sábado, 17 de abril de 2010
Um Vidi aquam em português
sexta-feira, 16 de abril de 2010
D. João Evangelista Kovas, OSB, sobre o amor pela liturgia como manifestação de sua oração mais profunda
O texto é antigo, e é tirado de uma entrevista de D. Kovas, OSB, prior do Mosteiro de São Bento (Abadia de Nossa Senhora da Assunção), em São Paulo, SP, dada a Zenit:
Antes de tudo, deve-se fazer da Sagrada Liturgia a sua oração pessoal mais profunda, depois ter grande apreço pela liturgia tal como ela é apresentada pela Igreja. A solenidade da liturgia depende em grande parte da sobriedade com que é celebrada. A mudança de rito ou o acréscimo de elementos estranhos à liturgia comum cria um ambiente de surpresas e concorre com o significado presente nos textos bíblicos lidos.
Com isso, prejudica-se o clima de oração e a devida atenção à Palavra proclamada. Por isso, é preciso aprender a rezar a liturgia em sua forma simples. Aos poucos vamos adentrando o mistério que se revela, somente, quando aceitamos estar ali presentes, adorando a Deus com suas próprias palavras.
Cada comunidade cristã é sumamente beneficiada, quando aprende a rezar bem a liturgia e ensinar isso aos mais jovens. O espírito dos dias de hoje, de inquietação, pressa e destempero, não pode tomar lugar naquele espaço privilegiado, no qual nos encontramos com nosso Deus. Devemos nos deixar transportar pelo Espírito de Deus, que suavemente e com poder nos conduz à salvação.
Elementos da liturgia
Trimeloni[i], seguindo os mais conceituados liturgistas e a disposição das rubricas da tradição romana, lista os seguintes elementos constitutivos do culto público: função litúrgica, rito, cerimônia, fórmula, aparato e ministro.
A função é um ato de culto completo e independente, formando uma unidade, como a Missa, cada hora canônica, cada sacramento etc. É a própria celebração executada.
O rito é o conjunto das prescrições com as quais uma determinada função ou parte dela se deve executar. Trimeloni indica que há um uso impróprio para o termo, mas que se popularizou, qual seja o de identificar “rito” com a própria função celebrada. É bom lembrar que “rito” indica também, notadamente em Direito Canônico, um sistema completo de culto, como o rito bizantino, rito romano, rito ambrosiano, rito maronita, rito mozárabe etc, e mesmo quando, por extensão, nos referimos às duas variações básicas do único rito romano (forma ordinária chamada “rito moderno”, e forma extraordinária chamada “rito antigo” ou “tradicional” ou “tridentino”).
As cerimônias, por sua vez, são as ações, movimentos e atitudes executadas em uma função. Por isso é que o chefe dos acólitos que está sempre junto do Bispo ou do presbítero é chamado de “cerimoniário” ou “mestre-de-cerimônias”: deve saber cada ato, cada gesto, cada silêncio, cada postura que os acólitos, celebrantes e auxiliares devem fazer durante a Missa, o Ofício etc. Pelo mesmo motivo, há um livro litúrgico denominado Cerimonial dos Bispos, dado que disciplina basicamente ações e gestos que se devem desenvolver em cada função.
Por sua vez, as fórmulas são as leituras (bíblicas, patrísticas, hagiográficas), as bênçãos, as orações, as monições, as exortações, e quaisquer outras palavras que, previstas no rito, se inserem em uma cerimônia. Podemos dizer que uma função (uma Missa, por exemplo) é um conjunto de cerimônias que acompanham certas fórmulas.
Já o aparato é o conjunto de coisas que são necessárias para o desenrolar da função litúrgica: os elementos materiais dos sacramentos, os livros litúrgicos, os paramentos, a música, os lugares sagrados, os candelabros, os vasos, as flores etc.
Enfim, ministros são as pessoas que presidem a função, celebrando o culto em nome da Igreja. Em outro sentido, se usa o termo para designar os ajudantes do celebrante, como, por exemplo, quando se fala em “o sacerdote e os ministros”.
[i] TRIMELONI, Ludovico. Compendio di Liturgia Pratica, Milano: Marietti, 2007, p. 22
Semana Santa no Brasil com dignidade, sacralidade e obediência às rubricas - XVII (Missa In Coena Domini no Rio de Janeiro, RJ - Jacarepaguá)
















Forma extraordinária no Outeiro da Glória, Rio, no próximo sábado, 17/04
Nova catedral de Karagandá, no Casaquistão
Caro Rafael, Pax Domini!
Estou enviando-lhe fotos da Catedral de Karagandá (Casaquistão). Ela está sendo construída por iniciativa de D. Athanasius Schneider.
Sua construção mostra-nos como é possível , ainda nos dias de hoje, construir belas igrejas, quando se tem fé que uma Igreja é um lugar sagrado, casa de DEUS, onde os fiéis são chamados a uma realidade transcendental. A casa ao lado da Igreja será a nova residência Episcopal. A catedral será consagrada a Virgem de Fátima. É interessante que no meio da ex-URSS, o Coração Imaculado de Maria está a triunfar. DEUS seja louvado!
Em Cristo,
Ir. Messias ORC
Discurso do Papa Bento XVI aos Bispos da Regional Norte II da CNBB.
***
Amados Irmãos no Episcopado,
A vossa visita ad Limina tem lugar no clima de louvor e júbilo pascal que envolve a Igreja inteira, adornada com os fulgores da luz de Cristo Ressuscitado. Nele, a humanidade ultrapassou a morte e completou a última etapa do seu crescimento penetrando nos Céus (cf. Ef 2, 6). Agora Jesus pode livremente retornar sobre os seus passos e encontrar-Se como, quando e onde quiser com seus irmãos. Em seu nome, apraz-me acolher-vos, devotados pastores da Igreja de Deus peregrina no Regional Norte 2 do Brasil, com a saudação feita pelo Senhor quando se apresentou vivo aos Apóstolos e companheiros: «A paz esteja convosco» (Lc 24,36).
A vossa presença aqui tem um sabor familiar, parecendo reproduzir o final da história dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 33-35): viestes narrar o que se passou no caminho feito com Jesus pelas vossas dioceses disseminadas na imensidão da região amazônica, com as suas paróquias e outras realidades que as compõe como os movimentos e novas comunidades e as comunidades eclesiais de base em comunhão com o seu bispo (cf. Documento de Aparecida, 179). Nada poderia alegrar-me mais do que saber-vos em Cristo e com Cristo, como testemunham os relatórios diocesanos que me enviastes e que vos agradeço. Reconhecido estou de modo particular a Dom Jesus Maria pelas palavras que acaba de me dirigir em nome vosso e do povo de Deus a vós confiado, sublinhando a sua fidelidade e adesão a Pedro. No regresso, assegurai-o da minha gratidão por tais sentimentos e da minha Bênção, acrescentando: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão» (Lc 24,34).
Nesta aparição, palavras - se as houve - diluíram-se na surpresa de ver o Mestre redivivo, cuja presença diz tudo: Estive morto, mas agora vivo e vós vivereis por Mim (cf. Ap 1,18). E, por estar vivo e ressuscitado, Cristo pode tornar-Se «pão vivo» (Jo 6, 51) para a humanidade. Por isso sinto que o centro e a fonte permanente do ministério petrino estão na Eucaristia, coração da vida cristã, fonte e vértice da missão evangelizadora da Igreja. Podeis assim compreender a preocupação do Sucessor de Pedro por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica: hoje Jesus Cristo continua vivo e realmente presente na hóstia e no cálice consagrados.
Uma menor atenção que por vezes é prestada ao culto do Santíssimo Sacramento é indício e causa de escurecimento do sentido cristão do mistério, como sucede quando na Santa Missa já não aparece como proeminente e operante Jesus, mas uma comunidade atarefada com muitas coisas em vez de estar recolhida e deixar-se atrair para o Único necessário: o seu Senhor [Por isso nossa ênfase no Salvem a Liturgia em sinais sensíveis: paramentos, crucifixos, candelabros, que apontem para o sentido real da liturgia eucarística]. Ora, a atitude primária e essencial do fiel cristão que participa na celebração litúrgica não é fazer, mas escutar, abrir-se, receber… É óbvio que, neste caso, receber não significa ficar passivo ou desinteressar-se do que lá acontece, mas cooperar – porque tornados capazes de o fazer pela graça de Deus – segundo «a autêntica natureza da verdadeira Igreja, que é simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos» (Const. Sacrosanctum Concilium, 2). Se na liturgia não emergisse a figura de Cristo, que está no seu princípio e está realmente presente para a tornar válida, já não teríamos a liturgia cristã, toda dependente do Senhor e toda suspensa da sua presença criadora.
Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa (cf. Redemptionis Sacramentum, 79)! O mistério eucarístico é um «dom demasiado grande – escrevia o meu venerável predecessor o Papa João Paulo II – para suportar ambigüidades e reduções», particularmente quando, «despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa» (Enc. Ecclesia de Eucharistia, 10). Subjacente a várias das motivações aduzidas, está uma mentalidade incapaz de aceitar a possibilidade duma real intervenção divina neste mundo em socorro do homem. Este, porém, «descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as arremetidas do inimigo: cada um sente-se como que preso com cadeias» (Const. Gaudium et spes, 13). A confissão duma intervenção redentora de Deus para mudar esta situação de alienação e de pecado é vista por quantos partilham a visão deísta como integralista, e o mesmo juízo é feito a propósito de um sinal sacramental que torna presente o sacrifício redentor. Mais aceitável, a seus olhos, seria a celebração de um sinal que corresponda a um vago sentimento de comunidade.
Mas o culto não pode nascer da nossa fantasia; seria um grito na escuridão ou uma simples auto-afirmação [por isso, pedir fidelidade às rubricas não é "rubricismo", mas um desejo de uma mística mais profunda na vida dos cristãos]. A verdadeira liturgia supõe que Deus responda e nos mostre como podemos adorá-Lo. «A Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício da Cruz» (Exort. ap. Sacramentum caritatis, 14). A Igreja vive desta presença e tem como razão de ser e existir ampliar esta presença ao mundo inteiro.
«Fica conosco, Senhor!» (cf. Lc 24, 29): estão rezando os filhos e filhas do Brasil a caminho do XVI Congresso Eucarístico Nacional, daqui a um mês em Brasília, que deste modo verá o jubileu áureo da sua fundação enriquecido com o "ouro" da eternidade presente no tempo: Jesus Eucaristia. Que Ele seja verdadeiramente o coração do Brasil, donde venha a força para todos homens e mulheres brasileiros se reconhecerem e ajudarem como irmãos, como membros do Cristo total. Quem quiser viver, tem onde viver, tem de que viver. Aproxime-se, creia, entre a fazer parte do Corpo de Cristo e será vivificado! Hoje e aqui, tudo isto desejo à esperançosa parcela deste Corpo que é o Regional Norte 2, ao conceder a cada um de vós, extensiva a quantos convosco colaboram e a todos os fiéis cristãos, a Bênção Apostólica. [Amém!]