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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Dom Henrique Soares da Costa sobre a liturgia

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Do blog Visão Cristã





A liturgia é para nosso alimento, alento e transformação espiritual: ela nos cristifica, isto é, é obra do próprio Cristo que, na potência do Espírito, nos dá sua própria vida, aquela que ele possui em plenitude na sua humanidade glorificada no céu. Participar da liturgia é participar das coisas do céu, é entrar em comunhão com a própria vida plena e glorificada do Cristo nosso Senhor.

A liturgia não é feita produzida por nós, não é obra nossa! Ela é instituição do próprio Senhor. Para se ter uma idéia, basta pensar em Moisés, que vai ao faraó e lhe diz: “Assim fala o Senhor: deixa o meu povo partir para fazer-me uma liturgia no deserto”. E, mais adiante, explica ao faraó que somente lá, no deserto, o Senhor dirá precisamente que tipo de culto e que coisas o povo lhe oferte.

Isto tem a ação litúrgica de específico e encantador: não entramos nela para fazer do nosso modo, mas do modo de Deus; não entramos nela para nos satisfazer, mas para satisfazer a vontade de Deus. Por isso digo tantas vezes que o espaço litúrgico não é primeiramente antropológico, mas teológico: a liturgia é espaço privilegiado para a manifestação e atuação salvífica de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Nela, a obra salvífica de Cristo é perenemente continuada na Igreja.

O problema é que entrou em certos ambientes da Igreja uma concepção errada de liturgia, totalmente alheia ao sentido da genuína tradição cristã: a liturgia como algo que nós fazemos, do nosso modo, a nosso gosto, para exprimir nossos próprios sentimentos. Numa concepção dessas, o homem, com seus sentimentos, gostos e iniciativas, é o centro e Deus fica de lado! Trata-se, então, de uma simples busca de nós mesmos, produzida por nós mesmos; uma ilusão, pois aí só encontramos nós e os sentimentos que provocamos. É o triste curto-circuito: faz-se tudo aquilo (coreografias, palmas, trejeitos, barulho, baterias infernais, sorrisinhos do celebrante, comentários e cânticos intimistas, invenções impertinentes e despropositadas...) para que as pessoas sintam, liguem-se, “participem”... Mas, tudo isto somente liga a assembleia a si mesma. Não passa de uma exaltação subjetiva e sentimental! Aí não se abre de fato para o Silêncio de Deus, para Aquele que vem nos surpreender com sua glória e sua ação silenciosa, profunda, consistente e transformadora. A assembleia já não celebra com a Igreja de todos os tempos e de todos os lugares; muito menos com a Igreja celeste!

O sentido da liturgia é um outro: é um culto prestado a Deus porque ele é Deus! O interesse é Deus! A liturgia é algo devido a Deus e instituído pelo próprio Deus. Quando alguém participa de uma liturgia celebrada como a Igreja determina e sempre celebrou, se reorienta, se reencontra, toma consciência de sua própria verdade: sou pequeno, dependente de Deus e profundamente amado por ele: nele está minha vida, meu destino, minha verdade, minha paz. Nada é mais libertador que isso.

Vê-se a diferença entre essas duas atitudes ante a realidade litúrgica: na visão que se está difundindo, criamos uma sensação, uma ilusão. É algo parecido com a sensação de bem-estar que se pode sentir diante de uma paisagem bonita, num bloco de carnaval, num show, num momento sublime, numa noite com a pessoa amada... Na perspectiva que a Igreja sempre teve e ensinou, não! Estamos diante da Verdade que é Deus; verdade que não produzimos nem inventamos, mas vem a nós e enche o nosso coração! Devemos procurá-la? Certamente sim: "Fizeste-nos para ti, Senhor, e nosso coração andará inquieto enquanto não descansar em ti!" Mas para isto é indispensável a capacidade de silêncio, de escuta, de abrir os olhos do coração para a beleza de Deus. A liturgia nos dá isto!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tempo Comum

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Do Deus lo vult, do Jorge Ferraz:

Um amigo mostrou-me pela manhã esta pequena mensagem do pessoal do Evangelho Quotidiano. Ontem, segunda-feira após a festa da Epifania, a festa do Batismo do Senhor encerrou o ciclo natalino e a Igreja passou a celebrar o Tempo Comum.

O Batismo do Senhor celebra-se no domingo após a Epifania; como a festa da Epifania (tradicional festa de Reis) é no dia 06 de janeiro, este ano o Domingo subseqüente foi justamente o domingo passado, 08 de janeiro; inclusive o Papa celebrou anteontem a festa do Batismo do Senhor. Como, no entanto, Epifania é festa de preceito e o Batismo do Senhor, não (cf. CIC 1246), no Brasil a Epifania é transferida para o domingo seguinte (e, neste caso, celebra-se o Batismo do Senhor na segunda-feira). Foi o que aconteceu esta semana.

Convém lembrar que o Tempo Comum não deve ser entendido como um tempo de somenos importância, como se nele o chamado à conversão fosse menos premente ou como se devêssemos descuidar dos cuidados com a nossa alma, dos nossos apostolados e da nossa vida espiritual. Desde a Encarnação do Verbo e a edificação da Igreja nós vivemos tempos extraordinários; os tempos em que o Senhor está conosco e nos quais todos os dias é ofertado à Trindade Santa o Augusto Sacrifício do Corpo e Sangue de Cristo sobre os altares de nossas igrejas. E nisto não há nada de “comum”, ao menos não no sentido corriqueiro da expressão.

Como o Oblatvs publicou há dois anos, o Tempo Comum é tempo de fidelidade: de ser fiel à Eucaristia, de manter uma caminhada constante e progressiva em direção a Cristo, de ser vigilante e de esperar. No Tempo Comum a Liturgia se reveste de verde; não conheço nenhum compêndio com explicações mistagógicas detalhadas sobre as cores do Ano Litúrgico, mas todas elas têm significados bem óbvios. O verde significa claramente esperança, especificamente aquela virtude teologal que tem tanto a ver com a fidelidade quotidiana enquanto esperamos e apressamos Aquele Dia Terrível do qual não sabemos a hora. Penso também na vitalidade à qual somos chamados, uma vez que o verde é a cor das plantas que estão vivas (dos ramos da videira que permanecem unidos à videira), em oposição aos sarmentos secos que, separados de Cristo e de Sua Igreja, não podem jamais dar frutos. E o verde aponta também para o sofrimento que nos acompanha sempre, pois nunca me esqueço das palavras de Cristo durante a Sua Paixão: Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco? (Lc 23, 31).

Vivamos, portanto, este Tempo Comum com a fidelidade quotidiana que o Senhor exige e espera de nós; revestidos de Cristo a fim de darmos frutos, mesmo sabendo das incompreensões e dos sofrimentos que, por conta d’Ele, nos serão infligidos. Vivamos, acima de tudo, alimentando a esperança: a de que Cristo é Senhor do Mundo e virá, no fim, para nos conduzir Àquela Cidade Eterna onde toda a lágrima será enxugada e onde a semeadura que aqui fazemos – com o rosto molhado neste Vale de Lágrimas – resplandecerá enfim como uma colheita de alegria.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Modificações no Rito do Consistório

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Do Blogonicvs:


O papa Bento XVI aprovou a introdução de modificações na celebração do próximo consistório, que ocorrerá em 18 e 19 de fevereiro para a nomeação de 22 novos cardeais. Dentre eles, estará o brasileiro dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

As alterações serão aplicadas pelo Departamento de Celebrações Litúrgicas e implicarão em simplificações e revisões de alguns ritos.

“Na oração da coleta e na final serão retomados os versos do rito de 1969, mais ricos em conteúdo e provenientes da tradição dos ofícios. As duas preces falam explicitamente dos poderes que o Senhor confiou à Igreja, de modo especial o de Pedro: o Pontífice reza de modo direto por si mesmo, para bem realizar o seu ofício”.

Será encurtada a Proclamação da Palavra de Deus e serão unificados os três momentos da nomeação, que compreendem a imposição do barrete, a entrega do anel cardinalício e a assinatura do título da diaconia.

O jornal vaticano L'Osservatore Romano informa que “a partir de hoje, a distinção entre o consistório público e o secreto de fato não será mais observada, e portanto, é mais coerente incluir os três momentos significativos da criação dos novos cardeais no mesmo rito”.

“Conserva-se a celebração do Papa com os novos cardeais na missa do dia seguinte, que se abre com a homenagem e a gratidão que o primeiro dos cardeais expressa ao Papa em nome de todos os outros”.

Fonte: Rádio Vaticano via CNBB

Novus Ordo em latim, versus Deum, nas reduções jesuíticas do Paraguai

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Via Acción Litúrgica, nos chegam as fotos de uma peregrinação com Missa no rito novo, mas em latim e versus Deum, nas reduções das missões jesuíticas do Paraguai, por ocasião de uma viagem de estudos dos seminaristas de Ciudad del Este. As missões jesuíticas cobriam boa parte do território paraguaio, um pedaço da Argentina bem como a fronteira oeste e parte do norte do Rio Grande do Sul, Brasil.



Aniversário de ordenação de sacerdote gaúcho, amigo do Salvem – fotos e homilia

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Recebi por e-mail:

 

Muito estimado Dr. Rafael

Viva Cristo!

Há um certo tempo visito o Salvem a Liturgia e parabenizo pelo seu conteúdo fiel aos ensinamentos da Igreja.

Conforme conversamos há pouco por telefone, no dia 13 de dezembro próximo passado, celebrei a missa de aniversário de minha ordenação presbiteral, acontecida no dia 13/12/2003. Estiveram presentes dois padres amigos: Pe Osvaldo Carballosa González e Pe Sergio Girardello e o Bispo Diocesano de Vacaria Dom Frei Irineu Gassen, que optou por concelebrar a missa.

Trabalho na Paróquia de Esmeralda e Pinhal da Serra, na Diocese de Vacaria RS. Pertenço ao Clero Secular dessa Diocese e exerço o cargo de Pároco em Esmeralda.

Envio duas fotos da Matriz e outras duas da missa celebrada e o texto da homilia. Peço ao senhor para avaliar se é viável ou não a publicação no Salvem a Liturgia. Qualquer que seja a resolução, agradeço!

Que o Bom Deus abençoe o trabalho do senhor! Bom Natal e Próstero Ano Novo!

Pe João Carlos Zanella

Texo da homilia

Homilia na Santa Missa de Comemoração do 8º ano de Ordenação Sacerdotal do Pe João Carlos Zanella – 13/12/2003 – 13/12/2011

Caros irmãos e irmãs! As palavras da Oração da Coleta que a pouco pronunciamos, nos introduziram no acontecimento que fazemos memória: o oitavo ano de nossa Ordenação Presbiteral recebida no Santuário N. S. de Caravágio de Paim Filho aos 13 de dezembro de 2003, pelas mãos do Ex.mo e Rev.mo Dom Pedro Sbalchiero Neto, de feliz memória. Santa Luzia (280-304), mártir dos primeiros séculos, continua interceder por nosso ministério e iluminar nossas ações com seu corajoso testemunho.

A Oração da Coleta (pelo próprio sacerdote, c. no aniversário da própria ordenação) recorda que o chamado é sempre realizado pelo Pai Santo, sem mérito algum de nossa parte. Não é qualquer chamado: é um chamado à comunhão no eterno sacerdócio de Cristo, a serviço da Igreja. Reconhecemos a sublimidade dessa graça que nos foi participada e, ao mesmo tempo, reconhecemos a miséria, a fraqueza, a falta de jeito e nossa debilidade diante da excelência do sacerdócio. Dessa forma, pedimos com a Oração da Coleta, a mansidão e a coragem para anunciar o evangelho e distribuir os sacramentos de forma fiel.

A fim de melhor nos preparar para esta data - nesse ano de 2011 - resolvemos escolher o decreto do Concílio Vaticano II Presbyterorum Ordinis- PO (promulgado em 07 de dezembro de 1965) para relermos e meditarmos com calma em nossa oração pessoal, nos últimos dias, à semelhança de um tríduo ou retiro espiritual. Esse documento nos ajudou a aprofundar alguns dos muitíssimos aspectos da vida sacerdotal que agora, brevemente, queremos contemplar.

Pela Sagrada Ordenação, o padre participa do ministério de Cristo Sacerdote, Mestre e Rei, em favor do Povo de Deus e da Igreja (PO 1/1142). Qual seria a finalidade do ministério presbiteral? O documento é claro: “ocupar-se da gloria de Deus Pai, em Cristo” (PO 2/1146). Em que consiste essa gloria e de que forma podemos ocupar-nos dela?

A gloria de Deus Pai consiste em que as pessoas aceitem a Obra de Deus, aceitem o sacrifício redentor de Jesus de maneira consciente, livre e agradecida, correspondendo por uma vida adequada a essa graça. O padre, por meio da oração e da adoração, da pregação da palavra, do oferecimento do Sacrifício de Cristo: a missa, da administração dos demais sacramentos, contribui para aumentar a gloria de Deus e, ao mesmo tempo, para conduzir as pessoas à vida divina, ou seja, à santidade.

Tudo na vida da Igreja e na vida do Padre se liga à Eucaristia e tudo à Ela se ordena (PO 5/1151). A missa produz a Eucaristia, que contém o bem espiritual da Igreja, que é o próprio Cristo, Pão Vivo descido do céu. As atividades pastorais (todas elas necessárias) convergem para a Eucaristia. Ela é a fonte e o ápice de toda evangelização (PO 5/1151). O padre é chamado a oferecer-se a si mesmo como vítima agradável a Deus. E, de forma semelhante, precisa convidar o povo a fazer de suas vidas, hóstias agradáveis a Deus (PO 5/1152).

Tudo se ordena à Eucaristia. O padre é chamado a cultivar retamente a ciência e a arte litúrgicas, para que, por seu ministério, Deus Pai e Filho e Espírito Santo seja louvado com mais perfeição pelas comunidades cristãs e ele confiadas (PO 5/1154). Nesse sentido, o Sumo Pontífice Bento XVI, nos últimos anos, por meio de sua palavra, mas, sobretudo, de seu exemplo, mostrou à Igreja como se pode restaurar a sacralidade da liturgia pelo viés da observância das normas e da continuidade à Tradição litúrgica dos séculos. O Papa sugere o entendimento, não só da liturgia, mas da moral, do dogma e também dos escritos do Concílio Vaticano II, sob a ótica da hermenêutica da continuidade: não há rupturas com o passado (Bento XVI, 22 de dezembro de 2005). A Igreja é a mesma ontem hoje e sempre porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Queremos estar em plena sintonia com o pensamento do Santo Padre e ajuda-lo nessa obra em tudo o que estiver ao nosso alcance.

A missa precisa ser celebrada com ciência e arte. O Papa Bento XVI sublinha a necessidade da “ars celebrandi” (elemento fundamental para o sacerdote é entrar em comunhão com o Senhor/ Castelcandolfo em 31 de agosto de 2006). A Igreja e nela, a liturgia, não é propriamente território humano, local de protagonismo humano: a Igreja é território divino que, por sua vez, acolhe generosamente o ser humano. A pessoa é chamada por Deus a entrar em seu seio, descansar e restaurar suas forças. Não se pode lidar de qualquer jeito com aquilo que não nos pertence. Com as coisas sobrenaturais se lida de forma respeitosa e, o quanto possível, sobrenatural. O Concílio Vaticano II insiste nesses pontos: arte, e não aparência; verdade, e não representação (cf. PO 5/1154). Celebrar a liturgia corretamente é apontar para a veracidade de Deus, que é a Suprema Beleza.

O documento PO, na esteira dos Concílios anteriores, continua convidando o padre à santidade (12/1181): pelo seu batismo e ordenação é chamado a ser santo, em meio às peripécias e contingências da vida humana e crescer na santidade por meio do exercício da caridade, que na Igreja é a lei maior (Rm 13,10); da celebração diária e piedosa da santa missa; da récita do ofício divino; do terço e outras práticas devocionais. Mesmo que a graça de Deus possa operar pelas mãos de padres infiéis, Deus prefere homens santos para distribuir seus dons (PO 12/1183).

A caridade, que é o vínculo de perfeição (Col 3,14), à qual como sacerdotes somos chamados, evoca o aspecto de Cristo Bom Pastor (PO 13/1188), que é capaz de morrer para si mesmo e dar a vida pelas ovelhas. A santidade que cresce na dinâmica da caridade aponta também e, sobretudo, ao Sacrifício Eucarístico, que é o centro e raiz da vida do padre. E, conforme PO (14/1190), o padre deverá se esforçar por interiorizar o que na ara sacrifical se passe. É preciso muita, muita, muita intimidade com o Senhor.

Essa recomendação do Concílio, a propósito, remeteu-nos às palavras do ritual de ordenação, palavras que nos marcaram, particularmente, naquele dia 13, quando Dom Pedro nos entregou a patena com o pão e o cálice com vinho e água: “recebe a oferenda do povo santo para apresenta-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor” (Ritual de Ordenação, 163). Sim, essas palavras nos convidam à seriedade com as coisas de Deus, ao cultivo de uma vida interior que se exteriorize em caridade para com o próximo. Nesse sentido, o padre precisa cultivar também uma disponibilidade interior para não procurar sua própria vontade, mas a vontade daquele que o chamou e enviou. Humildade e obediência fazem-se necessárias (PO 15/1192).

Caros irmãos! Estes são alguns aspectos dos vários elementos que o Vaticano II nos oferece no decreto PO. Essa meditação nos trouxe, por um lado, uma imensa alegria: a certeza de que, mesmo entre mil situações que aconteceram e acontecerão conosco, temos a absoluta convicção de que somos sacerdotes para sempre. Por outro lado, nos advertiu sobre tantos outros aspectos que precisam melhorar em nosso ministério, para que seja mais eficaz à nossa própria salvação e ao bem do Povo de Deus a nós confiado. Parece ouvirmos a admoestação e o convite de São Francisco de Assis que nos torna a dizer: “precisamos recomeçar, pois até agora pouco ou nada fizemos” (cf. 1 Cel, 103).

Entregamos ao Senhor nosso ministério, as missas e demais sacramentos que administramos, entregamos nossas atividades pastorais, nossa família, nosso pai que hoje completa mais um ano de vida: 59, nossa sobrinha Ana Lívia, entregamos nossos amigos e benfeitores, nosso Bispo Diocesano e Bispos amigos, colegas padres e lugares que tivemos a graça de exercer o ministério sacerdotal, de modo especial essa Paróquia de Esmeralda e Pinhal da Serra. Enfim, tudo entregamos ao Senhor, pois a Ele tudo pertence. Ficamos com nossos pecados e o dever de nos emendar por uma vida nova. Não temos méritos. Diante do Calvário somos pó e nada mais. Os méritos são de Jesus.

Confiemo-nos a Nossa Senhora e peçamos sua ajuda. Escolhemos, há oito anos, as palavras Sempre com Maria para marcar nosso ministério. Desde o primeiro dia de seminário, ou melhor, desde que fazemos uso da razão, temos um amor especial por Ela. Sim, foi Ela que nos amparou. Se no Calvário, aquele João foi confortado pela boa Mãe, agora, Ela - a boa Mãe - sustenta esse pobre João ao pé da mesma cruz do Senhor. No deserto da vida e da solidão humana o padre encontra um oásis belo e radiante: o altar de qualquer igreja é a mesma cruz donde jorra a água que mata verdadeiramente a sede. Aí continuam presentes a Virgem Maria e o apóstolo João. O padre, então, nunca estará sozinho no altar: Sempre com Maria, ao pé da cruz, renovando o único sacrifício da redenção! A mãe do sumo e eterno sacerdote, como refere PO (18/1204), além de proteger o ministério do padre, é sua mãe também. Obrigado Jesus pela vossa Mãe, a Mãe que nos destes!

Retornando às palavras da Oração da Coleta podemos agora rezar com insistência e consciência ainda maior: “Pai Santo, que me chamastes à comunhão do eterno sacerdócio do vosso Cristo e ao serviço da Igreja, sem mérito algum de minha parte, fazei que eu anuncie o vosso evangelho com mansidão e coragem e distribua fielmente vossos sacramentos. Por nosso Senhor Jesus vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Esmeralda, 13 de dezembro de 2011, Memória de Santa Luzia.

Pe João Carlos Zanella,

do Clero Secular de Vacaria RS,

Pároco de Esmeralda e Pinhal da Serra

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Comentário do Salvem: o padre é muitíssimo simpático e acolhedor e já telefonou-me, amavelmente. Um exemplo a ser seguido. Usa casula, incenso, gosta de latim e canto gregoriano e, passo a passo, tenta implementar as coisas corretas.

O Bispo, todavia, talvez movido pela melhor das intenções em concelebrar a Missa de aniversário do padre, está equivocado. Se o Bispo concelebra, ele necessariamente preside! E se ele preside, é ele quem deveria incensar, e também deveria usar a casula (bem como a mitra, dado que toda a concelebração presidida por Bispo é solene). Um Bispo simplesmente não pode concelebrar sem presidir, como se um simples padre fosse.

Entendo que ele não queira presidir para não tirar o destaque, no clero, do padre aniversariante, mas para isso também há uma solução: o Bispo poderia assistir em veste coral, presidindo a Liturgia da Palavra, sem celebrar a Missa. É a chamada Missa diante de um Prelado ou Missa com assistência pontifical, que existe tanto na forma ordinária quanto na extraordinária. Aliás, fotos de uma assim postamos faz poucos dias: http://www.salvemaliturgia.com/2012/01/missa-tridentina-com-assistencia.html

Errou o Bispo, o que demonstra o desconhecimento ou o desprezo pelas mais simples normas de liturgia e um dos mais tradicionais modos de celebrar a Missa. Que um leigo desconheça a Missa com assistência pontifical é perfeitamente possível. Mas um Bispo?

sábado, 7 de janeiro de 2012

Na "Forma Ordinária", com ar de "Extraordinária"

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Temos percebido ao longo de todo o pontificado do Santo Padre Bento XVI, a sua forte investida na [re]sacralização da celebração da Santa Missa e na recuperação do seu caráter sacrifical. É dispensável apontar a quantidade, com qualidade, de exemplos que tem dado, ensinando a nós, suas ovelhas, como é o seu dever próprio de pastor, muito mais do que com palavras, como a comunhão de joelhos e na boca por todos quantos puderem.

Um outro exemplo mais claro e recente foi a celebração da Festa da Epifania do Senhor, ontem, na Basílica de São Pedro, em que ordenou dois novos Bispos. Detalhe: com paramentos ditos "tridentinos", tanto suas vestes pontificais, quanto as dos ordenandos (casulas e dalmáticas). Ou seja, nas pequenas coisas, Deus se manifesta!








Créditos das imagens: Subsídios Litúrgicos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ponto 87, de "É Cristo que passa"

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De São Josemaria Escrivá:

"A Santa Missa situa-nos assim perante os mistérios primordiais da fé, porque é a própria doação da Trindade à Igreja. Compreende-se deste modo que a Missa seja o centro e a raiz da vida espiritual do cristão. É o fim de todos os sacramentos. Na Missa, encaminha-se para a sua plenitude a vida da graça que foi depositada em nós pelo Batismo e que cresce fortalecida pelo Crisma. Quando participamos da Eucaristia, escreve São Cirilo de Jerusalém, experimentamos a espiritualização deificante do Espírito Santo, que não só nos configura com Cristo - como acontece no Batismo -, mas nos cristifica integralmente, associando-nos à plenitude de Cristo Jesus.

Na medida em que nos cristifica, a efusão do Espírito Santo leva-nos a reconhecer a nossa condição de filhos de Deus. O Paráclito, que é caridade, ensina-nos a fundir com essa virtude toda a nossa vida; e assim, consummati in unum , feitos uma só coisa com Cristo, podemos ser entre os homens o que Santo Agostinho afirma da Eucaristia: sinal de unidade, vínculo de Amor.

Não revelo nada de novo se digo que alguns cristãos têm uma visão muito pobre da Santa Missa, que muitos a encaram como um mero rito exterior, quando não como um convencionalismo social. É que os nossos corações, tão mesquinhos, são capazes de acompanhar rotineiramente a maior doação de Deus aos homens. Na Missa, nesta Missa que agora celebramos, intervém de um modo especial, repito, a Trindade Santíssima. Para correspondermos a tanto amor, é preciso que haja da nossa parte uma entrega total do corpo e da alma, pois ouvimos o próprio Deus, falamos com Ele; nós o vemos e saboreamos. E quando as palavras se tornam insuficientes, cantamos, animando a nossa língua - Pange, lingua! - a proclamar as grandezas do Senhor na presença de toda a humanidade." (É Cristo que passa, 87)
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