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sexta-feira, 21 de março de 2014

Dom Antônio Coelho OSB fala sobre a vetus ordo


Na primeira metade do séc. XX destacou-se um grande vulto na Liturgia em Portugal, Dom Antônio Coelho OSB, pertencente à comunidade beneditina de Singeverga. Esta comunidade beneditina estava muito envolvida no Movimento Litúrgico, e até publicava uma revista litúrgica chamada Opus Dei - Revista Litúrgica Mensal. Num edital duma destas revistas, encontrei um artigo do D. Antônio Coelho OSB que me pareceu pertinente partilhar com os leitores do Salvem a Liturgia. Transcrevo aqui os parágrafos que me chamaram à atenção - uma defesa da vetus ordo (que na altura era a única ordo) que ainda hoje é valida.

«Falam [...] duma liturgia nova, chamada a suprir a liturgia velha, a oficial, que já não é compreendida do povo, que já não instrui nem santifica, que já não é arma ofensiva para a conquista do mundo…
[...]
E a Liturgia da Igreja é tão velha como a Igreja e tão nova como ela. Ora como não há Igreja velha e Igreja nova, também não há Liturgia velha e Liturgia nova. Há uma só Liturgia, que possui elementos duma antiguidade venerável, mas que não carecem de ser chamados a uma vida nova, por isso que estão carregados da vida perene da Igreja, que é a vida da graça que jorra do Sacrifício, emana dos Sacramentos e circula, em certo sentido, em todos os ritos, que todos eles são poderosos sacramentais.
E o que é preciso, o que é urgente fazer neste século em que, sim, infelizmente, a Liturgia nem é praticada, nem estimada, nem conhecida, não é criar uma liturgia nova; é atrair todos os fiéis à Liturgia perene da Igreja, antiquíssima e duma juventude alegre, ardente, activa e sedutora, que a todas as Horas se renova, Liturgia popular, popularíssima, como no-lo demonstram a história do passado e as felizes experiências em boa hora empreendidas em todas as nações da terra; é fortificar e unificar a vida espiritual dos povos, introduzindo-os todos na corrente vivificante da Liturgia.
[...]
E não é esta Liturgia [...] a Liturgia do Coração de Jesus, desse Coração divino cujos mistérios de amor e de dor ela [a Igreja] revive do primeiro Domingo do Advento ao Domingo de Cristo Rei, desse Coração amantíssimo do Pontífice e Vítima do Sacrifício todos os dias renovado, desse Coração generoso, fonte inexaurível de vida cujas graças correm abundantes pelos Sacramentos, desse Coração obedientíssimo, harpa harmoniosa dos louvores do Padre Eterno cujo eco ressoa nos hinos e cânticos do Ofício Divino?
Criada pelo Coração de Jesus, regulamentada, conservada e praticada pela Igreja, a Liturgia, sempre antiga e sempre nova, carregada do fecundante eflúvio da graça, é Apostolado de Oração que detém os raios da vingança divina, converte e santifica as almas, une-as à infinita reparação do nosso Pontífice e Vítima, e , depois atira-as à conquista do mundo, à consolidação e extensão do reinado social de Jesus; é o meio poderosíssimo, o único meio oficial, de que a Igreja se serviu no passado, se serve hoje e há-de servir sempre, para regenerar a humanidade, santificar as almas e dar glória a Deus.»
Dom Antônio Coelho, OSB
in Opus Dei – Revista Litúrgica Mensal, IV Ano, 1929-1930


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