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quarta-feira, 31 de julho de 2013

A piedade litúrgica do Papa Francisco: actuosa participatio


Há quem diga que o Papa Francisco pouco tem a nos ensinar em matéria de liturgia. É verdade que tal tarefa não seria das mais fáceis para o sucessor - seja ele quem fosse - do Papa Bento XVI, um brilhante teólogo e um católico com um profundo entendimento da Sagrada Liturgia, manifesto não somente em todo seu ofício na Congregação Doutrina da Fé como também durante seu pontificado. E falo em católico porque o Papa Emérito Bento XVI não é um daqueles liturgistas teóricos - de bela retórica, entretanto, de vivência nula -, mas alguém de quem, por sua ars celebrandi, se pode dizer que penetra nos sagrados mistérios.

Bem, este breve texto do Pe. Gaspar S. C. Pelegrini, que reproduzimos na íntegra abaixo, faz notar certos gestos e atitudes do Sumo Pontífice os quais, aos olhos do observador atento, demonstram que Francisco também tem a Sagrada Liturgia como centro de sua espiritualidade, como "fonte e ponto culminante" (Lumen Gentium, 11) de toda sua vida cristã e, portanto, de sua ação evangelizadora e da alegria que ele sempre manifesta.

Já adianto meus comentários ao texto. A piedade litúrgica do Papa, manifesta em seu comportamento durante as ações litúrgicas, nos mostra que devemos imitá-lo e "saber distinguir os diversos momentos e o que convém a cada um", como disse o Pe. Gaspar. Vou um pouco mais longe: digo que o Santo Padre está nos ensinando, com todo o seu modo de ser, o real sentido de actuosa participatio, a participação ativa tão querida pelo Concílio Vaticano II (Sacrosanctum Concilium, 14), e, ao mesmo tempo, tão distorcida. 

Afinal, temos um Papa muito alegre e afável, expansivo (no bom sentido do termo), extremamente sorridente e bem-humorado, que até parece tornar a conhecida expressão "o doce Cristo na terra" mais real. E que gosta de estar no meio do povo, e faz questão disso. Ora, poderia-se esperar que ele transmitisse esse seu modo de ser para a liturgia, para torná-la "mais próxima do povo", mais "participativa", como escutamos freqüentemente por aí. Mas não. Durante a liturgia o Santo Padre se porta sereno, compenetrado, tem um olhar ascético, muito profundo. E demonstra assim que a participação ativa, plena e frutuosa não é somente externa, mas também interna (Sacrosanctum Concilium, 19).


***

(Os grifos são nossos, bem como as fotos ilustrativas, retiradas do Facebook.)

A Missa do Papa


Certamente ainda se vai escrever muito sobre a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. As alocuções do Santo Padre, seus gestos, etc.

Eu peço licença para falar de um ponto que muito vem me impressionando: a Missa do Papa. Participando da Jornada, pude constatar com meus olhos o que eu já vinha observando desde o dia seguinte à eleição do Papa Francisco: como ele celebra.

Durante missa com os seminaristas em Roma
Quando ele está no papamóvel, ou nos diversos encontros com o povo, ele acena, brinca, gesticula, sorri, abraça, etc. Mas quando ele vai celebrar a Santa Missa, a impressão é que é outra pessoa. Olhos baixos ou fechados, recolhimento, tom de voz mais grave, orações pausadas, etc.

Santo Padre cativando o povo com sua alegria e carisma
Creio que é mais um gesto de Francisco que precisamos imitar. Devemos saber distinguir os diversos momentos e o que convém a cada um.

Ao meu ver, houve até momentos na Jornada (no Glória da Missa de envio, por exemplo), em que faltou “sintonia”, digamos assim, entre o modo de celebrar, entre a atitude do Papa e o modo de cantar de alguns componentes do coral. Os olhos baixos e recolhidos do Papa, sua atitude de oração não combinavam com alguns do coral que batiam palmas, ou balançavam as mãos ou sorriam para as câmeras. Isso, a meu ver...

Ao fundo, o Sumo Pontífice, recolhido, durante a Missa de Envio da JMJ 2013
Há uma oração que parece ter um valor especial para o Papa, pois ele a reza de um modo diferente, mais pausado ainda: é a oração antes da paz: “Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos...” Na forma extraordinária do Rito Romano, esta oração é a primeira das três que antecedem a comunhão e a rubrica determina que o celebrante deve rezá-la, bem como as outras duas, olhando para a hóstia consagrada. Pois, é assim que o Santo Padre a reza, chegando a interrompê-la um pouquinho para contemplar o Senhor Sacramentado.

Um último ponto, é como o Papa termina sua Missa sempre voltando-se para nossa SenhoraSempre que há uma imagem da Virgem Maria no altar, ele se dirige até ela, oscula, põe a mão e faz o sinal da Cruz.

Papa Francisco durante visita à Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Que possamos imitar os muitos gestos de Francisco, de modo especial seu “modus celebrandi”, seu modo de celebrar. No que depende de cada um de nós, procuremos superar as faltas de sintonia entre celebrante, coral e povo. Que no altar, no coral e na assembleia, todos realmente estejam “una voce”, ou seja a uma só voz, com os mesmos sentimentos e as mesmas atitudes.

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