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terça-feira, 5 de maio de 2009

Erros litúrgicos e sugestões para coibi-los - III

Entrada, Sinal-da-Cruz e Saudação

O sacerdote e os ministros – concelebrantes, diáconos, acólitos, cerimoniários – se dirigem ao presbitério, diretamente da sacristia ou em procissão do fundo da igreja. Durante esse tempo, é cantado um canto de entrada, ou a Antífona da Entrada, que, aliás, pode ser simplesmente dita.
Justificar
Chegando ao presbitério, o celebrante e seus auxiliares genufletem, se houver tabernáculo, ou fazem vênia ao altar, se não houver ou se aquele estiver deslocado para uma capela lateral. Após a genuflexão ou a vênia, conforme o caso, deve o celebrante beijar o altar.

Na falta de canto de entrada, o sacerdote canta ou diz a Antífona da Entrada após a Saudação. Nas Missas sem povo, a Antífona da Entrada é dita após o Ato Penitencial e antes do Kyrie. Do contrário, segue diretamente para esta, após uma breve monição introdutória à Missa do dia.

Está proibido o uso de elementos, na procissão de entrada, que não apontem para a essência do ato sagrado, i.e., para o caráter sacrifical da Santa Missa, e que, por isso mesmo, não estão descritos nas rubricas. Dessa forma, os acólitos e demais ministros podem carregar, na entrada, o Missal ou o Evangeliário, o turíbulo com o incenso, e a cruz processional. Outros símbolos, como cartazes explicativos, por exemplo, mesmo que tenham significado religioso, não podem ser usados: primeiro por não estarem previstos nas normas litúrgicas; segundo por não apontarem para o caráter sacrifical da Missa. Já vi em uma procissão de entrada, ministros levando pombas na Missa de Pentecostes, e ramos de árvores em uma na qual o Evangelho do dia falava da videira que é Cristo. Ora, tais são exemplos do que é totalmente inadmissível na celebração do Santo Sacrifício da Missa.

A Saudação é dirigida pelo sacerdote. O sinal-da-cruz é feito por todos os fiéis, mas sua fórmula é dita somente pelo padre! Ele é quem oferece o sacrifício e preside os atos dos fiéis; só ele é essencial para que haja Missa válida, ainda que seja preciso ao menos um assistente para que ela seja lícita, exceto por alguma razão que justifique essa ausência. Só o padre diz a fórmula do sinal-da-cruz porque é ele quem está se apresentando diante do santuário sagrado de Deus, Nosso Senhor. Não se pode substituir a fórmula própria e tradicional por outra, ainda que pouca diferença ou com meros acréscimos àquela. Não se inventem “musiquetas” com a letra do sinal-da-cruz para uso na Missa! Os fiéis, à fórmula do sinal-da-cruz, respondem “Amém”, expressando sua adesão à intenção do celebrante.

Após, o sacerdote dirige a Saudação propriamente dita, segundo uma das fórmulas previstas no Missal Romano, a qual é respondida apropriadamente pelos fiéis, segundo as mesmas disposições das rubricas.

A Santa Missa é um sacrifício de Deus Filho a Deus Pai, na unidade de Deus Espírito Santo. Ainda que a humanidade, representada pelo povo que está na igreja, seja a beneficiária do sacrifício, Deus é o destinatário. É a Ele que a Missa é dirigida, e não aos fiéis, não à assembléia. Não está o sacerdote na Missa para dirigir um espetáculo ao povo. Tampouco é a Missa uma palestra do padre à assembléia em oração, ou uma exposição sua acerca do mistério da Cruz: ela é o próprio mistério da Cruz tornado novamente presente!

Dessa maneira, não é conveniente que o sacerdote cumprimente os fiéis, no início da Missa, como se fosse um mestre-de-cerimônias, ou como se a eles fosse a celebração dirigida. O padre está na Missa para oferecer um sacrifício ao Pai: é um diálogo do sacerdote com Deus, e não do primeiro com o povo. Aliás, as intervenções dialogadas entre o padre e os fiéis são uma motivação a estes para que, junto com o sacerdote, apresentem-se unidos a Cristo no sacrifício oferecido ao Pai. Os pólos da Missa não são o padre, de um lado, e o povo de outro, e sim esses dois – padre e povo – de um, e Deus de outro. É Deus quem deve ser “cumprimentado”.

A única saudação é a própria do início da Missa, que serve como uma bênção de Deus, através do sacerdote, para os fiéis que a Ele vieram oferecer Seu Filho. O uso de outra saudação, como “bom dia”, “boa tarde”, além de sua falta de senso em face do destinatário da adoração prestada na Missa, faz com que a saudação litúrgica fique sem sentido.

Na prática

1. Não dê o sacerdote nem o comentarista um “bom dia”, nem “boa tarde”, “boa noite” ou qualquer outro cumprimento similar. A saudação é a do Missal. O culto é para Deus, não para o homem.
2. Faça-se o sinal-da-cruz conforme as rubricas: rezado ou cantado. Se cantado, com a letra milenar inalterada e sem acréscimo algum de qualquer ordem. Em todos os casos, apenas o sacerdote recita, enquanto o povo o acompanha somente no gesto.
3. A entrada é acompanhada por um canto, quer do Gradual, quer do Missal, ou ainda qualquer outro que seja coerente com a dignidade da liturgia. Dê-se preferência à antífona do Gradual, que pode ser traduzida ao vernáculo. Se nenhum canto houver, o sacerdote deve recitar a antífona proposta no Missal, e só ela.

11 comentários:

  1. «A Santa Missa é para Deus e não para o homem» diz você e MUITO BEM.
    Infelizmente para o mundo inteiro, todo o "Novus Ordo" está feito para o homem e não para Deus. Louvo a sua intenção de chamar a atenção para os erros litúrgicos, mas a verdade é que o erro principal está precisamente na "Missa Nova". O sacerdote fala para Deus virado para o povo em vez de, em nome do povo e In Persona Christi, virar-se para a frente com o povo por trás. Parece apenas um pormenor, mas faz toda a diferença. O sacerdote, mesmo com a melhor das intenções, distrai-se e muitas vezes vemos que o sacerdote se envaidece, vê o povo como espectador e teatraliza a Missa, isto é, faz batota. O mínimo que devemos exigir do "Novus Ordo" (para quem não puder assistir à Missa Tridentina), é que o sacerdote se vire para o povo apenas quando a sua palavra se dirige ao povo. Em todo o resto da Celebração vire-se para a frente juntamente com o povo. Use cânticos para Deus e não para os homens. E na consagração use apenas a Oração Eucarística I.
    Se todos os sacerdotes assim fizessem, com o passar do tempo, era o próprio povo que reconhecendo o Sacrifício ali na sua frente, se recusava a receber a comunhão na mão porque se iria achar indigno de tocar na Santa Hóstia Consagrada; e se ajoelharia até, perante o REI que se quis fazer súbdito para nossa salvação.
    O erro está sobretudo nos novos ensinamentos dos Seminários. O homem parece ter passado a ser o objectivo da vida sacerdotal e não Deus. E deixados levar pelas influências do mundo, o sacerdote de hoje deixou de querer ser Alter Christo. Sente-se bem no papel padre dentro da igreja e homem fora dela.
    Na rua, debaixo de uma Batina há certamente um Sacerdote. Rejeitando a Batina, é sinal de que o sacerdote se envergonha de o ser, mas exibe-se perante o mundo como um homem culto com "grandes conhecimentos de Teologia", etc.
    A "Missa Nova" é o reflexo de tudo isto.
    Em resumo, o homem quer criar um deus á sua imagem e semelhança. Deixou de aspirar ao eterno, porque deixou de acreditar.
    Temo ter razão ao dizer isto: Hoje os sacerdotes são ensinados para viver no mundo, em direcção ao ateísmo (certamente por influência maligana).
    Por tudo o que disse, só a Missa Tridentina nos garante a SANTA MISSA, (o Santo Sacrifício e os seus méritos).
    Ou então, só uma grande reforma da Liturgia onde se introduza o pouco que o NOVUS ORDO tem de bom no Rito "de sempre".
    A Missa Tridentina (na minha opinião), já é quase perfeita. Talvêz falte ao povo ouvir todas as orações do Sacerdote para se sentir mais unido ao que vê, mas que no entanto não ouve.

    De qualquer maneira não desista da sua luta.
    O Espírito Santo o ilumine para ter boas inspirações.

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  2. Que a forma extraordinária do rito romano - "Missa tridentina" - explicite melhor os dogmas eucarísticos e o sentido de sacrifício, é fato. Que a reforma litúrgica teve muitíssimos pontos negativos e clame por uma "reforma da reforma", também é fato. Que a posição versus Deum do sacerdote seja a mais adequada e mais correta, igualmente. Que uma eventual "reforma da reforma" se faça incorporando os pontos positivos do Novus Ordo no Missal antigo, é algo que defendo vigorosamente. Concordo, enfim, que o erro está nos seminários e em uma cultura modernista.

    Todavia, há alguns erros em sua assertiva:

    1. Dizer que só a forma extraordinária nos garante a Missa, o sacrifício, os efeitos, é heresia. A Missa, seja em que rito for, por mais defeito acidental que tenha, não é prejudicada em sua essência. A Igreja não pode aprovar um rito inválido - e deixar de ser Missa, de ser sacrifício, de nos dar seus efeito, é algo muito grave. A forma ordinária é válida. Pode não explicitar tão bem certos aspectos - e por isso não ajudar a termos certas disposições para melhor compreender o que acontece -, mas é válida e, por isso, é Missa, é sacrifício e nos dá seus efeitos.

    2. O Novus Ordo, com todos os seus defeitos, é feito para Deus. Há falta de clareza em alguns pontos e certas faltas que acabam por possibilitar um culto feito para o homem. Concordo que a maioria de nossas igrejas no Brasil faz um culto teatral, para o homem, com o padre sendo um animador de auditório - mesmo em Missas sóbrias. Mas isso não é pelo Novus Ordo em si. Tanto que existem raras e felizes exceções, como temos demonstrado em várias postagens.

    Obrigado pela visita.

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  3. Senhor Brodbeck,
    paz e bem!

    Tenho duas dúvidas:
    1.Gostaria que o senhor pudesse explicitar o porquê, teológico e pastoral, da celebração "versus Deum" e "versus populum".
    2. É verdade que a forma "versus populoum" é mais antiga que a "versus Deum"? Um padre de minha diocese assim afirmou, mas não acreditei muito pelo pouco que conheço de outras formas anteriores ao Concilio de Trento, mas gostaria de ter sua resposta.

    Concordo com sua colocação acima, pois que primeiro os abusos podem ocorrer em qualquer forma de celebração, independente do missal, e sim, o Novus Ordo precisa sim de uma reforma, mas isso não significa que o rito seja inválido. Essa colocação do José Costa está errada.

    Grato.

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  4. Vamos postar, em alguns meses, um artigo sobre o versus Deum. Por enquanto, podes procurar no Veritatis Splendor.

    Adianto-lhe que as primeiras Missas foram celebradas coram Deo, e não versus populum. Seu padre está equivocado.

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  5. Peço desculpa. Provavelmente não me expliquei bem. Eu não disse que a Missa Nova não era válida.
    Disse e repito (e o Sr. até concordou comigo), é que na Missa Tridentina, tudo o que se passa é CLARAMENTE virado para Deus. Apenas pretendi dizer que pelo menos ali, a Santidade da Missa está muito mais clara, respira-se o Sagrado. Dizer isto, creio que não é negar a Missa Nova.
    Aceito SIM, que a Missa Nova seja válida. Se o Padre foi correctamente ordenado e tem FÉ, para mim a Missa é válida.
    Podemos é levantar a questão (e eu não sei a resposta); os fieis presentes numa Missa Nova recebem as mesmas Graças do que os presentes numa Missa Tridentina?
    Só Deus sabe.
    Temo sinceramente que a resposta seja, não.

    A árvore "Salvem a Liturgia", que o Sr. plantou é uma prova da sua preocupação, que também é a minha. Que Deus o auxilie na sua luta, para que essa árvore dê muitos e bons frutos, para Glória de Deus.

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  6. Caríssimo José Alberto,

    Disseste: "Podemos é levantar a questão (e eu não sei a resposta); os fieis presentes numa Missa Nova recebem as mesmas Graças do que os presentes numa Missa Tridentina?
    Só Deus sabe."

    Enganas-te, meu caro amigo. As graças independem do rito, pois decorrem de uma Missa ser, bem, hmmm, uma Missa. Ou é Missa válida ou não é Missa. E se é Missa, Missa válida, as graças decorrem para os fiéis. Primeiro porque a Igreja não poderia aprovar um rito de Missa que lesasse a santificação dos fiéis (e a santificação vem pela graça). Negar isso é HERESIA.

    Segundo: não é o rito, com defeitos ou sem defeitos, que transmite a graça, mas a Missa.

    A única coisa que se poderia levantar é que, em uma Missa tridentina, talvez - TALVEZ -, o fiel comum, em tese, poderia, pelos símbolos presentes, ter sua abertura à graça mais "despertada", e assim receber mais.

    Mas a "fluência" é a mesma, sempre.

    Reze por nós. E, mais uma vez, obrigado pela visita. Não deixe, finalmente, de ler os nossos objetivos, que se encontram ao lado.

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  7. a posição ad absidem (tá, Versus Deus, ad orientem) é a mais antiga, aliás a única conhecida até que as basílicas romanas foram construídas com a altar de um modo que o sacerdote teria que, obrigatoriamente, ficar de "frente para o povo" - em tempo, o rezar para o oriente é de praxe desde os tempos antigos entre os povos orientais, e entre os judeus, no templo, rezava-se e sacrificava-se voltado para o oriente, onde está Deus - nas sinagogas (e nas casas) os judeus rezavam voltados para Jerusalém (não especificamente para o oriente). Na Igreja Primitiva frequentava-se, bem em seus primórdios, a sinagoga e a prática da sinagoga influenciou totalmente (na verdade, podemos dizer que praticamente é o mesmo rito, só que alterado) a missa dos catecúmenos - o rito de Páscoa celebrado por Jesus na Coena Dominica também sópode ter sido rezado voltado para o oriente ou Jerusalém - daí que, na Igreja, desde sempre, rezou-se para o oriente (ou para Jerusalém, no início) pois Jesus é a luz do mundo - todos os ritos católicos são rezados nessa posição, exceto no Novus Ordo e, por influência dele, o maronita atual - a posição versus populum é uma inovação protestante, não creio que, ao assumi-la, a Igreja estivesse pensando nas basílicas - não sou especialista em basílicas e talvez o que escreva aqui possa estar errado, mas alguém já me disse que as portas delas estão voltadas para o oriente, daí que o sacerdote estaria versus Deus, apesar de olhar para o povo e que o mesmo, na hora da consagração (o povo) viraria o corpo em direção as portas - o melhor autor sobre as posições pode ser Mons. Mario Righetti em sua obra de 4 volumes La Istoria della Liturgia.

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  8. Todas as formas de missa são válidas, isto é verdade, mesmo a de Addai i Mari tão combatida por alguns que não a compreendem, porém, e isso é algo grave, na IGMR há algumas idéias que não são exatamente aquelas de sempre, digamos assim, por exemplo, em português, traduz-se geralmente o personamque por "às vezes de" em vez de "na pessoa de" o que dá a impressão de estar-se dizendo que o sacerdote, na missa, apenas estaria "fingindo" ser Cristo, não agindo in persona Christe, que é, afinal, o que ocorre - parece um idéia a lá Joseph Campbell, quando fala dos ritos dos primitivos, nos quais eles fazem e agem como os deuses nas lendas, mas sabendo que não o são - ou como as crianças fazem, como dizia Carl Sagan, substituindo o real pelo imaginário, e acreditando no imaginário,mesmo sabendo que não é real - dito assim parece mais um "faz-de-conta" que sou Jesus, e faz de conta que ele está nas espécies consagradas, visto também que, em português (e em latim,mas menos) há uma alusão absurda de que Jesus estaria presente na assembléia (recuso-me a usar povo de Deus -os judeus? Só pode ser) e na palavra - além de passar a idéia que o é o povo que celebra, sendo o sacerdote mero presidente etc etc - ambos sabemos que não é assim, e que é preciso ler nas entrelinhas epeneirar o que é dito, mas seria muito melhor se tivesse sido dito às claras...

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  9. Rafael, estou escrevendo, mesmo que a custa de muitas dores de estômago, devido a IGMR, um curso de liturgia feito na forma de perguntas e respostas (como um catecismo à antiga), assim que o terminar (espero que consiga), passo para a Maite, por email.

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  10. sou coordenadora da pastoral de liturgia em minha paroquia. Olha me surpreendi com tantos erros que cometemos.Confesso que fiquei um pouco envergonhada. meu filho é vocacionado e vive me corrigindo mas acho que tem que ser feito tambem como o sacerdotedetermina. Estou certa

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  11. o uso do turíbulo com incenso na Procissão de saida da Missa é certo ou errado?

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