Nossos Parceiros

domingo, 10 de maio de 2009

O que é a Liturgia

Autor: Lucas C. Santos


Na tentativa de compreendermos melhor do que se trata a Sagrada Liturgia, importa fazer uma diferenciação que não raras vezes leva as pessoas a grande confusão.


O fiel católico deve sempre estar em comunhão íntima com Deus, em todos os momentos e circunstâncias, sem dúvida alguma. Deve se moldar à semelhança de Cristo e de professar, firmar e exercer sua fé, sua esperança e sua caridade, segundo os Padres do Deserto, com mais frequência com que se respira. Pois se o ar é necessário para o corpo, quão mais importante não será o Espírito, que necessário para alma?


No entanto esse pensamento por vezes leva as pessoas a criar um certo intimismo romântico para com Deus, estranho a toda a tradição católica. Julgam que basta seguir o exemplo de Cristo no dia a dia, fazer uma ou outra oração em casa, ou simplesmente contemplar a natureza das coisas criadas, que bastaria para se estar em perfeita união com Deus. Mas o relacionamento humano com Ele não pode se dar somente dessa forma. Prova disso é que as pessoas que seguem por esse caminho acabam não desenvolvendo uma moral sólida, mas fortemente relativista, acabando por criar um Deus impessoal, subjetivo, limitado às próprias concepções pessoais de bem e mal. E isso quando não acabam descambando para concepções esotéricas e gnósticas, como a heresia do panteísmo, de um que está em todo o cosmo, como se espírito e matéria fossem um só.

Temos que nos lembrar que Deus é, antes de tudo, Senhor e Pai. Só é possível amá-Lo dignamente se O reconhecemos como Senhor de nossas vidas. A Ele devemos respeito e obediência filial. Lembremo-nos que Deus veio em primeiro lugar ao encontro do homem, formou para si um povo, manifestou-se com autoridade e poder, deu-lhes ordens a ser seguidas, e castigou-os quando se desviaram do caminho. Esse senso de submissão Àquele por quem fomos criados e A quem tudo devemos é essencial para fomentar a prática das virtudes, sobretudo a humildade e a obediência, sem as quais jamais conseguiríamos compreender a grandeza do Criador.


Dessa forma, desde o Antigo Testamento, Deus ordenou a seu povo que lhe prestasse culto, no templo, e lhes deu descrições rigorosas de como deveria ser este culto, o que se poderia ou não comer, como se vestir, quais e quantos dias deveriam ser observados para jejum, quais dias dos meses seriam consagrados (vide a festa dos Ázimos e das Primícias, por exemplo), e as minuciosas instruções de como deveria ser construído o templo, o altar e todos os objetos de culto (conferir a magnificência de detalhes tos capítulos 37 a 39 do Êxodo). Tudo isso era para despertar no povo a necessidade de se estabelecer com Deus essa consciência, tão necessária, da nossa miséria em contraste com a Sua grandeza, e para que o povo pudesse, com seus esforços, com suas labutas, com o trabalho de suas mãos, com seu cansaço; com seu corpo, sua voz e com seus membros, ou seja, por inteiro. Trata-se verdadeiramente de se colocar a serviço de Deus, como forma de conscientizar-se de que a Ele devemos todo o louvor, no sentido mais universal da palavra: tudo aquilo que somos, que produzimos, que obtemos é graças à misericórdia divina, e que Deus é o centro e fim de nossa existência.


A Revelação plena de Cristo não trouxe fim a essa necessidade, muito pelo contrário. O grande Mistério da Encarnação, de Deus feito homem, presente no tempo, na história e na materialidade humana, torna este encontro muito mais significante. Já em seu corpo mortal as mulheres piedosas Lhe ofereciam o melhor e mais caro de seus perfumes; no sepulcro, desejavam prestar homenagem a Seu corpo padecido, e ao contemplá-lo ressuscitado, ansiavam tocar seu corpo agora glorioso com toda a reverência. Dessa forma, o culto litúrgico, a ação do povo que se direciona fixamente para nosso Senhor, longe de ser abolido, se faz agora muito mais majestoso e sublime, sobretudo no Santo Sacrifício de nossa redenção no Calvário, perpetuado com a celebração da Santa Missa.


Nutridos desse espírito, podemos nos aproximar do altar de Deus na liturgia, e deixar que ela nos inebrie e nos mova por completo. Como já disse Scott Hahn: "Agora sei por que Deus me deu um corpo: para adorar o Senhor com seu povo na liturgia” (Tirado de O Banquete do Cordeiro).


4 comentários:

  1. Desculpem amigos, mas este comentário é para avisar que tentei deixar comentário no blog da Aline Rocha e não deu certo... e não tem como falar com ela pelo blog. Poderiam avisá-la?

    PAX

    Julie Maria

    ResponderExcluir
  2. Julie Maria,

    Dá para deixar um comentário no blog da Aline, sim. Mas precisas clicar no título do artigo. Então, vai abrir uma página específica só com o artigo e, embaixo, o espaço para comentários.

    ResponderExcluir
  3. Gostei muito do artigo. Hoje não se ensina mais na catequese que a norma da oração é a norma da fé. Lex Orandi, lex credendi est.

    ResponderExcluir
  4. A Congregação para o Clero publicou, no seu site oficial, um artigo sobre a Sagrada Liturgia.

    É um artigo muito esclarecedor e objetivo, que vai contra as "heresias" afirmadas e promovidas por muitos padres e fiéis católicos.

    Vale a pena ler e divulgar:

    http://www.presbiteros.com.br/index.php/mitos-liturgicos/

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Parceiros