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domingo, 24 de novembro de 2013

A minha casa é casa de oração, mas fizestes dela...

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O Evangelho desta sexta-feira da XXXIII Semana do Tempo Comum nos recordou a necessidade do cuidado e zelo para com o Templo, a Casa de Deus. Com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e a perpetuação de seu sacrifício no lenho da cruz - através do sacrifício do altar oferecido por meio da Ordem sacerdotal, meio pelo qual temos acesso à Santíssima Eucaristia -, Deus passou a habitar em nossas igrejas e erigiu aí Sua nova Casa. Se no Templo de Jerusalém Sua presença era significada pela Arca da Aliança no Santo dos Santos, muito maior é cada uma de nossas igrejas e capelas. Nelas, Deus habita verdadeiramente, com Presença Real.

Enquanto no Evangelho vemos a venda de bens materiais dentro do Templo, vemos hoje - tristemente - em muitos lugares a venda da fé. O relativismo e o laxismo dos tempos de hoje podem até tornar a crença mais palatável - mais acessível, é a desculpa que se costuma utilizar -, mas acabam, assim como naquele tempo, por deturpar a verdadeira finalidade do Templo, o culto propício a Deus.

Diz assim o Pe. Francisco Fernández Carvajal, na meditação diária que oferece em seu Falar com Deus:
Movido pelo zelo da casa de seu Pai, por uma piedade que brotava do mais fundo do seu Coração, Jesus não pôde suportar aquele deplorável espetáculo e expulsou dali todos os vendilhões, com as suas mesas e animais, sublinhando a finalidade do templo com um texto de Isaías bem conhecido de todos: A minha casa é casa de oração, mas vós fizestes dela um covil de ladrões.”
Inspirado nesta mesma piedade e zelo é que devemos lutar contra a venda da fé. Como fazer isto? Como não temos a santidade e a conformação com a vontade do Pai que Cristo tinha, é certamente muito mais prudente e eficaz evitarmos o confronto direto com nossos pastores e superiores e doarmo-nos no serviço ao próximo, atuando como catequista, auxiliando na formação de um amigo ou de um grupo deles.

O que isto tem a ver com Liturgia? Bom, sabemos que a fé e a Liturgia estão intimamente ligadas e influenciam-se mutuamente, pois lex orandi, lex credendi. E um pressuposto para o novo movimento litúrgico é uma formação doutrinal mais sólida aos fiéis e aos novos seminaristas, futuros padres.

O cuidado que devemos para com a Casa de Deus não termina aí. Se aí Deus habita, faz-se necessário uma postura apropriada. Por mais que sejamos amigos de Nosso Senhor - não mais servos, como Ele mesmo disse -, ainda assim reconhecemos que somos muito pouco perto de Deus. Nesta saudável tensão entre a intimidade e o temor que devemos ter para com Deus, a Igreja incentiva nos fiéis algumas atitudes e gestos concretos de piedade: o decoro ao entrar e enquanto estiver na igreja; a postura adequada; um andar em ritmo natural, sem correria; roupas modestas; as diversas reverências dentro da missa e fora dela, as genuflexões ao se passar diante do Sacrário, adorando a Deus; etc.

Continua o Pe. Carvajal:
“O incenso, as inclinações e genuflexões, o tom de voz adequado nas cerimônias, a dignidade da música sacra, dos paramentos e objetos sagrados, o decoro desses elementos do culto, a limpeza e cuidado com que se conservam, foram sempre manifestações de um povo que crê. O próprio esplendor dos materiais litúrgicos facilita a compreensão de que se trata sobretudo de uma homenagem a Deus.”

São símbolos, claro. Embora hoje não se admita sua força e importância, nem por isso elas não existem. E estes sinais relembram aos outros, e principalmente a nós mesmos, que, como diz o adágio filosófico, nihil est in intelectu quod prius non fuerit in sensu (nada pode ser conhecido pela inteligência se antes não for captado pelos sentidos).

Uma lex orandi mais firme, uma lex credendi mais concreta, praticada com piedade. Antes disso nem se pode desejar uma reforma da reforma. Seria "colocar a carroça na frente dos bois", como diz o dito popular. Sem isto torna-se difícil aos fiéis sequer serem capazes de sentir a necessidade de se recuperar a sacralidade na Liturgia, pois continuarão numa fé movida pelo sentimentalismo. Como querer, por exemplo, que vejam a beleza do canto gregoriano se sua fé é desconexa da tradição litúrgica, se para a experiência musical que adquiriram ao longo de sua vida o gregoriano soa à velharia e se tampouco entendem as qualidades que dão a este canto a primazia no Rito Romano, como lembra o Concílio Vaticano II?


Chama a atenção a proximidade deste Evangelho com a Solenidade de Cristo Rei. Tal como um Rei começa reinando sobre sua própria nação para então expandir seu reino, o Reinado de Cristo deve ser pleno na Igreja para que reine fora dela, no mundo. Se Nosso Senhor não é reconhecido e devidamente honrado como rei pelos seus, por Sua Igreja, como esperar que os demais venham a adorá-lo?



E você, caro leitor, como tem se portado na Casa de Deus? Tem refletido sobre os gestos que realiza durante a Liturgia, realizando-os com piedade e devoção? Tem cuidado com a vestimenta e com o portar-se? Tem evitado distrações para adorar melhor a Deus por meio da Sagrada Liturgia? E como tem colaborado para dar uma fé mais sólida aqueles ao teu redor?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Tradição e Juventude Combinam?

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Missa Pontifical na Forma Extraordinária do Rito Romano, durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013



Normalmente ouvimos dizer que os jovens são rebeldes, querem “romper” com a tradição, que consideram anacrônica e retrógrada. Talvez não seja bem assim, talvez o jovem só rejeite o que não compreende.

Recentemente, uma jovem de minha comunidade fez 15 anos, e teve uma festa de aniversário muito bonita, estilo debutante, com direito a troca de vestidos, valsa, tudo o que tem direito. 

Essas festas, que surgiram como um rito de passagem para as meninas, em que eram apresentadas à sociedade (e estavam, a partir daí, disponíveis para serem paqueradas, namorarem e casarem), são bem antigas, remontando, no Brasil, ao tempo de D. Pedro I, e na Europa, segundo algumas fontes, anteriores à Revolução Francesa. 

As tradições e o roteiro da festa pouco mudaram: a debutante inicia a festa com um vestido mais delicado, mais infantil, para, à meia-noite, aparecer com um vestido mais sofisticado, receber jóias das mãos do pai, que também faz a troca dos sapatos por saltos altos, num visual mais adulto. Depois é a hora da valsa com o pai, com o avô, o irmão, o padrinho, enfim, a(s) figura(s) masculina(s) presente(s) em sua vida, a primeira dança em um evento social. 

Se na década de 80, o “cool” era recusar a festa, trocando-a por um presente, uma viagem, ou fazendo uma festa de aniversário simples, sem conotação de debutante (meu caso), a partir da década de 90 as festas de debutantes ressurgiram com força total. Algumas meninas chegavam a contratar cantores famosos ou galãs de novela para dançar a valsa, e faziam questão de um cerimonial completo. 

Em 2013, a tradição das festas de debutante está mais viva que nunca. As meninas tomam a frente das escolhas, ditam como querem os vestidos, os sapatos, decidem qual será a valsa, enfim, são pró-ativas, sem deixar de lado a tradição. 

Os jovens – não só as aniversariantes, mas também os seus amigos – compreendem os elementos da tradição que lá estão: a passagem de “menina” para “mulher”, nos sinais exteriores do vestido, jóias, sapatos; a valsa, o destaque para a debutante, que é o centro das atenções da festa. Apreciam-lhes a beleza e o significado, porque através de memórias, fotos e da vivência, aprenderam a valorizar os ritos. 

O que consigo concluir de tudo isso é que tradição e juventude não se opõem. O jovem é atraído pela beleza, ainda mais quando ela é plena de significação. Se quando vivencia a tradição, lhe explicam o sentido dos ritos, é capaz de lhes compreender a profundidade e de participar deles com a correta disposição de alma.

Creio que com a liturgia da Santa Missa não é diferente. Nossos jovens são perfeitamente capazes de apreciar a beleza do rito tridentino, assim como compreender o significado dos vários elementos da forma extraordinária. Sem dúvida, poderão se beneficiar muito da vivência, “afinando” a sua sensibilidade para o Sagrado e o transcendente. 

Entendo que conhecer a forma extraordinária do rito romano - a partir de um correto ponto de vista, sem vínculos com grupos sectários - pode levar os jovens a uma melhor compreensão do sentido sacrificial da Missa, e, posteriormente, trazendo esta disposição de alma para a forma ordinária, podem os jovens participar dela com maior reverência. 

Ninguém ama o que não conhece. Pais, Párocos, catequistas e coordenadores de grupos jovens, não tenham medo de apresentar a Missa Tridentina aos seus jovens. Essa Missa é um tesouro de nossa fé e identidade católica, da qual eles serão os guardiões. Para que nossos jovens possam amar e assumir essa fé e identidade, devemos providenciar que conheçam o que celebram. 

A Sagrada Liturgia diz respeito ao culto a Deus prestado pelo próprio Jesus Cristo, e a Santa Missa é a própria história da salvação que se desenrola diante de nós na celebração, já que nela se atualiza (torna presente) tudo o que Deus realizou ao longo dos séculos para salvar os homens. Cabe aqui, ainda, destacar as palavras da Constituição Sacrosanctum Concilium: “Toda celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo e do seu corpo, que é a Igreja, é ação sacra por excelência” (n.7). 

Por fim, importante lembrar que, durante séculos, muitos se santificaram por esta forma da Missa, inclusive São Padre Pio e Santa Teresinha do Menino Jesus, santos tão populares entre nossos jovens atualmente. Se corretamente instruídos e motivados, nossos jovens com certeza têm tudo para abraçar a Sagrada Liturgia, conservando a integridade dos ritos e seu desenvolvimento orgânico. 

Então, voltando à reflexão inicial, “tradição e juventude combinam?”, creio que a resposta é: SIM! Nossos jovens são especiais, disseram o seu “sim” a Cristo e à Igreja, querem plenitude de significação, do Sagrado, de Graça. Cabe a nós apresentar a Liturgia Tradicional de maneira que o jovem a conheça, compreenda e ame, transportando seus significados para a vivência litúrgica e eclesial em sua paróquia. 

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