuidade; ela nos chama à liberdade e afasta-nos do egoísmo". A beleza divina manifesta-se a si mesma de uma forma totalmente particular na sagrada liturgia, também através de coisas materiais das quais o homem, feito de alma e corpo, necessita para chegar às realidades espirituais: o edifício do culto, o mobiliário, os paramentos, as imagens, a música, a dignidade das próprias cerimônias.

Releia-se a propósito o quinto capítulo sobre "Decoro da Celebração Litúrgica" na encíclica Ecclesia de Eucharistia do Papa João Paulo II (17/04/2003), onde ele afirma que o próprio Cristo quis um ambiente adequado e decoroso para a Última Ceia, mandando que seus discípulos o preparassem na casa de um amigo que tinha uma "grande sala mobiliada no andar superior" (Lc 22,12; Mc 14, 15). A encíclica recorda também a unctio de Betânia, um evento significativo que antecipa a instituição da Eucaristia (cf. Mt 26; Mc 14; Jo 12). Diante do protesto de Judas, para quem a unção com o precioso perfume era um "desperdício" inaceitável, dada a necessidade dos pobres, Jesus, sem diminuir a obrigação de caridade concreta para com os necessitados, declarou seu enorme apreço pela atitude da mulher, porque a unção que ela realizou antecipou aquelas "honras de que continuará a ser digno o seu corpo mesmo depois da morte, porque indissoluvelmente ligado ao mistério da sua pessoa." (Ecclesia de Eucharistia, 47). João Paulo II conclui que a Igreja, como a mulher de Betânia, "a Igreja não temeu «desperdiçar», investindo o melhor dos seus recursos para exprimir o seu enlevo e adoração diante do dom incomensurável da Eucaristia" (ibid., 48). A liturgia exige a melhor de nossas possibilidades para glorificar a Deus, Criador e Redentor.

No fundo, o cuidado atento pelas igrejas e pela liturgia deve ser uma expressão do amor ao Senhor. Mesmo nos lugares onde a Igreja não têm muitos recursos materiais, esta obrigação não pode ser negligenciada. Um importante Papa do século 18, Bento XIV (1740-1758) em sua encíclica Annus Qui Hunc (19/02/1749), dedicada sobretudo à música sacra, já exortava seu clero a manter as igrejas bem equipadas com todos os objetos litúrgicos necessários para a digna celebração da liturgia: "Nós queremos destacar que não estamos falando da suntuosidade e magnificência dos Templos Sagrados, ou da preciosidade dos objetos sagrados, nós bem sabemos que não podemos tê-los em toda parte. Falamos de decência e limpeza as quais a ninguém é lícito negligenciar, sendo decência e limpeza compatíveis com pobreza".

A Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II pronunciou-se de modo similar: "Ao promoverem uma autêntica arte sacra, prefiram os Ordinários à mera sumptuosidade uma beleza que seja nobre. Aplique-se isto mesmo às vestes e ornamentos sagrados" (Sacrosanctum Concilium, 124). Esta passagem refere-se ao conceito de "nobre simplicidade" introduzido na mesma constituição no número 34. Este conceito parece ter origem no arqueólogo e historiador da arte alemã, Johann Joachim Winckelmann (1717-1768), segundo o qual a escultura clássica grega caracterizava-se pela "nobre simplicidade e silenciosa grandeza".

No início do século 20, o conhecido liturgista inglês Edmund Bishop (1846-1917) descreveu o "gênio do Rito Romano" como marcado pela simplicidade, sobriedade e dignidade (cf. E. Bishop, "Liturgica Historica," Clarendon Press, Oxford, 1918, pp. 1-19). Esta descrição não é desprovida de mérito, mas é necessário estar atento à sua interpretação: o Rito Romano é "simples" se comparado a outros ritos históricos, tais como os Orientais que se distinguem pela grande complexidade e suntuosidade. Portanto, a "nobre simplicidade" do Rito Romano não deve ser confundida com uma mal compreendida "pobreza litúrgica" e um intelectualismo que pode levar à ruína da solenidade, fundamento do culto divino (cf. a essencial contribuição de São Tomás de Aquino na Summa Theologiae III, q. 64, a. 2; q. 66, a 10; q. 83, a. 4).

A partir de tais considerações é evidente que os paramentos sagrados devem contribuir para "o decoro da ação sagrada" (IGMR, 335), sobretudo "pela forma e pelo material usado", mas também de modo comedido, nos ornamentos (ibid., 344). O uso dos paramentos litúrgicos expressa a hermenêutica da continuidade, sem excluir um estilo histórico particular.

Bento XVI oferece um modelo em seus celebrações quando ele usa tanto uma casula de estilo moderno quanto, em algumas ocasiões solenes, a casula "clássica", usada também por seus predecessores. Ele segue o exemplo do escriba, que tornou-se discípulo do reino dos céus, e que Jesus compara a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas, nova et vetera (Mt 13,52).

Fonte: Zenit

Tradução: OBLATVS

Forma extraordinária pelo centenário de paróquia no Realengo, Rio

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Conforme convidamos pelo Salvem a Liturgia, foi celebrada uma Missa na forma extraordinária por ocasião do centenário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Realengo, Rio de Janeiro, RJ.

Publicamos as fotos, enviadas pelo leitor Francisco Alberto:

 

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Salvem a Liturgia ajuda mais padres com missais latinos

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O número de padres que recebeu missais em latim, quer na forma extraordinária, quer na ordinária, só aumenta com o apostolado do Salvem a Liturgia, e a indispensável generosidade de nossos leitores. Em 2009 e 2010, mandamos vários missais e breviários para sacerdotes e alguns leigos estudiosos da liturgia, bem como adquirimos alguns livros sobre assuntos litúrgicos para auxiliar a confecção de nossos artigos e a organização de palestras que ministramos. Alguns exemplos abaixo.

Em julho deste ano, o Pe. Jacson Rodrigo Pinheiro, pároco de Nossa Senhora da Paz, em Seberi, RS, Diocese de Frederico Westphalen, recebeu um exemplar do Missale Romanum, em latim, na forma ordinária. Em breve, deverá, a pedido dos fiéis, a celebrar a Missa na língua da Igreja.

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Pe. Jacson

Já em novembro, o Pe. Michel Rosa, capelão dos fiéis ligados à Missa Tridentina na Diocese de Franca, SP, recebeu, graças à ajuda do Pe. Paulo Antônio de Araújo, SSE, superior da Sociedade dos Servos da Eucaristia, em Ponta Grossa, PR, um Missale Romanum, igualmente em latim, na forma extraordinária.

Por sua vez, também pelas mãos do Pe. Paulo, SSE, recebeu um Missale Romanum latino da forma extraordinária o reitor da Igreja de São Francisco das Chagas, da Diocese de Paranaguá, PR, Pe. Dr. André Luís Buchmann de Andrade.

Popularizando Missas bem celebradas, conforme as rubricas, em português, mas também o uso mais frequente do idioma latino na forma ordinária, bem como mais e mais Missas na forma extraordinária, daremos nossa parcela de contribuição para a renovação espiritual do povo de Deus, e para uma natural, harmônica, gradual e orgânica “reforma da reforma”, como tem pedido o Papa Bento XVI.

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