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terça-feira, 15 de maio de 2012

Carta do Prof. Carlos Ramalhete ao Salvem


Nosso apostolado é apoiado por vários Bispos. É lido em Roma, como vemos no tráfego de visitas. Tem como Padres orientadores um Monsenhor que trabalha na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no Vaticano, e um sacerdote conhecido por seu valioso apostolado na formação de Seminaristas e na celebração de ambas as formas do rito romano. Possuimos dois seminaristas na equipe, um deles estudando em Roma. Dezenas de Padres e Bispos nos escrevem e mandam fotos de suas celebrações, e nos parabenizam pelo resgate e defesa da liturgia.

Agora, recebemos uma carta do Prof. Carlos Ramalhete, conhecido apologista brasileiro, um dos pioneiros nos apostolados via internet.

O Santo Padre Bento XVI escreveu que a liturgia “não pode vir da nossa própria imaginação, da nossa própria criatividade”.  Este dado elementar de algo tão próximo à essência do Mistério de nossa salvação hoje, infelizmente, muitas vezes precisa ser lembrado.

A crise pela qual a Igreja vem passando é, em grande parte, refletida, amplificada e alimentada por uma crise litúrgica de seriíssimas proporções. O Beato João Paulo II e, agora, Bento XVI vêm tentando sanar a situação e instituir uma percepção correta da liturgia. Os documentos emanados da pena destes dois grandes Pontífices são muitos, todos apontando na mesma direção: o respeito à liturgia, a sua percepção como algo que recebemos de Deus, que recebemos da Igreja, que deve ser acolhido, não inventado.

A prática litúrgica, contudo, ocorre verdadeiramente no nível das paróquias e capelas. São os padres e os leigos que, juntos, vivem o Mistério litúrgico a cada dia. A Missa celebrada em uma paróquia paupérrima é a mesma Missa que é celebrada pelo Papa em Roma: ambas são o Sacrifício Salvífico de Nosso Senhor Jesus Cristo, tornado novamente presente de forma incruenta sobre o altar. Ambas as Missas são, na verdade, janelas que se abrem à Eternidade, aberturas pelas quais, como no sonho de Jacó, sobem e descem os anjos.

Quando, contudo, cai-se no erro de fazer da liturgia algo voltado para as pessoas que ali estão, uma celebração do estar-junto, uma mera festa de comunidade, a janela para o Eterno é como que apagada, esquecida em prol de coisas passageiras, cuja importância empalideceria diante da magnitude do Mistério que ali é celebrado. E, com isso, sofre a Fé dos paroquianos, que – de tanto ver referências ao imanente obnubilando o transcendente – acabam por achar que o que importa é o que o século já diz que importa: casa, comida, roupa lavada. Prazeres sensíveis e honrarias mundanas. Coisas passageiras, coisas que não nos levam ao Céu.

Esta experiência litúrgica, boa ou ruim, ocorre necessariamente na vida cotidiana, na prática litúrgica de cada paróquia. Os documentos que vêm de Roma, se não são aplicados em cada paróquia, em cada Missa, tornam-se rapidamente letra morta. É na paróquia o campo de batalha, e somos nós – leigos e padres – os soldados em campo, sempre guiados pela santa obediência e pelas sapientíssimas palavras dos Sumos Pontífices a quem Deus nos confiou.

A resposta aos incessantes apelos de já dois Papas, assim, deve surgir no nível paroquial, em cada capela, em cada paróquia. De lá, de maneira aliás perfeitamente adequada ao que nos é indicado pelo princípio da subsidiariedade, a reta compreensão da liturgia – e, nela, da Fé – se espalha horizontal e verticalmente.

Com este objetivo, o Bem-Aventurado Papa João Paulo II viajou por todo o mundo, criou meios de comunicação direta que levassem aos leigos imediatamente as sábias palavras dos Santos Padres.
Não se trata de um aumento do centralismo, mas, ao contrário, de um pedido de ajuda, de um reconhecimento da importância que tem a participação do laicato, a participação de cada pároco, na obra de restauração litúrgica e doutrinal da Igreja.

O trabalho do apostolado Salvem a Liturgia, assim, insere-se perfeitamente na estratégia traçada por João Paulo II e continuada por seu augusto sucessor. Pelo exemplo prático das fotografias e vídeos apresentados, pelas oportunidades educacionais oferecidas nos textos, pelos auxílios diretos à sanação da crise litúrgica oferecidos na forma de instruções e mesmo doação de Missais, vai sendo feito este trabalho de lenta restauração, de lenta reconstrução da grandeza litúrgica em cada paróquia, em cada capela. Uma de cada vez, todas em perfeita união com a Santa Sé.

Vale notar que não se trata de uma volta ao passado, sim de uma ordenação do presente, com vistas ao futuro. De acordo com o determinado pela Santa Sé, este apostolado procura ajudar a aprimorar a celebração de ambas as Formas do mesmo Rito Romano, que é a nossa herança e nosso direito, para que a liturgia de hoje seja não a liturgia de ontem, mas sim o reflexo fiel da liturgia eterna da Jerusalém Celeste, ensinando a reta Fé e conduzindo à santificação de cada um de nós.

Inúmeros sacerdotes uniram-se a este apostolado, quer seja por participações diretas – envio de fotografias, de histórias, de subsídios litúrgicos – quer seja pela meditação dos exemplos por ele apresentados, conduzindo a um aperfeiçoamento da experiência litúrgica paroquial, de acordo com o determinado pela Santa Sé e em perfeita comunhão com o Vigário de Cristo.

E todos contam a mesma história: a beleza da liturgia bem celebrada, a valiosa catequese que ela, por si só, já representa. Quer seja na Forma Ordinária, quer seja na Forma Extraordinária, é a mesma Missa, o mesmo Sacrifício Eterno, a mesma abertura ao Sagrado que nos faz trazer a Eternidade para nossas vidas e contemplá-las em função do que não passa.

A receita é teoricamente simples: cumprir o que ensina a Igreja, respeitar as rubricas, ater-se àquilo que recebemos, ao invés de tentar ser mais criativo que o Espírito Santo. A prática, contudo, é de um lento trabalho de restauração, como que de uma obra de arte que herdamos, um trabalho carinhoso e movido pelo mais puro amor à Igreja.

Altar por altar, capela por capela, paróquia por paróquia, diocese por diocese vai sendo feito este trabalho, vão os leigos e os padres, unidos pela Fé, pelos Sacramentos e pelos laços da Sagrada Hierarquia, atender ao apelo do Santo Padre João Paulo II:

“Sinto o dever de fazer um veemente apelo para que as normas litúrgicas sejam observadas, com grande fidelidade, na celebração eucarística. Constituem uma expressão concreta da autêntica eclesialidade da Eucaristia; tal é o seu sentido mais profundo. A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são celebrados os santos mistérios.

O apóstolo Paulo teve de dirigir palavras àsperas à comunidade de Corinto pelas falhas graves na sua celebração eucarística, que tinham dado origem a divisões (skísmata) e à formação de facções ('airéseis) (cf. 1 Cor 11, 17-34). Actualmente também deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia. O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade, que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso mas expressivo o seu amor à Igreja.[...] A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos: é demasiado grande para que alguém possa permitir-se de tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu carácter sagrado nem a sua dimensão universal.” (Ecclesia de Eucharistia, 52)

É este apelo que é espelhado e amplificado pelas obras do apostolado Salvem a Liturgia. É este apelo que devemos, todos, considerar como tendo sido feito pessoalmente a cada um de nós pelo Vigário de Cristo, levando a cabo, na medida da nossa responsabilidade e capacidade, a nossa parte neste santo empreendimento.

Graças e louvores se deem, a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Carmo de Minas,
na Festa de Santa Doroteia,
no ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2012,

Prof. Carlos Ramalhete.


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